TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO MUSICAL:

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TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO MUSICAL:
análise e considerações sobre softwares de educação musical
Gabriel Magalhães Bezerra*
Resumo:
Com o intuito de expor e analisar softwares que sejam voltados para o ensino musical
ou que possuam relação com a música e possam ser considerados ferramentas de ensino
musical, este texto trará análises de certos programas, questionamentos e
considerações. Ambos softwares foram analisados quanto ao uso dos recursos que
oferecem e segundo a proposta que sugerem, se são adequados ou não para o uso em
sala de aula. Um ponto pertinente ao uso desses softwares de educação musical é que
podem auxiliar o desenvolvimento musical do aluno, tornando as práticas em educação
musical nas escolas mais dinâmicas e interativas, aproximando o ensino musical do
interesse das crianças e jovens, na atualidade, pelas tecnologias.
Palavras-chave: Educação Musical; Internet e Música; Música e Tecnologia; Softwares
Musicais;
INTRODUÇÃO
A cada dia, novas tecnologias são apresentadas ao mundo e várias dessas
tecnologias vêm como suporte para a educação e, dentro dela, para o ensino da música;
tanto em escolas regulares como nos conservatórios, escola de artes, academias etc.
O ser humano sempre buscou novos horizontes, novos caminhos para facilitar o
seu dia-a-dia. A maioria dos inventos do homem, foi para suprir alguma necessidade de
grande importância para suas atividades; por exemplo: o telefone foi aperfeiçoado por
Tomaz Edison, após vários experimentos com diferentes materiais, e justo nesse
momento de seu trabalho, ele percebe que é possível obter um registro do som, o que
mais tarde seria patenteado como Fonógrafo1. As novas tecnologias trazem benefícios e
malefícios, mas acredito que tais benefícios ou malefícios serão determinados pela forma
que os objetos serão usados.
Muito dessas inovações tecnológicas podem ser utilizadas como peça integrante
para o ensino da música, tornando-o mais interativo para o aluno. Segundo Passarelli,
(2007) que ministra a disciplina Criando Comunidades Virtuais de Aprendizagem e de
Aluno do Curso de Licenciatura em Educação Artística no Centro Universitário Adventista de São
Paulo (Unasp). Lattes: http://lattes.cnpq.br/5228349586085131 E-mail: [email protected].
*
1
O Fonógrafo é um aparelho inventado em 1877 por Thomas Edison para a gravação e reprodução de sons
através de um cilindro. Foi o primeiro aparelho capaz de gravar e reproduzir sons.
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Prática, em que os alunos trabalham textos que ficam hospedados em sites como o
Google Drive2, armazenamento na nuvem, possibilitando o ensino à distância. Jogos
musicais; sites e softwares de notação e teoria musical; aulas à distância; gerenciador
de atividades; atividades em grupos, são algumas das ferramentas que a tecnologia
proporciona ao ensino da música.
Os exemplos citados já são usados em vários lugares do mundo, e vem mostrando
bons resultados. Em 1995, nos Estados Unidos, foi criado o projeto Vermont Midi
Project, que consiste num programa de avaliação de atividades, tais como composições
e exercícios de alunos de várias escolas de níveis diferentes. As atividades dos alunos
são enviadas a vários mentores espalhados pelo país e cada um dará uma sugestão que
contribuirá para o desenvolvimento musical do aluno. É possível ter uma aula dinâmica,
interativa, despertando mais ainda a curiosidade da criança para ir em busca do
conhecimento musical.
Conhecendo Softwares Musicais
The Orchestra3
Consiste num aplicativo (app)4 desenvolvido para sistema operacional para iPad
Apple. Existe uma infinidade de recursos para que alunos de músicas ou apaixonados
por música conheçam mais sobre como funciona uma orquestra.
O app é como se uma orquestra virtual em suas mãos. Contando com repertório
desde o período clássico até o moderno, o aluno pode ouvir e visualizar vários detalhes
da peça como: as partituras de cada instrumento; os naipes em destaque; a regência do
maestro; diferentes ângulos da orquestra.
Interface Gráfica5: possui uma interface fácil de operar; apenas com o toque dos
dedos, o aluno pode interagir com os menus que o app proporciona para visualizar os
2
Google Drive é um serviço de armazenamento e sincronização de arquivos, apresentado pela Google em 24
de abril de 2012.
3
Disponível em: <http://orchestra.touchpress.com>
4
Um aplicativo móvel conhecido normalmente por seu nome abreviado app, é um software desenvolvido para
ser instalado em um dispositivo eletrônico móvel, como um PDA, um telefone celular, um smartphone ou um Leitor
de MP3. Este aplicativo pode ser instalado no dispositivo, logo que os respectivos modelos ou, se o aparelho permite
que ele, baixado pelo usuário através de uma loja on-line.
5
Em informática, interface gráfica do usuário (abreviadamente, o acrônimo GUI, do inglês Graphical User
Interface) é um tipo de interface do utilizador que permite a interação com dispositivos digitais através de elementos
gráficos como ícones e outros indicadores visuais, em contraste a interface de linha de comando.
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naipes dos violinos executando tal peça; alterar o andamento da peça; tocar qualquer
instrumento com o apoio de um teclado virtual; executar a peça junto com a orquestra.
Podem ser visualizadas as posições dos naipes em três formas: visualização da
grade em forma de timeline6, com uma tela encima da grade com imagens de diferente
ângulos da orquestra executando a peça; a mesma visualização anterior mas com
comentários do maestro sobre os detalhes da peça; e outra forma de disposição da faixas
de áudio de cada instrumento, com as marcações; alterações de fórmula de compasso;
de movimentos; tonalidade.
Além dessa tela, outra tela interessante e que possui uma proposta didática, é a
apresentação de cada instrumento que compõe a orquestra. Um músico apresenta seu
instrumento, em forma de vídeo. Sua fabricação; afinação; extensão; principais peças e
estudos. Pode-se concluir que esse aplicativo oferece recursos muitos interessantes para
uma aula de história da música e de organologia dos instrumentos.
O repertório que o app disponibiliza é: Haydn, Symphony No. 6; Beethoven,
Symphony No. 5; Berlioz, Symphonie Fantastique; Debussy, Prélude à I’appès-midi d’un
faunde; Mahler, Symphony No. 6; Stravinsky, The Firebird; Lutostawski, Concerto for
Orchestra e Salonen, Violin Concert.
Turma do Som
Outro software já acessível ao grande público e que pode ser usado em qualquer
computador, desde que esteja conectado a internet, é o Turma do Som7. Um site aberto
a qualquer pessoa, sendo que necessário realizar um cadastro para assim ter um
usuário e usufruir do site. É preciso criar um personagem virtual (avatar), que será a
representação do usuário no mundo virtual do programa. Cada usuário pode criar um
avatar de acordo com suas características. Através de um mural de recados, outros
usuários podem deixar recados para outros. Isso aumenta a integração levando a troca
de informações e socialização.
O site consiste num ambiente de percepção musical. Com três categorias, cada
uma com um jogo musical temático sobre determinado assunto. Um deles trabalha a
6
A Linha do tempo, em inglês timeline, é uma maneira de visualizar uma lista de eventos em ordem
cronológica, descrito por vezes como o artefato do projeto. Consiste geralmente num desenho gráfico que mostra uma
barra longa com a legenda de datas junto da barra do uso do tempo que (normalmente) indica os eventos junto dos
pontos onde eles aconteceram.
7
Disponível em: <http://www.turmadosom.com.br>
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percepção de sons, e é necessário dizer qual o som que está sendo executado. Já outra
atividade do site, é a apresentação de uma música em que o usuário deve tocar junto o
ritmo usando o teclado do próprio computador.
Para cada atividade existem níveis de dificuldade. O usuário tem a opção de
escolher o grau de dificuldade, sendo que a cada término do jogo, ele pontua pontos para
o seu perfil.
Ear Master
Trata-se de um programa de tutor de atividade musicais. Sua tela inicial
apresenta as atividades musicais divididas por categorias, desde exercícios de percepção
até ditado rítmico e melódico. Exemplos de atividades são: reconhecimento de intervalos
e identificação de acordes. Cada atividade possui níveis, e dependendo do desempenho
do usuário ele pontua ponto. Ao final de cada nível, uma nova dificuldade é colocada.
Por exemplo: Atividade de percepção rítmica, do nível 1 envolvendo figuras: semibreve,
mínima e semínima. Já no nível dois são acrescentadas as colcheias
Além dessas atividades que o programa oferece, é possível com uma versão de
professor (EarMaster Pro), criar atividades personalizadas para um determinado grupo
de alunos. O professor tem a possibilidade através dessa versão do software, criar
exercícios com ritmos de sua preferência. Feito esse tutor para o aluno, ele tendo o
programa em uma versão abaixo do Pro, pode realizar as atividades.
O aluno tem que ter disponível para responder questões de ditado melódico, por
exemplo, um teclado virtual, e com o mouse ou teclado do computador colocar as notas
corretas. Ao finalizar a resolução do tutor, o professor tem acesso a todos os dados
obtidos do aluno. Quanto tempo levou para resolver determinada questão; se ele repetiu
tal questão ou pulou. E o próprio programa dá uma média geral do aluno na realização
do tutor.
É possível realizar torneios com os alunos, criando exercícios de ritmos com
ordem de dificuldade crescente, e assim levando os alunos a usar mais o programa em
casa, para assim participar de tais torneios.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos na análise dos softwares de educação musical, seus recursos podem
ser usados em sala de aula e fora da escola. As facilidades que eles oferecem são
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significativas para auxiliar o educador musical. Imaginemos seguinte: Determinado
conteúdo foi transmitido para classe, digamos que o tema seja percepção melódica. O
professor cria um tutor e disponibiliza para os alunos resolverem as atividades em casa.
O aluno vai realizar as atividades de uma forma diferente do meio tradicional.
É preciso levar em conta se o grupo de alunos tem acesso a um computador em
casa ou em outro ambiente. E não apenas o aluno, mas também se a escola possui
recursos para ter um laboratório de informática, se tem verbas para bancar custos dos
programas.
É importante reconhecer que tais softwares e equipamentos (computadores,
instrumentos musicais eletrônicos) devem ser vistos como material para auxiliar o
educador musical (Lima; Oliveira, 2009), e não fazer desses materiais um meio por si só,
deixando de lado questões pedagógicas e o contato do professor com o aluno.
Por outro lado, cabe perguntar: como o educador vai escolher determinado
software para uso em sala de aula? Os programas apresentados neste texto são exemplos
de programas que existem no meio musical. Não é necessário ter todos os programas,
mas sim escolher o que mais se adequa à sua realidade e como usá-lo em sala de aula,
e de qual forma usar tal programa em sala. (Gamez, 1998)
Existem dois grupos de programas musicais: os que são voltados para a educação
musical e que possuem uma linha pedagógica na sua elaboração; e os programas que
são criados para o uso no meio musical em todos os níveis.
Programas musicais que trabalham o treinamento auditivo, teoria e análise,
história da música, e teoria e prática de instrumentos são voltados para o ensino
musical, isso é lógico pois sua criação foi para suprir tal necessidade em sala de aula.
Com tantos alunos em uma aula, existirá sempre aquele que não vai se sentir bem em
responder a um ditado melódico na frente dos seus colegas. Usando o programa em
casa, o aluno se sente confortável a realizar as atividades da maneira que achar mais
conveniente (Yavelow, 1992, p. 1258-1259).
Além disso, o fato de o professor escolher determinado programa mais voltado
para o ensino musical em sala de aula, não significa que não possa também utilizar
outros, mais voltados para o meio musical profissional. Programas que são voltados para
o meio musical profissional são: os editores de partituras, sendo possível a criação e
manipulação partitura, alteração de tonalidade, do sistema de notação, de instrumentos,
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dos sinais de dinâmicas, uso de instrumento eletrônico por meio da linguagem MIDI8
etc.; Editores de áudio, sendo possível captar voz e instrumentos acústicos-elétricos
através de microfones ou cabos conectado a placas de áudio, manipulação desse áudio
por meio de equalizadores e inserção de efeitos.
Programas de editores de partitura podem ser usados no contexto de ensino
musical em que, em determinado momento o aluno precisa criar uma composição para
apresentar em sala de aula. Através desses programas, se o aluno comete algum erro, o
programa já acusa o erro e mostra a solução para o usuário. São os editores mais
populares: Encore9, Finale10 e Sibelius11.
Os programas desse grupo podem ser usados num ambiente de ensino musical,
mas é papel do educador apresentar tal programa e de qual forma será usado pelos
alunos.
Outro ponto a ser levado em conta pelo educador na escolha do programa, é sua
qualidade e se o programa é claro ao transmitir o conteúdo. É importante que haja essa
preocupação com a qualidade do programa (Valiati, 2000). O objetivo da interface de um
software é transmitir o conteúdo ao aluno e não fazer com que o aluno aprenda como
mexer no programa. Essa situação pode fazer com que ele desanime, se desinteresse, e
tire conclusões errôneas do programa (Winckler, 2000), fazendo cair por terra a proposta
do programa musical ser uma ferramenta para construção do conhecimento. Exemplo
de um programa interativo é o app The Orchestra, que tem uma linha de trabalho voltado
para a apresentação da orquestra, aproveitou do recurso do vídeo que é chamativo, e
dinâmico.
Não somente a parte visual deve ser analisada, mas também a parte sonora: se
os sons gerados pelo programa são condizentes com o som real. De que adianta
apresentar um programa com uma proposta musical tão interessante para o aluno, se
o som é ruim? O aluno vai internalizar determinado som executado pelo programa, por
isso, é imprescindível ter um som mais agradável, que seja claro e leve o aluno a remeter
a um certo instrumento com uma certa rapidez, isso irá contribuir para seu crescimento.
8
General MIDI ou GM (Musical Instrument Digital Interface) é uma especificação para sintetizadores que
impõe vários requisitos para além da norma MIDI mais geral.
9
Programa de notação musical. Disponível em: <http://www.passportmusic.com>
10
Programa de notação musical criado pela empresa Make Music. Disponível em:
<http://www.makemusic.com>
11
Programa de notação musical. Disponívek em: <http://www.avid.com/US/products/sibelius>
BEZERRA, Gabriel Magalhães. Tecnologia na educação musical: análise e considerações sobre softwares de
educação musical. INTEGRATIO, v. 2, n. 2, jul. - dez. 2016, p. 10-16.
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REFERÊNCIAS
GAMEZ, Luciano. TICESE- Técnica de inspeção de conformidades ergonômicas em
software educacional. 1998. Dissertação (Mestrado em computação) Universidade do
Minho,
Guimarães,
Portugal.
Disponível
em:
<www.labiutil.inf.ufsc.br/estilo/Ticese.htm>.
LIMA, Helena; OLIVEIRA, Keyla Rosa. Disciplina “Música e Mídia” no ensino médio:
experiência investigativa de inclusão curricular de novas tecnologias em aulas de
música. In: Anais do V SIMCAM, 2009, Goiânia, GO.
PASSARELLI, Brasilina. Interfaces digitais na educação: @lucin[ações] consentidas.
São Paulo: Escola do Futuro da USP,2007.
VALIATI, Eliane R. A. Gia-GEPESE: user interface guidelines for educational software.
In: SOMPOSIO INTERNACIONAL DE INFORMÁTICA EDUCATIVO, SIIE, 2, 2000,
Puertollano, Ciudad Real, Espanha. Informática y Educación para una Sociedad
Interconectada. Ciudad Real: ADIE, 2000. 1 CD.
WINCKLER, Marco A. A. Estudo de caso da aplicação do método de avaliação heurística
em um projeto multidisciplinar. In: WORKSHOP SOBRE FATORES HUMANOS EM
SISTEMAS COMPUTACIONAIS, IHC, 1998, Maringá, compreendendo usuários,
construindo interfaces: Atas. Rio de Janeiro: PUC-RJ, 1998. Disponível em:
<protem.inf.ufrgs.br/Icm/port/pub/artigos.html>.
YAVELOW, Christopher. Macword music & sound bible. San Mateo, CA, EUA: IDG
Books Worldwide, 1992.
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