Musicalização Infantil A musicalidade é uma característica humana que deve ser considerada numa perspectiva de desenvolvimento ao longo da vida, assegura a Dra. Leda Maffioletti, professora da Faculdade de Educação da UFRGS. Argumenta, juntamente com Luciane Cuervo, Professora do Departamento de Música da UFRGS, que todos nascem com mecanismos necessários ao seu desenvolvimento, mas este conhecimento precisa ser construído através do fazer musical, envolvendo o cantar, tocar, apreciar e criar. Muito precocemente a musicalidade aparece no ser humano através da percepção de sons, reconhecimento, capacidade de memorizá-los, interpretar o que ouve, atribuindo significados. Por ser uma experiência de vida, a habilidade do indivíduo com a música se modifica a medida do seu crescimento e amadurecimento, onde fatores internos e externos atuam sobre o corpo e a mente, diz Maffioletti. Cada fase tem características marcantes em função da mudança constante da configuração cerebral. Viver e construir o conceito possibilita estabelecer relações do aprendiz com a essência da música. Para as crianças, a música é entendida como informação emocional e também como possibilidade de expressão e comunicação de sensações através da integração de aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos, afirma Rosa Iavelberg, diretora do Centro Universitário Maria Antônia da Universidade de São Paulo e professora da Faculdade de Educação. Ainda, segundo a especialista, “a criança é um sujeito que tem suas próprias questões, que quer expressar e comunicar, mas precisa ser instrumentalizada para isso”. A musicalização refere-se à forma como é vivenciada a experiência musical, assegura Maffioletti, tornando o indivíduo sensível e receptivo ao fenômeno sonoro, promovendo nele, respostas de índole musical complementa Violeta Hemsy de Gainza, especialista e educadora musical argentina. O cérebro infantil tem flexibilidade e plasticidade, é elástico, possibilitando que as experiências conduzidas com ludicidade e interação facilitem a aprendizagem. Aprender fazendo envolve “situações desafiadoras e ambientes estimulantes, agradáveis e divertidos que forneçam capacidade extra de que o cérebro precisa para configurar-se”. Aprendizagem, memória e emoções estão interligadas. “Sem afeto, sem sinapses”. O educador musical Marcelo Petraglia, numa entrevista para um canal de televisão, confirma que toda a criança é musical por natureza, por isso a educação musical na infância é fundamental contribuindo para o desenvolvimento e formação integral do ser humano. Entre os processos mais importantes estão: o desenvolvimento vocal através do canto, o desenvolvimento rítmico-motor para que o aluno tome posse de seu corpo, o desenvolvimento da audição que possibilita integrar as diferentes áreas. Petraglia também considera que fazer música é um exercício de coerência entre o corpo, a percepção e sentimento, ampliando para o desenvolvimento de outras habilidades cognitivas. Importa é o sujeito da experiência, a criança, que vivenciará o trabalho pedagógico musical num processo contínuo de construção, que envolve perceber, sentir, experimentar, imitar, criar e refletir, conforme Teca Alencar de Brito, autora do livro Música da Educação Infantil. Katia Klar Renner Fev.2014 Referências: BRITO, Teca Alencar. Música na Educação Infantil. Propostas para a formação integral da criança. São Paulo. Editora Fundação Peirópolis: 2003. CUERVO, Luciana. Curso de Extensão em Educação Musical e Musicalidade. Faced/Instituto de Artes/UFRGS: 2011. IAVELBERG, Rosa. Ensinar a fazer arte. Revista Educação Brasileira: Educação Infantil. Editora Segmento. MAFFIOLETTI, Leda. Curso de Extensão em Educação Musical e Musicalidade. Faced/Instituto de Artes/UFRGS: 2011. PETRAGLIA, Marcelo. Entrevista: 12/12/13.