ARQUIDIOCESE DE POUSO ALEGRE – MG CAL – COMISSÃO ARQUIDIOCESANA PARA A LITURGIA _____________________________________________ CELEBRAÇÃO PENITENCIAL EM PREPARAÇÃO PARA OS “MUTIRÕES” DE CONFISSÃO Esta celebração é proposta pela Comissão Arquidiocesana para a Liturgia com o objetivo de auxiliar na preparação dos fieis de nossas paróquias para bem aproveitarem os chamados “mutirões” de confissão, tão comuns nas comunidades por ocasião do tempo quaresmal. Ela pode ser feita no próprio dia das confissões ou em outra ocasião que antecede a data, favorecendo o aprofundamento, a reflexão e a oração, o que leva a uma vivência mais intensa do sacramento da Reconciliação. Especialmente nesse Ano Jubilar da misericórdia, somos chamados a acolher o que o papa Francisco tanto tem recomendado: “Que a Quaresma desse Ano Jubilar seja vivida mais intensamente como tempo forte para celebrar e experimentar a misericórdia de Deus...para redescobrir o rosto misericordioso do Pai” ( MV 17). AMBIENTE E MATERIAL: local da celebração na penumbra. Cruz rústica. Água perfumada para aspersão. Vela grande. Bíblia. 1. Refrão orante: (Durante a repetição do mantra, entrar com uma grande cruz rústica, a ser colocada em local de destaque). Misericordioso é Deus! Sempre, sempre o cantarei! (áudio: http://santuariosaosebastiao.com.br/roteiro_liturgico_novo_id.php?id=3). 2. Acolhida Presidente: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Todos: Amém! Presidente: Que o amor infinito de Deus Pai, a graça libertadora do Cristo misericordioso e toda consolação do Espírito estejam convosco! Todos: Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo. Presidente: Irmãs e irmãos amados, sejam bem vindos! Nós estamos vivendo o tempo quaresmal, tempo forte que nos convoca à conversão e à vida nova. Com muita confiança na misericórdia de Deus, nos reunimos hoje para buscar o seu perdão. A quaresma é tempo de preparação para a Páscoa de Jesus. Procuremos aproveitar este tempo de graça que Deus nos oferece, buscando mais uma vez uma mudança de vida. Através da celebração da reconciliação, iremos perceber o grande amor de Deus para conosco. Deus não é alguém que se alegra em nos castigar, por causa de nossas faltas, mas ele é amoroso, misericordioso e compassivo, que se alegra com nosso retorno, com a nossa mudança de vida. Como comunidade que crê e espera na bondade do Senhor, cantemos: Todos: Eu confio em nosso Senhor, com fé, esperança e amor! (bis) 3. Oração Ó Deus, fonte de toda bondade e clemência, aqui nos reunimos para receber o perdão de nossos pecados. Temos certeza de que no fim da celebração sairemos purificados de nossas faltas. Renovai Senhor, nesta celebração penitencial, nossa comunhão convosco e com o próximo, para que possamos vos servir melhor pela vida nova. Dai-nos forças para que possamos trilhar sempre mais o caminho da conversão, da fraternidade, da paz e do amor. Por Cristo nosso Senhor. Amém! 4. Escuta da Palavra a) Canto de escuta: Envia tua Palavra, Palavra de salvação, que vem trazer esperança, e aos pobres libertação! (durante o canto, entrar com a Bíblia e uma vela acesa) b) Proclamação do texto: Mt 25, 31-40 c) Silêncio. Meditação d) Reflexão (O texto abaixo não é para ser lido na celebração, mas apenas para subsidiar uma breve reflexão) O texto proposto para essa celebração é a parte final do último dos cinco discursos de Jesus no Evangelho segundo Mateus (Mateus 5-7; 10; 13,1-52; 18; 24-25). Esses últimos dois capítulos são conhecidos como o discurso escatológico, isto é, a reflexão voltada para as últimas coisas, sobre a intervenção de Deus na história com a parusia (vinda, presença) gloriosa do Filho do Homem. Como se esperava na mentalidade fortemente apocalíptica, essa chegada seria para breve. Essa parábola apresenta o Jesus glorioso como rei que julga as nações (Mateus 25,32). Esse julgamento não será somente no final dos tempos, mas já começou com a vinda de Jesus de Nazaré. Seu jeito de ser rei (Mateus 25,34) é diferente do modo de o imperador ou Herodes governarem através da opressão e da violência. Na prática do Reino de Deus, os critérios éticos centrais que orientam o comportamento das pessoas são o amor (Mateus 22,37-39), a justiça, a misericórdia e a fidelidade ao projeto do Pai (Mateus 23,23). Esse também foi o centro da prática profética no antigo Israel (cf. Isaías 58,6-10; Oséias 6,6). Os frutos concretos desse amor e dessa justiça são obras de misericórdia palpáveis, bem visíveis. Eu estava com fome, e me destes de comer; eu estava com sede, e me destes de beber; eu era forasteiro, e me recebestes em casa; estava nu, e me vestistes; doente, e cuidastes de mim; na prisão e fostes visitar-me (Mateus 25,35-36). Jesus não perguntará a que nação pertencemos, ou qual a tradição religiosa que confessamos. O que importa é que devemos cumprir toda justiça (Mateus 3,15) em relação aos mais pequeninos, que são os irmãos de Jesus (Mateus 25,40). Eles mesmos são o ponto alto da encarnação de Deus, pois ser misericordioso com eles é ser solidário com o próprio Jesus (Mateus 25,40). Quando esta é a prática da comunidade, então ela também é Jesus encarnado, é o corpo do Cristo, pois o agir dela é semelhante ao agir de Deus (cf . Primeira Carta aos Coríntios 12,12-27). E a essência do agir divino, do projeto de Jesus, é a partilha do pão, da água, da casa, da roupa, da saúde e da liberdade, isto é, das necessidades fundamentais para ter vida cidadã. É nisso que consiste ser justo. Mas não podemos olhar de forma ingênua e isolada para esta parábola, limitando-nos ao assistencialismo. Certamente também é urgente ajudar logo a quem precisa. No entanto, é necessário enxergar mais longe e, com Jesus, superar a tentação de somente transformar pedras em pão (Mateus 4,3). É indispensável buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo (Mateus 6,33). No Pai Nosso, Jesus manifestou o desejo do Pai de que já na terra vivamos como será no céu (Mateus 6,10). Por isso, é tão importante para Deus, de um lado, ver todas as suas criaturas presentes no céu, e de outro, ver um mundo em que a justiça do seu Reino não permita que haja uma única pessoa que passe fome e sede, seja forasteira, esteja nua, ou abandonada enquanto doente ou na prisão. Por fim, convém lembrar algo incomum presente nestes critérios éticos que nos colocam ou excluem do caminho do Reino. Excluir-se do projeto do Pai não é por questões moralistas, muitas vezes fruto de preconceitos discriminatórios. No entanto, a exclusão se dá por não partilhar. Acomodar-se, não fazer nada, é tornar-se cúmplice, é contribuir com a situação de fome, de sede, de falta de vestimentas e de casas. É colaborar com a situação precária da saúde pública e da falta de liberdade plena para todas as pessoas. Portanto, negar-se a partilhar é ter parte de responsabilidade na situação atual dos pobres, que estão à margem dos direitos fundamentais à vida, à dignidade. (Ildo Bohn Gass - biblista do Centro de Estudos Bíblico). e) Exame de consciência (Oferecer alguns elementos para o exame de consciência, evitando-se moralismos e casuísmos. De modo especial, enfatizar as obras de misericórdia corporais e espirituais. O texto abaixo pode auxiliar na elaboração do exame de consciência). OBRAS DE MISERICÓRDIA ESPIRITUAIS E CORPORAIS Dom Adelar Baruffi. Bispo de Cruz Alta (RS) O Jubileu da Misericórdia nos convida a um estilo de vida misericordioso. Ele se torna concreto, sobretudo, nas obras de misericórdia: corporais, que já apresentei, e as espirituais. Assim, a Igreja é “chamada ainda mais a cuidar destas feridas, aliviá-las com o óleo da consolação, enfaixá-las com a misericórdia e tratá-las com a solidariedade e atenção devidas.” (MV 15). Aconselhar os indecisos. Mais do que oferecer soluções, podemos mostrar um caminho que auxilie nas decisões. O discernimento, dom do Espírito, é consequência da acolhida da Palavra e do conhecimento da realidade pessoal e social. Ensinar os ignorantes. A ignorância pode ter várias faces. Uma delas, uma grande dívida social, é um ensino de qualidade, que ofereça cidadania a todos. Outra é a ignorância no que se refere à fé, ao conhecimento da Palavra e da doutrina cristãs. Daí que a comunidade cristã deve ser “a casa de iniciação à vida cristã”. Admoestar os pecadores. “Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo! Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão.” (Mt 18,15). Quem é misericordioso não é conivente com o erro, mas, com caridade, ajuda o irmão a crescer. Também os pecados sociais (corrupção, injustiças, fome, violência...) devem ser corrigidos, com ousadia e profetismo. Consolar os aflitos. Saber ouvir “com o coração”, sem pressa, importando-se com a aflição de outra pessoa. Que os aflitos encontrem em nossas comunidades um ambiente de irmãos e irmãs. A indiferença é um grande pecado. Recomenda-nos São Paulo: “Consolai-vos mutuamente e edificai-vos uns aos outros.” (1Ts 5, 11). Perdoar as ofensas. Uma das características mais evidentes da misericórdia é o perdão. Deus é misericordioso e perdoa sempre. O caminho da paz e da fraternidade passa pelo perdão e a coragem de assumir posturas que não sejam de vingança. Na oração do Pai-Nosso rezamos: “perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Suportar com paciência as pessoas molestas. A arte da convivência pacífica e harmoniosa exige de todos a paciência. A consciência de que Deus é paciente conosco, com nossas fraquezas, leva-nos a sermos tolerantes com os outros. A intransigência é fonte de violência. “Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente toda vez que tiverdes queixas contra os outros.” (Cl 3, 13). Rezar a Deus pelos vivos e pelos mortos. Nossa oração é sempre um ato eclesial. Rezo com a Igreja e pela Igreja, pelos que caminham conosco e pelos que já partiram. Em Cristo, formamos uma comunhão que nos une a todos, vivos e falecidos. A oração de intercessão liberta-nos de nosso individualismo e nos torna generosos. “Em todas as minhas orações, sempre peço com alegria por todos vós [...], pois vos tenho no coração.” (Fl 1,4.7), diz São Paulo. Portanto, “a experiência da misericórdia torna-se visível no testemunho de sinais concretos como próprio Jesus nos ensinou. Todas as vezes que um fiel viver uma ou mais desta obras [obras de misericórdia] pessoalmente obterá sem dúvida a indulgência jubilar.” (Papa Francisco). “Sede misericordiosos, como vosso Pai do céu é misericordioso.” (Lc 6, 36). A certeza de que nosso Deus é Pai misericordioso é uma das verdades centrais de nossa fé cristã. O modo como Deus é e age tem a marca da misericórdia. Porém, o Ano da Misericórdia quer nos educar para uma vida marcada pela misericórdia, por isso: “sede misericordiosos”, ou “bem-aventurados os misericordiosos” (Mt 6,7). A Tradição da Igreja convencionou apresentar sete obras de misericórdia corporais e sete obras de misericórdia espirituais. Tratarei, hoje, das obras de misericórdia corporais, mostrando como, para cada uma delas podemos viver a compaixão. Dar de comer a quem tem fome. A comida é uma necessidade humana básica. A existência de pessoas que passam fome é um escândalo para a humanidade. As iniciativas sociais e, em nossa Igreja, para dar de comer aos famintos, são muitas. Disse Jesus: “Eu estava com fome e vocês me deram de comer.” (Mt 25,35). Dar de beber a quem tem sede. Trata-se mais do que oferecer um copo d´água. Diz nosso Papa que “o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal.” (Laudato Si, 30). Vestir os nus. Quanto desperdício na compra de roupas desnecessárias! Vê-se muita generosidade na doação de roupas e agasalhos. Isto é bom. Melhor se nos educássemos, como nos diz o Papa para a “sobriedade feliz” (LS 224), não sendo “consumistas desenfreados” (LS 227). Afinal, disse Jesus: “Por que vocês ficam preocupados com a roupa?” (Mt 7,28). Acolher os peregrinos. Esta é uma atitude bíblica muito estimada. No livro do Gênesis, conta que Abraão e Sara, ao acolherem os três peregrinos, acolheram o próprio Deus e foram abençoados com o filho que tanto esperavam. Hoje, abrir as portas para acolher os migrantes é um desafio sobretudo para as sociedades mais industrializadas. Não pode um cristão e nossas comunidades ter preconceitos para acolher os que são obrigados a migrar em busca de melhores condições de vida para suas famílias. Visitar os enfermos. Os relatos dos evangelhos nos mostram Jesus muito envolvido, próximo dos enfermos. Ele os tocava e os curava. Os cristãos têm uma longa tradição de cuidado com os doentes e idosos. Quantas vidas doadas, ontem e hoje, pelos enfermos, muitas no anonimato. Bela é a missão da pastoral que visita os doentes. Visitar os presos. Em primeiro lugar, é preciso desarmar-se de preconceitos e julgamentos. Ao visitar os presidiários expressamos e oferecemos a misericórdia de Deus, que vai além da justiça, e continua a amar a pessoa, mesmo no erro e no pecado. Enterrar os mortos. No Livro de Tobias encontramos o seguinte: “Tobit com uma solicitude toda particular, sepultava os defuntos e os que tinham sido mortos.” (Tb 1, 20). Mas, sobretudo,trata-se de auxiliar os familiares e amigos a elaborarem o luto, sendo suporte neste momento difícil, partilhando as palavras de Jesus sobre a Ressurreição. Enfim, neste Ano da Misericórdia, “abramos os nossos olhos para ver as misérias do mundo, as feridas de tantos irmãos e irmãs privados da própria dignidade e sintamo-nos desafiados a escutar o seu grito de ajuda.” (Papa Francisco, O rosto da misericórdia, 15). f) A comunidade proclama a confiança na misericórdia: Salmo 51 (durante o salmo, pessoas aspergem a assembleia com água perfumada) Refrão: (cantado): Lavai-me, ó Senhor, do meu pecado. Aspergi-me, e serei purificado! (bis) Salmista 1. Misericórdia de mim, Deus de bondade, misericórdia por tua compaixão! Vem me lavar das sujeiras do pecado, vem me livrar de tamanha perdição! Reconheço toda a minha maldade, diante de mim a vastidão de minha ofensa... Foi contra ti, meu Senhor, o meu pecado, e pratiquei o que é mal em tua presença! Salmista 2. Bem sei da retidão dos teus mandatos, e da verdade que teu falar propõe. Mas te lembras, eu nasci já na maldade, e no pecado concebeu-me minha mãe! Que tu amas a verdade sei e sinto, e me ensinas o saber do coração; Vem me banhar com tua graça e serei limpo, mais puro que um chumaço de algodão! Salmista 1. Faz-me escutar uma palavra de alegria, e assim contentes vão dançar os ossos meus; a Minha culpa apagarás em pleno dia, e os meus pecados faz sumir dos olhos teus! Cria em mim um coração imaculado, não desprezes a poeira que criastes, Não me ponhas para fora do teu lado, e teu Espírito não se afaste deste traste! Salmista 2. Que teu perdão me inunde de alegria, e um espírito generoso me sustente. Ensinarei aos maus as tuas vias, será imensa a procissão dos penitentes! Vem me livrar de toda morte violenta, e tua justiça, ó meu Senhor, irei gritando. Abre meus lábios e esta boca bem atenta, o teu louvor alegremente irá cantando! Salmista 1. Pois tu não queres sacrifício nem oferta, meu sacrifício é meu espírito contrito. Um coração que esmagado se converta. Tu não desprezas nem te vai despercebido! Derrama, enfim tuas graças em Sião, vem reconstrói as ruínas do teu povo. Aceitarás as oferendas e oblações, receberás em teu altar um culto novo. Salmista 2. Louvor a Ti, o universo todo adora, Tu és a paz, a vida plena e o perdão. Do mundo inteiro vem a prece que te implora, ó vem depressa dá-nos tua salvação! g) Confissões: os fieis são encaminhados à confissão. Orientar para que sejam objetivos, claros e sinceros na acusação de seus pecados. h) Conclusão: Não havendo confissões no dia da celebração, encerrar como se segue: Presidente: Deus, Pai de misericórdia, conceda a todos nós, como concedeu ao filho pródigo, a alegria do retorno á vida. Todos: Amém. Presidente: O Senhor Jesus Cristo, modelo de oração e de vida, nos guie no caminho de uma verdadeira conversão. Todos: Amém. Presidente: O Espírito de sabedoria e fortaleza nos sustente na luta contra o mal, para podermos com Cristo celebrar a vitória final. Todos: Amém. Presidente: Abençoe-nos Deus Todo-Poderoso e Misericordioso, Pai, Filho e Espírito Santo. Todos: Amém. i) Canto Final Muito alegre eu te pedi o que era meu, partir, um sonho tão normal. Dissipei meus bens e o coração também, no fim meu mundo era irreal. REF.: Confiei no Teu amor e voltei. Sim, aqui é meu lugar. Eu gastei Teus bens, oh Pai, e te dou este pranto em minhas mãos. Mil amigos conheci, disseram adeus, caiu a solidão em mim. Um patrão cruel levou-me a refletir: meu pai não trata um servo assim. Nem deixaste-me falar da ingratidão, morreu no abraço o mal que eu fiz. Festa, roupa nova, anel, sandália aos pés...Voltei à vida, sou feliz.