ENSINO DE SOLOS NA PESPECTIVA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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Geografia: Ensino & Pesquisa, Santa Maria, v. 14, n. 1, p. 94- 99, 2010
ISSN 0103­1538
ENSINO DE SOLOS NA PESPECTIVA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL:
CONTRIBUIÇÕES DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA¹
TEACHING OF SOIL IN THE PERSPECTIVE OF ENVIRONMENTAL
EDUCATION: CONTRIBUTIONS OF GEOGRAPHICAL SCIENCE
FRASSON, Vanise da Rosa ²
WERLANG, Mauro Kumpfer ³
RESUMO
Este artigo fundamenta-se na necessidade de valorização dos estudos de solo nos ensinos fundamental e médio na
perspectiva da Educação Ambiental. Tal proposta vem ao encontro dos pressupostos teóricos e práticos do
construtivismo e da abordagem holística. A contribuição da Geografia no ensino de solo delineia-se a partir de seu
objeto de estudo, o espaço geográfico. Assim, sendo uma ciência de relações; não somente da relação homem e o
meio, mas de sua relação entre inúmeras outras ciências consegue abarcar as dificuldades enfrentadas pela temática
proposta, garantindo que o ensino de solos seja contemplado de maneira sistêmica e dinâmica.
Palavras-Chave: Ensino de solos, Educação Ambiental, Construtivismo.
ABSTRACT
This article is based on the need for enhancement of soil studies in primary and secondary education in the
perspective of Environmental Education. This proposal responds to the theoretical and practical assumptions of
constructivism and holistic approach. The contribution of geography in higher soil is outlined from its object of
study, the geographical space. So, being a science of relationships, not only of the man and the environment, but the
relationship between many other sciences to encompass the difficulties faced by the proposed theme, ensuring that
the teaching of soil is covered in a systematic and dynamic.
Keywords: Higher Grounds, Environmental Education, Constructivism.
¹ Artigo apresentado no 5º Seminário de Mestrado em Geografia- UFSM. Santa Maria, novembro de 2009
² Mestranda do Programa de Pós Graduação em Geografia- UFSM. [email protected]
³ Orientador, Prof. Dr do Programa de Pós Graduação em Geografia- UFSM. [email protected]
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Geografia: Ensino & Pesquisa
INTRODUÇÃO
Com o advento da Revolução Industrial, as relações
entre o homem e a natureza passam a ser intensificadas e a
sofrer desequilíbrios, principalmente pelo modelo de
produção que adota o uso de combustível fóssil. Diante
das conseqüências negativas desse acontecimento, novos
conceitos passam a instigar a relação da sociedade com o
meio como, por exemplo, o conceito da sustentabilidade
(desenvolver de modo a manter ou ampliar os recursos
naturais).
Neste contexto, a degradação ambiental torna-se mais
evidente e merecedora de reconhecimento. Embora esse
tema seja bastante comentado, tanto na poluição das águas
e mananciais quanto na poluição do ar que se torna
insuportável em algumas cidades, o que se verifica é a falta
de contemplar todos os elementos naturais do meio
ambiente que se relacionam em um sistema dinâmico. O
solo é um exemplo deste fato
De modo geral, as pessoas têm uma atitude de pouca
consciência e sensibilidade em relação ao solo, o que
contribui para sua degradação, seja pelo mau uso, seja
pela sua ocupação desordenada. A problemática em
torno da conservação do solo tem sido, na maioria dos
casos, negligenciada pelas pessoas. A conseqüência
dessa negligência é o crescimento continuo dos
problemas ambientais ligados à degradação do solo, tais
como: erosão, poluição, deslizamentos, assoreamento de
cursos de água, etc. (MUGGLER; SOBRINHO;
MACHADO, 2006, p. 2).
Mesmo diante da emergência dos temas que tangem
os problemas ambientais, há uma carência de atenção
frente à degradação dos solos. O solo, como componente
essencial do meio ambiente e, portanto, à vida, tem seu
estudo pouco valorado perante o ensino básico e perante
outros elementos naturais como a água e o ar.
Faz-se necessário, nesta concepção, de um
fortalecimento dos estudos pedológicos, norteados por um
caráter sustentável, conscientizador e que integre os solos
aos demais elementos da natureza e a sociedade, de
maneira sistêmica e dinâmica. Essa perspectiva vem ao
encontro da Educação Ambiental emancipatória, ou seja,
crítica e reflexiva.
Assim, objetiva-se promover a valorização dos
estudos sobre solos e o despertar da consciência sobre a
questão pedológica como componente do meio ambiente,
portanto, que precisa ser conservado e protegido, através
da elaboração de materiais didáticos à professores e alunos
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da educação básica, sob a perspectiva da educação
ambiental.
Neste sentido, tem-se como justificativa desta
proposta, a busca de uma consciência pedológica,
direcionada a professores e alunos da educação básica e a
tentativa de valorizar o estudo dos solos nas
Universidades, principalmente na Geografia, através da
ampliação dos estudos a respeito do tema. Também se
justifica pelo fato de que o profissional da Geografia deve
incorporar o estudo de solos ao contexto de sua formação,
pois, caminha-se assim para acrescentar e fortalecer o
conhecimento geográfico.
DOS PRIMÓRDIOS DA RELAÇÃO HOMEM
NATUREZA
AO
PRINCÍPIO
DA
SUSTENTABILIDADE – A EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
À medida que as comunidades humanas tornavam-se
mais numerosas e mais bem equipadas tecnicamente,
aumentava sua importância como agentes da
transformação do meio. Quando ainda viviam da caça e da
coleta, as alterações ambientais introduzidas pelas
comunidades eram dispersas por diferentes áreas, pois
essas práticas geralmente estavam associadas ao
nomadismo. Assim, o ambiente possuía condições de se
recuperar quando as comunidades se deslocavam para
outros locais, após esgotar os recursos da área onde
estavam.
Com o início da prática da agricultura, as
modificações ambientais ganharam maior impacto,
principalmente porque isso possibilitou o sedentarismo.
Houve uma mudança no tipo de relação com o meio, já
que o sedentarismo obriga a tirar sempre de um único
lugar os recursos necessários à manutenção da
comunidade.
No mundo contemporâneo as populações passam a
viver preferencialmente nas cidades, e estas se
multiplicam. As indústrias, de maneira geral, foram
deslocadas para a periferia, cedendo as áreas centrais para
atividades comerciais e de serviços.
O que podemos perceber, ao analisar a evolução de
uma determinada paisagem é que as sociedades humanas,
à medida que vão modificando seus modos de vida,
modificam também o ambiente em que vivem e, com isso,
alteram as paisagens. Nesse processo, o ambiente foi
submetido a uma continua devastação, pondo em risco o
equilíbrio do planeta e afetando a vida de toda a
humanidade (CARVALHO E PEREIRA, 2006, p. 62).
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Apenas nas últimas décadas do século XX, com o
agravamento dos problemas ambientais, a sociedade se
mobilizou para deter os efeitos nocivos das atividades
econômicas predatórias e poluentes (MOREIRA, 2008, p.
92). Infelizmente, a demanda de riscos ao meio ambiente
se sobrepõe às ações que garantem a sua preservação. A
instabilidade da natureza, devido às depreciações cada vez
mais graves e freqüentes, gera um sentimento de medo e
de impotência nos indivíduos, que, conforme Silva (2008,
p. 38)
A participação também pode ser mais bem assimilada
quando se parte do contexto social vivido pelo educando,
sendo fundamental que se respeite aquilo que o aluno sabe
e vivencia.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, os PCNs,
(BRASIL, 1997) no contexto dos estudos geográficos,
procuram considerar a possibilidade de que os educandos
compreendam sua posição nas interações da sociedade
com a natureza e que sintam valorizadas suas experiências
e seus cotidianos como uma conquista da cidadania
Assim, o mundo se pergunta: o que fazer? Diante de
uma situação que parece não ter volta, as ações
precisam ser urgentes e globais, levando em conta que
se deve agir localmente a fim de se obter resultados que
beneficiarão a todos, globalmente.
É fundamental que o espaço vivido pelos alunos
continue sendo o ponto de partida dos estudos ao longo
do terceiro e quarto ciclos e que esse estudo permita
compreender como o local, o regional e o global
relacionam-se nesse espaço (BRASIL, 1998, p. 30).
A degradação ambiental torna-se mais evidente e
merecedora de reconhecimento. Embora esse tema seja
amplamente comentado, tanto na poluição das águas e
mananciais quanto na poluição do ar que se torna
insuportável em algumas cidades, o que se verifica é a falta
de contemplar todos os elementos naturais do meio
ambiente que se relacionam em um sistema dinâmico.
Neste contexto é que se insere a educação ambiental.
Para concretizar uma efetiva educação ambiental, é
necessário ultrapassar a concepção adestradora. Deve-se
ensinar a criança, desde a infância, a observar a natureza,
valorizá-la e despertar um sentimento de respeito com a
mesma. Este primeiro passo servirá de etapa
impulsionadora para consciência ecológica, que deverá por
sua vez, ser explorada nos ensinos fundamental e médio.
Nesse segundo momento, o aluno, nas aulas de Geografia
ou qualquer outra disciplina (visto que o tema é
interdisciplinar) ou tratando-o como tema transversal,
aprenderá as razões e os processos da dinâmica da
natureza.
Para tanto, Krasilchik, (1986, apud, Troppmair, 1989,
p. 237) diz que a Educação Ambiental exige criticidade e
participação
Castrogiovanni (2000, p.13) menciona o fato que pode
tornar a escola pouco interessante: “Existe ainda pouca
aproximação da escola com a vida, com o cotidiano dos
alunos. A escola não se manifesta atraente frente ao
mundo contemporâneo, pois não dá conta de explicar e
textualizar as novas leituras de vida.
Para que a educação ambiental atinja plenamente seus
objetivos, alguns aspectos devem ser considerados:
propiciar aos alunos uma sólida base de conhecimentos,
que lhes permite obter e usar criticamente informações,
evitando que possam tomar decisões baseadas em dados
errados ou incompletos, frequentemente divulgados
pelos veículos de comunicação em massa. Porém,
apenas o conhecimento é insuficiente. A base da
educação ambiental reside no envolvimento e
participação. Além de poder processar devidamente as
informações recebidas, o aluno deve também ser capaz
de analisar, discutir e tomar decisões sobre problemas de
valor, indo além da mera expressão de sentimentos, ou
seja: tomar efetivamente posições e agir.
O ENSINO DE SOLOS
Numa visão geral, o estudo de solos destina-se a uma
parcela de estudantes e professores de nível universitário,
em um estudo parcelado e unitário. Assim, pouca ênfase é
dada ao assunto no ensino fundamental e médio,
especialmente tratando-se dos solos numa perspectiva
integral, que abarque todos os elementos da natureza e
suas relações.
Entretanto, a temática sobre ensino de solos na
educação básica tem ganhado ênfase em valorosos
trabalhos da comunidade acadêmica e de pesquisa. Cita-se
neste contexto, o projeto Solo na Escola, coordenado pelo
Departamento de Solos e Engenharia Agrícola da
Universidade Federal do Paraná, que objetiva desenvolver
e divulgar material didático sobre solos para o ensino
médio e fundamental; aprimorar mecanismos que
permitam a visitação de escolares à Universidade para
conhecer o tema solos; capacitar professores do ensino
fundamental e médio a compreender e ensinar o tema
solos.
Nesse sentido, faze-se referência também ao V
Simpósio Brasileiro de Educação em Solos com tema
“Pesquisa e Popularização da Educação em Solos”, a ser
realizado em Curitiba/PR de 15 A17 de abril de 2010.
As áreas do conhecimento que vêm trabalhando com
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o ensino de solos representam uma parcela pequena e
muito específica como agronomia, engenharia florestal,
entre outras. Quanto à geografia, enquanto disciplina de
licenciatura, apresenta tal conteúdo apenas de maneira
superficial nos cursos de graduação, refletindo na não
popularização do tema nas escolas. Neste caso, justamente
uma matéria curricular do ensino básico seria o elo para a
implementação dos solos na escola.
Além disso, um ganho importante com o ensino de
solos na Geografia, que pouco abordado em outras
ciências, se faz no contexto da visão integrada da
sociedade e da natureza. Nesse sentido, a Geografia tendo
como objeto de estudo o espaço geográfico, insere-se em
um lugar intermediário entre as ciências sociais e naturais.
Conforme o exposto, a Geografia volta-se a uma
ciência de relações; não somente da relação homem e o
meio, mas de sua relação entre inúmeras outras ciências.
Nesse sentido, seus estudos “preenchem o vazio” que
existe entre os fenômenos físicos e humanos do mundo, ao
contrário do papel individualizado que ocupa a maioria das
outras ciências que não se preocupam em ser o elo entre os
aspectos naturais e os aspectos humanos.
Esta seria a contribuição das pesquisas sobre solos na
ciência geográfica, efetivando a idéia que os solos são
elemento integrante da natureza e deve ser visto
juntamente com outros elementos como a água, o ar e até
mesmo com o homem.
O solo, assim como todos os elementos naturais do
planeta deve ser visto como patrimônio coletivo e,
portanto, conservado por todos. No entanto, preservar o
meio ambiente, como ato de cidadania ainda não tem seu
pleno desenvolvimento na sociedade. A falta de
conhecimento diante deste aspecto exige que se
desenvolva uma consciência ecológica, demandando,
portanto, uma educação ambiental.
Assim, o estudo de solos, conforme perspectiva da
educação ambiental deve ser entendido no contexto dos
sistemas dinâmicos. Nesse sentido, o solo é um elemento
essencial à vida, integrante de um sistema chamado meio
ambiente.
Tal concepção holística acredita, segundo Chistofoletti,
(2007)
(...) a ciência sistêmica demonstra que os sistemas não
podem ser compreendidos através das partes, pois estas
não são propriedades intrínsecas, mas só podem ser
entendidas dentro do contexto do todo maior.
Diante disso, “o meio ambiente é resultado do
funcionamento integrado de seus vários componentes e,
portanto, a intervenção sobre qualquer um deles estará
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afetando o todo” (MUGGLER, et al, 2006). Assim, um
dos elementos integrantes desta dinâmica é o solo.
A erosão dos solos pode ser causada pela própria
natureza, como por exemplo, quanto à declividade e forma
das encostas; Mas são os seres humanos que “tem sido
responsáveis pela aceleração das taxas pelas quais os
sedimentos são removidos das encostas, de várias
maneiras, se depositando nas áreas mais deprimidas e nos
rios, lagos, baías e reservatórios, causando assoreamento e
poluição desses corpos líquidos”. (GUERRA E
MENDONÇA, 2007, p. 225).
A erosão é um grave problema ambiental que pode
ocasionar danos a produção de alimentos, tanto na
qualidade quanto na quantidade. Tal fato deve-se, por
exemplo, a diminuição da fertilidade do solo, afetando o
crescimento das plantas, diminuição da capacidade de
retenção de água, assoreamento de rios, lagos e
reservatórios, etc.
Além disso, a poluição de origem urbana e a poluição
de origem rural ocasionam graves danos aos solos: Nas
áreas urbanas o lixo jogado sobre a superfície, sem o
devido tratamento, é uma das principais causas dessa
poluição. A presença humana, lançando detritos e
substâncias químicas, como os derivados do petróleo,
constitui-se num dos problemas ambientais que
necessitam de atenção das autoridades públicas e da
sociedade.
A contaminação do solo, nas áreas rurais, dá-se,
sobretudo pelo uso indevido de agrotóxicos e técnicas
arcaicas de produção: monoculturas, desmatamentos,
queimadas, extrativismo e irrigação. Ao mesmo tempo em
que as fazendas se tornaram mais sofisticadas
tecnologicamente na última década, se tornaram ecológica
e socialmente destrutivas. A agricultura promove alguns
dos problemas ambientais mais ameaçadores do mundo –
desde o aquecimento global à disseminação de produtos
químicos tóxicos.
MATERIAL E MÉTODO
Conforme o exposto, os trabalhos com ensino de solos
na educação básica são pouco disseminados apesar da
importância e valoração do tema. Além disso, a educação
em solos deve ser construída ressaltando suas
características principais, processo de formação, estrutura,
etc. Também é necessário identificar os fatores que
contribuem para sua degradação, mostrando o quão
essencial à vida torna-se seu estudo e por fim elaborar um
material didático que desenvolva consciência crítica nos
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alunos pelo conteúdo.
Dada a problemática gerada, os estudos seguem os
pressupostos teóricos e práticos do construtivismo e da
abordagem holística. Tal método é abordado por Muggler;
Pinto; Sobrinho (2006) no artigo publicado na revista
brasileira de ciência do solo: “Educação em solos:
princípios, teorias e métodos”.
A proposta defendida pretende despertar uma
consciência pedológica através de um processo educativo
que relacione o homem ao meio ambiente de forma
sustentável. Tal princípio regulamenta-se através de uma
vertente da educação chamada de Educação Ambiental
(EA) e explicada por Muggler; Pinto; Sobrinho (2006, p.
735) de forma que
A abordagem pedológica, como instrumento de trabalho
da Educação Ambiental, é recente e ainda pouco
utilizada. Iniciativas neste sentido surgiram na década
de 90 do século XX em alguns países europeus, na
Rússia, na Austrália, na Índia e no Brasil.
Diante disso, a educação ambiental tem por princípio a
abordagem holística, integrando todos os elementos da
natureza em seus estudos e considerando o ambiente em
sua totalidade. Tal orientação, estabelecida na Conferência
de Tbilise em 1967 (MUGGLER; PINTO; SOBRINHO,
2006) vem ao encontro da abordagem geossistêmica,
contribuição da ciência geográfica.
Atendendo as concepções da EA e conforme os
moldes propostos por (MUGGLER; PINTO;
SOBRINHO, 2006), a proposta de educação em solos se
atrela no construtivismo e nas idéias de Paulo Freire. Estes
princípios teóricos e metodológicos utilizam-se dos
métodos participativos e a prática de pedagogia de
projetos. Adotar projetos educacionais pode culminar em
uma melhor integração das áreas de conhecimento no
âmbito interdisciplinar, integrar interesses pessoais e
coletivos e ainda, proporcionar inovação e enriquecimento.
Para Segura (2001, p.58)
A meu ver, a natureza do projeto como forma de
organização do trabalho na escola é sob todos os
ângulos enriquecedor porque, além de ter como
premissa a valorização dos recursos humanos
envolvidos (a melhoria da auto-estima, inclusive), ele
articula metas, propõe estratégias, cria possibilidades de
inserção da escola na comunidade e de cruzamento do
conhecimento com a realidade numa dinâmica criativa.
Quanto ao construtivismo, foi desenvolvido por
Vigotsky com base em Piaget, sendo a aprendizagem
“uma interação do sujeito com todas suas características
hereditárias, como o meio, com todos os seus
condicionantes...” (ROSA, 1997 apud MUGGLER;
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SOBRINHO; MACHADO, 2006, P. 737). Assim, o
estudante é sujeito interativo e a partir dessa interação dele
com o meio, ocorre a aprendizagem.
Nas etapas da educação e em qualquer ramo de
estudo, o construtivismo deve partir da insatisfação com a
pura transmissão de conteúdos e afastar-se dos conceitos
“receptor” e “repetir”. Esta teoria deve caminhar de mãos
dadas com os verbos “agir”, “refletir” e “construir”.
O conhecimento não é dado e sim construído pelos
alunos e pelo professor em sala de aula, em uma relação
recíproca que nunca vai acabar ou chegar a um fim. A
prática pedagógica do construtivismo insere-se
perfeitamente nesta visão, baseada no descontentamento
com o aluno receptor de informações fragmentadas e
pouco atrativas e adaptativas a realidade.
Busca-se nesta dinâmica de ensinar, estimular a
curiosidade e a crítica, cabendo ao professor,
problematizar o ensino e despertar a necessidade de ir
além. Para Freire (1996), “É exatamente neste sentido que
ensinar não se esgota no “tratamento” do objeto ou do
conteúdo, superficialmente feito, mas se alonga à
produção das condições em que aprender criticamente é
possível”.
O homem se educando se liberta, pensa por si próprio
e não apenas absorve aquilo que lhe é apresentado,
podendo assim, optar, mostrar o que pensa. “A verdadeira
educação visa a libertar o homem, libertá-lo de suas
limitações, especialmente libertá-lo de si mesmo”.
(SCHMITZ, 1984, p. 33).
Nas palavras de Piaget (1974, p. 35) “[...] falar em
educação é, em primeiro lugar, reconhecer o papel
indispensável dos fatores sociais na própria formação do
indivíduo”. Para ele, a escola é o local no qual o educando
deve encontrar possibilidades de construir seu
conhecimento, formando indivíduos com autonomia
intelectual e moral, respeitando a autonomia dos outros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da investigação bibliográfica e dos
procedimentos metodológicos apontados, infere-se que o
ensino de solos pode vir a ser fundamental na
compreensão e na ação de cidadania perante o meio
ambiente. É inquestionável que se fortaleça o espírito de
participação e a iniciativa na resolução de problemas, que,
por sua vez, encontram-se cada vez mais globais,
planetários e interconectados.
Faz-se
necessário
a superação
da
compartimentalização do conhecimento e dos saberes nas
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Geografia: Ensino & Pesquisa
universidades e da mera transmissão de práticas e teorias
que visam resoluções rápidas e imediatas. Espera-se que as
ações sejam resolvidas, além do caráter emergencial, de
maneira efetiva a médio e longo prazo, em todos os níveis
(local/global).
Para tanto, a educação ambiental volta-se ao contexto
da cidadania, da experiência vivida e da participação,
numa visão holística e integrada. Os solos, parte integrante
de uma sistemática maior e dinâmica, deve ser instigado
em virtude do que se chama “consciência pedológica”.
Entretanto, é preciso destacar o cuidado de não se
apresentar o tema como um conjunto de matérias
sobrepostas e desconectadas, mas sim, em um processo
interdisciplinar, baseado em projetos pedagógicos.
A proposta apresentada não pretende buscar o
adestramento de educandos á nível ambiental (visão
distorcidada da EA), mas promover em alunos e
professores o despertar a construir seu conhecimento e a
vinculá-lo ás experiências vividas por eles. As medidas
destacadas não são tarefas fáceis e rápidas e exigem
comprometimento. É um desafio que comina no objetivo
maior da educação: formar cidadãos ativos e
comprometidos com a natureza e com o social.
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