geografia e música: a dupla face de uma relação

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GEOGRAFIA E MÚSICA: A DUPLA
FACE DE UMA RELAÇÃO
„DANIEL DE CASTRO1
RESUMO
ESTE ARTIGO DISCUTE ALGUNS DOS PRINCIPAIS TRABALHOS QUE ABORDARAM UMA POSSÍVEL INTERFACE ENTRE A
GEOGRAFIA CULTURAL E A MÚSICA NOS ÚLTIMOS QUARENTA ANOS. ADICIONALMENTE, APRESENTA AS CONTRIBUIÇÕES
DOS DOIS PRINCIPAIS AUTORES QUE SE DEBRUÇARAM SOBRE ESTE TEMA, ARTICULANDO-AS AOS DEBATES ENTRE A
GEOGRAFIA CULTURAL TRADICIONAL E A GEOGRAFIA CULTURAL RENOVADA.
PALAVRAS-CHAVE: GEOGRAFIA CULTURAL. MÚSICA POPULAR. GEORGE CARNEY, LILY KONG.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS ______________________
as iniciativas de geógrafos brasileiros interessados
As transformações que a geografia cultural so-
no tema. Além disso, serão apresentadas as contri-
freu a partir dos anos 70 trouxeram novas matrizes
buições dos dois autores mais importantes no que
epistemológicas e metodológicas para a discipli-
diz respeito a esta área de estudo: George O. Car-
na, gerando um debate considerado por alguns
ney e Lily Kong. Importantes no sentido de pos-
como uma “dicotomia” entre a geografia cultural
suírem o maior número de publicações a respeito
tradicional e a new cultural geography, ou geografia
do tema e por terem se dedicado a um esforço de
cultural renovada. Esse debate, além de permitir a
sistematizar suas diversas vertentes. Por fim, será
inclusão de novos objetos de estudo ao “repertó-
empreendida uma breve análise comparativa das
rio” da geografia cultural, permite novas acepções
diferentes contribuições destes autores e de como
e abordagens a objetos que já eram de interesse
elas estão inseridas na discussão sobre a dita “dico-
da disciplina anteriormente. Os estudos geográfi-
tomia” entre a geografia cultural tradicional e a
cos sobre música, ou music geography, exemplificam
geografia cultural renovada.
muito bem esta situação. O objetivo do presente
artigo é apresentar uma breve retrospectiva deste
UMA TRAJETÓRIA DE QUATRO DÉCADAS ____________
sub-campo de estudo, apontando os principais tra-
Um dos mais importantes trabalhos já realiza-
balhos e eventos realizados no exterior, assim como
dos na área de geografia e música é de autoria de
ESPAÇO E CULTURA, UERJ, RJ, N. 26, P. 7-18, JUL./DEZ. DE 2009
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George O. Carney, no livro The Sounds of People and
Association of American Geographers em diversas cida-
Places: Readings in the Geography of Music, originalmen-
des, San Antonio (1982), Detroit (1985), Min-
te lançado em 1978, no qual o autor apresenta
neapolis (1986), San Diego (1992), Atlanta
uma coletânea de ensaios próprios e de outros au-
(1993), San Francisco (1994), Chicago (1995),
tores que se dedicaram a este tema. Na introdu-
Charlotte (1996), Fort Worth (1997), Boston
ção da sua quarta edição, de 2003, Carney expõe
(1998), Honolulu (1999), Pittsburgh (2000), New
uma detalhada retrospectiva da história deste ramo
York (2001) e Los Angeles (2002). A expansão
da geografia cultural, desde o primeiro artigo so-
desse sub-campo ultrapassa as fronteiras dos Esta-
bre música escrito por um geógrafo, até as ten-
dos Unidos. Em 1993, uma reunião intitulada “Place
dências mais recentes. É a partir desse trabalho
of Music” foi realizada no University College London,
que se baseia grande parte do presente estudo.
sob o patrocínio dos Economic Geography, Landsca-
A trajetória dos estudos de geografia sobre
pe, and Social/Cultural Geography Research Groups (Car-
música inicia-se há quarenta anos, com o artigo de
ney, 2003). A partir desse evento, origina-se
Peter Hugh Nash, “Music Regions and Regional
mais um dos grandes trabalhos realizados sobre
Music”, de 1968. Apesar de ser uma tradição rela-
o tema, o texto Popular Music in Geographical Analy-
tivamente longa, ela permaneceu praticamente
ses, da autora cingapuriana Lily Kong, que será
restrita à geografia norte-americana durante quase
discutido mais adiante.
todo esse tempo, com raras exceções que vere-
Diversos artigos foram publicados em diferen-
mos mais adiante. Em 1970, é concluída a primei-
tes revistas acadêmicas americanas, como o Journal
ra Master’s thesis sobre o tema: Rock-and-Roll: A Diffu-
of Cultural Geography, The Professional Geographer, The
sion Study, de Jeffrey Gordon. Em 1971, o primei-
Geographycal Review e o Journal of Geography, além dos
ro artigo integral, de autoria de Larry Ford, Geo-
não-americanos, como Transactions of the Institute of
graphic Factors in the Origin, Evolution and Diffusion of Rock
British Geographers, The Canadian Geographer e o Progress
and Roll Music, aparece no periódico americano Jour-
in Human Geography (Carney, 2003). A revista fran-
nal of Geography. A partir de então, uma série de
cesa Géographie et Cultures, fundada por Paul Claval,
trabalhos são publicados até que, em 1974, na
publicou em 2006 um número dedicado ao tema,
primeira SNACS (Society for the North American Cul-
entitulado GÉOGRAPHIES ET MUSIQUES: Quelles
tural Survey) , a Música foi designada como um dos
perspectives?, com uma coletânea de textos de diver-
capítulos para This Remarkable Continent: An Atlas of
sos geógrafos, com abordagens que vão desde o
United States and Canadian Society and Cultures, que foi
estudo do perímetro espacial e musical da ópera
publicado em 1982. Após essa publicação, os es-
em Provença, até o estudo da articulação entre a
tudos musicais passaram a ser considerados como
lógica global e as características locais a partir do
um novo sub-campo dentro da geografia cultural
hip-hop na Mongólia.
Em 2003, é publicado um dos mais completos
(Carney, 2003).
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A partir dos anos 1980, sessões especiais sobre
e atualizados trabalhos sobre o tema. Trata-se do
música têm sido realizadas nas reuniões anuais da
livro dos geógrafos, John Connell e Chris Gib-
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son, da University of Sydney, intitulado Sound tracks.
memória africana no Brasil”. Portanto, o autor dei-
Popular music, identity and place. A fotografia da capa,
xa claro que a sua análise envolve alguns dos ele-
uma banda de flauta de pã, típica de países andi-
mentos básicos que compõem a música (melodia e
nos, apresentando-se na calçada da Times Squa-
ritmo), e não somente uma análise dos textos can-
re, em Nova York, retrata o teor do texto, que
tados. Ele aborda também a importância de cada
aborda a espacialidade da música popular, mais
instrumento musical que compõe a orquestra, as-
especificamente, focalizando a relação entre
sim como as funções que são acumuladas pelo ala-
música e mobilidade espacial, as formas pelas quais
bê, figura equivalente ao maestro das orquestras
a música está ligada aos elementos culturais, ét-
convencionais. Entretanto, a análise também não
nicos e geográficos da identidade e como estas
se limita a somente descrever as características fun-
questões estão atreladas às transformações de or-
damentais da música sacra do candomblé e, sim,
dem econômica, tecnológica e cultural (Connell
relaciona essas características com as outras mani-
& Gibson, 2003).
festações não-musicais, assim como a sua função
No Brasil, poucos trabalhos foram realizados
sobre geografia e música, mas podemos destacar a
de transmitir os valores da comunidade, reforçando a sua identidade:
pioneira dissertação de mestrado de Mello (1991)
sobre composições da MPB e o Rio de Janeiro; o
Nesse mundo de sons, os textos, falados ou can-
artigo de Mesquita (1997) sobre a Geografia So-
tados, assim como os gestos, a expressão corpo-
cial na música do Prata; a tese de doutorado de
ral e os objetos-símbolo transmitem um conjun-
Ribeiro (2006), abordando o conceito de espa-
to de significados determinado pela sua inser-
ço-vivo e suas variáveis na cidade de Diamantina
ção nos diferentes ritos. Reproduzem a memória
sob o ponto de vista dos músicos; e a dissertação
e a dinâmica do grupo, reforçando e integrando
de mestrado de Marcelino (2007), que aborda as
os valores básicos da comunidade, através da
transformações sofridas pelo samba paulista em sua
dramatização dos mitos, da dança e dos can-
transição da zona rural, concentrado principal-
tos, como também nas histórias contadas pelos
mente na cidade de Pirapora do Bom Jesus, para a
mais velhos como modelos paradigmáticos (PES-
metrópole de São Paulo a partir do final do século
SOA DE BARROS, 2000, p.37)
XIX e durante o século XX. Em 2000, foi publicado um excelente artigo do antropólogo Pessoa de
Há que se destacar também a valiosa contribui-
Barros (2000), no qual ele busca a compreensão
ção do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Espa-
dos rituais do candomblé, a história dos mitos e
ço e Cultura (NEPEC), da UERJ. Na revista Espaço e
dos ritos, a partir dos seus cantos litúrgicos. Se-
Cultura, foram publicados textos sobre o tema como
gundo ele (2000, p. 35-36), “Dedicamos especial
o de Corrêa (1998), além dos já mencionados
atenção a estes cânticos como também aos dife-
Mesquita (1997) e Pessoa de Barros (2000). Em
rentes ritmos que os acompanham, pois julgamos
2006, o NEPEC realizou o 5° Simpósio Nacional
serem eles parte significativa na manutenção da
e 1° Internacional sobre Espaço e Cultura no qual
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uma das mesas redondas foi denominada “Espaço,
des transformações posteriormente, tornando-se
Literatura e Música”, com a apresentação de traba-
mais complexa, como se pode comprovar no pri-
lhos de geógrafos brasileiros interessados em des-
meiro capítulo da quarta edição de The Sounds of
bravar esse sub-campo. E em 2007, a 14ª publica-
People and Places, no qual Carney articula nove fe-
ção da Coleção Geografia Cultural, é intitulada
nômenos musicais observáveis com dez temas pas-
Literatura, Música e Espaço, com textos de Marc Bros-
síveis de abordagem pela geografia. Segundo Car-
seau sobre o viés literário, e de George O. Car-
ney (2003), os fenômenos musicais sobre os quais
ney, a respeito do viés musical.
os geógrafos têm se debruçado dividem-se em
Atualmente, pode-se considerar George O.
nove categorias gerais: (1) estilos/gêneros, (2) es-
Carney e Lily Kong como os dois autores mais
trutura, (3) letras, (4) instrumentação, (5) intér-
importantes na área de Geografia e Música. Am-
pretes e compositores, (6) centros e eventos, (7)
bos publicaram não apenas trabalhos empíricos que
mídia, (8) música étnica e (9) indústria. Na geo-
abordam a atividade musical dos Estados Unidos e
grafia norte-americana, mais da metade dos tra-
Cingapura, respectivamente, sobre a ótica espaci-
balhos são dedicados à música country, seus vários
al, mas também desenvolveram análises sobre este
sub-estilos, letras e instrumentação, 20% são vol-
sub-campo de estudo, cada qual apresentando di-
tados para o Rock and Roll, e o restante explora
ferentes linhas de pesquisa já exploradas pelos
uma grande variedade de gêneros, como a músi-
geógrafos e, além disso, oferecendo propostas de
ca clássica, gospel, jazz, blues, música folclórica,
agendas de pesquisa para os novos geógrafos que
étnica, entre outros.
A partir destas nove categorias de fenômenos
se interessam pelo tema.
musicais observáveis, os geógrafos exploram uma
A CONTRIBUIÇÃO DE GEORGE O. CARNEY __________
Em um artigo de 1996, Nash e Carney ofere-
diversidade de abordagens e temas, que podem
ser agrupados em dez tipos gerais (Carney, 2003):
cem uma sistematização na qual sete temas princi-
10
pais são delineados na formação da music geography,
1. A delimitação de regiões musicais e a inter-
para servirem de referência aos geógrafos interes-
pretação da música regional, como os sub-estilos
sados pelo tema: I – origens (não-geográficas); II
do country no Sul dos Estados Unidos, o Reggae na
– distribuição mundial e tipos; III – análises de lo-
Jamaica e a música Cajun do sul da Louisiana.
calização; IV – áreas de origem de atividades mu-
2. A evolução de um estilo musical com o lu-
sicais; V – tendências baseadas em eletricidade;
gar, ou a música de um lugar-específico, por exem-
VI – impacto nas paisagens; VII – música global.
plo: Viena e o clássico, Nashville e o country, De-
Os autores fariam ainda referência a um oitavo tema
troit e Motown, Seattle e o Grunge, a 52nd Street de
emergente, inovações tecnológicas, ainda caren-
Nova York e o bebop jazz.
te de estudos (Nash & Carney, 1996). Em função
3. A origem e a difusão do fenômeno musical,
do crescimento e desenvolvimento deste sub-cam-
como na trajetória da difusão do country blues, da
po nos anos 90, esta sistematização sofreria gran-
sua origem, no delta do Mississipi, para Chicago
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com os músicos do blues atuando como agentes
9. A função da música “nacionalista” e “antinacionalista”. De um lado, compositores que, em sua
de difusão.
4. A relação entre a distribuição espacial da
obra, deram destaque aos valores nacionais, às vi-
música e as migrações humanas, rotas de transpor-
tórias, às belezas e ao folclore, como no caso de
te e redes de comunicação como, por exemplo,
Antonín Dvorák, Bela Bartók e Heitor Villa-Lo-
na transnacionalização da música a partir do inter-
bos. De outro, sentimentos antipatrióticos retra-
câmbio de artistas entre os países, além da impor-
tados por bandas de punk rock como os britâni-
tação e exportação de LPs, K7s e CDs, assim como
cos Sex Pistols, em músicas como “God Save the Queen”
as trocas de músicas em formato MP3 pela Inter-
e “Anarchy in the UK”.
net, que resultam na popularidade de gêneros nor-
10. As interrelações da música com outros traços
culturais em um sentido espacial, por exemplo, a re-
te-americanos no restante do mundo.
5. Os elementos psicológicos e simbólicos da
ligião, as gírias, a política, a culinária e os esportes.
música moldando o caráter de um lugar: a imagem
do lugar, o sentido de lugar e a percepção do lu-
Carney (2003), utilizando uma matriz desen-
gar. Pode-se citar o trabalho de Lechaume (1997),
volvida pelo autor Ed Huefe (quadro 1), combina
que examina a influência que a chanson exerceu na
estas dez abordagens de pesquisa com as nove ca-
evolução da identidade territorial do Quebec.
tegorias musicais apresentadas anteriormente. O
6. Os efeitos da música na paisagem cultural:
objetivo é oferecer uma síntese da ampla gama de
salas de concertos, festivais de rock e mega-shows.
possibilidades existentes no campo da geografia e
7. A organização espacial da indústria fono-
música, que podem ser caracterizadas sob diversos adjetivos: empírica, descritiva, humanista, ate-
gráfica e outros fenômenos musicais.
8. A relação da música com o ambiente natu-
orética, não-analítica e subjetiva, pois elas flertam
ral. Por exemplo, um concerto ao ar livre em área
com teorias e métodos que vão desde a análise
não-urbana, o uso da madeira na construção de
quantitativa e o difusionismo, que se aproximam
flautas indígenas, a representação de aspectos na-
da escola saueriana, até conceitos utilizados pela
turais da paisagem na música: ventos, canto de
“nova” geografia cultural, como o espaço vivido e
pássaros, tempestades.
a paisagem simbólica, por exemplo.
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11
QUADRO 1: A PROPOSIÇÃO DE G. O. CARNEY PARA O ESTUDO DA MÚSICA PELA GEOGRAFIA
Categorias Musicais
Abordagens de Pesquisa
Estilos
Estrutura
Letras
Compositores
/ Eventos
Mídia
Etnias
Instrumentação
Indústria
Regiões Musicais e Música
Regional
Evolução da Música e Seu Lugar
Específico
Origem e Difusão de um
Gênero Musical
Dimensão Espacial da Música
em Relação A Migrações,
Transportes e Comunicação
Elementos Simbólicos e o
Caráter do Lugar
Efeitos da Música na Paisagem
Cultural
Organização Espacial da
Indústria Fonográfica
Relação da Música com o
Ambiente Natural
Música Nacionalista e
Antinacionalista
Inter-Relação entre Aspectos
Espaciais da Música e Outros
Traços Culturais
(EXTRAÍDA DE CARNEY, 2003, P.6)
A CONTRIBUIÇÃO DE LILY KONG _________________
12
nifestações artísticas, está baseada em dois pontos
Entre os mais importantes trabalhos já realiza-
principais. Em primeiro lugar, ela afirma que os
dos a respeito de geografia e música, está o de
geógrafos foram, durante muito tempo, “profun-
Kong (1995), intitulado Popular music in geographical
damente elitistas” em seus interesses, ou seja, pri-
analyses. A autora se propõe a focalizar a interface
vilegiou-se em demasia a cultura das elites em de-
existente entre geografia e música, visando à con-
trimento da cultura popular, que foi tratada, se-
tribuição que esse tipo de pesquisa pode dar ao
gundo ela, “com desdém, como mero entreteni-
entendimento cultural e social. Segundo Lily
mento, trivial e efêmero” (KONG, 1995, p. 184).
Kong, a relativa negligência dos geógrafos em
Todavia, essa hegemonia da cultura dominante tem
relação à pesquisa com música, dentre outras ma-
sido contestada recentemente, com o reconheci-
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mento de que a cultura popular é, na verdade, uma
tuais religiosos, etc. Ou seja, a música é capaz de
fonte inesgotável de consciência popular.
transmitir “imagens” de um lugar, podendo servir
Em segundo lugar, mas não menos importante,
está o fato de que a pesquisa geográfica cultural
como fonte primária para entender o caráter e a
identidade dos lugares.
privilegiou em larga escala o estudo de aspectos
Lily Kong ratifica essa idéia e afirma que a mú-
visuais. Indo ao encontro desta idéia, Smith (1997)
sica pode servir como um meio, um veículo, atra-
argumenta que a geografia humana está envolvida
vés do qual as pessoas transmitem suas experiênci-
com uma política cultural que, quer explorando o
as ambientais, seja do cotidiano ou de um fato ex-
legado do iluminismo (ver é acreditar)ou os pres-
traordinário, sendo útil para enriquecer discussões
ságios do pós-modernismo (imagem é tudo), per-
que envolvem noções como “espaço”, e “lugar”.
maneceu mergulhada na ideologia visual. Os sen-
Pode-se acrescentar, como exemplo, o funk de
tidos de olfato, tato, paladar e audição têm sido
morro carioca. Além disso, a música pode ter o
negligenciados como uma consequência da ênfa-
caráter de resultado, produto da experiência am-
se na visão. De fato, ainda hoje muitos geógrafos
biental. Um compositor escreve suas músicas ins-
definem paisagem, por exemplo, como “a porção
pirado, muitas vezes, em experiências individuais,
visível do espaço”, ou “tudo aquilo que se vê”,
na memória coletiva de sua comunidade ou seu
como se na paisagem também não existissem sons,
povo. Um bom exemplo disso é a famosa Abertura
cheiros ou sabores. O olfato e o paladar, por exem-
1812, do compositor russo Piotr Il’yich Tchaiko-
plo, podem evocar um sentido de lugar radical-
vsky, uma obra orquestral que comemora o fracas-
mente distinto da visão. A autora atenta ainda
so da invasão francesa à Rússia e a destruição da
para a importância dos sons que caracterizam di-
Grande Armada de Napoleão Bonaparte. Essa trans-
ferentes espaços como o urbano e rural, os natu-
missão de sentimentos sobre o lugar pela música
rais, como o canto dos pássaros ou o som do vento
pode ser intensa a tal ponto de determinadas obras
nas árvores, e os originados pela atividade huma-
se tornarem símbolo da identidade de uma nação
na, como o som de um engarrafamento, ou da
com o seu território. Exemplo disso é a tão deba-
confusão de vozes no meio de uma multidão
tida influência de Richard Wagner sobre a ideolo-
(Kong, 1995).
gia de Adolf Hitler, ou a música de Chopin como
Para a autora, uma variedade de razões poderia
símbolo da resistência dos poloneses diante do
ser citada para justificar o estudo geográfico da
nazismo, ou mesmo a importância dos hinos na-
música. Uma delas é a de que, hoje, a difusão da
cionais de cada país. Sejam quais forem os obje-
música na sociedade é excepcional. Não existe uma
tivos que movem a composição, a maneira atra-
sociedade em que não haja música. A música está
vés da qual esses sentimentos são expressos varia
presente no cotidiano das pessoas, mesmo que
no tempo e no espaço.
servindo apenas como “trilha sonora” para ativida-
KONG (1995) aponta, ainda, cinco tendênci-
des como o trabalho, as compras no supermerca-
as principais para as pesquisas geográficas já reali-
do, atividades esportivas, de lazer, cerimônias, ri-
zadas com música. As três primeiras refletem a tra-
ESPAÇO E CULTURA, UERJ, RJ, N. 26, P. 7-18, JUL./DEZ. DE 2009
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dição da geografia cultural de Berkeley, enquanto
flitos e tensões existentes com outras culturas na
as duas últimas estariam mais identificadas com a
mesma região.
“nova” geografia cultural. Em primeiro lugar, estão
A quarta tendência descrita por Lily Kong
aquelas que buscam demonstrar a distribuição es-
é aquela na qual se investiga o caráter e a identi-
pacial de formas musicais, atividades, artistas e
dade dos lugares a partir das letras das canções. A
personalidades, sendo essa forma de trabalho ori-
autora cita como exemplo o texto de Jarvis, que
ginada nos Estados Unidos, como se exemplifica
identificou vários temas nas letras de canções de
com as obras de autores como Crowley e Car-
rock, e Marcus, em sua exploração de imagens da
ney. Esses trabalhos, segundo ela, não possuem
América no rock and roll. Pode-se incluir aqui tam-
um grande embasamento teórico. Visam apenas
bém os já mencionados trabalhos de Mello (1991)
ao mapeamento e não abordam os contextos so-
e Mesquita (1997) além de Vilanova Neta (2002).
ciopolíticos que acabaram por gerar a predomi-
Na quinta e última tendência os objetivos são
nância de um determinado estilo musical em um
basicamente os mesmos da anterior, ou seja, ex-
determinado lugar.
plorar a relação de identidade dos compositores
Um segundo grupo pode ser caracterizado
com o seu espaço. Entretanto, a pesquisa visa a
como aquele que visa à exploração dos locais de
interpretar as características dessa “visão de mun-
origem musical e a sua difusão, usando conceitos
do” expressas através da melodia, instrumentação,
como contágio, relocação e difusão hierárquica.
letras (eventualmente) e as sensações ou impactos
Procura também verificar os agentes e barreiras
sensoriais transmitidos pela música.
para essa difusão. Esta linha de trabalho, segundo
Alem de delinear estas cinco principais verten-
a autora, já possui um maior aprofundamento teó-
tes exploradas no campo de geografia e música, Lily
rico, articulando o objeto de estudo com o con-
Kong propõe novas possibilidades de aborda-
texto em que ele está inserido, além de contribuir
gens, que poderiam ser exploradas por geógra-
com discussões sobre a dinâmica espacial do de-
fos e não-geógrafos. As propostas que se seguem,
senvolvimento musical.
conforme ela própria aponta, estão fundamenta-
A terceira tendência é a que busca delimi-
das nas reflexões teóricas que conduziram, nas
tar áreas que partilham certos traços musicais, sen-
últimas décadas, ao reposicionamento da geogra-
do que essa delimitação ocorre em várias escalas,
fia cultural, que passa a se preocupar menos com
tais como a global e a regional. O problema que
as formas materiais e mais com os significados e va-
pode surgir nesse tipo de análise, segundo Kong,
lores simbólicos atribuídos a elas, além de levantar
é a tendência de se tratar a cultura como algo
questões acerca da produção, circulação e consu-
homogêneo, isolando um traço cultural particu-
mo desses, da política cultural e as relações de po-
lar e definindo o caráter de uma área apenas com
der e a teoria da construção social (Kong, 1995):
essa base, ignorando as condições sociopolíticas
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que influenciaram o desenvolvimento daquela ca-
1. A análise de significados simbólicos. Ou
racterística cultural e ignorando também os con-
seja, a preocupação com os simbolismos utiliza-
ESPAÇO E CULTURA, UERJ, RJ, N. 26, P. 7-18, JUL./DEZ. DE 2009
dos na música, além do papel simbólico da música
6. Métodos de análise. Nessa proposta, Lily
na vida social. Como exemplo, pode-se mencio-
Kong denuncia uma inadequação nos métodos que
nar a forma como a música country evoca uma nos-
vêm sendo utilizados pelos geógrafos: análise de
talgia do paraíso, de um modo de vida mais sim-
letras, levantamentos de opinião, mapeamentos,
ples, sem complicações.
etc. Para a autora, abordagens qualitativas e quan-
2. Música como comunicação cultural. Baseando-
titativas podem contribuir de diferentes formas,
se em conceitos como discurso, texto e metáfora, os
mas é fundamental que o estudo não se limite a ser
“textos musicais” devem ser entendidos como diálo-
um exercício dos acadêmicos visando a impor um
gos sociais, processos de comunicação que refletem o
ponto de vista dominante para a obra. Para tentar
contexto sociohistórico no qual estão inseridos.
contornar este problema, ela propõe entrevistas
3. A política cultural da música. A questão cen-
com todos os envolvidos na produção de música,
tral aqui é focalizar os produtores de música, as con-
desde compositores e letristas, até as gravadoras e
dições sociais, políticas e econômicas nas quais eles
os criadores de imagens.
atuam e como estas interferem nas suas intenções,
seja para perpetuar uma ideologia, contestá-la, ou
“GEOGRAFIA E MÚSICA” NO DEBATE: GEOGRAFIA
simplesmente para obter lucro, por exemplo.
TRADICIONAL X NEW CULTURAL GEOGRAPHY
___________
4. Economia musical. Focalizando especifica-
A partir das classificações empreendidas pelos dois
mente a indústria fonográfica, a preocupação nes-
principais autores no campo da geografia e música, é
ta proposta dirige-se para os aspectos econômi-
possível refletir criticamente acerca de suas perspec-
cos subjacentes à produção musical: criação de
tivas e da inserção do presente estudo nesta, por as-
empregos, exportação, propaganda e atração de
sim dizer, corrente da geografia cultural. Os estudos
investimentos.
que envolvem geografia e música, como é possível
5. Música e a construção social de identida-
perceber, não estiveram alheios às discussões pós-70
des. Preocupa-se aqui com o papel da música na
ocorridas no âmbito das ciências humanas e sociais e
construção e desconstrução de identidades naci-
que transformaram a geografia cultural radicalmente,
onais, de gênero, étnicas ou religiosas, evidenci-
ou seja, que atingiram a raiz da disciplina: o concei-
ando a importância dessa arte na formação do que
to de cultura. Os debates ocorrem, principalmente,
Benedict Anderson (1983) chama de “comunida-
em torno de três eixos principais (Hoefle, 1998):
des imaginadas”. A título de exemplo, pode-se citar os textos de Hudson (2006), sobre as relações
1. A abrangência do conceito
entre música, identidade e lugar, e de Connell e
2. A importância atribuída à cultura na explica-
Gibson (2004), nos quais analisam a ascenção e
expansão da chamada world music, no final dos anos
ção do comportamento humano
3. Os processos de mudança cultural
80, como um fenômeno comercial ,através do qual
os discursos sobre o “global” e o local são produzidos e disseminados.
Segundo Hoefle (1998), uma das principais
discussões em torno deste conceito reside na
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abrangência dos fenômenos sociais entendidos
Os processos de mudança cultural representam
como cultura. Basicamente, têm-se duas visões
o terceiro ponto de discussão entre os cientistas
principais: de um lado, a abrangente, que enten-
que se debruçam sobre o conceito de cultura. Es-
de como cultura todo o conjunto de ações hu-
tes processos são abordados sobre três diferentes
manas, ou seja, cultura seria “tudo aquilo que o
vieses: 1) o evolucionismo, de caráter nomotéti-
homem faz”. De outro lado, há a visão restrita,
co, entende que a mudança cultural em uma soci-
mais criteriosa, que considera a cultura como a
edade é um processo de evolução temporal linear,
parte cognitiva da vida, a atribuição de significa-
no qual não ocorrem saltos, apenas sucessões de
dos que o homem faz às diversas esferas da vida,
etapas. 2) O historicismo, de caráter particularis-
por meio de representações simbólicas, consti-
ta, afirma que cada cultura possui uma história par-
tuindo mapas de significados.
ticular, uma evolução específica, sem seguir padrões
Outra questão relevante sobre a cultura reside
universais. 3) As análises sincrônicas, rompendo
no grau de importância atribuída a ela como força
com as análises de processos temporais, defendem
comportamental da vida humana (Hoefle, 1998).
que a cultura só pode ser entendida em um de-
Existem três acepções básicas em torno desta idéia:
terminado período de tempo. Não é possível es-
1) Determinante, ou determinismo cultural, no
tabelecer etapas de evolução, tampouco compa-
qual cultura é entendida como uma entidade su-
rar culturas distintas (Hoefle, 1998).
pra-orgânica de valores que paira sobre os indiví-
A partir desta breve recapitulação das princi-
duos, determinando seus comportamentos, idéias
pais discussões em torno do conceito de cultura,
e formação. Esta corrente geralmente está associ-
é possível uma leitura mais criteriosa da trajetória
ada à visão abrangente de cultura e influenciou
dos estudos sobre geografia e música, assim como
bastante Carl Sauer e a chamada geografia cultural
as abordagens de Carney e Kong. Como um legí-
tradicional; 2) Determinada, vinculada à corrente
timo representante da geografia cultural de influ-
estruturalista e marxista, na qual a cultura seria ape-
ência saueriana, George O. Carney, em sua análi-
nas uma esfera da vida dependente de outras mais
se, não se preocupa em fazer uma distinção rigo-
básicas à sociedade, como as forças de produção;
rosa de trabalhos que abordam a música a partir
3) A forma holística, onde a cultura é concebida
das formas materiais pelas quais ela pode se apre-
como determinante e determinada ao mesmo tem-
sentar – mídias de gravação (LPs, K7s e CDs), re-
po, isto é, como uma esfera da vida, mas que intera-
giões musicais, músicos, eventos e concertos – de
ge com as esferas econômica, política e social, atu-
trabalhos que pretendem entender como a música
ando com o mesmo grau de importância na forma-
está vinculada à produção, comunicação e consu-
ção do modo de vida de diferentes grupos sociais
mo de significados, ou seja, adota uma visão abran-
presentes em um determinado contexto, que atua
gente desta manifestação cultural. Além disso, a
como reflexo, meio e condição para o seu desen-
maioria dos trabalhos empíricos, seus e de outros
volvimento. Esta é a perspectiva geralmente asso-
autores, organizados na sua coletânea The Sound of
ciada à chamada geografia cultural renovada.
People and Places (2003) dedicam-se ao estudo de
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localização e difusão musical, evitam generaliza-
culturais tradicional e renovada. Ambas realizam
ções, preferindo uma linha idiográfica ou particu-
um grande esforço na busca do entendimento da
larista, procurando delinear “áreas culturais” e pre-
espacialidade da cultura, mas por meio de ques-
ocupando-se com a história local, ao invés de ten-
tões diferentes e abordagens diferentes. O que se
tar traçar uma história mais ampla. Estas caracterís-
pretendeu foi apenas sistematizar o conhecimen-
ticas são típicas do pensamento difusionista, que
to de forma que a tarefa de encontrar a inserção
foi levado para os Estados Unidos por Franz Boas
do sub-campo “Geografia e Música” nas discussões
e muito influenciou a Universidade da Califórnia
mais amplas da disciplina seja possível e esteja apre-
em Berkeley a partir de Kroeber, Lowie e Sauer
sentada de forma mais clara.
(Hoefle, 1998).
Lily Kong, por ter produzido seus trabalhos
CONSIDERAÇÕES FINAIS _______________________
sobre geografia e música a partir da segunda meta-
Como foi apresentado na segunda seção deste
de dos anos 90, sofrendo portanto forte influên-
artigo, os trabalhos pioneiros realizados a partir
cia pós-modernista, apresenta em seu texto uma
do fim dos anos 60 até a década de 1980 estive-
preocupação muito maior com a distinção entre
ram concentrados principalmente na geografia
trabalhos característicos da geografia cultural tra-
norte-americana, alcançando a Europa posterior-
dicional e da geografia cultural renovada. Sua pro-
mente. No Brasil, as poucas iniciativas ocorreram
posta de trabalho, vista anteriormente, dedica-se
a partir dos anos 90 e se desenvolvem ainda muito
essencialmente a questões que envolvem concei-
timidamente. Além disso, autores como George
tos como símbolo, significado, discurso e identi-
Carney e Lily Kong, entre outros, reconhecem a
dade, preocupando-se com a dimensão cultural em
variedade enorme de vieses possíveis que a música
si mesma, embora admita o inter-relacionamento
oferece para o geógrafo. Esta é uma visão pratica-
entre as esferas econômica e política, de acordo
mente consensual. Infelizmente, essa variedade
com a visão holística de cultura. Além disso, en-
ainda reside muito mais nas “propostas” e “agen-
tende a música como um “texto”, isto é, não como
das” de pesquisa do que em pesquisas efetivamen-
uma unidade fechada, com um sentido único im-
te realizadas.
posto pelo autor, mas sim como um “espaço multi-
Por outro lado, o futuro delineia-se aparente-
dimensional”, aberto, fragmentário, inacabado e
mente promissor. Em um contexto onde se incen-
incoerente, receptivo a múltiplas interpretações
tiva cada vez mais a interdisciplinaridade, a pesqui-
concorrentes, reconhecendo a idéia de polivoca-
sa científica objetivando o estudo de manifestações
lidade ou polissemia (Brosseau, 2007).
artísticas, que atraem já há algumas décadas profis-
A intenção desta seção do artigo não foi tentar
sionais das ciências sociais e humanas, também des-
eleger qual a melhor corrente de pensamento, ou
pertam a curiosidade dos geógrafos de maneira cada
mesmo tentar denegrir a geografia cultural tradi-
vez mais significativa e que, por sua vez, se unem
cional ou saueriana. Não existe dicotomia, hierar-
àqueles buscando desenvolver mecanismos con-
quia, e nem mesmo rivalidade entre as geografias
ceituais que permitam melhor abordá-las.
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Sobre geografia e música, ainda há muitos
caminhos a serem explorados e muitas questões a
serem levantadas. Por exemplo, sobre as possibilidades de se abordar a música, não a partir das letras de canções, do mapeamento de áreas musicais, da indústria fonográfica, etc., mas sim do elemento fundamental da qual a música se compõe: o
som. Seria possível uma abordagem que busque
interpretar a geograficidade da música através da
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para se lidar com uma linguagem sonora? Quais os
KONG, L. Popular Music in Geographical Analysis. Progress in Human
Geography, University Colorado, 19 (2), p. 183-98, Junho 1995.
sua estrutura melódica, harmônica ou rítmica, por
limites que esta linguagem impõe ao intérprete?
Qual metodologia seria mais apropriada? Estas,
entre outras, são perguntas ainda carentes, não de
respostas prontas, pois diversas respostas, muitas
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chanson quebecoise contemporaine In: Géographie et cultures,
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Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia
da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ____________________
ABSTRACT
THIS PAPER PRESENTS THE MAIN STUDIES ON THE RELATIONSHIPS BETWEEN CULTURAL GEOGRAPHY AND MUSIC DURING
THE LAST FOURTY YARS. ADDITIONALLY, IT PRESENTS ALSO THE CONTRIBUTIONS OF THE TWO MAIN GEOGRAPHERS
DEALING WITH GEOGRAPHY AND MUSIC, ARTICULATING THEM TO THE DISCUSSIONS BETWEEN THE TRADITIONAL CULTURAL
GEOGRAPHY AND THE NEW CULTURAL GEOGRAPHY.
KEYWORDS: CULTURAL GEOGRAPHY, POPULAR MUSIC, GEORGE CARNEY, LILY KONG.
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ESPAÇO E CULTURA, UERJ, RJ, N. 26, P. 7-18, JUL./DEZ. DE 2009