ler mais - Conselho da Diáspora Portuguesa

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ECONOMIA
DIÁSPORA
Influência Rede de talentos portugueses no mundo
já soma 52 conselheiros em 16 países e quatro continentes
Embaixadores
do nome
de Portugal
Um olhar de fora sobre o país
Expresso, 21 de dezembro de 2013
Expresso, 21 de dezembro de 2013
ECONOMIA
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Texto Ana Sofia Santos
e Sónia M. Lourenço
Infografia Jaime Figueiredo
uem melhor do
que um português
bem-sucedido para promover o
país além-fronteiras? A pergunta
tem uma resposta
óbvia, mas a opinião e experiência
destes talentos é tida em conta por
governantes ou instituições? Não.
Por isso, em dezembro de 2012 foi
criado o Conselho da Diáspora Portuguesa (CDP), uma associação privada sem fins lucrativos, que conta
com o alto patrocínio do Presidente
da República (PR), Aníbal Cavaco Silva. O projeto é herdeiro dos encontros organizados pelo Conselho da
Globalização, “que trazia a Portugal
portugueses que lideram multinacionais”, conta Filipe de Botton, presidente da direção do CDP. A partir
daí, “começámos a mapear os portugueses de influência fora de Portugal, em quatro grandes áreas: as empresas e a economia; a cidadania, as
artes; e a ciência”. Um ano depois,
esta rede já tem 52 conselheiros, sobretudo gestores de topo, espalhados pelo mundo inteiro: estão em 16
países e quatro continentes. A maioria trabalha nos EUA, seguindo-se o
Brasil, mas há conselheiros também
no Dubai, Panamá, Singapura ou Ale-
Q
manha. O objetivo é continuar a alargar a rede até alcançar cerca de 200
associados. “Não procuramos quantidade, mas qualidade”, frisa Filipe de
Botton. Ou seja, “queremos pessoas
com capacidade de influência, que
possam, de facto, ajudar o país”.
Carlos Tavares, que vai assumir a
presidência do grupo francês Peugeot Citroën em 2014, é um dos nomes da lista, que integra também,
António Horta Osório, presidente-executivo do banco inglês Lloyd’s,
António Viana-Baptista, presidente-executivo do Credit Suisse para a
Península Ibérica ou a gestora de fortunas Domitília dos Santos, que está
na Morgan Stanley. O World Portuguese Network é o principal instrumento de intervenção do CDP e através dele Portugal está representado,
lá fora, em áreas fulcrais. Com o estreitar de relações entre Portugal e a
sua diáspora pretende-se reforçar a
reputação e patrocinar o desenvolvimento e prosperidade do país.
O primeiro encontro anual do CDP
é na segunda-feira, na Cidadela de
Cascais. Estão confirmadas as presença de 28 conselheiros, além de outros
21 participantes como o PR, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, o
vice-primeiro-ministro, Paulo Portas,
o ministro da Economia, António Pires de Lima, o ministro dos Negócios
Estrangeiros, Rui Machete, o secretário-geral do PS, António José Seguro,
e o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.
[email protected]
Expresso, 21 de dezembro de 2013
ECONOMIA
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Portugueses influentes no mundo
defendem aposta na educação
Massa Crítica
Luís Marques
[email protected]
A
república
dos juízes
Membros do Conselho da Diáspora Portuguesa consideram a formação como
a base a partir da qual Portugal pode diferenciar-se e ganhar competitividade
TRÊS PERGUNTAS A
Filipe de Botton
Presidente da direção do
Conselho da Diáspora Portuguesa
Que balanço faz do primeiro
ano de atividade do Conselho da
Diáspora?
O balanço é muito positivo. Temos já mais de 50 conselheiros de
Portugal no mundo e todas as pessoas que convidámos para participar aceitaram de forma entusiasta.
Quais são os principais objetivos do Conselho?
O primeiro é reforçar os laços entre portugueses influentes que estão fora do país e os que estão em
Portugal, para construir uma rede
que potencie as oportunidades para o país. Reforçar a imagem de
Portugal lá fora e a capacidade de
atração de investimento, bem como apresentar ideias para o país
são também objetivos. E já há resultados palpáveis: os investimentos
de multinacionais como a IBM, a
SAP e a Nokia em Portugal só foram possíveis graças à concertação
de esforços e de influências dos conselheiros, mostrando o interesse de
investir em Portugal.
FOTO JOSÉ SENA GOULÃO / LUSA
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Paulo Portas, Cavaco Silva e Filipe de Botton, há um ano, na fundação do Conselho da Diáspora Portuguesa
São portugueses e a sua voz chega aos
quatro cantos do mundo. Os 52 membros do Conselho da Diáspora Portuguesa ocupam lugares de topo em multinacionais, nas artes, nas ciências e na
política. O Expresso ouviu treze dos
conselheiros e a mensagem é clara. Deve ser dada prioridade à educação, ao
empreendedorismo e a políticas de natalidade. Destaque ainda para sectores
onde temos vantagens endógenas, como turismo, agricultura e o mar. Sectores que podem potenciar um crescimento sustentado, essencial para que
os jovens talentos em fuga regressem a
Portugal. Importa também reforçar os
laços com os expatriados para que sejam uma ponte na internacionalização
das empresas.
“O melhor investimento que podemos realizar é na educação”, diz José
Duarte, presidente da Unit4, sediada
na Holanda. “Num mundo em que o
talento é um dos bens mais escassos,
ter uma população com um nível de
educação diferenciado é essencial para
um crescimento sustentado”. E aqui a
preparação dos jovens para competirem num ambiente global é “decisiva”,
defende António Pargana, presidente
da Cisa Trading, no Brasil. Tudo para
“serem empreendedores e não recearem o risco”, aconselha. O apoio à primeira infância é “uma prioridade absoluta” para Faizal Ussene, presidente da
Imexco Investments (Angola), como
forma de “apoiar os pais para serem
mais produtivos na sociedade e incentivar a taxa da natalidade”.
Carlos Tavares, que assume em janeiro a presidência executiva da Peugeot
Citroën, em França, defende que o elevado número de portugueses que têm
ido para fora pode ser “uma oportunidade desde que se criem condições para que tenham vontade de regressar
ao país além das férias. São necessárias histórias de sucesso económico
pessoal dentro de portas”. Aliás, a emigração pode até ser positiva para o
país. “A prazo será uma oportunidade
extraordinária”, acredita Luís Pais
Correia, vice-presidente da Dakia International, em Inglaterra. E lembra o
exemplo da diáspora irlandesa e “as
portas que abriu para a economia” daquele país, nomeadamente nos Estados Unidos. Contudo, no passado houve vagas de emigração que não resultaram em líderes para Portugal, lembra
Jorge da Costa, presidente executivo
da Improvon, na África do Sul. “Será
diferente no futuro?”.
Os sectores onde temos
vantagens endógenas,
como o turismo, a agricultura
e o mar, não podem
ser esquecidos
David Lopes, líder da área internacional da Daymon Worldwide (EUA), identifica outra faceta negativa imediata: “A
saída massiva de talentos e cérebros”.
Se bem que “o conceito de país é cada
vez mais a nossa capacidade de influenciarmos os outros, a nossa língua, a presença das nossas marcas, dos nossos serviços e das nossas ideias”. Portugal ainda tem muito a fazer neste campo. Na
Alemanha, por exemplo, onde Miguel
Fonseca é presidente para a Europa e
África da Toyota, Portugal é visto como
“país de clima benévolo e gente traba-
lhadora e honrada, mas geograficamente remoto e sem fatores de competitividade que nos diferenciem de outras economias”. Em Espanha, de acordo com
António Calçada de Sá, diretor na Repsol, “talvez o efeito Cristiano Ronaldo
somado à elevada notoriedade do tema
‘países intervencionados’ tenham levado a mais visibilidade”. E adianta que
“existe a perceção de um país muito disciplinado perante a troika e menos disciplinado nas exigências fundamentais de
produtividade e modernização de muitas empresas e instituições”. O desenrascanço nacional é identificado pelos
suíços, refere Carlos Silva Lopes, presidente executivo da Dow. Somos tidos
como “desenrascados, mas com produtos e serviços de pouca qualidade”.
Os conselheiros apontam ainda sectores estratégicos para relançar a economia, ligados às vantagens naturais de
Portugal. “O turismo deve continuar a
ser uma aposta, mas os recursos marítimos e as áreas da produção alimentar
e florestal merecem mais atenção”, refere João Noronha Lopes, presidente
para o Sul da Europa da McDonald’s
(reside em França). Carlos Gomes, presidente para o Brasil e América Latina
da Peugeot Citroën, aponta no mesmo
sentido destacando áreas “que promovam a diferenciação no puzzle mundial, como o turismo inteligente, atividades ligadas aos recursos do mar e à
sustentabilidade”. Certo é que “desenvolver uma maior cultura de internacionalização das empresas” é incontornável, salienta Victor Borges, diretor na
Hermès, em França.
Ana Sofia Santos
e Sónia M. Lourenço
[email protected]
Quais são as suas expectativas para o encontro anual do
Conselho, na segunda-feira?
O encontro vai contar com membros do Governo, o secretário-geral do PS e empresários, e todas estas pessoas veem aqui uma oportunidade para pensar Portugal de forma positiva e diferente. Isso é o
mais importante.
DISSERAM
“Quanto maior
a diáspora, mais
possibilidades tem
uma empresa
portuguesa de singrar
no mercado externo”
CARLOS SILVA LOPES,
presidente executivo da Dow
“O grande desafio
é investir no reforço
da marca Portugal,
melhorando a
perceção por parte
daqueles que ainda
se constituem como
potenciais
investidores futuros”
JOÃO NORONHA LOPES, presidente
da McDonald’s para o Sul da Europa
“Historicamente
sempre tivemos bons
resultados quando
nos aventurámos
pelo mundo fora.
Creio que desta vez
não será diferente”
ANTÓNIO CALÇADA DE SÁ,
diretor na Repsol
batalha política hoje em
dia trava-se nos tribunais. A esquerda descobriu um inesperado filão: o de paralisar a ação governativa recorrendo aos juízes. O
poder judicial, por seu turno, parece ter encontrado a sua verdadeira vocação: governar, impedindo que alguém governe. Os
processos amontoam-se, os julgamentos arrastam-se por anos
e anos, há sentenças incompreensíveis mas resta sempre
tempo para decidir uma providência cautelar que impeça o
Governo de fazer aquilo para o
qual foi eleito.
O Governo quer fechar a Maternidade Alfredo da Costa?
Não pode porque um Tribunal
se substitui ao Ministério da Saúde na gestão da rede hospitalar.
O Governo quer aumentar o horário de trabalho na função pública? Alguns tribunais deram
razão aos sindicatos, impedindo
a aplicação de uma medida que
o próprio Tribunal Constitucional veio ratificar. O Governo
quer que uma parte dos professores faça uma prova de avaliação? Avançam mais umas quantas providências cautelares.
A
A lei, cuja definição está
cada vez mais estranha,
serve para tudo, incluindo
para confundir o papel
do poder executivo
com o poder judicial
A providência cautelar vale
atualmente muito mais para a
esquerda do que qualquer manifestação ou greve. É a reação à
ação, a não-governação contra a
governação. Tudo em nome da
lei. Por este andar o Governo
não pode dar um passo sem ter
uma providência cautelar à perna. A lei, cuja definição está cada vez mais estranha, serve para
tudo, incluindo para confundir o
papel do poder executivo com o
poder judicial.
Escreveu Montesquieu que “uma coisa não é justa porque é
lei, mas deve ser lei porque é justa”. Ora, uma coisa que é justa,
na medida em que está nos fundamentos da democracia, é a separação de poderes. Quando justiça e política se confundem, a
democracia está em risco. Quando os tribunais se transformam
em palco da disputa política entre o Governo e uma parte da
oposição alguma coisa está mal
no sistema. Muito mal.
O conceito do que é justo e não
é justo está, aliás, cada vez mais
difuso. Basta recordar as razões
já invocadas pelo Tribunal Constitucional para chumbar algumas
medidas do Governo. Alguém
consegue perceber com rigor o
valor da igualdade e da proporcionalidade quando se compara o estatuto da função pública com o
dos trabalhadores do sector privado? É impossível. São esses conceitos justos só porque estão na
Constituição? Invocando Montesquieu, não, não são.
Daqui a algumas horas se saberá o que decidiu o Tribunal
Constitucional sobre a convergência das pensões. Mais lá para
a frente tudo indica que o mesmo Tribunal será chamado a decidir da constitucionalidade do
orçamento. O futuro do país continuará nas mãos dos juízes, o
que não pode deixar ninguém
descansado.
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