Variação genética em locos mitocondriais na tabarana (Salminus hilarii, Characiformes) da região de transposição do rio Piumhi (MG). Sarah B P Leite *, Pedro M Galetti Jr Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos, Via Washington Luis Km 235, São Carlos, SP, Brasil. [email protected] *Autor para correspondência: +55 16 33518309. [email protected] Palavras chave: transposição de águas, citocromo b, região controle, genética da conservação Título abreviado: Variação genética em locos mitocondriais de Salminus hilarii RESUMO No início dos anos 60, com a construção da usina hidrelétrica de Furnas sobre o rio Grande (Bacia do Alto Paraná) e a construção de um dique em Capitólio (MG) para conter as águas da represa, represaram-se também as águas do rio Piumhi (afluente da margem direita do rio Grande). Em razão disso, o rio Piumhi teve seu curso médio alterado, sendo desviado para afluentes da margem esquerda do rio São Francisco. Essa transposição acarretou diversas alterações ambientais locais e o contato das ictiofaunas das bacias envolvidas. O peixe tabarana (Salminus hilarii) é uma espécie reofílica de grande importância ecológica distribuída por diversas bacias brasileiras, entre elas a do São Francisco e do Alto Paraná. Embora apresente o comportamento de migração, estudos atuais mostram que espécies com essa característica podem apresentar padrões distintos de estrutura genética populacional. Análises moleculares são fundamentais para conhecer a estrutura populacional e a distribuição geográfica dessas linhagens para definição de políticas de conservação da espécie. Pela análise da variação genética dos locos mitocondriais do gene do citocromo b e da região controle, obtivemos marcadores moleculares que auxiliarão nos estudos filogeográficos deste grupo. Os 14 exemplares 1 de S. hilarii foram coletados na foz do rio Piumhi (MG). Foram extraídas partes do tecido hepático usadas para a extração do DNA total e para a amplificação das seqüências por PCR (reações em cadeia da polimerase) com pares de primers descritos na literatura. Em seguida, as amostras foram purificadas e seqüenciadas, totalizando 1012 pares de base para o gene do citocromo b e 568 para a região controle. Analisamos diversidade haplotípica (Hd) e nucleotídica (Pi), distância genética e agrupamos as seqüências utilizando Salminus brasilienses (dourado) como grupo externo. Os resultados evidenciaram oito haplótipos, Hd: 0,868 e Pi: 0,01077 para o citocromo b e sete haplótipos, Hd: 0,872 e Pi: 0,01689 para a região controle. As árvores gênicas obtidas para cada loco evidenciaram a presença de dois clados (distância genética de 1,8% para o citocromo b e 2,8% para a região controle), apoiados por altos valores de bootstrap, habitando a região de transposição, podendo significar uma sobreposição entre populações originalmente provenientes do rio Grande e do rio São Francisco. Futuras análises são necessárias para uma conclusão mais definitiva sobre a origem desses grupos na região do Piumhi e o impacto da transposição sobre a tabarana que habita o São Francisco, fornecendo bases para futuras medidas de manejo e conservação da espécie nessa bacia. INTRODUÇÃO A cabeceira do rio Piumhi está localizada na divisa entre os municípios de Vargem Bonita e Piumhi, ao centro oeste do estado de Minas Gerais (Moreira-Filho & Buckup, 2005). No início dos anos 60, com a construção da usina hidrelétrica de Furnas sobre o rio Grande (afluente da Bacia do Alto Paraná) havia grande risco de quando as comportas da usina fossem fechadas o nível da água da represa alagasse a cidade de Capitólio em Minas Gerais (Moreira-Filho, 2006). Logo, o governo decidiu pela construção de um dique na cidade para conter as águas da represa, e com isso 2 represaram-se as águas do rio Piumhi até então afluente da margem direita do Rio Grande (Moreira-Filho, 2006). Em razão disso, o rio teve seu curso médio alterado, sendo desviado para afluentes da margem esquerda do rio São Francisco. A transposição do Rio Piumhi, acarretou diversas alterações ambientais locais e o contato da ictiofauna das bacias, até então isoladas há milhões de anos (Moreira-Filho, 2006). Tais ações antrópicas causam o comprometimento ou desequilíbrio dos ambientes naturais nos quais esses peixes ocorrem já que influenciam a dinâmica de migração de muitas espécies, e, de acordo com Moreira-Filho & Buckup (2005), podem até levar a extinção de espécies endêmicas da bacia receptora por possíveis eventos de competição e predação dos táxons invasores. Os peixes compreendem um importante grupo dos vertebrados, com muitas espécies e/ou populações distribuídas ao longo dos ecossistemas aquáticos. Os impactos das ações humanas, como a construção de barragens de hidrelétricas, estão correlacionados à redução e extinção de muitas espécies. Entretanto, apesar da grande importância econômica deste grupo e o risco de extinção, pouco se conhece sobre a diversidade genética de suas populações naturais, mesmo até que tais informações sejam criticas para sua sobrevivência e conservação (Wasko et al., 2004). A Ordem Characiformes é o grupo dominante entre os peixes de água doce da América do Sul (Britski et al.,1988). Dentro desta ordem encontram-se o dourado (Salminus brasilienses e Salminus franciscanus) e a tabarana (Salminus hilarii) que juntos constituem um grupo de peixes de grande importância ecológica, muito apreciado na pesca esportiva e na gastronomia. De acordo com Godoy (1975), estes grupos estão amplamente distribuídos pelas bacias hidrográficas brasileiras, entre elas a do São Francisco e a do Paraná. A tabarana, espécie de estudo deste projeto, tem 3 comportamento reofilico, apresenta hábitos ictiófagos e pode ser encontrada em águas limpas e de corredeira, vivendo em cardumes (Godoy, 1975). Embora apresente o comportamento de migração, estudos atuais mostram que espécies com essa característica podem apresentar padrões distintos de estrutura genética em suas populações, já que em diferentes bacias hidrográficas podem se apresentar em grandes e únicas populações genéticas (Revaldaves et al., 1997) ou em populações geneticamente diferenciadas conhecidas por metapopulação (Wasko & Galetti, 2002; Hatanaka & Galetti, 2003; Hatanaka et al., 2006). Análises moleculares são fundamentais para conhecer a estrutura populacional e a distribuição geográfica dessas linhagens. Os marcadores mitocondriais tem se mostrado uma importante ferramenta na detecção de variabilidade genética em peixes, além de permitirem inferências sobre as relações evolutivas entre populações que são de grande utilidade para estudos filogeográficos (Avise, 1994). Os locos mitocondriais do gene do citocromo b e da região controle (DLoop) apresentam algumas peculiaridades em sua taxa de evolução devido suas diferentes funções dentro da mitocôndria. Segundo Avise (2004), o sucesso desses locos para estudos populacionais se deve ao fato da maioria das espécies apresentarem algum grau de estruturação genética nestes marcadores ao longo de uma área geográfica. Tendo em vista a importância ecológica e econômica da espécie, o isolamento de marcadores mitocondriais para o acesso a variação genética deste grupo será importante para reconhecermos as possíveis linhagens genéticas existentes na região de transposição do rio Piumhi e na bacia do São Francisco e, com isso, contribuirmos em programas de manejo e conservação da tabarana. METODOLOGIA 4 Quatorze exemplares de tabaranas foram coletados na foz do rio Piumhi (Bacia do São Francisco) na cidade de Piumhi (MG) no ano de 2007. Em laboratório, foram retiradas partes do tecido hepático que foram utilizadas para a obtenção do DNA total pela técnica de extração fenol-clorofórmio (Sambrook et al., 1989) com modificações. Após a quantificação do DNA extraído, as amostras foram submetidas a PCR (reação em cadeia da polimerase) para a amplificação das sequências mitocondriais com pares de primers descritos na literatura (Tabela 1). As condições das duas reações foram estabelecidas por testes de gradiente de temperatura em termociclador Mastercycle Gradient (Eppendorf) e em seguida padronizadas com as condições apresentadas na Tabela 2. Os produtos da PCR purificados pelo protocolo PEG (Polietilenoglicol 8000) desenvolvido por Lis (1980) foram seqüenciados em seqüenciador MegaBACE 1000. Th Primer Orientação Seqüência Referência 5’ AAA AAG CTT CCA TCC AAC Kocher et al., ATC TCA GCA TGA TGA AA 3’ 1989 5’AAC TGC CAG TCA TCT CCG Irwin et al., GTT TAC AAG AC 3’ 1991 5’ AGA GCG TCG GTC TTG TAA Cronin et al., ACC 3’ 1993 5’ CCT GAA GTA GGA ACC AGA Meyer et al., TG 3’ 1990 (ºC) L14841 53 Forward (A) H15915 53 Reverse (A) DloopL 54 Forward (B) H16498 54 Reverse (B) Tabela 1. Relação dos pares de primers utilizados na amplificação do gene citocromo b (A) e da região controle (B), suas temperaturas de hibridação, orientação, seqüência e referência. Ciclo da reação para o gene Ciclo da reação para o loco da região Passos citocromo b controle 5 Passo 1 5 minutos à 94oC 2 minutos à 94oC Passo 2 30 ciclos de 30 ciclos de Passo 3 30 segundos à 94oC 15 segundos à 94oC Passo 4 45 segundos à 53oC 15 segundos à 54oC Passo 5 45 segundos à 72oC 30 segundos à 72oC Passo 6 1 ciclo de 1 ciclo de Passo 7 10 minutos à 72oC 5 minutos à 72oC Passo 8 24 horas à 4oC 24 horas à 4oC Tabela 2. Ciclos adotados na amplificação dos locos mitocondriais do gene citocromo b e da região controle. A edição, alinhamento e caracterização do polimorfismo das seqüências foram conduzidas pelos programas BioEdit Sequence Alignment Editor (Hall, 1999), ClustalW (Thompson et al., 1994) e DNAsp v5 (Rozas et al, 2003). A quantificação da variação genética resumiu-se na identificação dos haplótipos, diversidade haplotípica e nucleotídica, razão transição/transversão e mudanças sinônimas e não sinônimas (para o gene codificador citocromo b). Para os testes de neutralidade seletiva, que verificam se a variabilidade encontrada foi influenciada pela seleção natural, realizaram-se os testes estatísticos D* (Fu & Li, 1993), F* (Fu & Li, 1993) e para as seqüências codificadoras, o teste Codonbased Z (Nei & Gojobori , 1986), todos presentes no programa MEGA versão 4.0 (Tamura et al., 2007). As estimativas de distância genética e a construção das árvores gênicas dos dois locos pelo método de Neighbor-Joining (Saitou & Nei, 1987) também foram conduzidas pelo programa MEGA versão 4.0 (Tamura et al., 2007). RESULTADOS E DISCUSSÃO 6 Com os pares de primers escolhidos, isolamos 1012 pares de base para o gene do citocromo b e 568 pares de base para a região controle. Para as 14 seqüências analisadas do citocromo b encontrou-se 8 haplótipos, diversidade haplotípica de 0.868, diversidade nucleotídica de 0.01077, número médio de diferenças nucleotídicas de 10.901 e razão transição-transversão de 2.86. Enquanto que na caracterização do polimorfismo para as 13 seqüências da região controle encontrou-se 7 haplótipos, diversidade haplotípica de 0.872, diversidade nucleotídica de 0.01689, número médio de diferenças nucleotídicas de 9.5769 e razão transição-transversão de 13.436. Os testes de neutralidade seletiva não foram significativos para a atuação da seleção natural sobre a variação genética encontrada à exceção do teste Codon-based Z (Nei & Gojobori , 1986) que não foi capaz de rejeitar a hipótese de seleção purificadora sobre o gene do citocromo b. A seleção purificadora costuma eliminar mutações desvantajosas, diminuindo assim a taxa de evolução gênica em genes codificantes como o citocromo b (Evanovich, 2004). Assim como a análise do polimorfismo demonstrou a diferenciação entre as seqüências, a construção da árvore gênica pelo modelo de Neighbor-Joining (Saitou & Nei, 1987) para o citocromo b (Figura 1) e para a região controle (Figura 2) demonstrou uma diferenciação evidente entre os indivíduos coletados naquele local, evidenciando a presença de dois clados distintos, apoiados por altos valores de bootstrap, convivendo naquela região. As distâncias genéticas de 1,8% para o citocromo b e 2,8% para a região controle, entre os clados agrupados pela árvore, são consideradas altas por se tratarem de indivíduos de uma mesma espécie encontrados num mesmo local. Assim como encontrado por Carvalho-Costa (com pess) para a espécie Pseudoplatystoma corruscans entre as bacias do São Francisco e Paraguai (1,9%), esses valores de distância genética 7 indicam um tempo substancial de isolamento entre as seqüências e dessa forma, assume-se ou uma estruturação genética populacional desses grupos habitando a foz do rio Piumhi ou mistura de faunas, com cada clado representando uma população de cada bacia. 68 15 S. hilarii Citb-1 S. hilarii Citb-11 7 S. hilarii Citb-14 6 S. hilarii Citb-5 Clado 1 13 S. hilarii Citb-10 88 S. hilarii Citb-8 99 S. hilarii Citb-9 S. hilarii Citb-7 97 S. hilarii Citb-3 S. hilarii Citb-12 S. hilarii Citb-4 79 Clado 2 S. hilarii Citb-6 99 S. hilarii Citb-2 74 74 S. hilarii Citb-13 S. brasilienses Citb Grupo externo Figura 1: Árvore de Neighbor-Joining das seqüências do citocromo b tendo como grupo externo enraizador S. brasilienses. 24 64 S. hilarii Dloop-14 S. hilarii Dloop-11 9 S. hilarii DLoop-1 8 S. hilarii Dloop-5 Clado 1 13 S. hilarii Dloop-8 98 S. hilarii Dloop-10 98 S. hilarii Dloop-9 S. hilarii Dloop-7 99 S. hilarii Dloop-3 S. hilarii Dloop-12 S. hilarii Dloop-2 99 Clado 2 S. hilarii Dloop-6 67 66 S. hilarii Dloop-13 S.brasilienses DLoop Grupo externo 8 Figura 2: Árvore de Neighbor-Joining das seqüências da região controle tendo como grupo externo enraizador S. brasilienses. CONCLUSÕES Com base nos resultados apresentados, o projeto conseguiu isolar marcadores mitocondriais a partir do seqüenciamento dos locos do gene citocromo b e da região controle com conseqüente caracterização do polimorfismo genético encontrado em Salminus hilarii na região de transposição do rio Piumhi (MG). Os resultados de diversidade haplótipica e nucleotídica, distância genética e as árvores gênicas tornaram evidentes a diversidade genética dessa população, evidenciando a presença de dois clados de linhagens distintas convivendo no mesmo local. Esse cenário aponta para o contato entre as ictiofaunas das bacias do Alto Paraná e do São Francisco ou para uma profunda estruturação populacional no São Francisco. Porém, para a resolução da origem desses dois acervos populacionais da tabarana nessa região, serão necessárias novas coletas em ambas as bacias para determinar a procedência dessas linhagens. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Avise JC. 1994. 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