análise das pressões antrópicas sobre manguezais em escala local

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ANÁLISE DAS PRESSÕES ANTRÓPICAS SOBRE MANGUEZAIS EM
ESCALA LOCAL: O CASO DE GUARATIBA, RIO DE JANEIRO
Diego Vicente Sperle da Silva1
Carla Bernadete Madureira Cruz1
Luana Santos do Rosário1
1
Laboratório ESPAÇO de Sensoriamento Remoto e Estudos Ambientais
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza / Instituto de Geociências
Av. Athos da Silveira Ramos, 274 - Cidade Universitária, Rio de Janeiro - RJ
{diegovspele, carlamad, lulurosario }@gmail.com
RESUMO:
Os manguezais são ecossistemas costeiros equatoriais de grande valor ecológico e
socioeconômico. O Brasil abriga em seu litoral uma região de ocorrência de
manguezal que vai da costa do estado do Amapá até a de Santa Catarina. No estado
do Rio de Janeiro há importantes fragmentos deste ecossistema. Porém alguns destes
fragmentos estão sob grande pressão antrópica, devido à presença de grandes
cidades no litoral do estado, além da pesca predatória, desmatamento e poluição. Este
trabalho se concentra em Guaratiba, onde há um fragmento significante de manguezal
protegido por uma reserva biologica e arqueológica. Objetiva-se, através dos dados do
censo 2010, definir o perfil da população que reside nos setores Localizados nas
imediações do mangue e dos setores no entorno imediato de 2Km. Também foram
mapeados os estabelecimentos de peixarias e restaurantes da região, buscando uma
analise do grau de pressão antrópica que este área de mangue apresenta. A
população total residente nos setores estudados é de 140528, sendo 2720 o número
de residentes no mangue e 35135 no entorno. Nos setores de Guaratiba localizados
no manguezal em seu interior 27,14% da população tem renda per capta de até 1/2 de
salário mínimo, porcentagem significante de pessoas abaixo da linha da pobreza.
Além disso, 100% dos setores com manguezal são urbanos. Todas essas variáveis
juntas são importantes para traçar o grau de pressão em que se encontra o fragmento
deste ecossistema em Guaratiba.
Palavras-chave: manguezal; pressão antrópica; Guaratiba
INTRODUÇÃO:
Os manguezais são ecossistemas que ocorrem na transição entre o continente e o
mar, em regiões costeiras equatoriais. Nestes ecossistemas, a salinidade é muito
variável, devido à mistura destes tipos diferentes de água em proporções distintas, por
isso, a água salobra é uma das condições primárias para o desenvolvimento de um
manguezal. Este ecossistema tem uma área de ocorrência limitada, se desenvolvendo
apenas em zonas de alta amplitude de marés e alto índice pluviométrico, ficando a sua
ocorrência restrita à faixa equatorial. No Brasil a região de ocorrência de manguezais,
vai do litoral do estado do Amapá até o de Santa Catarina.
Além de ser berçário de diversas espécies aquáticas, este bioma tem uma função
importante de estabilização da linha de costa. Além disso, tem grande função
socioeconômica, já que algumas pessoas dependem dos manguezais como fonte de
renda, através da extração de peixes e crustáceos.
No Rio de Janeiro pode-se agrupar quatro grandes regiões com remanescentes de
manguezais, com exceção para pequenos fragmentos isolados. A primeira grande
área se encontra no entorno da Baía de Guanabara, na região metropolitana do Rio de
Janeiro. A segunda grande área se encontra nos municípios de Paraty e Angra dos
Reis, no sul fluminense. A terceira se encontra no litoral do município de Cabo Frio,
até o Município de Carapebus. No norte fluminense, no município São Francisco de
Itabapoana, há alguns fragmentos de manguezal, porém sua área e extensão não são
expressivas. A quarta grande área se estende da Região metropolitana do Rio de
Janeiro, às margens da baía de Sepetiba, até o município de Mangaratiba,
abrangendo a restinga da Marambaia.
METODOLOGIA:
Neste trabalho, objetiva-se analisar o grau de pressão antrópica sobre o manguezal de
Guaratiba, em escala local, através da caracterização da população residente na área
de influência direta, definida como 2Km, através de dados do censo 2010
georreferenciados por setores censitários. Essa pesquisa é articulada com outras
escalas de análise das bacias hidrográficas e municípios.
Os dados censitários foram extraídos da base do IBGE e organizados de forma a
representarem as seguintes variáveis: número de residentes, renda per capta, destino
do lixo, destino do esgoto e alfabetização.
Está sendo adotado como base o mapeamento efetuado para o estado através de
classificação digital de imagens de satélite LANDSAT 5 para o ano de 2007. As outras
atividades estão sendo feitas em ambiente SIG (sistema de informações geográfica),
utilizando o programa ArCgis.
O trabalho prevê ainda uma análise da densidade de restaurantes de frutos do mar e
peixarias da região apoiada no mapeamento de área através do Indicador de
Densidade Kernel.
RESULTADOS:
No bairro de Guaratiba, há um conhecido polo gastronômico, com um grande número
de restaurantes especializados em frutos do mar. Entretanto, em 1974, o decreto de lei
nº 7.549, de 20 de novembro, estabeleceu na região a reserva biológica e
arqueológica de Guaratiba, com aproximadamente 36Km2.
Foram identificados os setores censitários pertencentes à região de Guaratiba,
somando um total de 24 setores com manguezal em seu interior, totalizando uma área
de 59,77Km2. A próxima etapa consistiu na geração de áreas de influência (buffers) de
2km partindo destes setores, obtendo 269 setores de entorno com aproximadamente
166,62Km2 de área, totalizando uma área de 226,39 Km2.
Figura 1: Mapa dos Setores Censitários de Guaratiba e entorno
Com base nos dados do censo 2010, identificou-se que todos os setores que
abrangem área de manguezal são urbanos. Também foi traçado o perfil preliminar da
população residente no entorno e nos setores com o bioma em seu interior.
Primeiramente, obteve-se o total da população da área estudada que é de 140528
pessoas, sendo 129185 para o entorno e 11343 para os setores com manguezal. Em
seguida o perfil preliminar da população foi traçado, considerando-se o número de
domicílios e a renda per capta por domicílios. Os resultados são apresentados nas
tabelas abaixo:
TABELA 1: DOMICÍLIOS DOS SETORES CENSITÁRIOS DO ENTORNO DE 2KM
Total de Domicílios Porcentagem pelo total de Renda
particulares
domicílios particulares
490
1,39%
Até 1/8 de salário mínimo
2403
6,84%
De 1/8 até ¼ salário mínimo
7933
22,58%
De ¼ até ½ salário mínimo
13133
37,38%
De ½ até 1 salário mínimo
8962
25,51%
De 1 até 2 salários mínimos
2214
6,30%
De 2até 3 salários mínimos
Total de domicílios particulares: 35135
Fonte: dados censo 2010(IBGE)
TABELA 2: RENDA PER CAPTA POR DOMICÍLIO DA POPULAÇÃO
RESIDENTE NO MANGUEZAL
Domicílios
particulares
Porcentagem pelo total Renda
de domicílios particulares
35
1,29%
Até 1/8 de salário mínimo
18
0,66%
De 1/8 até ¼ salário mínimo
685
25,19%
De ¼ até ½ salário mínimo
986
36,25%
De ½ até 1 salário mínimo
778
28,60%
De 1 até 2 salários mínimos
218
8,01%
De 2até 3 salários mínimos
Total de particulares: 2720
Fonte: dados censo 2010(IBGE)
Traçando o perfil social da população, pretende-se chegar a um indicador de pressão,
já que quanto pior a situação social de uma determinada população, maior será a
probabilidade de utilizarem fontes complementares, no caso o manguezal, para
complementarem sua renda. Utilizando como critério a definição de linha da pobreza
de quem recebe renda per capta de até ½ salário mínimo, se obtém então uma
porcentagem de 27,14% da população abaixo da linha da pobreza.
CONCLUSÃO
A partir dos resultados preliminares ainda não se pode ter um panorama completo
sobre o grau de pressão que este fragmento de manguezal se encontra. Com a
análise de outras variáveis do Censo 2010, somado a essas, um perfil de pressão
poderá ser traçado.
A princípio, pelo fato dos setores que têm fragmento de manguezal serem 100%
urbanos e 27,14% da população estar abaixo da linha da pobreza, é um indicador que
este manguezal, apesar de ser protegido por uma reserva ambiental e arqueológica,
está sob pressão. O nível da mesma é que deve ser traçado a partir de agora.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DE ALMEIDA, Paula M. M. Análise espaço-temporal da área ocupada por florestas de
mangue em Guaratiba (Rio de Janeiro, RJ) de 1985 até 2006 e sua relação com as
variações climáticas. 2010
BIRD, Eric. Coastal Geomorphology: An Introduction. 2. ed. Wiley. 2008
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. [Acessado em 21 de Julho de 2013].
Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/
INEA: Instituto Nacional do Ambiente [Acessado em 22 de Julo de 2013]. Disponível em
:http://www.inea.rj.gov.br/index/index.asp
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