Formas musicais renascentistas Suíte Suíte é como se chama o conjunto de movimentos instrumentais dispostos com algum elemento de unidade para serem tocados sem interrupções. O termo Suíte (de origem francesa que significa série ou sucessão) designa um tipo de composição musical que consiste numa sucessão de peças ou de andamentos instrumentais (geralmente danças) diferentes mas escritos na mesma tonalidade. A origem deste tipo de composição situa-se nas músicas de dança da Idade Média que associam duas danças de caráter contrastante. No século XVI estas associações eram formadas por uma dança lenta em compasso binário e por uma dança rápida em compasso ternário, evoluindo posteriormente para séries de três danças em que as peças podiam ou não manter uma relação temática. A partir dos finais do século XVI e início do século XVII começam a ser compostas suítes para alaúde na mesma tonalidade, mas sem qualquer ligação temática. Os compositores renascentistas (século XIV) usavam o estilo de emparelhar danças, tais como a pavana e a galharda, que foi ampliado pela inclusão de novas peças no período barroco (século XVI). Assim, a suíte assume um caráter "molde", constituído por: uma allemande, uma courante francesa (ou corrente italiana), uma sarabanda e uma giga. Na França, a suíte aparece com uma abertura e na Alemanha é introduzida uma nova dança entre a sarabanda e a giga, podendo ser também um par de danças, dentre elas, o minueto, a bourrée, a gavota e o passepied. Com o passar dos séculos, a suíte passou a significar uma seleção orquestral de uma obra maior. Além disso, vários compositores utilizam o nome pra designar apenas uma coleção de peças do mesmo estilo tematicamente, às vezes usadas como música incidental. Fantasía A fantasia é uma forma musical livre que se distingue pelo seu caráter de improvisação e criatividade mais do que por uma estruturação rígida dos temas. Assim, permite ao compositor uma maior expressividade musical flexibilizando as restrições inerentes a outras formas tradicionais mais rígidas como a sonata e a fuga. Como exemplos para ilustrar esse contraste podemos citar A Fantasia Cromática e Fuga de J. S. Bach ou A Sonata Op. 27 Quase uma Fantasia de Beethoven. Também podemos citar as 12 fantasias para violas de Henry Purcell. A Fantasia, no entanto, não se abstrai completamente da estrutura formal. Muitas delas se baseiam na forma sonata em aspectos tais como o uso da reexposição de vários temas ou a delimitação de seções contrastantes entre si, mas sempre com um tratamento muito mais livre. Variação Variação é uma técnica formal em que o material é alterado durante várias repetições / reiterações com mudanças que podem ser harmônicas, melódicas, contrapontísticas, rítmicas e de timbre ou orquestração. As seções de variação dependem de um tipo de apresentação do material enquanto que as seções de desenvolvimento utilizam várias apresentações diferentes e combinações do material. Uma variação, também pode ser qualquer modificação feita sobre um tema apresentado. Neste sentido é chamada de desenvolvimento musical. Desta forma, pode-se dizer que qualquer forma musical que não seja seccionada é baseada em variações de um ou mais temas. É a base para formas de composição musical como o ostinato, a forma-sonata, a fuga, a chacona, a passacaglia e tema com variações. Obras com tema e variações têm sido escritas por toda a história da música clássica. Uma forma favorita de variações na música renascentista era as divisões, um tipo de variação no qual a batida rítmica é sucessivamente dividida em intervalos cada vez mais rápidos. O princípio básico de começar com variações simples e se mover em direção a variações cada vez mais elaboradas esteve sempre presente na história da forma variação, uma vez que permite a definição de uma forma ao conjunto de variações, ao invés de deixá-lo seguir numa seqüência arbitrária. Baixo Ostinato Em música, um ostinato é um motivo ou frase musical que é persistentemente repetido numa mesma altura. A idéia repetida pode ser um padrão rítmico, parte de uma melodia ou uma melodia completa. Basso ostinato (também chamado de baixo ostinato; em inglês "ground bass") é uma parte do baixo ou linha do baixo que se repete continuamente como um ostinato enquanto a melodia, e possivelmente a harmonia feita sobre ele, se altera. Foi desenvolvido já no Século XIII e usado com freqüência da era barroca em diante. Estritamente falando, o ostinato é uma repetição exata, mas, no uso comum, o termo cobre a repetição com variação e desenvolvimento musical. Os conceitos gerais podem ser aplicados às técnicas quase-ostinato ou tipo ostinato sem que haja simetria rítmica ou repetição regular, e alguns têm considerado a técnica dos doze tons uma extensão ou um exemplo específico de ostinato. Sendo uma estrutura acessível que permite a improvisação, o ostinato foi amplamente utilizado no período barroco. Tocata Tocata é a obra de música erudita para um Instrumento de teclas, geralmente enfatizando a destreza do intérprete. O nome é aplicado com menos freqüência a obras para vários instrumentos. A forma apareceu primeiro no período tardio da Renascença. Originou-se no nordeste da Itália. Várias publicações da década de 1590 incluem tocatas de compositores como Girolamo Diruta, Adriano Banchieri, Claudio Merulo, Andrea e Giovanni Gabrieli, Luzzasco Luzzaschi e outros. Estas são composições para teclado nas quais uma das mãos e depois a outra realizam corridas virtuosísticas e brilhantes passagens em cascata contra uma acompanhamento de acordes na outra mão. Entre os compositores trabalhando em Veneza nesta época estava o jovem Hans Leo Hassler, que estudou com os Gabrieli; ele levou consigo a forma quando retornou para a Alemanha. Foi na Alemanha que ela sofreu os seus maiores desenvolvimentos, culminando na obra de Johann Sebastian Bach mais de cem anos depois. A tocata barroca, começando com Girolamo Frescobaldi, tem mais seções e aumentou de tamanho, intensidade e virtuosidade em relação à versão Renascentista atingindo alturas de extravagância equivalente aos impressionantes detalhes vistos na arquitetura do período. Com freqüência possui corridas rápidas e arpejos alternando com acordes ou seções de fuga. Algumas vezes falta a indicação regular de tempo e quase sempre tem um sentido de improvisação. Canzona Canzona ou canzone (literalmente "canção", em italiano) é o nome dado a adaptação vocal feita em múltiplas partes, especialmente durante o século XVI, de uma canzone literária, e das composições instrumentais feita neste e no século seguinte inspiradas nestas obras. Baseadas inicialmente nas canções polifônicas franco-flamengas (chansons), estas canzone instrumentais, tais como as compostas por Giovanni Gabrieli, influenciaram a fuga e foram ancestrais diretas da sonata. Seu estilo é rápido, ligeiro e rítmico, e o ritmo inicial é de mínima mais 2 semínimas. Ricercar (ricercari) Um ricercar ou ricercata é um tipo de composição instrumental da Renascença tardia e mais do início do barroco. O termo significa pesquisar e muitos ricercares têm função de introdução em "busca" da tonalidade ou do modo da peça que se segue. Um ricercar pode explorar as permutações de um dado motivo e, neste sentido, pode seguir a peça utilizada como ilustração. Por exemplo, "Ricercar sopra Benedictus" desenvolveria motivos de um moteto intitulado "Benedictus". O termo também é utilizado par adesignar um estudo que explora um recurso técnico para se tocar um determinado instrumento ou para cantar. No seu uso contemporâneo mais comum, se refere a um tipo antigo de fuga, particularmente uma de caráter sério no qual o sujeito usa notas com valores longos. Entretanto, o termo tem um uso histórico consideravelmente mais variado No século XVI, a palavra ricercar se referia a vários tipos de composição. A terminologia era flexível, até mesmo bastante relaxada, pois chamar um compositor uma peça instrumental de tocata, canzona, fantasia ou um ricercar não era definitivamente questão de taxinomia, mas de decisão arbitrária. Apesar disso, os ricercares se enquadram em dois tipos gerais: uma peça predominantemente homofônica , com ocasionais passagens em movimento acelerado, como uma tocata; e uma obra com várias seções, em que cada seção começa imitativamente, usualmente na forma variação. Exemplos destes dois tipos de ricercares podem ser encontados na obra de Girolamo Frescobaldi. O segundo tipo descrito de ricercar, na forma imitativa de variações, se provou o mais importante historicamente e se desenvolveu na forma fuga. Este segundo tipo, imitativo, apareceu na segunda metade do século XVI e se desenvolveu paralelamente ao moteto com o qual compartilha inúmeros procedimentos imitativos.Transcrições instrumentais de motetos eram comuns no século XVI e está claro que os compositores começaram a publicar obras instrumentais com características semelhantes aos motetos. Teclados ou alaúdes foram instrumentos representados neste desenvolvimento. Uma vez que não estava mais disponível o texto do moteto, era preciso que se encontrasse algum outro método de organização musical. A foma variação foi a que se mostrou a mais maleável e permanente. No período barroco, o ricercar imitativo rapidamente evoluiu para a fuga, assim como a canzona instrumental evoluiu para a sonata. Algumas peças indistingüiveis das fugas foram chamadas de ricercares, mesmo tão tarde quando no período em que Johann Sebastian Bach vivia, com a diferença de que os valores das notas geralmente eram maiores e seu caráter era mais sério.