ESTADO DO ESPÍRITO SANTO PREFEITURA MUNICIPAL DE GUARAPARI EMEF “Cândida Soares Machado” Rua Vilas Boas s/nº, Bairro Nossa Senhora da Conceição E-mail: [email protected] Tel.: (27) 3361-5507/ 9804-6995(Vander) ROTEIRO DE MARIANA “Música para cantar na escola” Roteiro para curta metragem Duração: 3 minutos Monólogo CENA I É uma tarde de sol extremamente quente, a cena privilegia o barulho das águas do mar batendo nas pedras no refúgio marítimo no final da praia dos namorados, o foco da câmera privilegia o oceano. No lado esquerdo da imagem aparece ao longe uma adolescente de uns 15 anos (AMANDA) abraçada com seu violão, à cena tem que parecer nostálgica, totalmente sem música apenas o barulho do mar. A imagem se aproxima contornando a adolescente mostrando seu olhar pensativo em direção ao mar. A imagem volta para o mar, começa uma música de fundo e se distancia gradativamente da margem. (música sei lá). Aparece então a narração com uma voz feminina e triste. Passa na tela imagens de epitáfios e lápides de fundo do antigo cemitério do centro de Guarapari. As imagens se transportam para a antiga igreja de Guarapari. Aparecendo na tela as informações históricas e geográficas da mesma. NARRADOR AMANDA: esses dias li no Google a diferença entre saudade e nostalgia achei lindamente poético, pois, o interessante sobre a nostalgia é que ela aumenta ao entrar em contato com sua causa e não diminui como o sentimento da saudade. Meu nome é Amanda, tenho 15 anos, gosto de cantar, não como as grandes estrelas do rock, mas como aquele pássaro que voa tranqüilo pelo oceano a procura de mais um novo dia, canto por cantar, às vezes por estar demasiadamente triste, ou festivamente alegre ou simplesmente por que a musica não sai de minha cabeça. Mas às vezes me interrogo, o que seria de mim fora desse lugar? Vim e voltei da Bahia muitas vezes e creio que voltarei muitas outras. Já faz quase dois anos que estou aqui. Acho que foram os amigos, talvez a família e quem sabe os amores e foram muitos os amores. Estou no início da adolescência, conhecendo meu corpo, brigando com meus pais, coisas da vida. Moro agora com minha tia que tem 29 anos e suas três filhas (Gabriele, Raissa e Ana Cristina). Penso que o futuro é incerto, talvez eu me forme em administração de empresas por gostar de números, cálculos ou simplesmente para ter dinheiro por que é preciso ser prático, talvez eu me case com Douglas aquele deus grego com cabelos perfeito e olhar penetrante ou talvez não. Mas mesmo com um futuro incerto continuarei cantando como os pássaros do começo do curta. Amanda começa a caminhar pelo longo calçadão da orla da praia. Olhando para o mar e para as pessoas que passam, um vendedor de picolé oferece seu produto. Ela agradece e continua sua caminhada. O calçadão da praia das virtudes e a praia dos namorados oferecerão para a cena uma bela paisagem. É a mais bonita de Guarapari para mim. Ela continua até o calçadão da praia das Castanheiras. Ela se senta em um banco do calçadão. AMANDA PENSAMENTO: hoje acordei desanimada, com vontade de ter a solidão por companhia, não sei ao certo, mas parece que produzo tristeza em conservas. Um de meus maiores desejos é conhecer meu pai. É estranho como podemos ter essa relação de afeição com desconhecido. Como se a genética fortalecesse essa relação. Mas por que estou pensando nisso agora? O que tem o meu pai haver com a tristeza em questão? Sei lá, a loucura desses pensamentos talvez seja por causa da ausência de uma vida familiar estruturada. Moro com minha tia, minha mãe mora em outra cidade, passei por varias cidades, muitas escolas e poucos amigos. Sei lá talvez nenhum. Moro em uma “favela” sem muitos planos. Sem vontade sequer de continuar. A música recomeça, a cena se muda para o alto do Bairro Belo vista. Amanda desce de um ônibus. Caminha lentamente pra casa, cumprimenta uma ou outra pessoa que passa, seu violão continua como única companhia. É notória a roupa surrada da adolescente, seus chinelos empoeirados. Ela desce o morro que a leva até a sua casa. Nesse momento a câmera passeia pelas casas e pessoas do bairro. AMANDA PENSAMENTO: Aqui estou novamente, com nostalgia daquilo que nunca conheci, e saudades daquilo que um dia eu possa ter. É a vida é assim mesmo. Será que um dia sairei daqui? Sempre ouço historias dos professores de como a educação pode mudar vida. Mas sinceramente estou sem idéias. Amanda chega a sua casa, encosta o violão no canto da parede entra para o quarto. AMANDA Gritando: Tia, cheguei. Entra para o quarto e escuta-se apenas o barulho do chuveiro. Canta uma musica qualquer. O plano das imagens privilegia a cama com alguns materiais escolares. Amanda sai do banho e se deita na cama. Recosta-se, na cama e olha os matérias escolares. Escolhe o livro de português. Abre o caderno e começa a fazer a lição de casa. Com o caderno em mãos ela começa a ler em voz alta. AMANDA: Quem passou pela vida em branca nuvem E em plácido repouso adormeceu; Quem não sentiu o frio da desgraça, Quem passou pela vida e não sofreu, Foi espectro de homem - não foi homem, Só passou pela vida - não viveu. Foi espectro de homem, não foi homem. AMANDA PENSAMENTOS: O frio da desgraça já passou por aqui, posso então dizer que vivi, sofri e chorei. Mas também amei, sonhei e sorri. Talvez eu aprenda alguma coisa com a escola. Acho que escreverei sobre isso. Começarei escrevendo aquele “curta” metragem. Quem sabe eu consiga ganhar aquela viagem pra Salamanca. O câmera se distancia da personagem. Refazendo seu passos. Voltando gradativamente para sua origem. Passa pelo bairro Bela Vista, voltando pelo centro, atravessando o calçadão e votando na mesma pedra da primeira cena. Novamente todas os sons desaparecem para escutar o barulho do oceano. Aparece de fundo como uma epígrafe a seguinte frase: "A Educação não muda o mundo... ...Educação muda (Paulo Freire) Entram então os créditos as pessoas e pessoas mudam o mundo".