A gripe é uma doença respiratória aguda altamente contagiosa, causada pelo vírus Influenza, cuja gravidade pode variar entre alguns dias de incapacidade e a morte por falência respiratória. Anualmente, a OMS estima que existam entre 3 a 5 milhões de gripes graves e 250000 a 500000 mortes por gripe em todo o mundo. Na pandemia de gripe mais grave, que ocorreu em 1918 (a “gripe espanhola”), estima-se que 20 a 50 milhões de pessoas terão morrido em todo o mundo. Ocorre mais frequentemente no inverno e habitualmente o pico surge entre dezembro e março, no hemisfério norte. O período de incubação (intervalo entre o momento em que a pessoa é contaminada e o aparecimento dos sintomas) é de 1 a 4 dias. O período de contágio (período em que o doente é contagioso) é de 1 dia antes até 7 dias após o início dos sintomas. A transmissão faz-se por gotículas respiratórias (vulgo “perdigotos”) de uma pessoa infetada, expelidas através da fala, da tosse e dos espirros. A exposição direta à tosse ou espirros é o principal modo de contágio, mas também se pode ser contagiado ao tocar em objetos contaminados por gotículas e levando em seguida as mãos à boca, nariz ou olhos. Os sintomas da gripe podem aparecer subitamente ou instalarem-se progressivamente (as pessoas vacinadas podem ter gripes com sintomas mais ligeiros): Febre alta (ou ligeira) Tosse (que pode ser mínima inicialmente, mas habitualmente piora com a instalação da doença). Pode ser seca ou com expetoração branca ou amarelada, e alguns doentes podem queixar-se de falta de ar ou dor no peito Arrepios Dores musculares Dores de cabeça Fraqueza e cansaço, podendo obrigar a pessoa a recolher à cama. As crianças com menos de 5 anos apresentam-se frequentemente prostradas (com aspeto exausto e com poucas reações) Nariz entupido e corrimento nasal Garganta irritada Por vezes pode haver sintomas dos olhos como olhos vermelhos ou lacrimejo Pode ainda haver sintomas digestivos como vómitos e diarreia, sobretudo nas crianças As complicações possíveis são: Pneumonia provocada pelo próprio vírus Influenza, que pode ser grave (síndrome de angústia respiratória do adulto) ou pneumonia bacteriana. As pneumonias mais graves aparecem nos primeiros dias, com tosse intensa, dispneia (“falta de ar”), eventualmente expetoração com sangue. Outras pneumonias aparecem 2 a 3 semanas após o início dos sintomas. Otite (nas crianças com menos de 5 anos) Os grupos de risco de desenvolver complicações da gripe incluem: Pessoas com idade igual ou superior a 65 anos Residentes em instituições como lares de idosos Crianças com menos de 5 anos Doenças crónicas como asma, DPOC, doenças cardíacas, diabetes, doenças neuromusculares, doenças do fígado, consumo excessivo de álcool, imunodepressão (VIH, quimioterapias, tratamento prolongado com corticoides ou imunossupressores), doença renal crónica, hemodiálise Grávidas Os profissionais de saúde e as pessoas que trabalham em instituições como lares de idosos têm um alto risco de contrair a gripe e devem vacinar-se para evitar o contágio das pessoas que contactam. O tratamento da gripe é meramente sintomático, já que os medicamentos antivirais existentes são pouco eficazes. Este inclui: Repouso (na fase mais aguda pode ser necessário o repouso na cama). Evitamento do frio, agasalhamento. Hidratação: beber muitos líquidos (água, chá ou infusões de ervas ou limão, eventualmente adoçadas com mel, sumos). Medicamentos para a febre e dores: paracetamol, ibuprofeno. Os antibióticos são inúteis, exceto em caso de complicações diagnosticadas por um médico (pneumonia bacteriana, otite). As dores de garganta podem ser aliviadas gargarejando com água salgada (um copo de água com uma colher de chá de sal ou de bicarbonato). Medicamentos para a tosse: A tosse é um mecanismo de defesa que ajuda a eliminar os micróbios. Existem medicamentos para a tosse seca, a usar com precaução, porque podem retardar a eliminação dos vírus, e fluidificantes, que facilitam a expetoração. Se a tosse persistir mais que 2 semanas, é aconselhável recorrer a uma consulta médica. Medicamentos para a rinorreia (pingo no nariz): Existem vários medicamentos em venda livre nas farmácias, desde sprays vasoconstritores nasais a anti-histamínicos. Estes medicamentos podem ter efeitos secundários, como subida da pressão arterial, insónia, sonolência ou lentificação. Suplementos de vitamina C e equinácea podem ter benefícios pouco significativos. O consumo de citrinos como laranjas, tangerinas e sumo de limão, alia a hidratação ao aporte de vitamina C e outros antioxidantes. As pessoas que vivem sós devem manter-se em contacto regular com familiares ou relações. Evitar o recurso aos serviços de urgência, exceto em caso de sinais de alarme, como tosse intensa, falta de ar intensa, expetoração com sangue ou outros sintomas. Em caso de necessidade de aconselhamento, ligar para Saúde 24 (808 24 24 24). Em caso de sintomas persistentes ou agravamento dos sintomas, recorrer preferencialmente ao médico de família. Em caso de urgência contactar o INEM (112). A prevenção é essencial: A vacina da gripe é atualizada todos os anos, em função da vigilância epidemiológica internacional. A sua eficácia é estimada em 50 a 70%. As pessoas vacinadas, mesmo quando contraem a gripe, têm geralmente sintomas mais ligeiros. A vacina é geralmente bem tolerada, sendo apenas contra-indicada na alergia ao ovo comprovada. A vacina da gripe é especialmente recomendada aos grupos de risco acima mencionados (a verificar em www.dgs.pt), a partir de Outubro de cada ano. As pessoas que queiram evitar os riscos e os dias de incapacidade associados à gripe também têm todo o interesse na vacinação contra a gripe. As empresas que queiram evitar absentismo durante as epidemias de gripe têm todo o interesse em oferecer a vacina aos seus funcionários. Os grupos de risco acima mencionados (especialmente as pessoas com mais de 65 anos - verificar em www.dgs.pt) também podem beneficiar da vacina antipneumocócica, a fim de evitar pneumonias que podem complicar a gripe. As superfícies dos locais de trabalho e de lazer devem ser higienizadas frequentemente, sobretudo nas instituições de saúde. A lavagem frequente das mãos ou desinfeção com solução alcoólica é recomendada nas instituições de saúde, em contexto de epidemia e quando em contacto com pessoas infetadas. “Etiqueta respiratória”: Ao espirrar ou tossir, proteger a boca com lenço de papel, a deitar no lixo, ou com o cotovelo. Não utilizar as mãos, já que estas vão contaminar as superfícies em que tocam. “Distanciamento social”: Evitar o contacto próximo com outras pessoas. Evitar espaços fechados. Evitar espaços fechados em época de epidemia de gripe, como centros comerciais e salas de espera de hospitais.