UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA VIBRAÇÕES E ACÚSTICA DIANA DOS SANTOS MORAES MEDIÇÃO E PREVISÃO NUMÉRICA DO COMPORTAMENTO ACÚSTICO DE UM TEATRO EXPERIMENTAL PARA A UFPA Belém - Pará - Brasil Maio 2007 DIANA DOS SANTOS MORAES MEDIÇÃO E PREVISÃO NUMÉRICA DO COMPORTAMENTO ACÚSTICO DE UM TEATRO EXPERIMENTAL PARA A UFPA Dissertação submetida ao Programa de PósGraduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Pará como parte dos requisitos necessários, para a obtenção do título de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Gustavo da Silva Vieira de Melo Belém - Pará - Brasil Maio 2007 DIANA DOS SANTOS MORAES MEDIÇÃO E PREVISÃO NUMÉRICA DO COMPORTAMENTO ACÚSTICO DE UM TEATRO EXPERIMENTAL PARA A UFPA Dissertação submetida ao Programa de PósGraduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Pará como parte dos requisitos necessários, para a obtenção do título de Mestre. Belém, 30 de Maio de 2007 BANCA EXAMINADORA: ______________________________________________ Orientador Prof. Gustavo da Silva Vieira de Melo, Dr. Eng. Universidade Federal do Pará ______________________________________________ Prof. Newton Sure Soeiro, Dr. Eng. Universidade Federal do Pará ______________________________________________ Prof. Irving Montanar Franco, Dr. Arq. Universidade Federal do Pará ______________________________________________ Profa. Dinara Xavier da Paixão, Dr. Eng. Universidade Federal de Santa Maria A Deus, por ser fiel e por todas as vezes que fez o impossível acontecer em minha vida. Ao meu pai, que enquanto esteve conosco nunca deixou de acreditar em mim, muito mais por seu amor, sua dedicação, determinação e fé. E por todas as lições de vida e lembrança inesquecíveis. À minha mãe, por sua imensa paciência, seu amor, fé e pela dedicação com a qual tem conduzido nossa família, te amo. A todos os meus familiares e amigos que sempre estão na torcida pela minha vitória. AGRADECIMENTOS A Deus, novamente, a Deus, e como fosse suficiente para demonstrar minha gratidão, a Deus mais uma vez. Aos meus queridos e amados pais, Jonas Pantoja (in memória) e Maria Fé Rosalina que sempre me apoiaram, ensinando o melhor caminho para a realização dos meus sonhos. Aos meus familiares, especialmente as minhas irmãs Socorro, Conceição e Fátima por todos os cuidados. E a todos os meus sobrinhos pelo imenso amor, especialmente a Alessandra, Andreza, Amanda e Bruna. A todos os meus amigos, em especial a Luciana (prima do coração), Léa, Carla, e as Princesas. Ao Professor Gustavo da Silva Vieira de Melo pela orientação, paciência, confiança e todo o tempo dedicado no desenvolvimento deste trabalho. Ao Professor Newton Sure Soeiro pela confiança e oportunidade de crescimento profissional. A todos os amigos membros do Grupo de Vibrações e Acústica por seu companheirismo e amizade incondicional, principalmente, ao Alan e a Keliene que muito me ajudaram nas disciplinas, a Marlenne, Aviz, Reginaldo, Rubenildo, Fábio Setúbal, Márcio, Roberta e Juliana. À Universidade Federal do Pará – UFPA. Ao Programa de Pós-graduação de Engenharia Mecânica. Ao CNPq pelo incentivo financeiro. À equipe que trabalhou no Projeto do Teatro experimental da UFPA, em especial a coordenadora do Projeto Margaret Refkalefsky. A Escola de Teatro e Dança da UFPA pelo livre acesso as suas dependências. Ao Professor Irving Franco pela orientação no estágio docente e aos seus bolsistas. Finalmente, a todos que de alguma forma contribuíram na realização desse trabalho. vi SUMÁRIO RESUMO............................................................................................................... ix ABSTRACT............................................................................................................ x LISTA DE FIGURAS.............................................................................................. xi LISTA DE TABELAS…………………………………………………………………… xvi LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS…………………………………………...... xvii LISTA DE SÍMBOLOS…………………………………………………………………. xviii CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO............................................................................... 1 1.1 INTRODUÇÃO GERAL......................................................................... 1 1.2 OBJETIVOS........................................................................................... 3 1.3 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO.......................................................... 3 1.4 METODOLOGIA DO PROJETO............................................................ 6 1.5 ESTRUTURA DOS CAPÍTULOS…………………………………………. 7 CAPÍTULO II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA…………………………………………. 8 CAPÍTULO III - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA…………………………………..... 16 3.1 IMPORTANTES PARÂMETROS ACÚSTICOS PARA TEATROS........ 16 3.1.1 Propagação Sonora em Salas: Campo Livre e Campo Difuso... 18 3.1.2 Equações do Campo Difuso: Teorias de Sabine e Eyring..................................................................................................... 3.1.3 Valores Recomendados de Tempo de Reverberação........................................................................................ 21 3.1.4 Predição do Campo Acústico...................................................... 22 3.1.5 Acústica Geométrica................................................................... 23 3.1.6 Método da Fonte Imagem Especular.......................................... 23 3.1.7 Método dos Raios Acústicos....................................................... 24 3.1.8 Método Híbrido de Raios Acústicos............................................ 26 a) Método de Raios Cônicos........................................................... 26 20 vii b) Método de Raios Triangulares.................................................... 28 CAPÍTULO IV - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS………………………… 30 4.1 EQUIPAMENTOS E PROCEDIMENTOS GERAIS DE MEDIÇÕES..... 30 COLETA DE DADOS EXPERIMENTAIS DA SALA PARA CALIBRAÇÃO DO MODELO COMPUTACIONAL................................ 30 4.2.1 Caracterização da Sala............................................................... 32 4.2.2 Resultados Experimentais de Tempo de Reverberação (Tr)...... 33 4.2.3 Resultados Experimentais de Nível de Pressão Sonora (NPS).. 35 4.3 SOFTWARE COMERCIAL DE RAIOS ACÚSTICO RAYNOISE........... 37 MODELAGEM ACÚSTICA PARA CALIBRAÇÃO DO MODELO 4.4 GEOMÉTRICO DE UMA SALA ATRAVÉS DO SOFTWARE COMERCIAL RAYNOISE...................................................................... 38 4.4.1 Resultados Numéricos de Tempo de Reverberação.................. 39 4.4.2 Resultados Numéricos de Nível de Pressão Sonora.................. 40 CAPÍTULO V - ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS NUMÉRICOS E ANALÍTICOS DO GALPÃO DO ETDUFPA........................................................... 45 5.1 CARACTERIZAÇÃO DO GALPÃO....................................................... 45 5.2 SIMULAÇÕES NUMÉRICAS DO GALPÃO DA ETDUFPA................... 48 E COMPARAÇÃO ENTRE RESULTADOS NUMÉRICOS ANALÍTICOS DO GALPÃO................................................................... 50 4.2 5.3 CAPÍTULO VI - PROPOSTA ACÚSTICA PARA PROVÁVEIS POSIÇÕES DE PALCO E PLATÉIA DO TEATRO EXPERIMENTAL DA UFPA............................ DISCUSSÃO DA PROPOSTA ARQUITETÔNICA DO TEATRO 6.1 EXPERIMENTAL DA UFPA.................................................................. 56 56 6.2 SIMULAÇÃO NUMÉRICA DO TEATRO VAZIO.................................... 58 6.3 SIMULAÇÃO NUMÉRICA CONSIDERANDO PALCO E PLATÉIA....... 61 6.3.1 Modelo 1 (Palco Italiano)............................................................ 63 a) Simulação 1 – Sala com audiência e aplicação de forro acústico....................................................................................... b) Simulação 2 – Sala com audiência, aplicação de forro acústico na parte inclinada e gesso acartonado na parte central do forro............................................................................................. c) Simulação 3 – Sala com audiência, aplicação de forro acústico na parte inclinada, gesso acartonado na parte central do forro e material de absorção sonora nas passarelas de apoio 65 66 68 viii técnico......................................................................................... d) Simulação 4 – Sala com audiência e aplicação de forro acústico e painéis refletores........................................................ 69 6.3.2 Modelo 2 (Palco Totalmente Centralizado)................................. 73 a) Simulação 1 – Sala com audiência e aplicação de forro acústico....................................................................................... b) Simulação 2 – Sala com audiência, aplicação de forro acústico na parte inclinada e gesso acartonado na parte central do forro............................................................................................. c) Simulação 3 – Sala com audiência, aplicação de forro acústico na parte inclinada, gesso acartonado na parte central do forro e material de absorção sonora nas passarelas de apoio técnico............................................................................... d) Simulação 4 – Sala com audiência e aplicação de forro acústico e painéis refletores........................................................ 6.3.3 Modelo 3 (Platéia tipo Arena).............................. a) Simulação 1 – Sala com audiência e aplicação de forro acústico....................................................................................... b) Simulação 2 – Sala com audiência, aplicação de forro acústico na parte inclinada e gesso acartonado na parte central do forro............................................................................................. c) Simulação 3 – Sala com audiência, aplicação de forro acústico na parte inclinada, gesso acartonado na parte central do forro e material de absorção sonora nas passarelas de apoio técnico............................................................................... d) Simulação 4 – Sala com audiência e aplicação de forro acústico e painéis refletores........................................................ 75 76 77 79 82 84 85 86 88 6.4 RESULTADOS DOS MODELOS 1, 2 E 3............................................. 91 6.4.1 Comparação entre os resultados dos três modelos.................... 91 CAPÍTULO VII - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..................................... 93 7.1 CONCLUSÕES...................................................................................... 93 7.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS………………………… 95 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………………………………………………….. 97 APÊNDICE............................................................................................................. 102 ANEXOS................................................................................................................ 105 ix RESUMO Com o desenvolvimento tecnológico, muitos programas de simulação numérica têm sido criados com o objetivo de conhecer o comportamento acústico dos ambientes através de modelo computacionais. Este trabalho desenvolveu um estudo do comportamento acústico em um galpão da Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará - ETDUFPA, o qual será transformado no Teatro Experimental. Para a realização desse estudo foi construído um modelo geométrico no qual foram feitas simulações numéricas através do programa comercial de raios acústicos RAYNOISE. Este programa é baseado nos princípios da acústica geométrica, através de dois conhecidos algoritmos computacionais, a saber, os métodos da fonte imagem especular e de traçado de raios. O emprego desta metodologia possibilita a simulação das condições acústicas reais de um ambiente permitindo introduzir modificações virtuais no modelo que conduzam ao campo acústico desejado no interior de uma sala, antes da implantação das soluções na sala real. Os resultados computacionais do galpão foram comparados com os medidos em uma sala de dança da ETDUFPA objetivando a validação do modelo criado. Somente depois disso, o ambiente foi estudado com algumas alterações e com diversas configurações de palco/platéia até obter a configuração que melhor satisfizesse as necessidades acústicas do teatro em questão. Palavras-Chave: Comportamento Acústico, Métodos Híbridos, Acústica Geométrica, Previsão Numérica. x ABSTRACT With the technological development, many softwares for numerical simulation have been developed with the objective of knowing the acoustic behavior of enclosures through computational models. This work developed a study of the acoustic behavior in a building of the School of Theater and Dance of the Federal University of Pará - ETDUFPA, which will be transformed into an Experimental Theater. For the accomplishment of this study a geometric model was constructed in which numerical simulations through the commercial program of acoustic rays Raynoise had been carried through. This program is based on the principles of the geometrical acoustics, through two known computational algorithms, namely, the mirror image source method and the ray tracing method. The use of this methodology makes possible the simulation of the real acoustical conditions of an environment, allowing the introduction of virtual modifications in the model that lead to the desired acoustic field in the interior of a room, before the implantation of the solutions in the real room. The computational results for the bare building had been compared with those measured in a large and empty room of the ETDUFPA, seeking the validation of the developed model. Then, the environment was studied with some alterations and several configurations of stage/audience until reaching the best configuration that satisfied the acoustical necessities of the theater in question. Keywords: Room Acoustics, Hybrid Methods, Geometrical Acoustics, Numerical Prediction. xi LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 Teatro das Artes, São Paulo – Palco e platéia fixos.................... 4 Figura 1.2 Teatro Poeira, Rio de Janeiro – Teatro flexível, de múltiplo uso.. 5 Figura 3.1 Defeitos Acústicos....................................................................... 18 Figura 3.2 Crescimento e caimento do nível de pressão sonora.................. 21 Figura 3.3 O tempo ótimo de reverberação................................................... 22 Figura 3.4 Reflexão Especular………………………………………………….. 23 Figura 3.5 Caminhos de reflexão de primeira ordem em salas retangulares................................................................................. 24 Figura 3.6 Fonte imagem de terceira ordem e caminho das reflexões correspondentes........................................................................... 25 Figura 3.7 Traçado de um raio acústico da fonte ao volume receptor.......... 25 Figura 3.8 Efeitos combinados de reflexão especular e difusa (espalhamento)............................................................................ 26 Figura 3.9 A propagação de um cone por limites físicos............................... 27 Figura 3.10 Feixe de raios cônico ou triangular............................................... 27 Compensação dos raios cônicos: ponderação máxima no centro e mínima nas bordas.................................................................... Estreitamento de raio que ocorre tanto em feixes cônicos quanto Figura 3.12 triangulares................................................................................... 28 Figura 3.13 Método de Raios Cônicos e Triangulares..................................... 29 Figura 3.11 28 Figura 4.1 Modelo Esquemático da Infra-Estrutura usada nas medições experimentais................................................................................ 31 Figura 4.2 Planta de Localização e Zoneamento do Galpão de Escola de Teatro e Dança.............................................................................. 31 Figura 4.3 Vistas – Frontal e lateral do galpão, anexo da Escola de Teatro e Dança da UFPA......................................................................... 31 Figura 4.4 Vistas internas A e B do galpão, anexo da Escola de Teatro e Dança da UFPA............................................................................ 32 Figura 4.5 Vista Externa Sala de Dança da Escola de Teatro e Dança da UFPA............................................................................................. 32 xii Figura 4.6 Vista Interna A e B da Sala de Dança da Escola de Teatro e Dança da UFPA............................................................................. 33 Figura 4.7 Planta da Sala com disposição de Fontes e Microfones............... 34 Figura 4.8 Geometria da Sala com disposição de Fontes e Microfones........ 34 Figura 4.9 Resultados Experimentais de Tempo de reverberação................ 35 Figura 4.10 Planta da Sala com disposição de Fonte e Microfones................ 35 Figura 4.11 Geometria da Sala com disposição de Fonte e Microfones.......... 36 Figura 4.12 Resultados de NPS………………………………………………….. 36 Figura 4.13 Modelo Computacional usado para Simulação Numérica............ 38 Figura 4.14 Comparação entre os Resultados Experimentais e Numéricos de Tempo de reverberação........................................................... 39 Figura 4.15 Comparação entre os Resultados Experimentais e Numéricos de NPS.......................................................................................... 40 Figura 4.16 Campo Acústico global da sala em dB(A)..................................... 41 Figura 4.17 Campo Acústico da sala na banda de 125 Hz.............................. 41 Figura 4.18 Campo Acústico da sala na banda de 250 Hz.............................. 42 Figura 4.19 Campo Acústico da sala na banda de 500 Hz.............................. 42 Figura 4.20 Campo Acústico da sala na banda de 1000 Hz............................ 43 Figura 4.21 Campo Acústico da sala na banda de 2000 Hz............................ 43 Figura 4.22 Campo Acústico da sala na banda de 4000 Hz............................ 44 Figura 5.2 Vista Externa do Teatro Experimental do Pará – Waldemar Henrique........................................................................................ Vista Interna do Teatro Experimental do Pará – Waldemar Henrique........................................................................................ Figura 5.3 Ortofoto da Escola de Teatro e Dança da UFPA.......................... Figura 5.1 45 46 46 xiii Figura 5.4 Geometria do Galpão da Escola de Teatro e Dança da UFPA..... 47 Figura 5.5 Geometria do Galpão com posicionamento da fonte e da malha.. 49 Figura 5.6 Comparação entre o Tr de Sabine, analítico e numérico do Galpão........................................................................................... 51 Figura 5.7 Comparação entre o Tr de Eyring, analítico e numérico do Galpão........................................................................................... 51 Figura 5.8 Campo Acústico global do galpão................................................. 52 Figura 5.9 Campo Acústico do galpão na banda de 125 Hz.......................... 52 Figura 5.10 Campo Acústico do galpão na banda de 250 Hz.......................... 53 Figura 5.11 Campo Acústico do galpão na banda de 500 Hz.......................... 53 Figura 5.12 Campo Acústico do galpão na banda de 1000 Hz........................ 54 Figura 5.13 Campo Acústico do galpão na banda de 2000 Hz........................ 54 Figura 5.14 Campo Acústico do galpão na banda de 4000 Hz........................ 55 Figura 6.1 Planta Baixa do Galpão com modificações................................... 56 Figura 6.2 Proposta Arquitetônica para o Teatro Experimental da UFPA...... 57 Figura 6.3 Vista interna tridimensional da sala de espetáculos vazia............ 58 Figura 6.4 Vista interna tridimensional da sala de espetáculos vazia............ 59 Figura 6.5 Curvas de Tr do Galpão e do Teatro Experimental...................... 60 Figura 6.6 Campo Acústico global do Teatro Experimental………………….. 61 Figura 6.7 Configuração de Palco Italiano proposto para ETUFPA, MODELO 1.................................................................................... 63 Figura 6.8 Geometria do MODELO 1 com fonte e audiência......................... 64 Figura 6.9 Campo Acústico do MODELO 1 sem audiência na sala............... 64 xiv Figura 6.10 Resultado de Tr do MODELO 1 na Simulação 1........................... 65 Campo Acústico do MODELO 1 com audiência e com forro acústico......................................................................................... 66 Figura 6.12 Resultado de Tr do MODELO 1 nas Simulações 1 e 2................. 67 Campo Acústico do MODELO 1 com audiência e forro refletor na parte central do teto................................................................. 67 Figura 6.14 Resultado de Tr do MODELO 1 na Simulação 3........................... 68 Campo Acústico do MODELO 1 com audiência, com forro Figura 6.15 refletor na parte central do teto e com material de absorção sonora nas passarelas................................................................... Secção Longitudinal do MODELO 1 destacando os painéis Figura 6.16 refletores suspensos..................................................................... 69 70 Figura 6.17 Resultados de Tr do MODELO 1 nas Simulações 1 e 4............... 70 Figura 6.18 Campo Acústico do MODELO 1 com audiência, com forro acústico e painéis refletores.......................................................... 71 Figura 6.19 Análise do percurso dos raios no ponto (microfone virtual) 53 do MODELO 1.................................................................................... 72 Figura 6.20 Análise do percurso dos raios no ponto (microfone virtual) 128 do MODELO 1............................................................................... 72 Figura 6.21 Raios colidindo na parte superior do painel refletor e no teto antes de chegar no ponto (microfone virtual) 128 do MODELO 1. 72 Figura 6.22 Configuração de palco totalmente centralizado proposto para TEUFPA......................................................................................... 73 Figura 6.23 Geometria do MODELO 2 com fonte e audiência......................... 74 Figura 6.24 Campo acústico do MODELO 2 sem audiência na sala............... 74 Figura 6.25 Resultado de Tr do MODELO 2 na Simulação 1........................... 75 Campo acústico do MODELO 2 com audiência e aplicação de forro acústico................................................................................. 76 Figura 6.27 Resultado de Tr do MODELO 1 na Simulação 2........................... 77 Campo acústico do MODELO 2 com audiência e aplicação de forro refletor na parte central do teto............................................. 77 Figura 6.29 Resultado de Tr do MODELO 2 na Simulação 3........................... 78 Campo acústico do MODELO 2 com audiência e aplicação de forro refletor na parte central do teto e material de absorção 78 Figura 6.11 Figura 6.13 Figura 6.26 Figura 6.28 Figura 6.30 xv sonora nas passarelas.................................................................. Seção longitudinal do MODELO 2 destacando os painéis refletores....................................................................................... 79 Figura 6.32 Resultado de Tr do MODELO 2 nas Simulações 1 e 4................ 80 Figura 6.33 Campo acústico do MODELO 2 com audiência e aplicação de forro acústico e painéis refletores................................................. 80 Figura 6.34 Análise do percurso dos raios no ponto (microfone virtual) 8 do MODELO 2.................................................................................... 81 Figura 6.35 Análise do percurso dos raios no ponto (microfone virtual) 73 do MODELO 2.................................................................................... 81 Figura 6.36 Raios colidindo na parte superior do painel refletor e no teto antes de chegar no ponto (microfone virtual) 8 do MODELO 2..... 81 Figura 6.37 Configuração do palco tipo Arena, proposta para o TEUFPA......................................................................................... 82 Figura 6.38 Geometria do MODELO 3 com fonte e audiência......................... 83 Figura 6.39 Campo acústico do MODELO 3 sem audiência na sala............... 83 Figura 6.40 Resultado de Tr do MODELO 3 na Simulação 1.......................... 84 Figura 6.31 Campo acústico do MODELO 3 com audiência e aplicação de forro acústico................................................................................ 85 Figura 6.42 Resultado de Tr do MODELO 3 nas Simulações 1 e 2................. 85 Campo Acústico do MODELO 3 com audiência e aplicação de forro refletor na parte central do teto............................................. 86 Figura 6.44 Resultado de Tr do MODELO 3 nas Simulações 1, 2 e 3............. 87 Campo acústico do MODELO 3 com audiência e aplicação de Figura 6.45 forro refletor na parte central do teto e material de absorção sonora nas passarelas................................................................... Secção Transversal do MODELO 3 destacando os painéis Figura 6.46 refletores........................................................................................ 87 Figura 6.47 Resultado de Tr do MODELO 3 nas Simulações 1 e 4................ 89 Figura 6.48 Campo acústico do MODELO 3 com audiência e aplicação de forro acústico e painéis refletores.................................................. 89 Figura 6.49 Análise do percurso dos raios no ponto (microfone virtual) 9 do MODELO 3.................................................................................... 90 Figura 6.50 Análise do percurso dos raios no ponto (microfone virtual) 129 do MODELO 3............................................................................... 90 Figura 6.41 Figura 6.43 88 xvi Figura 6.51 Raios colidindo na parte superior do painel refletor e no teto antes de chegar no ponto (microfone virtual) 9 do MODELO 3..... 90 Figura 6.52 Resultados numéricos de tempo de reverberação (s) para os MODELOS 1, 2 e 3....................................................................... 91 Figura A Rotina “Tempo de Reverberação – TR 60”. Figura B Figura C 103 Cálculo do Tr do Galpão através do programa “Tempo de Reverberação – TR 60”................................................................. 104 Cálculo do Tr do Teatro Experimental da UFPA através do programa “Tempo de Reverberação – TR 60................................ 104 Figura D Planta de situação da Fase 1........................................................ 107 Figura E Plantas referentes a Fase 1, salas especiais com tratamento acústico......................................................................................... 107 Figura F Planta de situação da Fase 2........................................................ 108 Figura G Plantas referentes à Fase 2, Teatro-Escola da UFPA.................. 108 Figura H Planta de situação da Fase 1........................................................ 109 Figura I Anfiteatro, tratamento paisagístico, programação visual e pequenas construções de apoio.................................................... 109 Figura J Fachadas do Teatro-Escola da UFPA. 110 xvii LISTA DE TABELAS Tabela 4.1 Tabela 5.1 Tabela 5.2 Tabela 6.1 Tabela 6.2 Materiais existentes nas superfícies da sala de testes, com seus respectivos coeficientes de absorção sonora............................... Materiais existentes nas superfícies do Galpão, com seus respectivos coeficientes de absorção sonora............................... Níveis de Pressão Sonora (NPS) correspondentes às curvas de avaliação (NC).............................................................................. Materiais existentes nas superfícies do Teatro Experimental, com seus respectivos coeficientes de absorção sonora............... Materiais inseridos sala de espetáculo do Teatro Experimental, com seus respectivos coeficientes de absorção sonora............... 33 48 49 59 62 xviii LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS B&K Brüel & Kjær dB Decibel ETDUFPA Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará F Fonte Sonora Freq Freqüência Hz Hertz m Metro MLS Seqüências de Comprimento Máximo NBR Norma Brasileira Registrada NWS Nível de Potência Sonora NPS Nível de Pressão Sonora R Receptor Tr Tempo de Reverberação TEUFPA Teatro Experimental da Universidade Federal do Pará UFPA Universidade Federal do Pará xix LISTA DE SÍMBOLOS A Área de absorção total do ambiente DI(θ) Índice de diretividade Qθ Fator de diretividade da superfície r Distância entre a fonte e o ponto de medição Si Área de cada superfície i S Área total das superfícies T Tempo de reverberação V Volume total de um ambiente αi Coeficiente de absorção sonora do material em cada superfície i α Coeficiente de absorção sonora médio do material das superfícies θ Ângulo de incidência ∑ i Somatório CAPÍTULO I INTRODUÇÃO 1.1 INTRODUÇÃO GERAL A partir século XX, observa-se que tanto os usuários quanto os apreciadores das artes cênicas tornaram-se mais exigentes quanto à qualidade dos espetáculos. Isto implicou em uma reestruturação na forma de apresentação dos espetáculos fazendo com que o público se tornasse parte fundamental destes. Isso fez com que as salas que antes possuíam uma estrutura fixa, adotassem palco e audiência móveis. Essa mobilidade de palco e público possibilitou à sala várias novas configurações, dependendo das características de cada espetáculo. No caso de teatros experimentais, a estrutura física observada (incluindo as passarelas de apoio técnico, varas de iluminação e todos os utensílios cenotécnicos necessários em um espetáculo) é menor que aquelas utilizadas nos teatros tradicionais e o layout da sala não é fixo como nestes, ou seja, o palco pode ocupar qualquer lugar da sala assim como variar o seu tamanho, onde praticáveis acompanham a desejada configuração do palco. Um projeto de conforto acústico de um teatro experimental precisa considerar todos os detalhes citados acima, o que não é tão simples devido as suas diversas configurações. Nesse sentido, esse trabalho estudará algumas configurações de palco/platéia mais usadas num teatro experimental visando uma configuração padrão para todas as situações abordadas ou com a menor alteração possível. A Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (UFPA) é uma unidade com mais de quatro décadas de funcionamento, sendo um importante setor da universidade, uma vez que sua existência de longa data engaja a ação universitária à comunidade, através das artes cênicas. Para a Escola de Teatro e Dança da UFPA (ETDUFPA) cumprir sua tarefa de formar atores, dançarinos e técnicos capazes de inovar no domínio das artes cênicas, é indispensável lhes oferecer espaços teatrais capazes de permitir o desenvolvimento e o exercício de diferentes estéticas. Capítulo I - Introdução 2 Assim, através de espaços cênicos bem estruturados e equipados, professores e alunos poderão experimentar propostas de montagens de Teatro e Dança das mais arrojadas às mais tradicionais, a fim de desenvolver práticas capazes de formar tendências artísticas inovadoras funcionando como referência em pesquisas nas artes cênicas no Pará e na Região Amazônica [Refkalefsky, 2006]. Visando o melhor aproveitamento cênico do espaço do teatro, foi realizado primeiramente, um estudo acústico no galpão onde será instalado o Teatro Experimental, da ETDUFPA, considerando o seu estado atual, mais precisamente paredes, esquadrias, piso e forro, além do fato de que o ambiente estará totalmente vazio, sem mobília e sem audiência. Foi então construído um modelo geométrico através do qual se realizaram simulações numéricas através do programa comercial de raios acústicos RAYNOISE. Em virtude do galpão não estar totalmente vazio, não foi possível fazer medições no local para a validação do seu modelo computacional. Para isso, fez-se necessária a construção de um novo modelo computacional de uma sala de dança da ETDUFPA, e, através deste, foi possível validar o modelo do galpão. Em uma segunda etapa, o ambiente foi estudado com algumas alterações e com diversas configurações de palco/platéia, a fim de se obter a configuração que melhor satisfaz às necessidades acústicas da sala. Para isso, foram incluídas diversas modificações nos modelos computacionais para a realização das simulações numéricas. Como já citado, o software comercial de raios acústicos RAYNOISE foi utilizado na fase das simulações numéricas deste trabalho. O RAYNOISE é baseado nos princípios da acústica geométrica, através de dois conhecidos algoritmos computacionais, a saber, os métodos da fonte imagem especular e de traçado de raios [Raynoise, 1993]. Capítulo I - Introdução 3 1.2 OBJETIVOS Objetivo Geral Desenvolver um modelo numérico de um teatro experimental real, capaz de reproduzir seu comportamento acústico, levando-se em consideração as suas características de palco/platéia itinerantes. Objetivos Específicos a) Estudar os métodos existentes para a previsão do comportamento acústico em salas: Teoria de Acústica Geométrica/Estatística e Teoria de Raios Acústicos/Métodos da Fonte Imagem; b) Desenvolver um modelo virtual simplificado do galpão onde será instalado o Teatro-Escola da UFPA; c) Realizar medições acústicas com objetivo de validação experimental do modelo computacional desenvolvido; d) Com o modelo numérico validado, realizar novas simulações numéricas, incluindo as modificações necessárias visando o melhor compromisso para as diversas configurações de palco/platéia a serem exploradas; e) Com base nos resultados dos objetivos anteriores, propor uma configuração que melhor desenvolva o conforto acústico esperado para o Teatro-Escola da UFPA. 1.3 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO Até meados do século XX, quando se falava em teatros imaginava-se uma sala de espetáculos, que em sua maioria são retangulares, com grande pé-direito e com palco à italiana (ver Fig. 1.1). Caracterizar um teatro à italiana significa Capítulo I - Introdução 4 considerar tanto palco como platéia, fixos. Porém, a partir dos anos 70, surgiu a necessidade de uma total exploração do espaço e, principalmente, de romper com a estrutura e o espetáculo tradicionais. O objetivo era fazer uma transformação na relação palco/platéia, fazendo com que o espectador se envolvesse com a ação dramática. Para isso, seria necessário um espaço arquitetônico mais reduzido em relação ao espaço convencional e que pudesse ser arrumado conforme as necessidades do espetáculo, ou seja, um espaço flexível e adaptável às mais variadas formas do espetáculo. Assim originaram-se as salas experimentais e os espaços de múltiplo uso onde cada peça, diretor ou cenógrafo cria seu próprio teatro (ver Fig. 1.2). Figura 1.1 – Teatro das Artes, São Paulo – Palco e platéia fixos. Fonte: Figura extraída do site www.arcoweb.com.br/interiores/interiores93.asp. Acesso em 24 abr. 2006. Capítulo I - Introdução 5 Figura 1.2 – Teatro Poeira, Rio de Janeiro – Teatro flexível, de múltiplo uso. Fonte: Figura extraída do site www.arcoweb.com.br/arquitetura/arquitetura649.asp. Acesso em 24 abr. 2006. Esta nova tendência de salas teatrais levou os estudiosos da acústica a uma nova forma de avaliação dos ambientes cênicos, visto que o teatro experimental exige de uma sala uma diversidade de novos parâmetros, anteriormente usados apenas em salas de concertos ou de ópera. Agora também se faz necessário considerar a mobilidade do palco e platéia. Os teatros chamados múltiplos são caracterizados pela possibilidade de montagem do palco em diversas posições, não possuindo uma caixa cênica propriamente dita. Varas de cenário e iluminação, varandas de manobra e carros contrapesados são colocados visíveis aos olhos do espectador, distribuídos por toda a extensão do espaço possibilitando a liberdade de escolha do local e da configuração do palco e da platéia a ser instalada. Muitos estudos foram desenvolvidos para salas convencionais, onde se desenvolvem atividades específicas como espetáculos teatrais e musicais. Beranek (1973) em um de seus artigos relata as importantes contribuições para os pesquisadores mais atuais dos estudos realizados por Wallace C. Sabine e Frederick V. Hunt em uma época em que a capacidade de uma sala, em termos do número de espectadores, era mais importante que o conforto acústico da mesma. Desde então novos conceitos surgiram, porém, com a finalidade de atender todos os seus usuários atores, músicos, críticos e principalmente os apreciadores, os quais se tornam mais exigentes a cada dia. Capítulo I - Introdução 6 Os estudos de salas com múltiplo uso têm tido um grande crescimento no Brasil. Em um recente trabalho, Bistafa (2004) determina os parâmetros subjetivos mais relevantes para salas de audição crítica tais como: salas para a palavra falada, salas para música, estúdios de áudio e salas de audição musical, utilizando ainda modelos numéricos computacionais para simular o comportamento acústico de tais salas. Esta dissertação apresenta um estudo sobre a acústica do Teatro-Escola da UFPA que será instalado em um galpão localizado ao lado da Escola de Teatro e Dança da UFPA, o qual se encontra em processo de restauração para posterior transformação em um teatro experimental. 1.4 METODOLOGIA DO PROJETO Este projeto foi divido em três importantes etapas. A primeira etapa, que faz referência à revisão bibliográfica, tem o objetivo de verificar os trabalhos desenvolvidos sobre o comportamento acústico de espaços fechados, todos os parâmetros importantes a serem analisados em tais ambientes. Bem como os mais recentes métodos computacionais que vem sendo utilizados para a predição do comportamento acústico em salas. Por outro lado, ainda nesta etapa, foi realizado um estudo do software comercial de raios acústico RAYNOISE para as simulações numéricas que constituem o objeto de estudo das etapas seguintes. Na segunda etapa foi realizado o trabalho de campo propriamente dito, o qual constou do levantamento físico do espaço objeto do estudo, de modo a subsidiar a construção dos modelos geométricos, e as medições de parâmetros acústicos que caracterizam a performance do ambiente no que diz respeito à acústica de sala. Incluída nesta etapa está a validação do modelo computacional do galpão. Na terceira e última etapa do trabalho foi realizada diversas simulações numéricas no galpão, dando a ele as características necessárias de um teatro experimental, assim como a mobilidade do palco e platéia, com o objetivo de prever a melhor performance acústica para as mais diversas configurações espaciais. Capítulo I - Introdução 7 1.5 ESTRUTURA DOS CAPÍTULOS O presente trabalho encontra-se estruturado em sete capítulos. O Capítulo I apresenta uma introdução geral acerca das problemáticas encontradas em teatros experimentais, assim como dos parâmetros necessário para alcançar condições acústicas satisfatórias em tais ambientes. Esse capítulo também contém os objetivos geral e específico desse trabalho, bem como a justificativa da abordagem do tema. O Capítulo II faz uma revisão de bibliografias recentes sobre acústica de salas e das novas metodologias usadas na previsão do campo acústico em ambientes fechados. Este capítulo faz citações de pesquisas realizadas em salas através de simulações computacionais semelhante às desenvolvidas neste trabalho. O Capítulo III trata da fundamentação teórica, com destaque para os parâmetros importantes utilizados para caracterizar o campo acústico em ambientes fechados, como o tempo de reverberação e o nível de pressão sonora. Trata também, das teorias metodológicas baseadas na acústica geométrica tais como os métodos de raios acústicos e da fonte imagem e, dos métodos híbridos de raios acústicos. O Capítulo IV apresenta os procedimentos metodológicos que conduziram o presente trabalho descrevendo os procedimentos adotados e equipamentos utilizados para a realização das medições in loco, bem como a simulação numérica de uma sala para a validação do modelo computacional do galpão que será adaptado para teatro experimental. O Capítulo V apresenta as características físicas e as simulações numéricas do galpão do Teatro-Escola da UPFA. Assim como, as análise e discussões dos resultados obtidos fazendo uma comparação dos resultados numéricos. No Capítulo VI apresenta-se uma discussão da proposta acústica arquitetônica do TEUFPA. Apresenta também, simulações numéricas de três propostas de palco e platéia que poderão ser usados neste teatro. Finalmente, o Capítulo VII apresenta as conclusões extraídas deste trabalho a partir dos resultados obtidos e faz sugestões para trabalho futuros a partir deste. CAPÍTULO II REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Nesta revisão bibliográfica foram analisados diferentes trabalhos relacionados ao conforto acústico de ambientes fechados, como salas destinadas à palavra falada e salas destinadas à música, às teorias usadas em acústica de salas para o cálculo das respostas impulsivas, como Teoria de Acústica Geométrica/Estatística e Teorias de Raios Acústicos e das Fontes Imagem, assim como exemplos de estudos do comportamento acústico realizados em salas conceituadas e de simulações numéricas em salas com programas do tipo traçados de raios. Souza (1997) considera que o campo sonoro de um ambiente é conseqüência de várias características, como dimensões e geometria da sala, absorção sonora das superfícies envolventes, absorção e difusão do som pelos objetos, potência e diretividade das fontes sonoras, entre outras. Segundo ele, a Acústica Geométrica apresenta-se como a teoria mais utilizada para a simulação por computador em Acústica de Salas, inclusive por ser a mais intuitiva em função da analogia com a óptica. Os métodos de simulação auxiliada por computador se apresentaram nos últimos anos como a ferramenta mais poderosa na previsão do campo acústico de salas, em especial aqueles baseados em raios acústicos e fonte imagem. Os métodos da fonte imagem especular e dos raios acústicos, com diversas derivações, servem de base para a criação de algoritmos e programas de computador (Souza, 1997). O método da fonte imagem especular assume que o som se propaga como um raio. Esse raio se comporta como uma onda plana, embora seja considerada a atenuação devido à divergência esférica, uma vez que o método considera que a energia emitida pela fonte sonora é distribuída igualmente entre um número discreto de raios sonoros. O raio, às vezes chamado de partícula, é emitido de forma determinística ou aleatória conforme o algoritmo. Cada raio viaja à velocidade do som e colide com as superfícies e obstáculos, onde é refletido de acordo com a lei Capítulo II – Revisão Bibliográfica 9 de reflexão especular. Alguns algoritmos também permitem a consideração de reflexão difusa. O nível de energia de cada raio diminui tanto nas reflexões, quanto progressivamente devido à absorção do ar. Interrompe-se a propagação de um raio quando a energia nele contida não for mais representativa (Souza, 1997; Gerges, 2002). Beranek (2002) apresenta uma lista de definições para sensações subjetivas percebidas em salas de concerto e casas de ópera, como resultado de um estudo e entrevistas realizadas com músicos, profissionais de acústica, ouvintes e apreciadores de concertos, tendo por objetivo o desenvolvimento de uma linguagem comum entre músicos e profissionais de acústica. Neste trabalho foram definidos 25 termos que envolvem todos os aspectos importantes da música executada em ambientes fechados com audiência de mais de 700 pessoas, destas as principais definições são: Audibilidade (“Strength” ou “Loudness”): é a energia total que alcança o ouvinte nos primeiros 80 milisegundos. Se a intensidade do som aumenta ou diminui cerca de 10 dB, então a audibilidade no ouvido dobra ou reduz a metade, respectivamente. Vivacidade e médias freqüências: a vivacidade está relacionada com o tempo de reverberação. Uma sala com um pequeno tempo de reverberação e chamada de morta ou seca. Este termo é muito subjetivo corresponde ao tempo de reverberação entre 350 a 1.400 Hz, sendo esta a região mais sensível da audição humana. Definição ou clareza: os termos "definição" e "clareza" são sinônimos para a mesma qualidade musical. Nomeiam o grau em que um ouvinte pode distinguir sons em um desempenho musical. A definição é compreendida de duas formas: horizontal, relacionado aos tons tocados na sucessão e vertical, relacionado aos tons tocados simultaneamente. Envolvimento (“Spaciousness”): este fenômeno origina principalmente das reflexões laterais das salas refere-se à impressão subjetiva de estar Capítulo II – Revisão Bibliográfica 10 “imerso” no campo acústico. Esta sensação pode ser interpretada como resultado da transmissão de informações que atingem ambas as orelhas. Intimidade ou Presença e Intervalo de Atraso de Tempo Inicial: a sala pode ter intimidade quando o som refletido pelas paredes parece com o original, tem-se a sensação de ouvir os sons musicais como se estivesse numa sala pequena, independentemente do tamanho da sala real. Assim, a intimidade está relacionada com a diferença entre o som direto e as primeiras reflexões, também conhecida como Intervalo de Atraso de Tempo Inicial. Timbre: é a qualidade do som que distingue um instrumento de outro ou uma voz de outra. O timbre dos instrumentos não deve ser alterado pela sala. Quando isto ocorre, diz-se que a sala introduz “coloração” ao som (coloração tonal). Segundo Granado e Bistafa (2003) a possibilidade de exportar a geometria gerada em software tipo CAD para programas do tipo “traçado de raios” é muito atraente para o arquiteto que busca simular o comportamento acústico de uma sala. É implícito ter bom conhecimento da acústica de salas para a escolha dos parâmetros do programa e das medidas acústicas objetivas fornecidas por este último, a fim de se obter uma boa estimativa da qualidade acústica da sala sob estudo. Em uma simulação acústica de um teatro aqueles mesmos autores apresentaram sua experiência com o programa comercial disponível de traçado de raios (CATT-Acoustics v. 7.2 – Room Acoustics Prediction and Desktop Auralization) no diagnóstico do desempenho acústico de salas para a palavra falada. Os resultados obtidos entre as medições e as simulações são, no entanto, incoerentes. Estas incoerências foram justificadas em virtude da falta de experiência do usuário com o sistema técnico do programa, assim também, como a falta de informação sobre os coeficientes de absorção e, principalmente, de difusão sonora dos materiais de revestimento da sala. Tenenbaum e Camilo (2004) realizaram um estudo sobre simulação numérica de acústica de salas através do método híbrido, onde apresentam suas principais vantagens comparando-se com a simulação por modelo reduzido, a saber: o baixo Capítulo II – Revisão Bibliográfica 11 custo, a rapidez na modelagem e remodelagem da sala e no tratamento dos resultados. A simulação é realizada através do programa comercial RAIOS 3, desenvolvido pelos próprios autores, baseado na combinação de dois consagrados métodos numéricos: o método de traçado de raios para simulação das reflexões especulares e o método de transição de energia modificado para simulação das reflexões difusas. Os autores ressaltam que, depois de validado experimentalmente e comparado com outros softwares comerciais, o RAIOS 3 atingiu ótimos resultados. Gade et al. (2003) apresentam o projeto “ERATO”, um grande projeto de contexto internacional financiado pela União Européia, com o objetivo de identificação, avaliação e revivificação da herança acústica dos teatros antigos. Em seu trabalho, apresentam análises experimentais e numéricas realizadas no Teatro Aspendos, na Turquia. As simulações foram realizadas através do software comercial ODEON, onde dois modelos foram criados e analisados: um modelo simplificado com 362 superfícies e outro detalhado com 6.049 superfícies. Vários parâmetros para salas destinadas à música foram analisados e comparados entre os valores medidos e os simulados (modelo simplificado e detalhado). Os resultados concordaram na maioria dos parâmetros analisados, o que permitiu aos autores concluir que ambos são capazes de predizer o campo acústico dos ambientes de forma satisfatória. Bistafa (2003) em uma pesquisa aborda o mesmo assunto que Beranek, porém, define as mais variadas salas como salas de audição crítica. Considera que para cada tipo de ambiente de audição crítica existem atributos acústicos subjetivos característicos. Estes atributos não se encontram ainda totalmente definidos para a maioria das salas de audição crítica, sendo muitos dos existentes alvos de considerável debate e controvérsia, e, por este motivo, objeto de pesquisa e desenvolvimento. Na mesma pesquisa, ressalta a necessidade dos arquitetos e acústicos entenderem o significado dos termos utilizados por músicos e críticos musicais na avaliação de atributos subjetivos de qualidade sonora em salas. Dentre eles: audibilidade, vivacidade, calor, clareza, envolvimento, intimidade e timbre. Gerges et al. (2004) apresentam uma revisão das grandezas psicoacústicas usadas para quantificar a percepção humana do som em um auditório. Alguns parâmetros acústicos foram determinados experimentalmente a partir da resposta impulsiva da sala, com o auxílio da técnica de MLS (mais conhecida como Capítulo II – Revisão Bibliográfica Seqüências de Comprimento 12 Máximo) e comparados àqueles obtidos numericamente, através de um programa comercial de Acústica de Raios. Assim, mesmo não existindo um consenso formal sobre quais parâmetros acústicos são mais importantes para a avaliação da qualidade acústica de uma sala, sabe-se que a maioria destes parâmetros pode ser obtida através de um processamento das respostas impulsivas do ambiente. Respostas impulsivas podem ser medidas diretamente com um microfone em uma determinada posição da sala, produzindo um sinal sonoro que se aproxime de um pulso no domínio do tempo (Gerges et al., 2004). Ainda de acordo com aqueles autores, existem três frentes teóricas usadas em acústica de salas, dentre as quais duas podem ser úteis para o cálculo das respostas impulsivas, a saber, a teoria de ondas acústicas e a teoria da acústica de raios. A acústica de raios ou acústica geométrica, de uma forma mais geral, sempre foi mais utilizada no auxílio de projetos acústicos de salas, seja através de modelos físicos em escala reduzida, ou através de modelos computacionais. A acústica geométrica assume que o som se comporta como raios de luz, refletindo nas superfícies de contorno do ambiente, sendo atenuado, dependendo do coeficiente de absorção da superfície (Gerges et al., 2004). O uso do programa de acústica de raios requer, entretanto, certos cuidados. Para cada ambiente simulado é necessário que se tenha absoluta certeza de que os parâmetros, tais como número de raios e ordem de reflexão, seja bem escolhidos, isto é, não sejam subestimados de forma a afetar o resultado final. Dessa forma, ao realizarem uma análise computacional em um auditório, tais autores utilizaram o software comercial RAYNOISE para fazer a simulação numérica da sala e, em seguida, comparar seus resultados com aqueles medidos na sala. Os resultados obtidos através do RAYNOISE, com e sem difusão sonora, foram então comparados às medições em uma dada posição do auditório investigado, para uma dada posição do microfone. A maior parte dos resultados dos parâmetros investigados apresentam concordância razoável, quando foram consideradas reflexões difusas. Se os efeitos de difusão não são considerados, os resultados numéricos tendem a divergir dos valores experimentais (Gerges et al., 2004). Tenenbaum e Vasconcellos (2004) realizaram um trabalho na Sala São Paulo, a qual é reconhecida por músicos e críticos em geral por sua “boa acústica”. Tendo dimensões similares àquelas de salas de concerto mundialmente famosas, Capítulo II – Revisão Bibliográfica 13 tem ainda a peculiaridade de possuir acústica variável graças às inúmeras configurações possíveis de seu teto móvel, o que é explorado por músicos e maestros, dependendo do estilo musical executado. Citam ensaios acústicos executados na referida sala, para uma posição da fonte, algumas posições de ouvinte e variadas configurações de teto. Foram levantadas respostas impulsivas binaurais com o uso de uma cabeça artificial. Os resultados mostraram que todos os parâmetros de qualidade acústica são sensíveis às variações de configuração de teto, sendo essa sensibilidade menor para o tempo de reverberação e maior para o tempo de decaimento inicial, para o índice de clareza e para o tempo central. A razão de baixos, que indica o “calor” da sala, também se mostrou bastante sensível às modificações de forma e volume. Isso permitiu que concluissem que a afinação da sala a partir de seu forro móvel é efetiva, estando inclusive de acordo com o “ponto de escuta” acústico, algumas das escolhas de configuração adotadas pelos músicos. Em virtude do desenvolvimento dos estudos acústicos realizados em salas, como foi apresentado nesta revisão bibliográfica, este trabalho busca contribuir com um estudo acústico de um teatro experimental que, por sua vez, envolve o estudo de salas com boa inteligibilidade e musicalidade, para diferentes configurações de palco/platéia. Para o desenvolvimento desse trabalho se fez necessário analisar três Normas em particular: A Norma NBR 10.151 – Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade – que tem o objetivo de fixar as condições exigíveis para avaliação da aceitabilidade do ruído em comunidades. Ela especifica um método para a medição de ruído, a aplicação de correções nos níveis medidos (de acordo com a duração, característica espectral e fator de pico) e uma comparação dos níveis corrigidos, com um critério que leva em consideração os vários fatores ambientais. Apresenta os seguintes procedimentos de medições no interior de edificações: Medições nos ambientes internos devem ser efetuadas a uma distância no mínimo 1 m das paredes, a 1,2 m acima do piso e a 1,5 m de janelas; Capítulo II – Revisão Bibliográfica 14 Os níveis sonoros medidos em interiores devem ser a média de pelo menos 3 posições a 0,5 m uma da outra (com a finalidade de se reduzir distorções oriundas de ondas estacionárias). A média aritmética das leituras determina o valor a ser tomado. E é importante que as medições sejam efetuadas nas condições de utilização normal do ambiente, isto é, com as janelas abertas ou fechadas de acordo seu uso normal. E que todos os equipamentos estejam calibrados por laboratórios credenciados pelo Governo Federal; sendo no mínimo, equipamentos do Tipo 2; que antes da medição o medidor seja ajustado para a leitura do nível indicado na carta de calibração do calibrador acústico. A Norma NBR 10.152 – Níveis de Ruído Para Conforto Acústico – que tem por objetivo fixar os níveis de ruído compatíveis com o conforto acústico em ambientes diversos. Este norma, no que se refere às medições de ruído, segue as disposições da NBR 10.151 e as normas brasileiras correspondentes. Apresenta uma tabela sugerindo valores de dB(A) e NC para diversos tipos de ambientes. Para Salas de Uso múltiplo são de 35 – 45 e 30 – 35, e, para Auditórios, Salas de Concertos e Teatros são de 30 – 40 e 25 – 30, respectivamente. O menor valor representa o nível sonoro para conforto, enquanto que o maior valor significa o nível sonoro aceitável para tais finalidades. A Norma NBR 12.179 – Tratamento Acústico em Recintos Fechados – tem por objetivo fixar os critérios fundamentais para execução de tratamentos acústicos em recintos fechados. O tratamento acústico, destinado ao conforto humano, implica no conhecimento de valores das condições locais, em função do conjunto de condições do recinto, a saber: O nível de som exterior, em decibel; O nível de som do recinto, em decibel (em função do gênero de atividade deste recinto); Planta de situação do imóvel onde se acha o recinto a ser tratado; Plantas e cortes longitudinal a transversal do recinto; Capítulo II – Revisão Bibliográfica 15 Especificações dos materiais empregados no recinto: de construção (P.ex.: pisos, paredes, etc.) e de utilização (mesas, poltronas, cortinas, etc.). O tratamento acústico do recinto compreende determinações para: Isolamento Acústico: - Através do uso adequado de materiais capazes de permitir a necessária impermeabilidade acústica, previamente fixada; Condicionamento Acústico: - Pelo estudo geométrico-acústico do recinto e cálculo do tempo de reverberação. O estudo geométrico-acústico para auditórios, teatros, cinemas, etc., deve ser examinar as plantas e cortes do recinto, levando em conta os materiais a serem empregados, considerando uma ou mais fontes sonoras, previamente localizadas. Tal estudo visa conhecer a distribuição dos sons diretos ou refletidos, de modo a serem conseguidas, em todo o recinto, as melhores condições de audibilidade, sendo assim: O projetista deve utilizar as superfícies do teto para obter o reforço sonoro necessário à boa audibilidade, e ainda eventualmente utilizar as superfícies das paredes; para tanto deve empregar defletores (no caso de reflexão do som orientada) ou difusores (no caso de simples distribuição do som em todos os sentidos); A forma geométrica do recinto pode assim sofrer modificações tanto em planta como em corte, necessárias à boa distribuição do som; Terminado o estudo geométrico-acústico do recinto, o cálculo do tempo de reverberação é feito por uma das fórmulas apresentadas no Capítulo III no item 3.2.2. Os Valores Recomendados de Tempo de Reverberação em função do volume para diversos tipos de ambientes são apresentados na Figura 3.3 do Capítulo III. No capítulo seguinte poderá ser observada a fundamentação teórica da metodologia utilizada, tanto nos trabalhos citados neste capítulo como no trabalho desenvolvido nesta dissertação. CAPÍTULO III FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 IMPORTANTES PARÂMETROS ACÚSTICOS PARA TEATROS Um parâmetro importante em salas destinadas à fala, como é o caso de um teatro, é a inteligibilidade da palavra. O ouvinte precisa, sem grandes esforços, entender a mensagem que chega até ele. A inteligibilidade é maximizada pelo aumento da relação sinal/ruído, a qual aumenta com a diminuição do nível de ruído de fundo no ambiente. Os componentes arquitetônicos destas salas – dimensões, forma, orientação das superfícies e materiais, bem como o nível de ruído de fundo – influenciam a inteligibilidade. Em Long (2006) encontram-se alguns requisitos fundamentais para projetos de salas destinadas a palavra falada, cada um dos quais visando aumentar a relação sinal/ruído para o receptor. São eles: Audibilidade - deve haver um adequado volume de som no ambiente; O nível sonoro deve ser relativamente uniforme; A reverberação característica deve ser apropriada; Deve haver uma alta relação sinal/ruído, o que implica em um baixo nível de ruído de fundo para não interferir com o envolvimento do ouvinte; A sala deve estar livre de defeitos acústicos tais como reflexões longas e demoradas, ecos e ecos palpitantes, focalização (ofuscamento acústico), e coloração tonal. A presença de defeitos acústicos pode contribuir para uma inteligibilidade pobre e desconforto geral dos ouvintes. Em auditórios longos, devem-se evitar áreas de sombras acústicas, principalmente embaixo de balcões. Existem diversos fenômenos, associados com reflexões simples e múltiplas, que podem prejudicar a boa inteligibilidade em salas e que podem ser evitados. Ecos, por exemplo, ocorrem quando um som refletido (com suficiente nível sonoro) atinge um ouvinte após um dado tempo da chegada do som direto (da ordem de 50 Capítulo III – Fundamentação Teórica 17 a 80 ms). Conforme Long (2006), a causa pode ser uma simples reflexão de uma parede do fundo de um auditório Long (2006). Eco e reverberação, entretanto, não são sinônimos. Enquanto o primeiro é uma repetição do som original que é distintamente perceptível pelo ouvido humano, a reverberação é um prolongamento do som direto, a partir de múltiplas reflexões, devendo acontecer de forma controlada, a fim de se tornar benéfica para a qualidade acústica da sala. Na reverberação, os sons não são percebidos separadamente, mas se a mesma for demasiadamente longa, pode dificultar compreensão do som original (Long, 2006). Ecos palpitantes são ecos que persistem localmente devido a múltiplas reflexões entre planos paralelos, côncavos, ou superfícies angulares. São percebidos por causa da capacidade do ouvido humano de distinguir com certa facilidade sons que possuem uma forte periodicidade, como é o caso, por exemplo, de uma onda sonora refletindo seguidamente entre duas paredes paralelas de um corredor (Mehta et al., 1999). A Fig. 3.1 apresenta exemplos de defeitos acústicos. Coloração tonal é a ênfase de certas freqüências ou bandas de freqüências sobre outras. Pode ser causada pelo grande espaçamento em freqüência de modos acústicos em uma sala (principalmente em salas pequenas) ou por materiais absorvedores de som que retiram energia acústica da sala unicamente em uma estreita faixa de freqüência (Long, 2006). Focalização é o acúmulo numa sala de energia sonora em regiões localizadas em detrimento de outras, devido, principalmente, a superfícies côncavas. Já o sombreamento acústico é a obstrução da passagem da onda sonora, viajando da fonte, ou de uma superfície refletora significativa, para o receptor (Long, 2006). Cada um dos defeitos acústicos mencionados anteriormente pode prejudicar a qualidade acústica de uma sala, porém, os mesmos podem ser evitados a partir de um cauteloso projeto (Long, 2006). Capítulo III – Fundamentação Teórica 18 Figura 3.1 – Defeitos Acústicos. Fonte: Long (2006). Quando um teatro tem características experimentais, ou seja, quando é utilizado tanto para palavra falada quanto para música (ou ambos), tornam-se necessários cuidados especiais, em virtude da grande diferença das condições necessárias para uma boa sala, para uma ou outra função (música ou palavra falada). Como princípio básico (De Marco, 1982), procura-se garantir uma boa inteligibilidade, pois de outro modo seria impossível a comunicação verbal. Posteriormente, o tempo de reverberação (que é o tempo necessário para o nível sonoro decair 60 dB em uma sala, a partir de um estado estacionário) deverá ser um pouco mais longo que o recomendado para salas destinadas à palavra. 3.1.1 Propagação Sonora em Salas: Campo Livre e Campo Difuso De acordo com Mehta et al. (1999), o campo livre é descrito como a região do espaço no qual o nível sonoro decai 6 dB para cada dobro da distância (predominância do som direto da fonte), tal como acontece no espaço aberto, livre de reflexões. Capítulo III – Fundamentação Teórica 19 Em laboratório, condições de campo livre podem ser criadas a partir de salas construídas especialmente para este propósito, denominadas câmaras anecóicas. Em uma câmara anecóica todas as superfícies internas, incluindo o piso, são cobertas com absorvedores sonoros em forma de cunhas, de modo a impedir a formação de reflexões sonoras. Normalmente o material absorvedor do piso é protegido por uma malha de arame estrutural. A malha estrutural é bastante resistente para suportar o peso de equipamentos e técnicos. Desse modo, observa-se que em um campo livre ideal todo som que atinge um receptor advém diretamente da fonte sonora, ou seja, não há som refletido. Em contraste, o campo sonoro em que há predominância de sons refletidos é denominado campo reverberante. Em um campo reverberante ideal (campo difuso), o nível sonoro é uniforme. O campo difuso é um modelo estatístico utilizado para descrever espaços cujas dimensões são grandes o bastante e onde há uma quantidade suficiente de modos acústicos. Neste tipo de campo sonoro há igual densidade de energia em todos os pontos de um espaço fechado. Numa sala real, entretanto, há regiões do espaço que apresentam características de campo livre e outras com características de campo reverberante. A propagação do som ao ar livre é afetada pela atenuação ao longo do caminho de transmissão e é estimada através de correções aditivas para divergência esférica da onda sonora, absorção do ar, reflexões, efeitos de vegetação, topografia do solo, barreiras, além de espalhamento devido a obstáculos. Também pode ser afetada por variações nas condições atmosféricas tais como: umidade relativa do ar e temperatura, (Gerges, 2000). A atenuação do nível de pressão sonora com a distância depende da distribuição das fontes de ruído. Considerando uma fonte pontual simples, a relação entre o nível de potência sonora NWS, o nível de pressão sonora NPS e a distância entre a fonte e o ponto de medição r é dada pela equação 3.1 (Gerges, 2000): NPS(θ) = NWS + DI(θ) - 20log r - 11 (3.1) em que DI(θ) é o índice de diretividade da fonte sonora (DI(θ) = 10 logQ(θ)) e Qθ é o fator de diretividade da fonte sonora (igual a 1 para fontes onidirecionais). Então tem-se 6 dB de atenuação para cada duplicação da distância r. Capítulo III – Fundamentação Teórica 20 3.1.2 Equações do Campo Difuso: Teorias de Sabine e Eyring O tempo de reverberação é uma característica importante em uma sala. A idéia originalmente concebida por Wallace Clement Sabine (Gerges, 2000), consiste na existência de um tempo característico para o som atingir um nível inaudível em uma sala. O campo sonoro dentro da sala e seu espectro dependem da absorção das superfícies internas, além da geometria do recinto. Escolher um tempo ótimo de reverberação para uma sala depende de seu uso. Os fatores que determinam o tempo de reverberação são: volume, forma da sala, tipo e forma de distribuição dos materiais de absorção sonora. De acordo com Sabine, o tempo de reverberação Tr é definido como o tempo correspondente ao decaimento do nível de intensidade de 60 dB (Gerges, 2000): Tr = 0,161 V A (3.2) em que, V é o volume (m3) e A é a absorção total (m2) dada pela equação: A = ∑ αiSi (3.3) i sendo Si a área das superfícies da sala (m2) e αi o coeficiente de absorção sonora (adimensional). A Fig. 3.2 mostra o crescimento e o decaimento do nível de pressão sonora no interior de uma sala, em função do tempo e da quantidade de absorção sonora presente no interior do recinto. Capítulo III – Fundamentação Teórica 21 Figura 3.2 – Crescimento e caimento do nível de pressão sonora. Fonte: Gerges (2000). A equação de Sabine foi deduzida para condições de campo difuso (onde reflexões sonoras durante o decaimento do som são suficientes para criar uma distribuição de densidade de energia uniforme), não sendo aplicável nos casos em que o coeficiente médio de absorção sonora é alto. Uma modificação na equação de Sabine para ambientes de alta absorção foi sugerida por Eyring, que considera as múltiplas reflexões das paredes como um grupo equivalente de fontes imagens. A energia acústica em qualquer ponto consiste na acumulação de incrementos sucessivos provenientes da fonte verdadeira (Gerges, 2000). Então, o tempo de reverberação passa a ser calculado através da seguinte equação: Tr = 0,161 V − S ln(1 − α ) (3.4) Essa equação é mais precisa que a equação de Sabine, quando o coeficiente médio de absorção sonora, α é grande. Normalmente, a equação de Eyring é utilizada em salas com α superior a 20%. 3.1.3 Valores Recomendados de Tempo de Reverberação Como mencionado anteriormente, o tempo ótimo de reverberação depende do uso de cada sala. Assim, características de uma sala para mensagem falada são diferentes de uma sala para música. A Fig. 3.3 apresenta o tempo ótimo de Capítulo III – Fundamentação Teórica 22 reverberação em função do volume e de cada tipo de sala na banda de freqüência de 500 Hz. 3.1.4 A Predição do Campo Acústico O desenvolvimento de pequenos computadores no final do século XX permitiu a capacidade de criar modelos matemáticos de espaços acústicos e reproduzir o som de uma sala antes de sua construção. Deve-se ter o cuidado, entretanto, de reconhecer as limitações dos modelos construídos. As simplificações necessárias para a execução dos cálculos numéricos em um tempo razoável ainda produzem um quadro imperfeito da realidade. Todavia como as sofisticações técnicas e habilidades computacionais aumentam tais os modelos estão em constante evolução. Figura 3.3 – O tempo ótimo de reverberação. Fonte: Navarro (2004). Capítulo III – Fundamentação Teórica 23 3.1.5 Acústica Geométrica Atualmente, a acústica geométrica apresenta-se como a teoria mais utilizada para simulações por computador em acústica de salas. De acordo com Tenenbaum e Camilo (2004), a acústica geométrica modela a onda sonora nas médias e altas freqüências, admitindo os pressupostos da ótica geométrica, que admite raios acústicos retilíneos irradiados a partir da fonte sonora. Cada um desses raios possui as informações do espectro de potência e da distância percorrida pela onda. Propagando-se em linha reta o raio vai sendo submetido aos efeitos dissipativos causados pela viscosidade do meio (ar) e pelas superfícies de contorno da sala, que incluem os fenômenos de absorção, reflexão especular e reflexão difusa. Chama-se especular a reflexão que obedece a lei de Snell, isto é, o raio incidente, a normal à superfície e o raio refletido por esta, estão no mesmo plano, com o ângulo de reflexão igual ao ângulo de incidência, como indica a Fig. 3.4. Figura 3.4 – Reflexão Especular. Fonte: Tenenbaum e Camilo (2004). Qualquer parcela da energia da onda sonora que se espalha, propagando-se por direções distintas da especular, é considerada como reflexão não-especular, ou reflexão difusa. 3.1.6 Método da Fonte Imagem Especular O Método da Fonte Imagem Especular usa a fonte imagem especular virtual para traçar os caminhos das reflexões sonoras da fonte sonora ao receptor. O som é Capítulo III – Fundamentação Teórica 24 propagado como um raio, o qual se comporta como se fosse uma onda plana. São então determinadas fontes imagem de primeira ordem e de ordens superiores (ver Figs. 3.5 e 3.6). A contribuição energética de cada fonte imagem é computada levando em consideração a distância percorrida e as atenuações ocorridas em cada reflexão. A Fig. 3.7 ilustra um problema simples de uma sala retangular com uma fonte esférica no ponto S e um receptor no ponto R. As fontes imagens de primeira ordem são construídas para o ponto S com referência a todas as paredes: S1, S2, S3 e S4 (Raynoise, 1993). 3.1.7 Método dos Raios Acústicos O Método de Acústica de Raios assume que a energia emitida pela fonte sonora é distribuída igualmente entre um número discreto de raios sonoros. Cada raio tem uma energia inicial igual ao total da energia da fonte dividida por uma série de raios. Cada um viaja à velocidade do som e colide com as paredes, piso e teto, etc., onde é refletido de acordo com a lei de reflexão especular. O nível de energia de cada raio decresce com as reflexões por meio da absorção das superfícies e progressivamente com a absorção do ar. Quando a energia de um raio não for mais representativa a propagação é interrompida (Raynoise, 1993). Figura 3.5 – Caminhos de reflexão de primeira ordem em salas retangulares. Fonte: Raynoise (1993). Capítulo III – Fundamentação Teórica 25 Figura 3.6 – Fonte imagem de terceira ordem e caminho das reflexões correspondentes. Fonte: Raynoise (1993). São definidas as áreas ou volumes receptores para o cálculo da energia sonora nos diferentes pontos da sala. Observa-se cada raio que cruza o volume receptor (ver Fig. 3.7). O número de raios cruzando o volume receptor e as contribuições de energia desses raios determinam o nível de pressão sonora. Perdas devido à divergência esférica são incluídas como resultado da crescente separação entre os raios enquanto eles se afastam da fonte com o passar do tempo (Raynoise, 1993). Figura 3.7 – Traçado de um raio acústico da fonte ao volume receptor. Fonte: Raynoise (1993). Capítulo III – Fundamentação Teórica 26 3.1.8 Métodos Híbridos de Raios Acústicos Os métodos híbridos (ver Fig. 3.8) combinam a natureza determinística, derivada do método da fonte imagem, com algumas características estatísticas do método de raios acústicos (Souza, 1997). Figura 3.8 – Efeitos combinados de reflexão especular e difusa (espalhamento). Fonte: Tenenbaum e Camilo (2004). a) Método de Raios Cônicos No método de Raios Cônicos emite-se um grande número de cones com seus vértices na fonte. A propagação dos cones na sala é alcançada pela aplicação de um algoritmo de raios acústicos nos eixos dos cones. Quando um ponto receptor se encontra entre duas reflexões consecutivas, uma fonte imagem visível é encontrada. Sua contribuição é calculada usando divergência esférica em cone, tal como ilustrado nas Figs. 3.9 e 3.10 (Raynoise, 1993). Capítulo III – Fundamentação Teórica 27 Figura 3.9 – A propagação de um cone por limites físicos. Fonte: Raynoise (1993). Figura 3.10 - Feixe de raios cônico ou triangular. Fonte: Raynoise (1993). Segundo Souza (1997), surgem dois problemas: o primeiro é que o cruzamento das seções circulares dos cones não reconstrói a onda esférica, frontal original precisando ser ponderada. O segundo é que a frente do cone em propagação cresce com o seu afastamento da fonte. Com isso, aumenta também a chance deste atingir uma aresta. Quando isso ocorre, aparece o efeito chamado de estreitamento do feixe de raios: algumas das fontes imagem visíveis serão associadas com um caminho de reflexão errado e podem, por isso, não ser consideradas, tornando-se fontes imagem perdidas como mostram as Figs. 3.11 e 3.12. Capítulo III – Fundamentação Teórica 28 Figura 3.11 – Compensação dos raios cônicos: ponderação máxima no centro e mínima nas bordas. Fonte: Raynoise (1993). Figura 3.12 – Estreitamento de raio que ocorre tanto em feixes cônicos quanto triangulares. Fonte: Raynoise (1993). b) Método de Raios Triangulares O método de Raios Triangulares é muito similar ao Método de Raios Cônicos, mas, ao invés de emitir cones, pirâmides de base triangular são usadas para discretizar a frente de ondas esféricas. Dessa forma, não sofre do primeiro problema anteriormente citado, pois as pirâmides adjacentes cobrem perfeitamente a fonte esférica. Não necessita, então, de funções para compensar a sobreposição dos feixes de raios (ver Fig. 3.13). Já o problema de estreitamento do feixe de raios permanece (Souza, 1997). Capítulo III – Fundamentação Teórica 29 Figura 3.13 – Método de Raios Cônicos e Triangulares. Fonte: Raynoise (1993). Este capítulo apresentou o estudo teórico realizado para melhor domínio das necessidades acústicas e das metodologias mais utilizadas de recintos fechados, e também, dos principais parâmetros que precisam ser analisados nesta ambientes. A partir destas informações, o capítulo IV apresenta o estudo acústico realizado em uma sala de dança da ETDUFPA com o intuito de validar o modelo computacional do teatro experimental. CAPÍTULO IV PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 4.1 EQUIPAMENTOS E PROCEDIMENTOS GERAIS DE MEDIÇÃO Este trabalho objetiva a construção de um modelo numérico para simulação de diversas condições acústicas de uma sala que funcionará como um teatro experimental para a Universidade Federal do Pará (UFPA). Assim, para dar suporte ao desenvolvimento de tal modelo, faz-se necessária a medição de uma série de parâmetros em uma sala de testes, a fim de servirem de base para validação do modelo computacional. Este capítulo, portanto, apresenta inicialmente os equipamentos e os procedimentos gerais utilizados nas medições acústicas na sala de testes. As medições foram efetuadas utilizando-se os seguintes equipamentos (Fig. 4.1): Microcomputador; Analisador Pulse B&K 3560C; Amplificador de potência B&K 2716; Fonte Dodecaédrica B&K 4296; Tripé para o microfone; Microfone para medição em campo difuso B&K 4942; Calibrador para microfone B&K 4231. 4.2 COLETA DE DADOS EXPERIMENTAIS DA SALA PARA CALIBRAÇÃO DO MODELO COMPUTACIONAL O Teatro Experimental da UFPA será instalado em um anexo, com características de galpão, da Escola de Teatro e Dança da UFPA (ver Figs. 4.2, 4.3 e 4.4). Atualmente, este galpão é usado como depósito de máquinas e utensílios cenográficos. Em virtude disso, não foi possível realizar medições acústicas in loco. Capítulo IV – Procedimentos Metodológicos___________________________________________ 31 Figura 4.1 – Modelo Esquemático da Infra-Estrutura usada nas medições experimentais. Fonte: Tutorial Pulse. VISTA A VISTA B Figura 4.2 – Planta de Localização e Zoneamento do Galpão de Escola de Teatro e Dança. Figura 4.3 – Vistas frontal e lateral do galpão, anexo da Escola de Teatro e Dança da UFPA. Capítulo IV – Procedimentos Metodológicos___________________________________________ 32 VISTA A VISTA B Figura 4.4 – Vistas internas A e B do galpão, anexo da Escola de Teatro e Dança da UFPA. Para a validação do modelo computacional do galpão foram realizadas medições acústicas em uma sala utilizada para aulas de dança, da Escola de Teatro e Dança da UFPA (ETDUFPA). Os mesmos parâmetros empregados na simulação numérica desta sala serão utilizados na simulação do galpão. 4.2.1 Caracterização da Sala A sala utilizada para calibração do modelo computacional é uma das salas para aulas de dança da Escola de Teatro e Dança da UFPA. Apresenta superfícies extremamente refletoras como paredes em reboco pintado com espessa alvenaria, forro em concreto pintado e piso em assoalho de madeira. Possui base retangular com 8,62 m de largura, 11,56 m de comprimento e 4,45 m de altura, com volume de 466,50 m3 e área total das superfícies de 414,30 m2 como se observa nas Figs. 4.5 e 4.6. Vista externa da sala de Dança. Figura 4.5 – Vistas externas da sala de dança da Escola de Teatro e Dança da UFPA. Capítulo IV – Procedimentos Metodológicos___________________________________________ 33 Figura 4.6 – Vistas internas A e B da sala de dança da Escola de Teatro e Dança da UFPA. Durante as medições a sala estava totalmente vazia, com porta e janelas fechadas, apresentando pequenas frestas. Suas superfícies possuem os materiais listados na Tab. 4.1, com seus respectivos coeficientes de absorção sonora. Tabela 4.1 – materiais existentes nas superfícies da sala de testes, com seus respectivos coeficientes de absorção sonora. SUPERFÍCIES MATERIAL PAREDES COEF. DE ABSORÇÃO POR FREQÜÊNCIA (Hz) 125 250 500 1.000 2.000 4.000 Reboco liso 0,02 0,02 0,02 0,02 0,03 0,06 FORRO Concreto 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,02 PISO Madeira 0,15 0,11 0,10 0,07 0,06 0,07 0,04 0,04 0,03 0,02 0,02 - 0,14 - 0,06 - 0,10 - JANELAS PORTAS Vidraça de janela Em madeira Fonte: NBR 12.179 e Toro (2005). 4.2.2 Resultados Experimentais de Tempo de Reverberação (Tr) O tempo de reverberação foi medido através do decaimento do nível de pressão sonora da sala, a partir do seu nível de estado estacionário. As medições foram realizadas em seis pontos diferentes da sala com diferentes alturas de microfone. Foram realizadas três medições por ponto, para duas posições diferentes de fonte sonora. Dessa forma, pôde-se fazer uma média que representasse o tempo Capítulo IV – Procedimentos Metodológicos___________________________________________ 34 de reverberação real da sala. As Figs. 4.7 e 4.8 mostram a disposição das fontes e dos microfones na sala. Figura 4.7 – Planta da Sala com disposição dos Microfones. Figura 4.8 – Geometria da Sala com disposição de Fontes e Microfones. O tempo de reverberação foi medido nas bandas de freqüências de 125 a 4.000 Hz (oitavas). Os resultados obtidos através das medições realizadas na sala estão apresentados na Fig. 4.9 que apresenta o tempo de reverberação médio obtido entre os resultados para a Fonte 1, Fonte 2 e a média geral entre os dois resultados. Capítulo IV – Procedimentos Metodológicos___________________________________________ 35 TEMPO DE REVERBERAÇÃO EXPERIMENTAL 5,00 Tr (s) 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00 125 250 500 1000 2000 4000 Fonte 1 (s) 2,63 3,48 3,98 4,39 3,72 2,61 Fonte 2 (s) 3,39 3,36 4,04 4,25 3,61 2,63 Tr Exp (s) 3,01 3,42 4,01 4,32 3,66 2,62 FREQ (Hz) Figura 4.9 – Resultados Experimentais de Tempo de reverberação. 4.2.3 Resultados Experimentais de Nível de Pressão Sonora (NPS) As medições do NPS foram realizadas em trinta e cinco pontos diferentes da sala com uma única altura de microfone (1,60 m), criando uma malha retangular plana que representasse o volume receptor da sala com um total de trinta e cinco pontos. Foi realizada uma medição por ponto com apenas uma única posição de fonte sonora (Fonte 1), em um dos cantos da sala. Dessa forma, pôde-se fazer uma média que representasse o NPS total da sala nas bandas de 125 a 4.000 Hz. As Figs. 4.10 e 4.11 mostram a disposição da fonte e dos microfones na sala. Figura 4.10 – Planta da Sala com disposição de Fonte e Microfones. Capítulo IV – Procedimentos Metodológicos___________________________________________ 36 Figura 4.11 – Geometria da Sala com disposição de Fonte e Microfones. O NPS também foi medido nas bandas de freqüências de 125 a 4.000 Hz. Os resultados obtidos através das medições do NPS da sala estão apresentados na Fig. 4.12, que apresenta o NPS total, além dos valores medidos para o ruído de fundo (RF) da sala. RESULTADOS EXPERIMENTAIS DE NPS 100 NPS (dB) 80 60 40 20 0 125 250 500 1000 2000 4000 RF (dB) 49,92 42,78 40,95 38,43 35,35 28,87 NPS Exp (dB) 91,56 98,01 87,45 89,65 87,23 82,26 Figura 4.12 – Resultados de NPS. FREQ (Hz) Capítulo IV – Procedimentos Metodológicos___________________________________________ 37 4.3 SOFTWARE COMERCIAL DE RAIOS ACÚSTICOS RAYNOISE Análises computacionais em ambientes internos e externos têm sido aperfeiçoadas tecnologicamente fazendo com que a modelagem de espaços tridimensionais se torne mais precisa. Atualmente, os computadores se tornaram capazes de calcular os mais diversos efeitos da propagação de ondas sonoras. Isso é realizado através de métodos numéricos que transportam a realidade física para a linguagem computacional. O RAYNOISE é precisamente um modelo de propagação acústica em ambientes internos, incluindo reflexão e difusão sonora, absorção das paredes e do ar, difusão e transmissão através de paredes. Sua metodologia é baseada nos métodos mais consagrados atualmente (citados no Capítulo III), a saber - o método da fonte imagem, o método de raios acústicos e o método híbrido. Nesta metodologia, cada polígono representa uma superfície e cada superfície é associada a um a tipo de material com seu respectivo coeficiente de absorção sonora e/ou coeficientes de difusão, dependendo se a simulação será especular ou difusa. Os raios são propagados matematicamente e guardam propriedades que incluem a potência e localização da fonte sonora. Um número limitado de raios é espalhado, onde cada raio representa um cone ou raios em forma de pirâmides de energia, sendo irradiados a partir da fonte. Os raios propagados colidem com as superfícies diminuindo sua energia a cada colisão. O tempo de computação depende fortemente da quantidade de raios propagados. Um receptor pode ser modelado como um ponto ou esfera no espaço. Em um traçado de raios uma colisão é registrada quando um receptor cai dentro do ângulo dos raios de uma pirâmide. Se isso não acontecer, o raio segue até se encontrar com uma superfície. O RAYNOISE não é o único programa que utiliza esta metodologia. No entanto, é um programa de computação avançado, projetado para fazer simulações que possam predizer satisfatoriamente o comportamento acústico de ambientes. Capítulo IV – Procedimentos Metodológicos___________________________________________ 38 4.4 MODELAGEM ACÚSTICA PARA CALIBRAÇÃO DO MODELO GEOMÉTRICO DE UMA SALA ATRAVÉS DO SOFTWARE COMERCIAL RAYNOISE O modelo geométrico foi criado no software AutoCAD e armazenado no formato “.dxf” para, posteriormente, ser importado para o software RAYNOISE. Para a melhor calibração do modelo, a análise computacional seguiu a mesma metodologia da análise experimental. Foram inseridas no modelo duas fontes onidirecionais: uma em cada canto da sala em uma das paredes laterais. Para a análise de NPS apenas uma posição de fonte foi utilizada: a Fonte 1. Para a análise de tempo de reverberação, as duas posições de fonte foram utilizadas, como mostra a Fig. 4.13. Foram obtidos resultados para cada posição de fonte e, logo depois, uma média dos dois resultados. Figura 4.13 – Modelo Computacional usado para Simulação Numérica. Os parâmetros utilizados nas simulações numéricas precisam ser escolhidos com muita cautela para que estes não sejam subestimados afetando assim, o resultado final. Por isso, foram realizadas várias simulações modificando, principalmente, o número de raios emitidos pela fonte e a ordem de reflexão, até que estes se estabilizassem. Os parâmetros de entrada foram: • Importação do modelo geométrico da sala; Capítulo IV – Procedimentos Metodológicos___________________________________________ 39 • Ruído de Fundo existente na sala; • Potência em cada banda de freqüência e posição de cada fonte; • Constante de atenuação do ar (valores contidos no programa RAYNOISE), Temperatura de 30 °C e umidade relativa de 85%; • Os materiais das superfícies com seus respectivos coeficientes de absorção sonora, (ver Tab. 1); • Convergência: o número de raios utilizado foi de 20.000, enquanto o número de reflexões foi de 323; • O método utilizado foi o de raios cônicos, em virtude de gastar menos tempo que o método de raios triangulares para convergir. 4.4.1 Resultados Numéricos de Tempo de Reverberação Os resultados obtidos de tempo de reverberação através do software RAYNOISE foram satisfatórios (ver Fig. 4.14). No entanto, percebe-se uma pequena diferença entre os resultados experimentais e numéricos. Nas bandas de freqüências de 125 e 250 Hz, as mais baixas, os resultados numéricos foram maiores que o experimental. Na banda de 500 Hz, o experimental foi maior que o numérico e nas altas freqüências obteve-se uma grande aproximação com os resultados experimentais. A Fig. 4.14 apresenta uma comparação entre os resultados experimentais e os resultados numéricos a partir das Equações de Sabine e Eyring. COMPARAÇÃO ENTRE Tr EXPERIMENTAL x Tr NUMÉRICO 5,00 Tr (s) 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00 125 250 500 1000 2000 4000 Tr Exp (s) 3,01 3,42 4,01 4,32 3,66 2,62 Tr Sabine (s) 3,31 3,80 3,72 4,33 3,66 2,53 Tr Eyring (s) 3,21 3,72 3,63 4,26 3,59 2,47 FREQ (Hz) Figura 4.14 – Comparação entre os Resultados Experimentais e Numéricos de Tempo de reverberação. Capítulo IV – Procedimentos Metodológicos___________________________________________ 40 4.4.2 Resultados Numéricos de Nível de Pressão Sonora Os resultados obtidos de NPS também foram satisfatórios (ver Fig. 4.15). Pode-se perceber uma pequena diferença entre os resultados nas baixas freqüências, 125 e 250 Hz, onde o resultado numérico foi menor que o experimental. Nas médias e altas freqüências obteve-se uma grande aproximação com os resultados experimentais, como pode ser observado na Fig. 4.15. Isso pode ser explicado pelo fato do software funcionar melhor nas bandas de freqüências mais altas, as quais envolvem valores pequenos de comprimento de onda e, portanto, as ondas sonoras são melhores aproximadas por raios. COMPARAÇÃO ENTRE NPS EXPERIMENTAL x NPS NUMÉRICO NPS (dB) 100,00 95,00 90,00 85,00 80,00 125 250 500 1000 2000 4000 NPS Exp (dB) 91,56 98,01 87,45 89,65 87,23 82,26 NPS Num (dB) 89,01 94,63 88,04 88,86 87,18 83,52 FREQ (Hz) Figura 4.15 – Comparação entre os Resultados Experimentais e Numéricos de NPS. O programa apresenta um mapeamento do NPS da sala com um diagrama de cor que nos possibilita visualizar o campo sonoro global da sala em dB(A) e em cada banda de freqüência analisada em dB. Esta distribuição pode ser observada nas Figs. 4.16 a 4.22. Nestas figuras observa-se uma distribuição sonora homogênea no ambiente, a qual possui uma atenuação com a distância menor que 3dB em todos pontos. Capítulo IV – Procedimentos Metodológicos___________________________________________ 41 Figura 4.16 – Campo Acústico global da sala em dB(A). Figura 4.17 – Campo Acústico da sala na banda de 125 Hz. Capítulo IV – Procedimentos Metodológicos___________________________________________ 42 Figura 4.18 – Campo Acústico da sala na banda de 250 Hz. Figura 4.19 – Campo Acústico da sala na banda de 500 Hz. Capítulo IV – Procedimentos Metodológicos___________________________________________ 43 Figura 4.20 – Campo Acústico da sala na banda de 1000 Hz. Figura 4.21 – Campo Acústico da sala na banda de 2000 Hz. Capítulo IV – Procedimentos Metodológicos___________________________________________ 44 Figura 4.22 – Campo Acústico da sala na banda de 4000 Hz. A partir das informações obtidas através da análise computacional desta sala foi possível realizar a simulação numérica do galpão da ETDUFPA apresentada no Capítulo V. A análise no galpão tem por objetivo entender o seu comportamento acústico para comparar com os resultados obtidos após a reforma arquitetônica e da introdução dos materiais acústicos. CAPÍTULO V ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS NUMÉRICOS E ANALÍTICOS DO GALPÃO DO ETDUFPA 5.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO GALPÃO A proposta do Teatro experimental da Escola de Teatro e Dança da UFPA (ETDUFPA) diz respeito ao imóvel tombado pelo Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da Secretaria Executiva de Cultura do Estado, sendo este, cedido por acordo entre o Centro Federal de Ensino Tecnológico – instituição responsável pela manutenção do imóvel – e a UFPA. Tal como mencionado no Capítulo 1 um teatro experimental é indispensável para uma escola de teatro e dança, em virtude da necessidade de um espaço em que os alunos possam desenvolver os mais diversos exercícios. Em Belém, atualmente, encontra-se apenas um teatro com esta característica: o Teatro Experimental do Pará Waldemar Henrique, cuja fachada é mostrada na Fig. 5.1 e aspectos internos na Fig. 5.2.. Figura 5.1 – Vista externa do Teatro Experimental do Pará – Waldemar Henrique. Fonte: Arquivo da UFPA. Capítulo V – Análise e Discussão dos Resultados Numéricos e Analíticos do Galpão da ETDUFPA 46 Figura 5.2 – Vista interna do Teatro Experimental do Pará – Waldemar Henrique. Fonte: Arquivo da UFPA. A grande carência de um espaço experimental em Belém fez com que a ETDUFPA apresentasse uma proposta desafiadora de construir um teatro experimental na própria escola. Entretanto, para isso seria necessário adaptar o galpão existente na escola em um espaço flexível capaz de atender às exigências de seus usuários. A Fig. 5.3 apresenta uma vista aérea do galpão anexo ao prédio da escola. GALPÃO Figura 5.3 – Ortofoto da Escola de Teatro e Dança da UFPA. Fonte: Depto. de Arquitetura e Urbanismo da UFPA. Capítulo V – Análise e Discussão dos Resultados Numéricos e Analíticos do Galpão da ETDUFPA 47 O galpão em estudo apresenta superfícies extremamente refletoras como: paredes em reboco liso pintado, com espessa alvenaria; piso cimentado; e forro em madeira envernizada, com um grande vazio por trás. Possui base retangular de 34,60 m de comprimento, 8,36 m de largura e 5,65 m de altura até o forro, com um volume equivalente a 1.632 m3 e 1.063 m2 de área total das superfícies. A Fig. 5.4 apresenta a geometria tridimensional do galpão. Esta figura foi extraída do software RAYNOISE, sendo que cada uma das cores observadas destaca um tipo diferente de material das superfícies. Figura 5.4 – Geometria do galpão da Escola de Teatro e Dança da UFPA. Os materiais das superfícies do galpão são similares aos existentes na sala utilizada para calibração do modelo, com exceções do piso, forro e portas, conforme listado na Tab. 5.1. Capítulo V – Análise e Discussão dos Resultados Numéricos e Analíticos do Galpão da ETDUFPA 48 Tabela 5.1 – Materiais existentes nas superfícies da sala, com seus respectivos coeficientes de absorção sonora. COEF. DE ABSORÇÃO POR FREQUÊNCIA (Hz) SUPERFÍCIES MATERIAL 125 250 500 1000 2000 4000 PAREDES Reboco liso 0,02 0,02 0,02 0,02 0,03 0,06 PISO Concreto ou cerâmico 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,02 FORRO Madeira 0,15 0,11 0,10 0,07 0,06 0,06 JANELAS Vidraça de janela 0,04 0,04 0,03 0,02 0,02 - PORTAS Em aço 0,05 0,10 0,10 0,10 0,07 0,02 DIVISÓRIA Compensado 0,28 0,22 0,17 0,09 0,10 0,11 Fonte: NBR 12 179 e Toro, (2005). 5.2 SIMULAÇÃO NUMÉRICA DO GALPÃO DA ETDUFPA Similarmente ao modelo de calibração apresentado no Capítulo IV, o modelo geométrico do galpão foi criado no software AutoCAD e armazenado no formato .dxf para, posteriormente, ser importado para o software Comercial RAYNOISE. A análise computacional do modelo seguiu a mesma metodologia de análise usada na calibração e a excitação ficou por conta de uma única fonte sonora que irradia a mesma quantidade de energia em todas as bandas de freqüência, com o objetivo de avaliar a resposta de freqüência da sala investigada. O ruído de fundo usado para a simulação computacional foi obtido através da Norma NBR 10.152, que fixa os níveis de ruído compatíveis com o conforto acústico em ambientes diversos. A análise foi realizada a partir dos valores de NC (Nível Critério) recomendados para as atividades que serão desenvolvidas no espaço. O NC de uma sala de uso múltiplo fica em torno de NC 30 – 35, onde, 30 é o nível sonoro para conforto e 35 o nível sonoro aceitável para tal atividade. A Tab. 5.2 lista os níveis de pressão sonora que correspondem às curvas de avaliação (NC), as quais foram usadas para definir os valores aceitáveis de ruído de fundo para o teatro experimental. Capítulo V – Análise e Discussão dos Resultados Numéricos e Analíticos do Galpão da ETDUFPA 49 Tabela 5.2 – Níveis de Pressão Sonora (NPS) correspondentes às curvas de avaliação (NC). 63 Hz 125 Hz (dB) (dB) 15 47 36 20 50 41 25 54 44 30 57 48 35 60 52 40 64 57 45 67 60 50 71 64 55 74 67 60 77 714 65 80 75 70 83 79 Fonte: Norma NBR 10152. Curva 250 Hz (dB) 29 33 37 41 45 50 54 58 62 67 71 75 500 Hz (dB) 22 26 31 36 40 45 49 54 58 63 68 72 1000 Hz (dB) 17 22 27 31 36 41 46 51 56 61 66 71 2000 Hz (dB) 14 19 24 29 34 39 44 49 54 59 64 70 4000 Hz (dB) 12 17 22 28 33 38 43 48 53 58 63 69 8000 Hz (dB) 11 16 21 27 32 37 42 47 52 57 62 68 A Fig. 5.5 mostra a geometria do galpão com a fonte sonora e uma malha plana de microfones virtuais na altura média do ouvido de uma pessoa em pé (1,60 m), para a obtenção do campo acústico. Figura 5.5 – Geometria do galpão com posicionamento da fonte e da malha de microfones virtuais. Sendo assim, os parâmetros de entrada no software RAYNOISE para a simulação do galpão totalmente vazio foram: Importação do modelo geométrico; Ruído de Fundo (Tab. 5.2); Capítulo V – Análise e Discussão dos Resultados Numéricos e Analíticos do Galpão da ETDUFPA 50 Uma mesma potência em cada banda de freqüência e posição de cada fonte; Constante de atenuação do ar (valores contidos no software RAYNOISE), temperatura de 30 °C e umidade relativa de 85%; Os materiais das superfícies com seus respectivos coeficientes de absorção sonora ver (Tab. 5.1); Convergência: o número de raios utilizado foi de 20000, enquanto a ordem de reflexões foi de 356; O método utilizado foi o de raios cônicos (ver seção 4.4). 5.3 COMPARAÇÃO ENTRE RESULTADOS NUMÉRICOS E ANALÍTICOS DO GALPÃO Os resultados de tempo de reverberação obtidos no galpão através da simulação numérica foram comparados aos resultados do tempo de reverberação analítico obtidos através de uma rotina para cálculo de tempo de reverberação (“Tempo de Reverberação – TR 60”) desenvolvido no software LabVIEW. O LabVIEW é um software baseado na linguagem G (linguagem de programação gráfica) que emprega ícones ao invés de texto para criar aplicativos trazendo algumas vantagens para aplicações científicas e de engenharia, principalmente em aplicações de aquisição e manipulação de dados. A rotina para obtenção de tempo de reverberação criado através do LabVIEW calcula o tempo de reverberação pelas equações de Sabine e Eyring, apresentando um gráfico de RT60 nas bandas de freqüências de 125 Hz a 4.000 HZ. Os resultados de tempo de reverberação analítico do galpão, assim como, a descrição do programa, podem ser encontrados no Apêndice desta dissertação. A Fig. 5.6 mostra uma comparação entre os resultados analíticos e os resultados numéricos a partir da Equação de Sabine, enquanto que a Fig. 5.7 mostra uma comparação dos resultados a partir da Equação de Eyring. Capítulo V – Análise e Discussão dos Resultados Numéricos e Analíticos do Galpão da ETDUFPA 51 Comparação entreTr de Sabine Analítico x Numérico 7,5 Tr (s) 6 4,5 3 1,5 0 125 250 500 1000 2000 4000 Tr ANALÍTICO 4,46 5,51 5,59 7,01 6,82 4,93 Tr NUMÉRICO 4,44 5,33 5,24 6,3 5,39 3,54 Freq (Hz) Figura 5.6 - Comparação entre o Tr de Sabine, analítico e numérico do Galpão. Comparação entreTr de Eyring Analítico x Numérico 7,5 Tr (s) 6 4,5 3 1,5 0 125 250 500 1000 2000 4000 Tr ANALÍTICO 4,34 5,38 5,46 6,89 6,69 4,81 Tr NUMÉRICO 4,32 5,21 5,13 6,21 5,39 3,54 Freq (Hz) Figura 5.7 – Comparação entre o Tr de Eyring, analítico e numérico do Galpão. Os resultados de tempo de reverberação apresentados no software RAYNOISE foram satisfatórios quando comparados aos resultados analíticos, principalmente na banda de 125 Hz. Nas demais bandas, no entanto, percebe-se certa diferença entre os mesmos, onde, os resultados numéricos apresentaram tempos de reverberação menores que os analíticos. O campo acústico do galpão é visualizado através de um diagrama de cores que apresenta o nível de pressão sonora global em dB(A) e nas bandas de freqüência de 125 a 4.000 Hz. Nas Figs. 5.8 a 5.14 pode-se visualizar como o galpão está se comportando acusticamente e observar que, apesar de apresentar um alto tempo de reverberação, há uma queda significativa do NPS, de aproximadamente 6 dB, do início ao final da malha de microfones virtuais ao longo do galpão. Capítulo V – Análise e Discussão dos Resultados Numéricos e Analíticos do Galpão da ETDUFPA Figura 5.8 – Campo acústico global do galpão. Figura 5.9 – Campo acústico do galpão na banda de 125 Hz. 52 Capítulo V – Análise e Discussão dos Resultados Numéricos e Analíticos do Galpão da ETDUFPA Figura 5.10 – Campo acústico do galpão na banda de 250 Hz. Figura 5.11 – Campo acústico do galpão na banda de 500 Hz. 53 Capítulo V – Análise e Discussão dos Resultados Numéricos e Analíticos do Galpão da ETDUFPA Figura 5.12 – Campo acústico do galpão na banda de 1000 Hz. Figura 5.13 – Campo acústico do galpão na banda de 2000 Hz. 54 Capítulo V – Análise e Discussão dos Resultados Numéricos e Analíticos do Galpão da ETDUFPA 55 Figura 5.14 – Campo acústico do galpão na banda de 4000 Hz. A proposta arquitetônica do Teatro Experimental da UFPA (TEUFPA) foi desenvolvida visando promover um espaço capaz de satisfazer às mais diversas necessidades de seus usuários. Sendo assim, o maior objetivo era construir um espaço com qualidade acústica sem utilizar equipamentos eletroacústicos para isso. Dessa forma, o Capítulo VI apresenta de forma objetiva a análise numérica da proposta arquitetônica do teatro experimental, bem como de três propostas de configurações de palco/platéia usadas em um teatro experimental. CAPÍTULO VI PROPOSTA ACÚSTICA PARA PROVÁVEIS POSIÇÕES DE PALCO E PLATÉIA DO TEATRO EXPERIMENTAL DA UFPA 6.1 DISCUSSÃO DA PROPOSTA ARQUITETÔNICA DO TEATRO EXPERIMENTAL DA UFPA A proposta arquitetônica do Teatro Experimental da UFPA (TEUFPA), por ser desenvolvida para um prédio tombado pelo Patrimônio Público, não pode envolver grandes alterações, principalmente na fachada do prédio. As modificações mais evidentes realizadas no prédio foram nas janelas e portas. As janelas atuais do galpão não são as originais da construção, por isso puderam ser retiradas. Algumas foram totalmente vedadas e outras transformadas em portas, tal como a configuração original da edificação. A porta de entrada foi fechada para reconstituição de seus vãos originais. O prédio possui dimensões acusticamente inadequadas, ou seja, comprido e estreito demais, o que pode ocasionar defeitos acústicos na sala, tais como reflexões prolongadas e ecos palpitantes. Assim, visando evitar a ocorrência destes defeitos, foi feita a proposição da criação de um hall de acesso que possibilitasse melhores proporções para a sala de espetáculos. A Fig. 6.1 apresenta uma planta baixa do galpão. As linhas em vermelho são paredes a serem construídas no prédio referentes ao WC feminino e masculino com acesso externo pelas laterais, hall de entrada com recepção e vedação de portas e janelas. Os novos acessos da sala estão indicados com uma seta. Figura 6.1 – Planta Baixa do Galpão com modificações. Fonte: Depto. de Arquitetura e Urbanismo da UFPA. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 57 Experimental da UFPA A Fig. 6.2 ajuda a entender a redução obtida no volume do prédio. Além do hall de acesso, também foi criado um mezanino, onde será instalada a sala de iluminação e som, as passarelas que contornam todas as paredes internas da sala e uma passarela central acompanhando o comprimento do recinto. Tais passagens servem não apenas para circulação dos técnicos e atores, mas também de apoio na utilização de materiais cenotécnicos, som e iluminação. Figura 6.2 – Proposta Arquitetônica para o Teatro Experimental da UFPA. Fonte: Depto. de Arquitetura e Urbanismo da UFPA. O objetivo da proposta arquitetônica não é apenas apresentar uma sala bela e inovadora para apresentações audaciosas, mas uma sala com atributos que realmente satisfaçam as necessidades e expectativas de seus usuários, sejam eles atores, técnicos ou espectadores. A Fig. 6.3 apresenta uma vista interna tridimensional da sala. Nesta figura pode-se observar a disposição das passarelas laterais e o posicionamento da passarela central apoiada em estruturas metálicas que vão de um pilar a outro, mostrando também a inclinação do forro que acompanha a declividade da cobertura e a parte central paralela ao piso. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 58 Experimental da UFPA Figura 6.3 – Vista interna tridimensional da sala de espetáculos vazia. Fonte: Depto. de Arquitetura e Urbanismo da UFPA. As etapas do projeto do teatro experimental da UFPA, assim como, as vistas das fachadas do teatro após a execução podem ser encontradas no Anexo. 6.2 SIMULAÇÃO NUMÉRICA DO TEATRO VAZIO As simulações realizadas para o teatro foram semelhantes àquelas para o galpão, ou seja, foram usados os mesmos níveis de ruído de fundo, a mesma potência sonora em cada banda de freqüência, a mesma localização da fonte e a mesma malha plana de microfones virtuais (ver Capítulo V). Porém, fez-se necessário considerar os novos materiais introduzidos na sala, como o piso em madeira, o forro acústico, as passarelas metálicas e as portas em madeira (totalmente vedadas). Os materiais das superfícies do teatro estão listados na Tab. 6.1. A sala permanece com base retangular, porém, com novas dimensões de 29,84 m de comprimento, 8,36 m de largura e 7,95 m de altura no ponto mais alto do forro, com um volume de 1785 m3 e 1186,90 m2 de área total das superfícies. A Fig. 6.4 mostra a geometria tridimensional da sala de espetáculo do TEUFPA com a inserção de malha de microfones virtuais e fonte sonora. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 59 Experimental da UFPA Figura 6.4 – Vista interna tridimensional da sala de espetáculos vazia. Tabela 6.1 – Materiais existentes nas superfícies da sala, com seus respectivos coeficientes de absorção sonora. SUPERFÍCIES MATERIAL PAREDES COEF. DE ABSORÇÃO POR FREQUÊNCIA (Hz) 125 250 500 1.000 2.000 4.000 Reboco liso 0,02 0,02 0,02 0,02 0,03 0,06 PISO Madeira 0,15 0,11 0,10 0,07 0,06 0,07 FORRO Forro Acústico 0,45 0,60 0,59 0,73 0,67 0,53 JANELAS Vidraça de janela 0,04 0,04 0,03 0,02 0,02 - PORTAS Em madeira 0,14 - 0,06 - 0,10 - DIVISÓRIAS Gesso Acartonado 0,29 0,10 0,05 0,04 0,07 0,09 PASSARELAS Aço 0,05 0,10 0,10 0,10 0,07 0,02 Fonte: NBR 12.179 e Toro, 2005. Como nas simulações anteriores, os parâmetros de entrada no Software Comercial RAYNOISE para a simulação do teatro experimental totalmente vazio foram: Importação do modelo geométrico do galpão; Ruído de Fundo (ver Capítulo V, Tab. 5.2); Uma mesma potência em cada banda de freqüência e posição de cada fonte; Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 60 Experimental da UFPA Constante de atenuação do ar (valores contidos no programa RAYNOISE), Temperatura de 30 °C e umidade relativa de 85%; Os materiais das superfícies com seus respectivos coeficientes de absorção sonora (Tab. 6.1); Convergência: o número de raios utilizado foi de 20000, enquanto a ordem de reflexões foi de 84; O método utilizado foi o de raios cônicos (ver seção 4.4). A Fig. 6.5 mostra um gráfico comparativo entre os resultados das simulações numéricas de tempo de reverberação (Tr) de Eyring do galpão e do teatro experimental, ambos vazios. Através dele pode-se observar uma grande diferença entre os tempos de reverberação em cada banda de freqüências, devido às mudanças nas dimensões da sala e nos tipos de materiais utilizados, mesmo que a sala ainda não apresente um tempo de reverberação ótimo. É importante ressaltar, entretanto, que o modelo da sala ainda não conta com a absorção resultante da platéia, até esta fase do desenvolvimento do trabalho. Apesar de a sala apresentar boa distribuição sonora ao longo da audiência resultando em uma queda de aproximadamente 7 dB(A) entre o inicio e o final da platéia, pode-se observar na Fig. 6.5 que mesmo a sala tendo sido simulada com o forro totalmente absorvedor, o Tr continua alto, com um tempo de 1,23 s na banda de freqüências de 500 Hz. A Fig. 6.6 mostra o campo acústico do teatro, onde o NPS global, em dB(A), pode ser visualizado através do diagrama de cores obtido numericamente. Comparação entre Tr Numérico de Eyring Tr Galpão x Tr Teatro 6 Tr (s) 5 4 3 2 1 0 125 250 500 1000 2000 4000 Tr GALPÃO 4,32 5,21 5,13 6,21 5,39 3,54 Tr TEATRO 1,43 1,22 1,23 1,07 1,12 1,26 Figura 6.5 – Curvas de Tr do Galpão e do Teatro Experimental. FREQ (Hz) Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 61 Experimental da UFPA Figura 6.6 – Campo Acústico global do Teatro Experimental. 6.3 SIMULAÇÃO NUMÉRICA CONSIDERANDO PALCO E PLATÉIA Após a análise computacional da sala de espetáculos do teatro experimental vazio, a qual foi apresentada com resultados satisfatórios em virtude da introdução de materiais que viabilizassem um melhor conforto acústico desta sala, fez-se necessária analisá-la com a introdução da platéia. Contudo, um teatro experimental implica em uma variedade de configurações de palco e platéia. Assim, realizou-se um estudo com três destas disposições das muitas outras configurações propostas para este teatro. O objetivo é alcançar uma configuração que melhor satisfaça as múltiplas necessidades acústicas da sala. As simulações numéricas apresentadas nesta seção foram realizadas utilizando os mesmos parâmetros utilizados na simulação numérica da sala de espetáculos do teatro experimental vazio, mudando-se apenas a ordem de reflexão, que passou para 75. Sendo que, esta é ordem de reflexão máxima usada pelo software RAYNOISE. A Tab. 6.2 apresenta a lista de materiais, com seus respectivos coeficientes de absorção sonora, utilizados nas simulações apresentadas nesta seção. O Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 62 Experimental da UFPA coeficiente de absorção sonora da audiência foi obtido através de tabela, oferecida no próprio software RAYNOISE para valores típicos de audiência. Tabela 6.2 – Materiais existentes nas superfícies da sala, com seus respectivos coeficientes de absorção sonora. SUPERFÍCIES MATERIAL PAREDES COEFICIENTE DE ABSORÇÃO POR FREQUÊNCIA (Hz) 125 250 500 1.000 2.000 4.000 Reboco liso 0,02 0,02 0,02 0,02 0,03 0,06 PISO Madeira 0,15 0,11 0,10 0,07 0,06 0,07 FORRO Acústico 0,45 0,60 0,59 0,73 0,67 0,53 JANELAS Vidraça de janela 0,04 0,04 0,03 0,02 0,02 - PORTAS Em madeira 0,14 - 0,06 - 0,10 - Gesso Acartonado 0,29 0,10 0,05 0,04 0,07 0,09 Aço 0,05 0,10 0,10 0,10 0,07 0,02 PLATÉIA 2 pessoas por m2 0,28 0,40 0,78 0,98 0,96 0,87 REFLETOR Compensado 0.28 0.22 0.17 0.09 0.10 0.11 PASSARELAS Sonex – Placa Soft (3ª Simulação) (Illbruck) 0.07 0.15 0.51 0.91 0.82 0.84 DIVISÓRIAS E FORRO PASSARELAS E ESCADAS Fonte: NBR 12.179 e Toro, 2005. Na seção seguinte serão apresentadas as três configurações utilizadas neste trabalho, assim como os resultados numéricos obtidos para as seguintes condições: a) Sala com audiência e com forro acústico; b) Sala com audiência e com forro acústico apenas na parte inclinada, sendo que na parte central do forro foi utilizado gesso acartonado com o objetivo de aplicá-lo como painel refletor; c) Sala com audiência e com forro acústico apenas na parte inclinada, gesso acartonado na parte central do forro e material de absorção sonora nas passarelas de apoio técnico; d) Sala com audiência, com forro acústico e com painéis refletores. Nesta seção, serão apresentados os resultados de NPS em dB(A) e o Tr de Eyring em segundos (s) nas bandas de 125 a 4.000 Hz para todos os modelos. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 63 Experimental da UFPA 6.3.1 Modelo 1 (Palco Italiano) O palco Italiano é caracterizado pela disposição frontal da platéia em relação ao palco e é o mais utilizado nos teatros tradicionais, dentre as tipologias existentes. A Fig. 6.7 mostra uma das configurações de palco Italiano proposto para o teatro experimental da UFPA. Em outra proposta, com esta mesma configuração, os corredores seriam nas laterais e os assentos centralizados. Entretanto, esta é a proposta menos aplicada em um teatro experimental, o que não invalida o estudo realizado, pois é importante conhecer o comportamento acústico da sala em um caso em que uma grande parte da audiência se encontra distante da fonte. Por ser experimental, este modelo descarta a caixa cenográfica, a boca de cena e as cortinas. A configuração de palco italiano será nomeada neste trabalho como MODELO 1. O MODELO 1, dentre as propostas sugeridas, apresenta assentos ao nível do chão e em cima de praticáveis, totalizando 128 pessoas na audiência. Figura 6.7 – Configuração de Palco Italiano proposto para ETUFPA, MODELO 1. A Fig. 6.8 apresenta a geometria da sala de espetáculos do TEUFPA com fonte sonora em frente à platéia e as malhas de microfones virtuais na altura média do ouvido de uma pessoa sentada na audiência, que dista do chão 1,10 m. Estas condições foram utilizadas em todas as simulações realizadas nesta sala para a obtenção do campo acústico do MODELO 1. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 64 Experimental da UFPA Figura 6.8 – Geometria do MODELO 1 com fonte e audiência. Uma simulação considerando a sala vazia foi realizada para este modelo, com a malha de microfones virtuais situada na mesma localização das demais aplicadas nas simulações com audiência. A Fig. 6.9 mostra o campo acústico da sala de espetáculos do TEUFPA com NPS em dB(A) através de um diagrama de cores. Figura 6.9 – Campo Acústico do MODELO 1 sem audiência na sala. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 65 Experimental da UFPA O tempo de reverberação da sala vazia pode ser visualizado na Fig. 6.4 onde é feita a comparação entre o Tr de Eyring do teatro experimental com o Tr do galpão. Apesar desta simulação ser a mesma apresentada na seção 6.2, ao se analisar a distribuição sonora da sala com as malhas de microfones virtuais na mesma posição das malhas do MODELO 1, observa-se que há uma atenuação do NPS com a distância de aproximadamente 5 dB(A) ), o que é bastante favorável aos ouvintes, os quais não serão prejudicados pela distância à fonte. a) Simulação 1 – Sala com audiência e aplicação de forro acústico Nesta primeira simulação, a sala foi analisada com o forro totalmente absorvedor e considerando a absorção da audiência. A Fig. 6.10 apresenta o resultado de Tr de Eyring para este modelo. É importante ressaltar que, para esta sala possuir uma boa inteligibilidade, é necessário um tempo de reverberação ótimo de aproximadamente 0,85 s na banda de 500 Hz. Isso, em virtude, do volume da sala, (ver subseção 3.1.3) que apresenta os valores recomendados de Tr em função do volume na banda de freqüências de 500 Hz. Além de Tempo de Reverberação Ótimo, a sala precisa de uma distribuição sonora uniforme (ver Fig. 6.11). Tr (s) - Simulação 1 1,60 Tr (s) 1,40 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 Simulação 1 - Tr (s) 125 250 500 1000 2000 4000 1,33 1,06 0,89 0,73 0,76 0,86 FREQ. (Hz) Figura 6.10 – Resultado de Tr do MODELO 1 na Simulação 1. A introdução do coeficiente de absorção sonora na sala possibilitou um resultado de Tr menor que o observado neste mesmo ambiente, quanto vazio, porém, pode ser observado no diagrama de cores que o NPS nos últimos assentos, reduziu aproximadamente de 2 dB(A), o que não é positivo para a qualidade Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 66 Experimental da UFPA acústica do teatro, onde o objetivo é obter-se uma distribuição o mais homogênea possível em toda a audiência. Em todo caso, uma variação de apenas 7 dB(A) ainda pode ser considerada muito boa. Figura 6.11 – Campo Acústico do MODELO 1 com audiência e com forro acústico. Em virtude dos resultados obtidos na Simulação 1, uma segunda simulação foi realizada na sala com o objetivo de melhorar os resultados, fazendo-se apenas pequenas alterações nos modelos. b) Simulação 2 – Sala com audiência, aplicação de forro acústico na parte inclinada e gesso acartonado na parte central do forro Na Simulação 2 a sala foi analisada considerando a audiência e o forro acústico apenas na parte inclinada do teto; na parte central do teto, ao longo de toda a sala, foi aplicado gesso acartonado, que possui coeficiente de absorção sonora menor (ver Tab. 6.2). Portanto, a parte central do teto poderia ser utilizada como refletor sonoro, aumentado assim a energia sonora refletida para o fundo da sala. A Fig. 6.12 apresenta os resultados de Tr da sala na Simulação 2 comparado aos resultados obtidos na Simulação 1. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 67 Experimental da UFPA Tr (s) Tr (s) - Comparação entre Simulações 1 e 2 1,60 1,40 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 125 250 500 1000 2000 4000 Simulação 1 - Tr (s) 1,33 1,06 0,89 0,73 0,76 0,86 Simulação 2 - Tr (s) 1,42 1,27 1,05 0,88 0,89 0,98 FREQ. (Hz) Figura 6.12 – Resultados de Tr do MODELO 1 nas Simulações 1 e 2. Observa-se que houve um aumento no Tr da sala em virtude da redução do coeficiente de absorção sonora de uma grande área no teto, o que conduziu á realização de uma terceira simulação objetivando a correção do Tr da sala, além da tentativa de se obter uma melhor distribuição sonora no ambiente, visto a mínima diferença entre o resultado da primeira e segunda simulações (ver Figura 6.13). Figura 6.13 – Campo Acústico do MODELO 1 com audiência e forro refletor na parte central do teto. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 68 Experimental da UFPA c) Simulação 3 – Sala com audiência e aplicação de forro acústico na parte inclinada, gesso acartonado na parte central do forro e material de absorção sonora nas passarelas de apoio técnico A sala de espetáculos do TEUFPA possui passarelas metálicas de 0,6 m para apóio técnico que contornam as paredes internas da sala. Através do estudo do percurso dos raios nas simulações anteriores, observou-se que muitos raios que incidem nas passarelas são desviados de maneira aleatória, o que possivelmente estaria interferindo na distribuição sonora da sala. Sendo assim, com o propósito de reduzir a energia acústica contida nestes raios, foi introduzido um material de absorção sonora tipo SONEX® nas passarelas (ver Tab. 6.2). Dessa forma, o Tr da sala também pode ser controlado. Tr (s) Tr (s) - Comparação entre Simulações 1, 2 e 3 1,60 1,40 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 125 250 500 1000 2000 4000 Simulação 1 - Tr (s) 1,33 1,06 0,89 0,73 0,76 0,86 Simulação 2 - Tr (s) 1,42 1,27 1,05 0,88 0,89 0,98 Simulação 3 - Tr (s) 1,10 0,96 0,83 0,67 0,69 0,77 FREQ. (Hz) Figura 6.14 – Resultados Tr do MODELO 1 nas Simulações 1, 2 e 3. A Fig. 6.14 apresenta os resultados de Tr obtidos através da Simulação 3. Das três simulações realizadas para este modelo, esta foi a que mais se aproximou do Tempo de Reverberação Ótimo da sala, citado na subseção (a), sendo o valor de Tr em 500 Hz de 0,83 segundos. Mesmo assim, a distribuição sonora na sala não mudou significativamente em relação às simulações anteriores (ver Fig. 6.15). Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 69 Experimental da UFPA Figura 6.15 – Campo Acústico do MODELO 1 com audiência, forro refletor na parte central do teto e material de absorção sonora nas passarelas. d) Simulação 4 – Sala com audiência, aplicação de forro acústico e painéis refletores A quarta simulação realizada para este modelo considerou as mesmas condições da primeira simulação, no entanto, foram introduzidos na sala painéis refletores suspensos com o objetivo de conduzir as reflexões sonoras em direção aos últimos assentos da audiência. Dessa forma, poderia se esperar uma elevação do NPS nesta área, tornando a distribuição sonora mais homogênea ao longo da audiência. A introdução dos painéis refletores na sala foi realizada como é mostrado na Fig. 6.16, que apresenta uma seção longitudinal da sala, onde pode ser observada a disposição dos painéis refletores no MODELO 1, a localização da audiência, da fonte sonora (F) e da fonte imagem (F’). Percebe-se, também, uma ligeira inclinação dos painéis, visto a necessidade de conduzir o som para as últimas filas da audiência. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 70 Experimental da UFPA Figura 6.16 – Secção Longitudinal do MODELO 1 destacando os painéis refletores suspensos. Neste modelo foram inseridos 4 painéis em compensado de 10 mm de espessura, sendo dois painéis com 2,90 m de comprimento por 2,60 m de largura e dois painéis com 2,90 m de comprimento por 2,80 m de largura. Os coeficientes de absorção sonora dos painéis podem ser encontrados na Tab. 6.2. A Fig. 6.17 apresenta um confrontamento dos resultados de Tr entre as Simulações 1 e 4, visto que a diferença entre os testes ocorrem apenas pela introdução dos painéis. Nesta mesma figura, pode-se observar que o resultado de Tr, já adequados na Simulação 3, apresentaram-se um pouco melhores nas baixas freqüências com a introdução dos painéis, chegando a 0,85 s na banda de freqüência de 500 Hz. Na Fig. 6.18, entretanto, observa-se que a distribuição do NPS da sala não variou em relação à Simulação 1, como poderia ser esperado. Tr (s) Tr (s) - Comparação entre Simulações 1 e 4 1,60 1,40 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 125 250 500 1000 2000 4000 Simulação 1 - Tr (s) 1,33 1,06 0,89 0,73 0,76 0,86 Simulação 4 - Tr (s) 1,21 0,99 0,85 0,71 0,74 0,84 FREQ (Hz) Figura 6.17 – Resultados de Tr do MODELO 1 nas Simulações 1 e 4. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 71 Experimental da UFPA Figura 6.18 – Campo Acústico do MODELO 1 com audiência, com forro acústico e painéis refletores. Através das análises realizadas do percurso dos raios sonoros obtidos pelo programa de simulação, pôde-se observar que: Os painéis estavam sendo visualizados pelo programa. As Figs. 6.19 e 6.20 mostram dois diferentes pontos de microfone, um em cada lado da platéia e posicionados nos últimos assentos, onde é possível constatar-se a reflexão de raios acústicos nos painéis refletores; Ao se analisarem outros raios que atingiram estes pontos, observou-se que a maioria destes raios, antes de chegarem ao ponto de medição, ficaram ricocheteando na parte superior do teto e entre o teto e os painéis refletores. Sendo assim, quando este raio chega no microfone virtual, sua energia é insignificante, não alterando assim a distribuição sonora na sala (ver Fig. 6.21). Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 72 Experimental da UFPA Figura 6.19 – Análise do percurso dos raios no ponto (microfone virtual) 53 do MODELO 1. Figura 6.20 – Análise do percurso dos raios no ponto 128 do MODELO 1. Figura 6.21 – Raios colidindo na parte superior do painel refletor e no teto antes de chegar no ponto (microfone virtual) 128 do MODELO 1. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 73 Experimental da UFPA 6.3.2 Modelo 2 (Palco Totalmente Centralizado) Um teatro experimental é, na realidade, um grande espaço multi-uso, por isso a diversidade de configurações possíveis. Assim, uma outra disposição muito utilizada neste tipo de sala é o palco totalmente centralizado, o qual ocupa toda a largura do recinto e a platéia se divide em duas partes, uma para cada lado do palco. Assim como o Palco Italiano, esta configuração não possui caixa cênica, nem boca de cena, deixando toda a estrutura cenográfica visível aos olhos do espectador. A Fig. 6.22 mostra a disposição proposta de palco totalmente centralizado para o TEUFPA analisado neste trabalho. Esta configuração será denominada de MODELO 2 e apresenta apenas uma fileira de cada lado com assentos ao nível do chão, estando os outros assentos em cima de praticáveis, totalizando uma capacidade de 105 pessoas na audiência. Figura 6.22 – Configuração de palco totalmente centralizado proposto para TEUFPA. A geometria da sala de espetáculos do TEUFPA, com a configuração do MODELO 2, pode ser observada na Fig. 6.23, que apresenta a localização da fonte sonora no meio da sala, onde estaria localizado o palco, além das malhas de microfones virtuais, simulando a altura média do ouvido de uma pessoa sentada na audiência, que dista do chão 1,10 m. Assim como no MODELO 1, estas condições também foram utilizadas em todas as simulações realizadas nesta sala para a obtenção do campo acústico do MODELO 2. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 74 Experimental da UFPA Figura 6.23 – Geometria do MODELO 2 com fonte e audiência. Uma simulação, considerando o ambiente vazio, também foi realizada para este modelo, com o posicionamento das malhas de microfones virtuais na mesma localização das demais simulações com audiência. A Fig. 6.24 mostra o campo acústico da sala de espetáculos do TEUFPA com NPS global em dB(A), através do diagrama de cores obtido no software RAYNOISE. Figura 6.24 – Campo acústico do MODELO 2 sem audiência na sala. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 75 Experimental da UFPA O valor do tempo de reverberação para a sala vazia pode ser visualizado na Fig. 6.4. Apesar desta simulação ser equivalente àquela apresentada na seção 6.2, ao se analisar a distribuição sonora na sala observa-se que, neste caso, a atenuação com a distância foi de apenas 3 dB(A) ao longo da malha de microfones virtuais. a) Simulação 1 – Sala com audiência e aplicação de forro acústico Na Simulação 1 do MODELO 2, a sala foi analisada com o forro totalmente absorvedor e considerando a absorção da audiência, assim como foi realizado no MODELO 1. A Fig. 6.25 apresenta o resultado de Tr de Eyring para este modelo, o qual apresentou um Tr de 0,94 s na banda de 500 Hz (maior que o obtido para o MODELO 1). Tr (s) - Simulação 1 1,60 1,40 Tr (s) 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 FREQ (Hz) 0,20 0,00 Simulação 1 - Tr (s) 125 250 500 1000 2000 4000 1,35 1,09 0,94 0,77 0,80 0,91 Figura 6.25 – Resultado de Tr do MODELO 2 na Simulação 1. A diferença entre o NPS do início ao final da platéia, apresentou uma variação de aproximadamente 3,5 dB(A) (ver Fig. 6.26). Contudo a distribuição de nível sonoro na sala tornou-se mais homogênea que a apresentada na Fig. 6.24, a que mostra a distribuição para a sala vazia. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 76 Experimental da UFPA Figura 6.26 – Campo acústico do MODELO 2 com audiência e aplicação de forro acústico. b) Simulação 2 – Sala com audiência, aplicação de forro acústico na parte inclinada e gesso acartonado na parte central do forro A Simulação 2 para este modelo foi realizada utilizando-se os mesmos procedimentos aplicados à simulação do MODELO 1. A Fig. 6.27 mostra uma comparação entre as Simulações 1 e 2. Neste caso, em virtude das reflexões provenientes da parte central do teto, os resultados de Tr foram maiores que os obtidos na Simulação 1, chegando a um valor superior a 1 s na banda de freqüências de 500 Hz. Assim como o que aconteceu com o MODELO 1, não houve grande diferença na distribuição de nível de pressão sonora da sala, uma vez que a diferença entre os níveis no início e no final da audiência permaneceu praticamente a mesma (ver Fig.6.28). Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 77 Experimental da UFPA Tr (s) - Comparação entre Simulações 1 e 2 Tr (s) 1,60 1,40 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 125 250 500 1000 2000 4000 Simulação 1 - Tr (s) 1,35 1,09 0,94 0,77 0,80 0,91 Simulação 2 - Tr (s) 1,44 1,30 1,12 0,94 0,95 1,04 FREQ (Hz) Figura 6.27 – Resultado Tr do MODELO 1 na Simulação 2. Figura 6.28 – Campo acústico do MODELO 2 com audiência e aplicação de forro refletor na parte central do teto. c) Simulação 3 – Sala com audiência, aplicação de forro acústico na parte inclinada, gesso acartonado na parte central do forro e material de absorção sonora nas passarelas de apoio técnico A introdução de absorção na sala fez com que os resultados de Tr apresentassem uma melhora significativa em todas as bandas de freqüências analisadas. Isso pode ser observado na Fig. 6.29, onde os valores da Simulação 3 são comparados aos obtidos nas simulações anteriores. Assim como nas Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 78 Experimental da UFPA simulações realizadas no MODELO 1, as simulações para o MODELO 2 não apresentaram mudanças significativas na distribuição sonora da sala. Na Fig. 6.30, pode-se visualizar no diagrama de cores que a diferença de NPS entre o início e final das malhas de microfones virtuais permanece com um valor aproximado de 3,5 dB(A). Isto se deve principalmente às propriedades de reflexão sonora das paredes laterais da sala de espetáculos, resultando em grande quantidade de raios refletidos chegando das laterais para a maior parte dos assentos. Tr (s) Tr (s) - Comparação entre Simulações 1, 2 e 3 1,60 1,40 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 125 250 500 1000 2000 4000 Simulação 1 - Tr (s) 1,35 1,09 0,94 0,77 0,80 0,91 Simulação 2 - Tr (s) 1,44 1,30 1,12 0,94 0,95 1,04 Simulação 3 - Tr (s) 1,13 0,98 0,87 0,71 0,73 0,82 FREQ (Hz) Figura 6.29 – Resultados de Tr do MODELO 2 na Simulações 1, 2 e 3. Figura 6.30 – Campo acústico do MODELO 1 com audiência e aplicação de forro refletor na parte central do teto e material de absorção sonora nas passarelas. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 79 Experimental da UFPA A simulação descrita neste item foi necessária para controlar o Tr da sala, pois a distribuição sonora já apresenta um resultado satisfatório. d) Simulação 4 – Sala com audiência, aplicação de forro acústico e painéis refletores A introdução dos painéis refletores na Simulação 4 foi realizada levando-se em consideração o esquema mostrado na Fig. 6.31, que apresenta uma seção longitudinal da sala onde podem ser observadas a disposição dos painéis refletores no MODELO 2, a localização da audiência, da fonte sonora (F) e da fonte imagem (F’). Figura 6.30 – Seção longitudinal do MODELO 2 destacando os painéis refletores. No MODELO 2 foram inseridos 4 painéis em compensado de 10 mm de espessura, sendo dois painéis com 6,03 m de comprimento, (um com 2,60 m e outro com 2,80 m de largura) e dois painéis com 3,70 m de comprimento (um com 2,60 m e outro com 2,80 m de largura). Os resultados de Tr para o no MODELO 2 não foram tão bem adequados como os obtidos nesta mesma simulação para o MODELO 1. Entretanto, quando comparados à Simulação 1, como mostra a Fig.6.32, observa-se que há uma redução no Tr da sala nas baixas freqüências. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 80 Experimental da UFPA Tr (s) Tr (s) - Comparação entre Simulações 1 e 4 1,60 1,40 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 125 250 500 1000 2000 4000 Simulação 1 - Tr (s) 1,35 1,09 0,94 0,77 0,80 0,91 Simulação 4 - Tr (s) 1,17 1,00 0,90 0,77 0,80 0,90 FREQ (Hz) Figura 6.32 – Resultados de Tr do MODELO 2 nas Simulações 1 e 4. Como observado no MODELO 1, a distribuição sonora na sala com painéis refletores apresentou resultados menos satisfatórios que os obtidos da sala sem os painéis refletores. A Fig. 6.33 apresenta, através de um diagrama de cores, a distribuição sonora da sala. Apesar dos painéis refletores serem visualizados na simulação, como pode ser constatado nas Figs. 6.34 e 6.35, observou-se que, para os pontos de medição (microfones virtuais) escolhidos no estudo do percurso dos raios, pequenas parcelas destes colidem nos painéis. Contudo, o número de raios que colidem entre o teto e os painéis é muito maior que aquele verificado no MODELO 1. Figura 6.33 – Campo acústico do MODELO 2, com audiência, aplicação de forro acústico e painéis refletores. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 81 Experimental da UFPA Figura 6.34 – Análise do percurso dos raios no ponto (microfone virtual) 8 do MODELO 2. Figura 6.35 – Analise do percurso dos raios no ponto 73 do MODELO 2. Figura 6.36 – Raios colidindo na parte superior do painel refletor e no teto antes de chegar no ponto (microfone virtual) 8 do MODELO 2. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 82 Experimental da UFPA 6.3.3 Modelo 3 (Palco tipo Arena) Um palco tipo arena não poderia ficar de fora das propostas de palco/platéia mais utilizadas em teatros experimentais. Esta configuração pode ser aplicada tanto em ambientes externos, no caso de anfiteatros, como em ambientes internos. O palco tipo arena é inserido no meio da platéia, a qual é distribuída em todos os lados ou na circunferência do palco, podendo sua forma ser circular, triangular, retangular, trapezoidal, etc. Nas propostas de utilização sugeridas para o TEUFPA, constatou-se que a maioria é caracterizada como palco tipo arena, com as mais variadas formas de palco, sendo que, na proposta analisada neste trabalho, o palco é retangular como pode ser observado na Fig. 6.37. Tal como nas outras propostas, toda a estrutura cenográfica fica à vista do espectador como, por exemplo, a grelha para iluminação. Esta configuração será denominada neste trabalho de MODELO 3. A mesma é disposta com todos os assentos em cima de praticáveis, totalizando 128 pessoas para audiência máxima. Figura 6.37 – Configuração do palco tipo Arena, proposta para o TEUFPA. A geometria da sala de espetáculos do teatro, mostrada na Fig. 6.38, indica a localização da fonte sonora no meio do ambiente e malhas de microfones virtuais na altura média do ouvido de uma pessoa sentada na audiência, que dista do chão 1,10 m. Através desta geometria pode-se perceber como a platéia está distribuída na sala. Diferente do que se poderia esperar dos outros dois modelos analisados anteriormente, o palco e a platéia no MODELO 3 apresentam uma maior interação, misturando-se como se fossem um só. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 83 Experimental da UFPA Figura 6.38 – Geometria do MODELO 3 com fonte e audiência. Assim como nos modelos anteriores, a simulação considerando a sala vazia também foi realizada para este modelo, com o posicionamento das malhas de microfones virtuais na mesma localização das demais simulações com audiência. A Fig. 6.39 mostra o campo acústico da sala de espetáculos do TEUFPA com NPS global em dB(A) através do diagrama de cores obtido no programa comercial RAYNOISE. Figura 6.39 – Campo acústico do MODELO 3 sem audiência na sala. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 84 Experimental da UFPA O tempo de reverberação da sala vazia pode ser obtido na Fig. 6.4. Ao se analisar a distribuição sonora na sala, observa-se que, para este modelo, a atenuação com a distância foi de aproximadamente 6 dB(A), o qual é um valor perfeitamente aceitável. a) Simulação 1 – Sala com audiência e aplicação de forro acústico Na Simulação 1 do MODELO 3, assim como em outros modelos, a sala foi analisada com o forro totalmente absorvedor e considerando a absorção da audiência. A Fig. 6.40 mostra o resultado de Tr de Eyring para esta simulação, a qual apresentou um Tr menor que o obtido para os outros modelos, principalmente quando comparado ao MODELO 2, chegando a um valor de 0,86 s na banda de freqüências de 500 Hz. Tr (s) - Simulação 1 1,60 1,40 Tr (s) 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 Simulação 1 - Tr (s) FREQ (Hz) 125 250 500 1000 2000 4000 1,31 1,04 0,86 0,70 0,72 0,82 Figura 6.40 – Resultado de Tr do MODELO 3 na Simulação 1. A diferença entre o NPS do início ao final das malhas de microfones virtuais, no entanto, não apresentou resultados plenamente satisfatórios quanto os obtidos na sala sem a audiência, chegando a um valor aproximado de 7 dB(A) (ver Fig. 6.41). Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 85 Experimental da UFPA Figura 6.41 – Campo acústico do MODELO 3 com audiência e aplicação de forro acústico. b) Simulação 2 – Sala com audiência, aplicação de forro acústico na parte inclinada e gesso acartonado na parte central do forro A Simulação 2 para este modelo foi realizada aplicando-se os mesmos procedimentos utilizados nas simulações dos modelos anteriores. A Fig. 6.42 mostra uma comparação entre os resultados das Simulações 1 e 2, neste caso, em virtude das reflexões provenientes da parte central do teto. Os resultados de Tr também foram maiores que os obtidos na Simulação 1. Tr (s) Tr (s) - Comparação entre Simulações 1 e 2 1,60 1,40 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 125 250 500 1000 2000 4000 Simulação 1 - Tr (s) 1,31 1,04 0,86 0,70 0,72 0,82 Simulação 2 - Tr (s) 1,40 1,24 1,01 0,83 0,85 0,93 FREQ (Hz) Figura 6.42 – Resultados de Tr do MODELO 3 nas Simulações 1 e 2. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 86 Experimental da UFPA Outra semelhança com os demais modelos pode ser observada na distribuição sonora da sala. A máxima variação de NPS observada na audiência permaneceu praticamente a mesma, como pode ser visto na Fig. 6.43. A malha (de microfones virtuais) localizada entre as escadas de acesso e a passarela de apoio técnico apresenta o menor valor de NPS, por estar próxima de uma meia-parede, que separa a sala de espetáculos do acesso principal (nesta área encontra-se um grande espaço vazio). Figura 6.43 – Campo Acústico do MODELO 3 com audiência, aplicação de forro refletor na parte central do teto. c) Simulação 3 – Sala com audiência, aplicação de forro acústico na parte inclinada, gesso acartonado na parte central do forro e material de absorção sonora nas passarelas de apoio técnico Com a introdução de absorção na sala, os resultados de Tr apresentaram uma melhora significativa em todas as bandas de freqüências analisadas. Observando a Fig. 6.44, que compara os valores obtidos na Simulação 3 com os valores obtidos nas simulações anteriores, pode-se perceber que os resultados foram satisfatórios. Contudo, o mesmo não aconteceu na distribuição sonora da Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 87 Experimental da UFPA sala. Na Fig. 6.45, pode-se visualizar no diagrama de cores, que a diferença de NPS apresentou uma variação de aproximadamente 7 dB(A). Tr (s) Tr (s) - Comparação entre Simulações 1, 2 e 3 1,60 1,40 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 125 250 500 1000 2000 4000 Simulação 1 - Tr (s) 1,31 1,04 0,86 0,70 0,72 0,82 Simulação 2 - Tr (s) 1,40 1,24 1,01 0,83 0,85 0,93 Simulação 3 - Tr (s) 1,10 0,94 0,80 0,65 0,66 0,75 FREQ (Hz) Figura 6.44 – Resultados de Tr do MODELO 3 nas Simulações 1, 2 e 3. Figura 6.45 – Campo acústico do MODELO 3 com audiência e aplicação de forro refletor na parte central do teto e material de absorção sonora nas passarelas. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 88 Experimental da UFPA d) Simulação 4 – Sala com audiência e aplicação de forro acústico e painéis refletores A introdução dos painéis refletores na sala foi realizada de acordo com o esquema apresentado na Fig. 6.46, a qual apresenta uma seção transversal da sala onde podem ser observadas a disposição dos painéis refletores no MODELO 3, a localização da audiência, da fonte sonora (F) e da fonte imagem (F’). Neste modelo, os painéis foram inseridos com o objetivo de valorizar os assentos localizados nas extremidades da sala, ou seja, nos pontos mais distantes da fonte. Figura 6.46 – Secção Transversal do MODELO 3 destacando os painéis refletores. No MODELO 3 foram inseridos 2 painéis em compensado de 10 mm de espessura, sendo um com 2,40 m de comprimento por 6,51 m de largura e os outros com 1,82 m de comprimento por 6,51 m de largura. Os resultados de Tr no MODELO 3 foram melhores que os obtidos nesta mesma simulação com os outros modelos, principalmente quando comparado com ao MODELO 1. Na Fig. 6.47 observa-se que há uma redução do Tr da sala nas baixas freqüências e, do mesmo modo que ocorreu com os outros modelos, os resultados em altas freqüências foram bem próximos. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 89 Experimental da UFPA Tr (s) Tr (s) - Comparação entre Simulações 1 e 4 1,60 1,40 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 125 250 500 1000 2000 4000 Simulação 1 - Tr (s) 1,31 1,04 0,86 0,70 0,72 0,82 Simulação 4 - Tr (s) 1,21 0,98 0,82 0,68 0,71 0,80 FREQ (Hz) Figura 6.47 – Resultados de Tr do MODELO 3 nas Simulações 1 e 4. Como já havia sido observado nos MODELOS 1 e 2, a introdução dos painéis refletores na modelagem não surtiu o efeito esperado na distribuição sonora da sala (ver Fig. 6.48). Apesar dos painéis refletores serem visualizados na simulação, como indicado nas Figs. 6.49 e 6.50, notou-se nesta modelagem que muitos raios colidem entre o teto e os painéis (ver Fig. 6.51), antes de alcançarem os pontos de medição (microfones virtuais), sendo observado o mesmo comportamento para os outros exemplos. Figura 6.48 – Campo acústico do MODELO 3 com audiência e aplicação de forro acústico e painéis refletores. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 90 Experimental da UFPA Figura 6.49 – Análise do percurso dos raios no ponto (microfone virtual) 9 do MODELO 3. Figura 6.50 – Análise do percurso dos raios no ponto 129 do MODELO 3. Figura 6.51 – Raios colidindo na parte superior do painel refletor e no teto antes de chegar no ponto (microfone virtual) 9 do MODELO 3. Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 91 Experimental da UFPA 6.4 RESULTADOS GERAIS Esta seção apresenta uma comparação entre os resultados simulados de tempo de reverberação (Tr) obtidos para os três modelos analisados neste trabalho. O mesmo não será realizado para os resultados de NPS em virtude de não haver diferenças significativas no decorrer das simulações feitas para os três modelos. 6.4.1 Comparação entre os Resultados dos Três Modelos Na Fig. 6.52 observa-se a comparação entre os valores de Tr obtidos nas simulações realizadas para as configurações de palco e platéia estudadas neste trabalho. Nesta figura pode-se observar que não houve diferença significativa entre os resultados, entretanto, o MODELO 3 apresenta os melhores resultados de Tr em todas as simulações, mesmo possuindo a mesma capacidade de assentos do MODELO 1, além de fazer com que os ouvintes estejam o mais próximo possível do palco. É importante ressaltar que o MODELO 2 apresentou a melhor distribuição do NPS na sala. Comparação entre os Resultados dos Modelos 1, 2 e 3 Tr - Simulação 2 1,60 1,40 1,40 1,20 1,20 1,00 1,00 Tr (s) Tr (s) Tr - Simulação 1 1,60 0,80 0,60 0,60 0,40 0,40 0,20 0,20 0,00 0,80 0,00 125 250 500 1000 2000 4000 125 250 500 1000 2000 4000 MODELO 1 1,33 1,06 0,89 0,73 0,76 0,86 MODELO 1 1,42 1,27 1,05 0,88 0,89 0,98 MODELO 2 1,35 1,09 0,94 0,77 0,80 0,91 MODELO 2 1,44 1,30 1,12 0,94 0,95 1,04 MODELO 3 1,31 1,04 0,86 0,70 0,72 0,82 MODELO 3 1,40 1,24 1,01 0,83 0,85 0,93 FREQ (Hz) Tr - Simulação 3 FREQ (Hz) Tr - Simulação 4 1,60 1,20 1,00 0,80 Tr (s) Tr (s) 1,40 0,60 0,40 0,20 0,00 1,60 1,40 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 125 250 500 1000 2000 4000 125 250 500 1000 2000 4000 MODELO 1 1,10 0,96 0,83 0,67 0,69 0,77 MODELO 1 1,21 0,99 0,85 0,71 0,74 0,84 MODELO 2 1,13 0,98 0,87 0,71 0,73 0,82 MODELO 2 1,17 1,00 0,90 0,77 0,80 0,90 MODELO 3 1,10 0,94 0,80 0,65 0,66 0,75 MODELO 3 1,21 0,98 0,82 0,68 0,71 0,80 FREQ (Hz) Figura 6.52 – Resultados numéricos de Tr (s) para os MODELOS 1, 2 e 3. FREQ (Hz) Capítulo VI – Proposta Acústica para Prováveis Posições de Palco e Platéia do Teatro 92 Experimental da UFPA As quatro simulações foram realizadas para cada modelo com o objetivo de se obter uma configuração que melhor satisfizesse as necessidades acústicas da sala. A Simulação 3 foi a que apresentou os melhores resultados em termos acústicos para a finalidade deste ambiente. Vale ressaltar que o modelo em questão considera a audiência máxima do ambiente em estudo (onde há pessoas sentadas em assentos sobre praticáveis), forro acústico na parte inclinada do teto, forro tipo gesso acartonado na parte central do teto e material de absorção sonora nas passarelas. A inserção dos elementos citados (forros) ocasiona a menor interferência física possível na sala de espetáculos. CAPÍTULO VII CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 7.1 CONCLUSÕES O presente trabalho visa contribuir para o avanço na qualidade de projetos acústico-arquitetônicos de ambientes de audição crítica, tais como, salas para palavra falada, cantada e de audição musical, como é o caso de salas com múltiplos usos. Através do desenvolvimento desta dissertação pôde-se perceber a dificuldade de encontrar trabalhos relacionados com teatros experimentais. Em sua maioria, os trabalhos encontrados são baseados em teatros clássicos, salas concerto e casas de ópera. Porém, muitos trabalhos apresentam a mesma metodologia usada nesta dissertação. A predição do campo acústico em salas através de modelos geométricos, baseados em métodos como da fonte imagem especular, de raios acústicos e híbridos, não é apresentada aqui como uma novidade tecnológica, mas, como um recurso que tem facilitado o cálculo numérico em ambientes, o qual tem se mostrado favorável, em virtude de fornecer resultados satisfatórios quando comparados aos resultados dos sistemas reais. Assim, neste trabalho utilizou-se o software comercial RAYNOISE para simular um ambiente destinado a funcionar como um teatro experimental, tendo apresentado resultados muito próximos aos resultados experimentais. Mesmo não sendo possível a realização das medições no galpão real foi importante a utilização de um salão de dança da ETDUFPA para a calibração do modelo computacional, o que permitiu a obtenção de ótimos resultados, tanto de NPS quanto de Tr. Estes resultados, depois de comparados com as medições, apresentaram pequenas diferenças, principalmente, nas bandas de 125 e 250 Hz Isto, entretanto, já era esperado uma vez que o RAYNOISE, por ser baseado na acústica de raios, pode apresentar resultados divergentes da realidade na região de baixas freqüências, onde o comprimento de onda do som é grande, impedindo que Capítulo VII – Conclusões e Recomendações 94 as ondas sonoras, nesta faixa de freqüências, sejam aproximadas satisfatoriamente pela teoria de raios acústicos, a qual não é capaz de lidar com fenômenos tais como a difração, por exemplo. Assim, transformar o galpão da ETDUFPA em um teatro experimental foi um grande desafio, não simplesmente por se tratar de prédio já existente, mas por se tratar de uma edificação antiga que faz parte do entorno de um patrimônio público. Por isso, a ação de desenvolver um projeto acústico para uma sala como esta representa um desafio ainda maior, pois além dos parâmetros acústicos a serem analisados para suprir as necessidades de seus usuários, existe também uma limitação física, não se pode interferir na estrutura física de um prédio tombado pelo patrimônio público. Outra dificuldade encontrada no desenvolvimento deste estudo foi o fato de que em um teatro experimental há grande mobilidade do palco e da platéia Além disso, as varas de cenário e iluminação, varandas de manobra e carros contrapesados permanecem visíveis aos olhos do espectador. Tal mobilidade chega a ser tamanha que as estruturas de apoio técnico são usadas nos espetáculos pelos próprios atores. As poucas interferências propostas com o objetivo de melhorar a qualidade acústica da sala, tais como a redução do comprimento da sala, a substituição do piso e portas, vedação das janelas e a substituição do forro existente por forro acústico foram suficientes para reduzir significativamente o tempo de reverberação da mesma, ainda que um tempo de reverberação ótimo não tenha sido plenamente alcançado. Os três modelos apresentados no Capítulo VI, o quais foram escolhidos para desenvolvimento das simulações computacionais, são os mais usados em teatros experimentais, embora seja possível considerar que o MODELO 1 (palco italiano), que por ser o mais comum dentre as possibilidades estudadas, sendo até mesmo encontrado nos teatros tradicionais na maioria das vezes, acaba sendo a configuração menos utilizada. No entanto, a análise desta configuração foi importante neste estudo, pois se a sala respondesse bem nesta configuração provavelmente responderia melhor nas outras configurações, hipótese esta que se confirmou durante o desenvolvimento deste trabalho. A razão para isto reside no fato de que o MODELO 1 apresenta uma configuração na qual a maior parte da audiência está no mesmo nível e apenas os últimos assentos escalonados em cima Capítulo VII – Conclusões e Recomendações 95 de praticáveis. Desta forma, grande parte da platéia permanece distante da fonte sonora, passando a depender, portanto, das reflexões primárias para obter uma distribuição sonora mais homogênea. No entanto, os resultados apresentados por este modelo foram melhores que o esperado, apesar de a parcela final da audiência receber um NPS aproximadamente 7 dB(A) abaixo dos ouvintes localizados nos pontos mais próximos da fonte sonora. A atenuação do NPS com a distância, obtida no MODELO 2 foi melhor que aquelas apresentadas nos MODELOS 1 e 3, porém, os resultados de Tr destes últimos foram melhores que os obtidos nas simulações realizadas para o MODELO 2. Tal como o MODELO 1, o MODELO 3 apresentou uma variação de NPS com a distância de aproximadamente 7 dB(A). No entanto, este valor foi constatado apenas para uma pequena parte da audiência, na maior parte da audiência a atenuação com a distância não ultrapassou o valor de 5 dB(A). Este modelo também forneceu os melhor resultados de tempo de reverberação em todas as simulações. Finalmente, de todas as simulações realizadas neste trabalho para as três configurações, a Simulação 3 apresentou os melhores resultados, sendo suas características sugeridas como soluções a serem implementadas no galpão real, a fim de satisfazer as necessidades acústicas do almejado Teatro Experimental da UFPA. 7.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS A análise pós-ocupacional do teatro experimental, assim como, o acompanhamento da execução da adaptação do galpão para teatro experimental, são possibilidades de continuidade desta pesquisa. Desta forma, a análise experimental poderia ser realizada no próprio teatro, a partir da obtenção do tempo de reverberação e da distribuição de nível de pressão sonora da sala, seguindo a metodologia utilizada neste trabalho. Os resultados das medições poderiam ser então comparados àqueles obtidos neste trabalho, a fim de serem propostas modificações que se fizessem necessárias no modelo numérico desenvolvido, o que permitiria seu aprimoramento para a realização de estudos futuros. Capítulo VII – Conclusões e Recomendações 96 Finalmente, propõe-se a realização de simulações de parâmetros acústicos em outras salas da cidade de Belém-PA, tais como, aquelas de teatros tradicionais e conceituados, como o Teatro da Paz. Este teatro, por exemplo, é o mais importante do Estado do Pará e um dos mais conceituados do Brasil. Ostenta e simboliza a riqueza dos tempos áureos da borracha. Possui sala de espetáculos com 1.100 lugares, obedecendo ao critério teatral italiano. E, sendo conhecido por ter a melhor acústica das casas do gênero, é palco das mais conceituadas apresentações (Acervo PARATUR). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 10.151/2000. 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De acordo com cada superfície do recinto, o programa possibilita ao usuário inserir até dez tipos de materiais diferentes, com suas respectivas áreas e coeficientes de absorção sonora em bandas de oitava, de 125 a 4000 Hz, podendo ser obtido, além dos tempos de reverberação, o coeficiente de absorção médio e a absorção total [sabines], em cada banda de freqüência. O programa apresenta um gráfico que possibilita a visualização das curvas referentes aos tempos de reverberação [s], como pode ser observado na Fig A. Figura A – Rotina “Tempo de Reverberação – TR 60”. O tempo de reverberação calculado para o galpão e para o teatro experimental através do programa “Tempo de Reverberação – TR 60”, ambos vazios, pode ser observado nas Figuras B e C. APÊNDICE Figura B – Cálculo do Tr do Galpão através do programa “Tempo de Reverberação – TR 60”. Figura B – Cálculo do Tr do Teatro Experimental da UFPA através do programa “Tempo de Reverberação – TR 60 104 ANEXO Etapas de Desenvolvimento do Projeto do Teatro Experimental da UFPA ANEXO 106 Etapas de Desenvolvimento do Projeto do Teatro Experimental da UFPA As fases que serão apresentadas nas Figuras D – J foram desenvolvidas dentro do projeto intitulado “Estudo Multidisciplinar para Desenvolvimento e Implantação do Centro de Pesquisa em Arte Cênica: Teatro-Escola da Universidade Federal do Pará”, o qual reuniu em sua equipe de trabalho especialistas de vários departamentos, tais como, Depto. de Arquitetura, Engenharia Mecânica, Engenharia Elétrica, dentre outros. O Projeto foi dividido em três fases distintas: • FASE 01: consistirá na reforma do 1º pavimento, onde se localizam as salas de corpo e um (1) banheiro, sala de interpretação e a sala de apoio técnico, além do mezanino, destinado para a sala de iluminação e som (ver Figuras D e E). • FASE 02: o pavimento térreo será destinado a uma (1) sala de espetáculos, 2 (dois) banheiros, um (1) hall de acesso, uma (1) sala de marcenaria, uma (1) sala destinada ao camarim, um (1) café e uma (1) bilheteria e no 1º pavimento localizar-se-á uma passarela percorrendo toda a sala de espetáculo e uma (1) sala de iluminação e som (ver Figuras F e G). • FASE 03: referente aos banheiros externos e a área lateral esquerda livre do galpão, que atualmente serve de estacionamento. Serão reformados os banheiros externos e será construído um anfiteatro composto de um projeto paisagístico (ver Figuras H e I). A Figura J apresenta a proposta de Fachadas para o teatro Experimental. As informações apresentadas neste anexo foram extraídas do Dossiê do Projeto do Teatro-Escola da Universidade Federal do Pará. ANEXO 107 FASE 1 Figura D – Planta de situação da Fase 1. BHO L ABO RAT Ó RIO DE CO RPO A= 9 2 , 7 5 m 2 D E SC E A = 2 ,8 6 m 2 H A LL A= 6 ,9 2 m 2 SALA DE APOIO T ÉC NICO A = 1 2 ,7 0 m L A B O R A T Ó R IO DE VOZ A = 7 4 ,0 4 m 2 2 P L A N T A B A IX A 1 ° P A V IM E N T O M E Z A N IN O (IL U M ./ S O M ) A= 3 5 ,4 6 m2 PLAN T A BAIXA M E S A N IN O E 1 ° P A V IM E N T O Figura E – Plantas referentes a Fase 1, salas especiais com tratamento acústico. ANEXO 108 FASE 2 Figura F – Planta de situação da Fase 2. PASSAR ELA ESC ADA DE MAR INHEI RO DE S C E SAL A D E IL UM IN AÇÃO E SO M ESCAD A DE MARINH EIRO PA S SA R EL A A =35.55m PASSAR EL A ESCAD A D E MAR IN HEIRO 2 DE SC E P LAN TA B AIXA DO T EATR O-M EZA NIN O SOBE T EATRO 2 A= 237,06m P ROJ EÇÃO PASS ARELA W C FEM . HAL L DE ACESSO PR OJ EÇ ÃO MEZ A NI N O es cad a de m ari n h eir o SOBE PLA N TA BA IXA DO TEA TRO Figura G – Plantas referentes à Fase 2, Teatro-Escola da UFPA. W C M ASC. ANEXO 109 FASE 3 Figura H – Planta de situação da Fase 1. BILHETERIA E CAFÉ N ANFI-TEATRO ANTIGA ESCOLA DE DEPÓSITO ARTÍFICES E APRENDIZES Trav. Jerônimo Pimentel TEATRO Trav. Dom Romualdo de Seixas Figura I – Anfiteatro, tratamento paisagístico, programação visual e pequenas construções de apoio. ANEXO 110 FACHADAS FACHADA FRONTAL -PROPOSTA FACHADA LATERAL ESQUERDA FACHADA LATERAL DIREITA Figura J – Fachadas do Teatro-Escola da UFPA.