ROTEIRO DE MARIANA “Música para cantar na escola” Roteiro

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
PREFEITURA MUNICIPAL DE GUARAPARI
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ROTEIRO DE MARIANA
“Música para cantar na escola”
Roteiro para curta metragem
Duração: 3 minutos
Monólogo
CENA I
É uma tarde de sol extremamente quente, a cena privilegia o barulho das águas do mar
batendo nas pedras no refúgio marítimo no final da praia dos namorados, o foco da
câmera privilegia o oceano. No lado esquerdo da imagem aparece ao longe uma
adolescente de uns 15 anos (AMANDA) abraçada com seu violão, à cena tem que
parecer nostálgica, totalmente sem música apenas o barulho do mar. A imagem se
aproxima contornando a adolescente mostrando seu olhar pensativo em direção ao mar.
A imagem volta para o mar, começa uma música de fundo e se distancia gradativamente
da margem. (música sei lá). Aparece então a narração com uma voz feminina e triste.
Passa na tela imagens de epitáfios e lápides de fundo do antigo cemitério do centro de
Guarapari. As imagens se transportam para a antiga igreja de Guarapari. Aparecendo na
tela as informações históricas e geográficas da mesma.
NARRADOR AMANDA: esses dias li no Google a diferença entre saudade e nostalgia
achei lindamente poético, pois, o interessante sobre a nostalgia é que ela aumenta ao
entrar em contato com sua causa e não diminui como o sentimento da saudade. Meu
nome é Amanda, tenho 15 anos, gosto de cantar, não como as grandes estrelas do rock,
mas como aquele pássaro que voa tranqüilo pelo oceano a procura de mais um novo dia,
canto por cantar, às vezes por estar demasiadamente triste, ou festivamente alegre ou
simplesmente por que a musica não sai de minha cabeça. Mas às vezes me interrogo, o
que seria de mim fora desse lugar? Vim e voltei da Bahia muitas vezes e creio que
voltarei muitas outras. Já faz quase dois anos que estou aqui. Acho que foram os
amigos, talvez a família e quem sabe os amores e foram muitos os amores. Estou no
início da adolescência, conhecendo meu corpo, brigando com meus pais, coisas da vida.
Moro agora com minha tia que tem 29 anos e suas três filhas (Gabriele, Raissa e Ana
Cristina). Penso que o futuro é incerto, talvez eu me forme em administração de
empresas por gostar de números, cálculos ou simplesmente para ter dinheiro por que é
preciso ser prático, talvez eu me case com Douglas aquele deus grego com cabelos
perfeito e olhar penetrante ou talvez não. Mas mesmo com um futuro incerto continuarei
cantando como os pássaros do começo do curta.
Amanda começa a caminhar pelo longo calçadão da orla da praia. Olhando para o mar e
para as pessoas que passam, um vendedor de picolé oferece seu produto. Ela agradece e
continua sua caminhada. O calçadão da praia das virtudes e a praia dos namorados
oferecerão para a cena uma bela paisagem. É a mais bonita de Guarapari para mim. Ela
continua até o calçadão da praia das Castanheiras. Ela se senta em um banco do
calçadão.
AMANDA PENSAMENTO: hoje acordei desanimada, com vontade de ter a solidão
por companhia, não sei ao certo, mas parece que produzo tristeza em conservas. Um de
meus maiores desejos é conhecer meu pai. É estranho como podemos ter essa relação de
afeição com desconhecido. Como se a genética fortalecesse essa relação. Mas por que
estou pensando nisso agora? O que tem o meu pai haver com a tristeza em questão? Sei
lá, a loucura desses pensamentos talvez seja por causa da ausência de uma vida familiar
estruturada. Moro com minha tia, minha mãe mora em outra cidade, passei por varias
cidades, muitas escolas e poucos amigos. Sei lá talvez nenhum. Moro em uma “favela”
sem muitos planos. Sem vontade sequer de continuar.
A música recomeça, a cena se muda para o alto do Bairro Belo vista. Amanda desce de
um ônibus. Caminha lentamente pra casa, cumprimenta uma ou outra pessoa que passa,
seu violão continua como única companhia. É notória a roupa surrada da adolescente,
seus chinelos empoeirados. Ela desce o morro que a leva até a sua casa. Nesse momento
a câmera passeia pelas casas e pessoas do bairro.
AMANDA PENSAMENTO: Aqui estou novamente, com nostalgia daquilo que nunca
conheci, e saudades daquilo que um dia eu possa ter. É a vida é assim mesmo. Será que
um dia sairei daqui? Sempre ouço historias dos professores de como a educação pode
mudar vida. Mas sinceramente estou sem idéias.
Amanda chega a sua casa, encosta o violão no canto da parede entra para o quarto.
AMANDA Gritando: Tia, cheguei.
Entra para o quarto e escuta-se apenas o barulho do chuveiro. Canta uma musica
qualquer. O plano das imagens privilegia a cama com alguns materiais escolares.
Amanda sai do banho e se deita na cama. Recosta-se, na cama e olha os matérias
escolares. Escolhe o livro de português. Abre o caderno e começa a fazer a lição de
casa. Com o caderno em mãos ela começa a ler em voz alta.
AMANDA:
Quem passou pela vida em branca nuvem
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem - não foi homem,
Só passou pela vida - não viveu.
Foi espectro de homem, não foi homem.
AMANDA PENSAMENTOS: O frio da desgraça já passou por aqui, posso então dizer
que vivi, sofri e chorei. Mas também amei, sonhei e sorri. Talvez eu aprenda alguma
coisa com a escola. Acho que escreverei sobre isso. Começarei escrevendo aquele
“curta” metragem. Quem sabe eu consiga ganhar aquela viagem pra Salamanca.
O câmera se distancia da personagem. Refazendo seu passos. Voltando gradativamente
para sua origem. Passa pelo bairro Bela Vista, voltando pelo centro, atravessando o
calçadão e votando na mesma pedra da primeira cena. Novamente todas os sons
desaparecem para escutar o barulho do oceano.
Aparece de fundo como uma epígrafe a seguinte frase:
"A Educação não muda o mundo...
...Educação
muda
(Paulo Freire)
Entram então os créditos
as
pessoas
e
pessoas
mudam
o
mundo".
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