Estruturas mitológicas da Grécia clássica.

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ESTRUTURAS MITOLÓGICAS DA
GRÉCIA CLÁSSICA.
Colégio Cenecista Dr. José Ferreira
Filosofia
Prof. Uilson Fernandes
Uberaba / MG - 2015
AS ORIGENS DA ESTRUTURA MITOLÓGICA
Basicamente podemos determinar duas fontes centrais onde estão expressas as
estruturas fundamentais da mitologia grega:
Homero
Hesíodo
HOMERO
Homero, até hoje é centro de uma pesquisa histórica complexa . Os estudioso não
conseguiram determinar com precisão se de fato existiu um poeta chamado Homero
por volta do século VIII a. C.
Para além desta questão da existência, ou não de Homero, temos duas obras
fundamentais atribuídas ao autor, que são a base de toda a cultura helênica.
Ou seja, se Homero não tiver existido de fato, as obras atribuídas à ele, foram
provavelmente construídas por diversos poetas da Grécia clássica com um único
interesse: narrar a gloriosa história do povo helênico, sua coragem, honra e como os
deuses estiveram presentes em todos os seus feitos .
A ILÍADA: A GUERRA DE TRÓIA
A Ilíada é uma obra atribuída a Homero em que são narrados os feitos
do herói Ulisses durante a famosa guerra de Tróia que durou dez anos.
A guerra entre os gregos e os troianos foi iniciada pelo rapto de
Helena. O príncipe Páris, por ela se apaixonara, a raptou por amor,
motivando Agamenon, comandante do exército helênico e irmão de
Menelau – marido de Helena, a reunir todos os guerreiros gregos
atravessando mares em busca da mais bela das mulheres.
A ILÍADA: A GUERRA DE TRÓIA
Em Troía morrera Aquíles, filho de
Tétis - uma ninfa do mar, e Peleu, um
grandioso rei da Tessália, que além
de grande amigo do centauro Quíron,
responsável pela educação de
Aquiles, fora um dos integrantes da
viagem épica dos Argonautas em
busca do Velocino de Ouro. Entre os
integrantes da épica viagem, estavam
Teseu, que matou o Minotauro, e
Hércules, filho de Zéus e responsável
pela execução dos famosos doze
trabalhos.
ODISSEU: O HEROÍ...
A batalha por Tróia envolve mortes de grandes heróis gregos.
Heitor um dos príncipes de Tróia, mata Pátroclo, confundindo o
jovem com seu primo de Aquiles, que irado pelo ato de Heitor o
desafia para um duelo, no qual o jovem príncipe troiano é morto.
Entretanto a guerra só tem fim quando entra em cena Odisseu,
rei de Ítaca e filho de Laerte e Anticleia ( em Latim Ulisses) um
engenhoso guerreiro que percebendo as muralhas de ´Tróia como
intransponíveis, elaborou um plano, os gregos fingiriam desistir
da conquista da cidade, deixando como oferenda a Poseidon,
para seu retorno, um cavalo. Os troianos, caíram no golpe e
levaram para dentro da cidade o cavalo que tinha no seu
interior os guerreiros gregos que enfim tomaram a cidade,
levando Tróia a destruição.
A ODISSEIA: A VOLTA DE ODISSEU
A segunda grande “obra” de Homero, A Odisséia, narra o retorno de
Odisseu a seu lar. No percurso, o herói, luta contra ciclopes, sereias e
diferentes seres mitológicos.
Depois de perder todos os companheiros, Ulisses conseguiu chegar a
Ítaca. Vinha envelhecido e cansado, e só o seu cão, Argos, que esperou
vinte anos pelo dono, o reconheceu, antes de morrer. Reconheceu-o
também, sob a aparência de um mendigo, a sua ama, quando lhe lavou
os pés e neles viu uma cicatriz que Ulisses tinha desde criança.
A mulher, Penólope, esperara-o, fiel e resistente aos inúmeros
pretendentes que com ela queriam casar, para reinarem sobre Ítaca e se
apoderarem das riquezas de Ulisses, que todos julgavam morto. Depois
de repor a ordem no palácio e no reino, o herói pôde finalmente viver
em paz. Mas há quem diga que a sua sede de aventuras não cessou e
que foram muitas as viagens que empreendeu e as cidades que fundou.
HESÍODO: POETA E HISTORIADOR...
Ao contrário de Homero, as pesquisas históricas determinaram a
existência de um homem chamado Hesíodo por volta de 750 a.C.
Dentre suas obras, temos a Teogonia, do grego, Teos – Gonos ,
origem dos deuses. Definitivamente este é o principal ponto de toda a
estruturação mitológica grega, onde são narrados as gerações dos
deuses, de forma a condensar todos os rituais e tradições milenares
dos helênicos...
Herdeiros da civilização micênica, os gregos nunca separaram as
relações que mantinham com seus deuses de sua vida cotidina o que
definitivamente traz problemas com nossa interpretação sobre os
mitos...
HESÍODO: POETA E HISTORIADOR...
Hesíodo, apresenta assim em todo o poema uma interessante ordenação da origem
dos deuses, suas relações com os mortais e as consequências para todos os viventes...
OBSERVEM QUE ESTA RELAÇÃO SE COLOCA NO PLANO DE UMA VISÃO
COSMOGONICA, DONDE COSMOGONIA , OU SEJA, UMA EXPLICAÇÃO, PAUTADA
NUMA ORIGEM DO COSMOS A PARTIR DO GONOS, OU SEJA, RELACIONADO
COM A CRIAÇÃO NO PLANO SOBRENATURAL, IMAGINADO, OU SE PREFERIRMOS
FORA DO REGISTRO CIENTÍFICO E RACIONAL TAL QUAL CONCEBEMOS.
É POR ISSO QUE A EXPLICAÇÃO MITOLÓGICA É CONSIDERADA, A PARTIR DO
REGISTRO DE UM RACIONALISMO ESTREIRO, UMA MERA FANTASIA
SOBRENATURAL.
HESÍODO: POETA E HISTORIADOR...
Um resumo :
A cosmogonia grega, segundo Hesíodo, desenvolve-se, ciclicamente, de
baixo para cima, das trevas para a luz. No princípio, existia apenas o
Caos (gr. Χάος), vazio primordial e escuro que precedeu toda a existência;
No início Caos, (ou vazio primitivo) e Gaia (a terra) conviviam com Tártaro
(a escuridão primeva) e Eros (a atração amorosa) daí sendo gerados
(assexuadamente) Hemera (o dia), Nix (a noite), Urano (o céu) e Ponto (a
água primordial).
HESÍODO: POETA E HISTORIADOR...
Um resumo :
Urano e Gaia geraram os Titãs, gigantes dos quais destacam-se Cronos (o
tempo), Oceano (a água doce), Temis (a Lei), Mnemósine (a memória) e
vários monstros míticos.
Urano por medo de ser destronado, e por ser capaz de prever o futuro,
percebendo que um de seus monstruosos e poderosos filhos poderia o
vencer, mantém todos no útero da mãe terra, impedida de dar a luz e
sofrendo de dores terríveis, Gaia busca em um de seus filhos a ajuda para
deter Uranos.
Gaia arquitetou sua liberdade com seu filho Cronos, forjando com aço do
mais profundo de seu ser uma arma letal...
Ao tentar se deitar com Gaia, Uranos é surpreendido por Cronos, que de
um golpe decepa o membro de Uranos, separando enfim céu e terra,
Cronos assume o poder e inadvertidamente dá origem a Afrodite (amor sensual)
relacionando a noite (Nix) com Tânato (a morte) Hipno (o sono) e Oniro (os sonhos).
Cronos teve diversos filhos com Reia: Héstia, Deméter, Hera, Hades e Poseidon,
porém engoliu-os todos assim que nasceram, após ouvir de Gaia e Urano que ele
estava destinado a ser deposto por seu filho, da mesma maneira que ele havia
deposto seu próprio pai Da relação de Cronos e Reia, nasce Zeus o mais novo de
seus irmãos.
Quando Zeus estava prestes a nascer, Reia procurou Gaia e concebeu um plano
para salvá-lo, para que Cronos fosse punido por suas ações contra Urano e seus
próprios filhos. Reia deu à luz a Zeus na ilha de Creta, e entregou a Cronos uma
pedra enrolada em roupas de bebê, que ele prontamente engoliu. Iniciava assim a
batalha de Zeus e Cronos que só findara por diferentes golpes e arquiteturas de
Reia e Gaia.
Numa última etapa, Zeus destrona Cronos seu pai...
USOS POSSÍVEIS...
(UEL)“Zeus ocupa o trono do universo. Agora o mundo está ordenado. Os deuses disputaram entre si,
alguns triunfaram. Tudo o que havia de ruim no céu etéreo foi expulso, ou para a prisão do Tártaro
ou para a Terra, entre os mortais. E os homens, o que acontece com eles? Quem são eles?” (VERNANT,
Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. Trad. de Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia
das Letras, 2000. p. 56.)
O texto acima é parte de uma narrativa mítica. Considerando que o mito pode ser uma forma de
conhecimento, assinale a alternativa correta.
a) A verdade do mito obedece a critérios empíricos e científicos de comprovação.
b) O conhecimento mítico segue um rigoroso procedimento lógico-analítico para estabelecer suas
verdades.
c) As explicações míticas constroem-se de maneira argumentativa e autocrítica.
d) O mito busca explicações definitivas acerca do homem e do mundo, e sua verdade independe de
provas.
e) A verdade do mito obedece a regras universais do pensamento racional, tais como a lei de nãocontradição.
USOS POSSÍVEIS
R: d) O mito busca explicações definitivas acerca do homem e do
mundo, e sua verdade independe de provas.A lógica do mito é interna,
se configura dentro de suas ligações e formas de compreensão e
aceitação próprias.Sua verdade independe de provas e se baseia, num
princípio comum de toda religiosidade: a fé.
A palavra Mito nos dias de hoje tem uma conotação de narrativa
fantástica. Em grego MYTHÓS pode ser traduzido por discurso,
mensagem, palavra, invenção, relato imaginado, ou seja
etimologicamente o mito não depende de provas empíricas, justamente
porque seu domínio está num plano de validação distinto da ciência.
MAPEANDO ARGUMENTOS
Anote em seu caderno ou na apostila, as estruturas dos dois textos
apresentados a seguir, separe seu tema central, o ponto de vista e o
argumento central de cada um dos autores, e a forma como cada um
dos pesquisadores expressa seu ponto de vista.
Estruture um esquema comparativo entre o texto I e o texto II, de
maneira a clarificar o que cada um possui, suas particularidades e
princípios investigativos.
QUESTÃO 6 ENEM 2012
TEXTO I Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo
o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua
descedência. Quando o ar se dilata, transformase em fogo, ao passo que os
ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar por feltragem
e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A água, quando mais
condensada, transforma-se em terra, e quando condensada ao máximo
possível, transforma-se em pedras. BURNET, J. A aurora da filosofia grega.
Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado).
TEXTO II Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de
todas as coisas, está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de
conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção, as especulações
contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se origina, ou de algum
dos quatro elementos, como ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga
Demócrito. Na verdade, dão impressão de quererem ancorar o mundo numa
teia de aranha.” GILSON, E.: BOEHNER, P. Historia da Filosofia Crista. São
Paulo: Vozes, 1991 (adaptado).
AGORA SEPARE AS TESES EXTRAÍDAS POR VOCÊ DIANTE DOS DOIS TEXTOS E E
CONTINUE A RESPONDER A QUESTÃO:
Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem
do universo, a partir de uma explicação racional.
As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm
em comum na sua fundamentação teorias que
A) eram baseadas nas ciências da natureza.
B) refutavam as teorias de filósofos da religião.
C) tinham origem nos mitos das civilizações antigas.
D) postulavam um princípio originário para o mundo.
E) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.
PARTICULARIDADES DESTA QUESTÃO DO ENEM
Perceba que ao tratar de filosofia grega por meio da citação de Anaxímenes, e na
sequência o uso de Basílio Magno, comentando inclusive Demócrito, outro filósofo
pré-socrático o ENEM, requer que aluno seja capaz de retirar dos textos filosóficos
os argumentos formais oferecidos pelos autores.
Assim buscar a gênese do cosmos, não é um atributo apenas da filosofia, dado que o
próprio texto de Basílio Magno tem como argumento central uma espécie de
cosmogonia tipicamente medieval.
Resposta :
D) postulavam um princípio originário para o mundo.
O MITO E A FILOSOFIA
Concluindo se o mito é uma explicação sobrenatural
dos fenômenos físicos, a forma refinada como sua
estrutura linguística foi estruturada por Homero e
Hesíodo, nos leva a crer que a palavra, transmitida
pelo poeta e pelo rapsodo
é de fundamental
importância para a nascente Paidéia, ou seja, a
formação integral do homem helênico, cidadão da Polis
grega em todas as suas rotas de influência do oriente
médio, do ocidente, na construção de uma nova forma
de se compreender o cosmos, donde surgia a filosofia
em sua visão cosmológica.
MATERIAL DIDÁDICO CNEC PG.05
Dá-se o nome de mito a um relato de algo fabuloso que se supõe ter
acontecido num passado remoto e quase sempre impreciso. Os mitos podem
se referir a grandes feitos heroicos (no sentido grego de heroico) que são
considerados, com frequência, como o fundamento e o começo da história de
uma comunidade ou do gênero humano em geral. Podem ter como conteúdo
fenômenos naturais, caso em que costumam ser apresentados de forma
alegórica. Muito amiúde, os mitos comportam a personificação de coisas ou
acontecimentos. Pode-se acreditar de boa-fé, e até literalmente, no conteúdo
de um mito, aceitá-lo como um relato alegórico, ou rechaçá-lo, alegando que
todo mito é falso. MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo:
Martins Fontes, 1993, p. 478
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