Mesopotâmia Breve introdução à origem da cidade e da sociedade

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Mesopotâmia
Breve introdução à origem da cidade e da sociedade Mesopotâmica: A
IDADE PRIMITIVA DA HUMANIDADE
«A história da sociedade primitiva respeita aos recuados tempos, cujo estudo permite
esclarecer problemas tão importantes como a origem do homem, o aparecimento da
religião, das artes e das ciências, a formação das classes e do Estado. Examina o difícil
caminho percorrido pela humanidade, a luta heróica que os nossos antepassados travaram
contra a natureza.» p.12
V. Diakov e S. Kovalev - HISTÓRIA DA ANTIGUIDADE – A Sociedade Primitiva – O Oriente – Editorial Etampa –
2ªEdição, Lisboa, 1976
Através de estudos de: Arqueologia e Etnografia
O HABITAT DO nómada: Paleolítico inferior:
«Lentamente a experiência concentra-se e aprefeiçoa-se; em vários lugares e de diferentes
modos, os homens passam ao fabrico de ferramentas mais pequenas e mais delicadas. (…)
Provavelmente não tinham os Pitecantropos (os mais antigos homens fósseis) habitações ou
residências fixas. É possível que as àrvores tenham servido durante muito tempo ao homem
como refúgio contra os animais selvagens. Mas ele acaba por aprender a preparar resguardos,
a fim de se abrigar das intempéries, e depois instalar-se-á nas cavernas conquistadas às feras,
cuja pele utiliza para fazer uma cama ou uma vestimenta(…). p.29
Os homens do Paleolítico inferior aprendem a utilizar-se do fogo. (…)»
«(…) pela primeira vez, o império sobre uma força da natureza, (…) separou-o definitivamente
do reino animal.» Engels…anti-Dühring, Editions Sociales, Paris, 1956, p.147 –p.31
«Os homens fósseis sobreviveram e triunfaram por duas razões: primeiro, eram já seres com
raciocínio que fabricavam instrumentos; depois, agiam desde o princípio da colectivamente.»
p.32
Cit. idem
Pensamento e Linguagem (sons e gestos): resultado da actividade produtiva colectiva.
Para estudar e perceber a arquitectura, enquanto parte integrante da vida quotidiana humana,
teremos de nos remeter ao entendimento dos limites e fronteiras do aglomerado edificado, e
percebê-los à luz do conjunto urbano, formado pelas suas individuais tipologias
arquitectónicas.
Perceber as cidades de hoje, enquanto fruto das civilizações da antiguidade, ou mesmo
enquanto resultado de um processo de evolução que se começou a gerar aquando dos
primeiros passos do hominídeo no sentiddo de se abrigar e sobreviver à fúria do seu meio
envolvente, e consequentemente progredindo em inteligência e memória para assegurar a
melhoria da sua qualidade de vida, talvez seja uma forma de compreender a arquitectura e
todas as artes enquanto obra do pensamento e da consciência humana que tem buscado
incessantemente pelo conforto e bem estar, assim como pela compreensão do meio em que
habita usando as suas formas de expressão como veículo das suas consternações.
As artes e ritos
«Na sociedade primitiva aparecem os rudimentos das artes plásticas.
No fundo de sombrias cavernas, ao clarão pálido das brasas, os artistas desenharam pinturas
polícromas(…). Na mesma época, esculpem-se em marfim ou em osso figurinhas de veados
lançados a toda a velocidade ou seres humanos(…).»
O homem primitivo (…) (d)ecora com amor a sua habitação, os seus utensílios domésticos, o
seu trem de cozinha.(…)
O instrumento de música mais antigo era sem dúvida o arco: uma das suas extremidade era
introduzida na boca que servia de caixa de ressonância, enquanto que o som se obtinha com a
corda, ferindo-a com um pauzinho. Depois adaptou-se ao arco uma caixa de ressonância
artificial, que conduziu à criação dos instrumentos de corda. A música acompanha
frequentemente danças prolongadas(…).» - p.67
Cit. idem
Ao passo de cada gesto, o homem foi gerando as infraestruturas, num tempo ainda vazio de
códigos de comunicação elaborados e padronizados, infraestruturas essas, necessárias à sua
utilidade, enquanto actor espacial, no território.
Desenvolveu utensílios, que por sua vez serviam para criar outros, como auxiliares à caça e
pesca, para a sua sobrevivência primária.
Depois de ocupar as cavernas e de ter aprendido a gerar e controlar o fogo, tornou o seu lar
apto à habitabilidade segura e protegida. Ensinou, explicou e narrou os seus medos e
conquistas, em pinturas, com tinturas que aprendeu a produzir, e gerou a consciência.
DO NÓMADA AO ESTADO - 6000-5000 a.C. Invenção do arado
«À época do rebanho primitivo sucede a do regime dos clãs, cujo apogeu é geralmente
acompanhado pelo matriarcado, pela igualdade entre o homem e a mulher.
Enfim, o desenvolvimento das forças produtivas, o nascimento da pastorícia, da cultura da
terra pela charrua e do tratamento dos metais (bronze, ferro) marcam o início de uma época
em que surgem os primeiros germes de exploração e de propriedade privada; o matriarcado é
substitído pelo patriarcado e a democracia do clã transforma-se em democracia militar, que
prepara o terreno para a fundação do Estado.» p.17
A MÃO - «NÃO É SOMENTE O ORGÃO DE TRABALHO; TAMBÉM É O PRODUTO DO
TRABALHO.». –Engels, Dialética da Natureza, éditions sociales, paris 1955, p.171
P.25
Cit. idem
http://www.historiageral.net/pre_historia.htm
5000 – 4000 a.C.
A formação das classes e dos estados na Baixa mesopotâmia:
« A mais antiga aldeia da Mesopotâmia foi descoberta em Tell-Hassun, no Norte do país:
pertence ao Neolítico e data do V Milénio. É neste lugar, onde havia bastantes precipitações
para a gricultura primitiva, que se instalaramos primeiroscultivadores e criadores de gado. (…)
Crê-se que no principio do IV milénio passaram daí para a Baixa Mesopotâmia (Suméria) e
começaram a valorizar as pantanosas terras do curso inferior do Eufrates.
A população antiga da Suméria estabelecia-se nas alturas inacessíveis às cheias. Vivia da
pesca, da agricultura com a picareta, da criação de gado, fabricava cerâmica pintada ou
instrumentos de cobre (arpões, facas, etc.).
Arquitectura e envolvência geográfica
As pessoas alojavam-se em cabanas de argila e de juncos e ignoravam ainda a diferenciação
social e de fortuna. As numerosas estatuetas de mulheres em argila, que se encontraram,
permitem supor que na Suméria o matriarcado se conservou até à primeira metade do IV
milénio.
A construção de obras de irrigação aumentou considerávelmente as forças produtivas, pois
garantia a rega sistemática dos campos, impedindo que o solo se tornasse pantanoso. Os
excedentes de àgua eram conduzido dos locais submersos para reservatórios ou tanques e no
tempo seco a àgua desses reservatórios e dos próprios rios chegava aos campos através de
canais. Para as perservar da inundação, as terras baixas eram cercadas de diques.» p.121-122
Cit. idem
Isto exigia um esforço da colectividade.
AS CIêNCIAS E A ASTRONOMIA PRIMITIVAS
«A experiência recolhida pelas gerações permite ao homem primitivo saber orientar-se no meio
ambiente(…) o rasto dos animais selgavens anunciam-lhe a chegada da Primavera. Inúmeras
associações e relações lógicas entre fenómenos, conservados pela memória, constituem a
experiência da humanidade primitiva.
É assim que se desenvolvem os conhecimentos sobre si mesmo e sobre o mundo que os cerca.
As longas marchas através das estepes e das florestas obrigam-no a orientar-se pelas estrelas
e, por conseguinte, a reter a «carta das estrelas», a disposição dos astros no céu. Aprende
também rapidamente a traçar, sobre areia ou sobre cascas, cartas geográficas rudimentares.
ps.63-64
Cit. idem
Através da experiência acumulada e transmitida pelos meios de expressão que então se
haviam conquistado, o Homem começou a perceber os ritmos cósmicos e celestes, assim como
a perceber as estações cíclicas, e a sua influência nas zonas de caça. Com isto também a
população ia aumentando em número e em longevidade, assim como através do aumento da
segurança o homem pôde começar a sedentarizar-se por periodos regulares em lugares que
conferiam boa subsistência.
Com o passar do tempo, foi progredindo, descobrindo materiais de construção para construir
as suas casas e cabanas, monumentos fúnebres ou de culto astronómico, que erigia em lugares
epeciais e que materializavam a sua consciência e as suas crenças.
Certamente foi organizando não só o seu território, mas também hierarquias iam surgindo. O
ancião e a mulher, símbolos da sabedoria e da fertilidade tinham um estatudo especial na
hierarquia dos grupos, significavam a continuidade da vida, e tinham um papel importante na
decisão do rumo das suas humanidades. De certa forma geraram-se os clãs, e com eles a
supermacia de uns em relação a outros.
As mãos do homem começaram a especializar-se na confecção de novas ferramentas, mais
esbeltas e eficazes, e surgiram as especificidades de ofícios.
Lentamente, mas progressivamente, à medida que o homem começa a alimentar a sua
consciência de mundo, começa também a ser líder ou chefe de clã ou tribo, substituindo a
mulher nesse papel, e começam a gerar-se legiões de armas e tropas para o ajudarem na arte
da guerra.
O aumento do território é um objectivo, sendo dessas investidas, materializadas em invasões
de territórios de outros clãs, de onde resultam os escravos, e assim, progressivamente dá-se o
aparecimento das democracias militares.
Enquanto isto acontece, vai-se percebendo que determinadas plantas podem ser colhidas,
percebe-se que podem ser semeadas, e com isto desenvolve-se um sedentarismo mais
prolongado, com a prática da agricultura e da domesticação de animais que proporcionam
alimento e vestimenta.
Cultivo de cereais
«A evolução da colheita levou à formação de tribos que J. Lips denomina de «Colhedores».
Desde o fim do Mesolítico, a bacia oriental do Mediterrâneo foi habitada por povos
pertencentes à civilização chamada «natufianna» (sexto milénio antes da nossa era), que
recolhiam as espigas dos cereais selvagens; essas tribos tornam-se ainda mais numerosas no
Neolitico.» p.49
«por outro lado, o Neolítico superior é assinalado pelo nascimento da agricultura e da criação
de animais domésticos de fauna primitiva.»
«semeavam frequentemente os terrenos pantanosos, ricos em limo e inundados durante as
cheias. A terra fértil, abundantemente impregnada de àgua, fornecia boas colheitas.» p.50
Cit. idem
5000 a.C. Primeiras aldeias.Cultivo de cereais.Cerâmica.
«o crescimento das forças produtivas assegurava o desenvolvimento da vida espiritual da
humanidade. O aprefeiçoamento dos engenhos de caça e de pesca, a domesticação do gado e
a cultura das plantas, a afinação da perfuração, da serragem e do polimento da pedra, a
construção das casas, a cerâmica, a tecelagem – tudo isso aumentava, pouco a pouco, a
experiência técnica do homem e enriquecia o seu espírito.
O progresso do pensamento humano manifesta-se sobretudo pela formação de ideias
abstractas, para a qual contribui grandemente a iniciação à arte do cálculo.» -p.62
A agricultura habitua o homem às estações que é preciso tomar em consideração para efectuar
a tempo os trabalhos, as sementeiras, por exemplo. A observação das estrelas do ano conduz à
criação de um calendário primitivo, onde os meses (geralmente lunares) não são sempre
iguais.» ps.63-64
Cit. idem
Começa-se então a acumular excedentes provenientes das terras férteis aradas e cultivadas, e
procura-se acondicionar estes produtos para não deixar estragar o que pode ser uma fonte de
sustento ou rendimento no futuro.
É dessa necessidade que nasce a arte da cerâmica, que foi um dos ofícios que contribuiu para
haver especialização de trabalho, e que directa ou indirectamente levou à passagem de
comunidades organizadas segundo o poder matriarcal, para um tipo de comunidade patriarcal.
Com a cerâmica e a organização das culturas agrícolas, e ainda com os novos materiais
descobertos para fazer utensílios e armas, como o bronze, e mais tarde o ferro, surgem no
primórdio das sociedades, a venda e a troca de bens entre familias e indivìduos que se
especializaram em determinado ofício e assim podem trocar os seus produtos, por outros de
que a sua família necessite. A invensão da roda, como utilidade na locomoção pelo terreno,
possibilitou uma nova era de mobilidade. Às estadias prolongadas sedentárias nos terrenos
férteis, juntavam-se as deslocações nómadas para outras regiões aonde o clima se mostrava
mais propício para a estadia, mas também as trocas comerciais assim se tornavam mais
auspíciosas, uma vez que mais facilmente se podiam transportar tanto os alimentos agrícolas,
como os animais e bens materiais.
Trabalhar a terra também passou a ser mais fácil. Usava-se o arado, ao qual contribuiu para
melhoria do seu processo de construção, a descoberta do ferro.
3000 a.C. Idade do Bronze
«O bronze, liga do cobre com o estanho ou outros metais, foi descoberto no terceiro milénio
antes da nossa era. (…)
A utilização dos instrumentos metálicos contribuiu para aprefeiçoar o trabalho na madeira. Os
carpinteiros da Idade do Bronze podiam construir casas sólidas, ligando as traves com bicos.
Mas a invensão ainda mais importante é a do carro, aparecido no Próximo Oriente três mil
anos antes da nossa era(…). As suas rodas maciças, discóides, talhadas numa só peça, tinham
buracos redondos para o eixo. A esses pesados veículos atrelavam-se bois. (…).
A evolução deste ramo da economia teve como factor a constituíção de povos nómadas cujos
imensos rebanhos passavam o Inverno nos vales de clima doce e o verão nas montanhas.» p.76
«O homem conheceu o ferro mais tarde do que o bronze.(…). O desenvolvimento da indústria
consegue para os homens instrumentos sólidos em grande número. Com eles se fazem
machados, picaretas, foicinhas, pás, sem falar nas armas. A utilização dos instrumentos em
ferro facilita o trabalho da pedra e aprefeiçoa a técnica da construção. À Idade do Ferro
corresponde uma vasta extensão da cultura do solo com a charrua. O arado, surgido sem
dúvida no Próximo Oriente no quarto milénio, era de madeira, mas o fabrico deste
instrumento, composto pelo menos de duas partes bem reúnidas, não se tornou possível senão
depois do desenvolvimento da carpintaria, devido à utilização de instrumentos metálicos.» ps.77-78
Cit. Idem
Se por um lado o homem ia aumentando os seus bens e trabalhando pela colectividade,
também a sua individualidade ia crescendo, organizando-se as comunidades em castas, que
passavam a dividir a população em classes de ricos ou poderosos, pobres mas livres, e pobres
escravos. A sociedade como a conhecemos hoje, originou-se assim, não sendo hoje muito
diferente do que foi, aquando do aparecimento da civilização organizada, mediante cultos,
crenças e necessidades de sobrevivência. Rico ou poderoso, era e é aquele que mais possui,
tanto bens materiais, como pessoas que para ele trabalham, mas também, a espiritualidade ou
dialética suficiente para reúnir em si o poder e a riqueza, para isso podendo usar o trabalho
daqueles que se inferiorizaram pela «ignorância» ou ingenuidade para se subjugarem ao seu
império.
O nascimento do Estado
«O Estado desempenha duas funções essenciais: reprime a resistÊncia das massas populares
(em primeiro lugar) e alarga as suas fronteiras ou defende-as contra os vizinhos.» -p.95
«forma-se gradualmente uma casta cuja profissão consiste em administrar o culto. São os
sacerdotes, que se dizem mais próximos dos espíritos e dos antepassados e que, por essa razão,
reinvidicam o privilégio de agir sobre eles. (…) A interpretação fantasista dos fenómenos
naturais que dominam o homem é utilizada pelos nobres para subjugar o trabalhador, rebaixálo diante das forças sobrenaturais e submetê-lo às novas forças sociais.» p.96
Cit. idem
Democracia militar
«À medida que se afirma a supremacia dos ricos e dos notáveis, a antiga democracia dos clãs
cede lugar a uma superestrutura política nova: a democracia militar.» -p. 93
«se se chama à superestrutura política do tempo da desagregação do clã uma democracia
militar, é porque a guerra e a organização do povo para esses fins se traduzem então em
funções normais da vida humana. A guerra muda de natureza: dantes fazia-se para vingar uma
violação de fronteiras ou para dilatar o território de caça, enquanto que agora tem por
objectivo a rapina: o enriquecimento torna-se uma profissão.» - p.94
«As guerras de rapina consolidam o seu poder (do capitão eleito entre os chefes da tribo) que
tende a transformar-se em poder real.» - p.94
«(…) com o apoio da sua companhia (das armas), o chefe militar atinge finalmente o poder
absoluto.»
Cit. idem
http://pessoas.hsw.uol.com.br/mesopotamia2.htm
3000 a.C.
o
Civilização suméria.
o
Primeiras cidades.
o
Foram criados a escrita e o sistema de numeração.
C. 3000 a 2340 a.C.
FUNDAÇÃO DE CIDADES-ESTADOS, DESENVOLVIMENTO DA ESCRITA CUNEIFORME:
Suméria:
(…) O vale do Tigre e do Eufrates, (…) estreita faixa de terreno fértil protegida de ambos
os lados por desertos, é uma bacia larga e pouco profunda, com raras defesas naturais,
onde se entrecruzam os dois rios e seus afluentes, fácilmente acessível de qualquer
lado. Os factores geográficos não favoreciam assim a unificação política. Só mil anos
depois de ter começado a civilização mesopotâmica apareceram chefes com essa
ambição e nem à custa de guerras quase permanentes conseguiram realizá-la por
muito tempo. (talvez) por isso a história política da antiga Mesopotâmia não (possua)
coerência(…).
As rivalidades locais, as incursões estrangeiras, o aparecimento repentino e a queda
não menos rápida do poder militar formaram-lhe a substância. Sobre um fundo tão
agitado é ainda mais notável a continuidade das tradições culturais e artísticas. Essa
herança comum deve-se, em grande parte, aos pioneiros desta civilização, os
chamados Sumérios, do nome da região – Suméria- que eles habitaram, perto da
confluência do Tigre e Eufrates.»
«(…) Um pouco antes do quarto milénio a.C. chegaram à Mesopotâmia Meridional,
vindos da Pérsia, e nos anos seguintes fundaram aí certo número de cidades – estados
e desenvolveram a sua escrita própria, de caracteres cuneiformes (em forma de cunha)
gravados em tabuletas de barro. »
(…)« como não dispunham de pedra, os Sumérios ergueram casas de adobes e
madeira, de modo que pouco ficou da sua arquitectura, a não ser os alicerces.»(…)
http://historiaufmt.blogspot.com/2011/04/zigurat-um-zigurate-e-uma-forma-de.html
«Cada cidade estado tinha o seu Deus local, considerado como seu «rei» e senhor.
Possuía também um chefe humano para governá-la, o intendente do soberano divino.
O deus era uma espécie de defensor dos seus fiéis juntos das outras divindades que
regiam as forças da Natureza: o vento, o tempo, a àgua, a fertilidade, os astros. O
conceito de propriedade divina não era uma simples ficção religiosa, acreditava-se à
letra que o deus era proprietário do território da cidade e também do trabalho e da
produção dos habitantes, submetidos às suas ordens através do intendente humano. É
um sistema económico conhecido por «socialismo teocrático», uma cidade planificada
cujo centro administrativo era o templo. Este procedia ao ajustamento da mão-de-obra
e dos recursos públicos necessários aos empreendimentos da comunidade, como a
construção de diques ou de valas de irrigação, e armazenava e distribuía uma parte
considerável das colheitas. Tudo isto exigia a manutenção de pormenorizados
documentos escritos. Por isso, não é de admirar que os textos das inscrições
sumerianas primitivas sejam mais de indole económica e administrativa que religiosa,
embora a escrita fosse um privilégio sacerdotal.»
Jason, O próximo oriente antigo, pg.70-71
COMO SE ORGANIZAM AS CIDADES ESTADO DA MESOPOTÂMIA?
GRUPO
SACERDOTES
MAIS
PODEROSO
ESCRIBAS
_GOVERNAVAM A CIDADE
_POSSUEM AS TERRAS E O PODER
_ORGANIZAM O EXÉRCITO E A JUSTIÇA
_UM DELES É REI
_GRUPO PRIVELIGIADO
_SABEM LER E ESCREVER
CAMPONESES _TRABALHAM PARA O REI E PARA O TEMPLO
E ARTESÃOS
_ERAM UMA MAIORIA NA POPULAÇÃO
GRUPO
ESCRAVOS
MENOS
PODEROSO
_ERAM PRISIONEIROS DE GUERRA OU PESSOAS COM
DIVIDAS QUE NÃO PODIAM PAGAR
Na mesopotâmia começam a ser navegáveis os rios, que acabam por ser dilatadores do
fenómeno de vendas e trocas comerciais e culturais, e aí os povoamentos se desenvolvem
para gerar o nascimento das primeiras cidades da história, segundo a acerssão de que hoje
temos de cidade e urbanismo, sediadas no vale da crescente fértil.
«Desde o ano 6500 a.C. que a parte baixa do vale do Tigre e Eufrates, a baixa mesopotâmia
estava salpicada de povoamentos primitivos, e desde 3500 a.C. que se fundaram várias cidades
importantes. Durante os cinco séculos seguintes, aprefeiçoou-se a escrita cuneiforme, assim
chamada pelo facto dos seus simbolos silábicos serem formados por desenhos em forma de
cunha, traçados sobre placas de barro fresco.
As primeiras grandes cidades mesopotâmicas desenvolveram-se perto da confluência dos rios
Tigre e Eufrates. Pela carência de pedra e escassez de madeira, a arquitectura urbana destas
primeiras cidades usou como materiais de construção o adobe, o ladrilho crú (seco ao sol e
unido com argamassa de argila) e o ladrilho cozido que serviam de revestimento aos espessos
muros de adóbe.
Os únicos vestigios que nos chegaram dessa arquitectura proto – histórica são os Zigurates,
umas grandes pirâmides escalonadas com rampas laterais ascendentes e um templo na
cúspide.
NA CIDADE SUMÉRIA DE URUK na actual Warka, o Templo Branco, assim chamado por
arqueólogos, pela cor que recobria a sua grande sala interior, foi construído entre os anos 3500
e 3000 a. C. e é um dos primeiros exemplos de zigurates coroado por um templo. »
Tradução do texto espanhol: La invención de la arquitectura: de las cavernas a las ciuudades, cap. 9,pgs. 163-165;
ROTH, L.M.«Entender la arquitectura», Barcelona, Gustavo Gilli, 2003.
Nesta região, Terra Entre Dois Rios (Tigre e Eufrates), considerada uma zona de boa fertilidade
das terras, a organização da colectividade pelas mãos de um sacerdote ou rei com poder
divino, conseguiu arranjar forma de escoar os pântanos, que tornavam a zona inabitável por
mais do que uma temporada, e de canalizar as àguas dos rios para assegurar a irrigação das
culturas onde a àgua não chegasse.
Nesta mesopotâmia, a civilização Suméria constrói então as suas casas de barro local, cozido
ou seco ao sol, pois na região não havia senão pouca madeira, e nenhuma pedra.
Para além das casas, constróem –se muralhas, templos ligados aos cultos celestes, palácios
com jogos de luz e sombra e de percursos orgânicos e labirinticos, revestem-se os exteriores e
os interiores com ladrilhos coloridos e pratica-se a religiosidade sob a forma da arte da guerra.
Modelo de uma cidade sumeriana (sul do Iraque atual).-http://greciantiga.org/img/index.asp?num=0349
As cidades do passado como Raíz do presente:
Ao tempo do caminhar da história de terras conquistadas e resgatadas, de reis que constróem
os seus centros de poder e glória, de imensas obras de arte e escrita que se desenvolvem e
evoluem, que relatam os factos das conquistas e das crenças, os homens foram gerando uma
sociedade. A história da Mesopotâmia à luz do estudo da arquitectura e da cidade tem a
importância de Raíz geradora do nosso tempo, este em que nos organizamos com
acessibilidades geradas segundo as nossas necessidades básicas e psicológicas para a
sobrevivermos e convivermos.
Uma sociedade que se manifesta pelas guerras e pertenças, mas também pelo espírito de
grupo e colectividade, estes que nos levam a construír e habitar segundo a globalidade.
Se pensarmos que adaptamos a nossa vivência aos paradigmas contemporâneos de cada lugar
e de cada tempo, percebemos que o facto do nascimento das civilizações se ter dado nas
zonas de crescente fértil, com franca possibilidade de expansão de fronteiras, assim como,
com boas condições de tráfego geográfico, que priviligiou o aparecimento da sociedade de
trocas, foi a condição basilar para que hoje «soframos» com as influências da urbe, que
caminhou para a globalidade através não só da religião mas também das obras desenhadas
por um inestimável número de seres humanos que tinham como motor o desenvolvimento e a
evolução, estes, tanto físico ou material, como espiritual.
O facto de ter havido uma sociedade realmente hierarquizada, que teve o dom da dialética
para convergir o rendimento de energias físicas e esprituais, na adequação da vida habitada ao
meio natural, levou-nos, a nós enquanto intervinientes espaciais, a humanizar o mundo, levounos a poder olhar para objectos simples e revermos os nossos antepassados em acção.
Para mim, esta é a dimensão da história. É para além, de filha do seu tempo e do seu lugar,
filha e descendente da acção do passado, e da visão do futuro, através dos gestos que se
produzem no presente.
Muitos exemplos haveriam de constar neste documento, de como foram organizadas as
cidades – estado dos reis da Mesopotâmia. Foram se construíndo umas atrás das outras, cada
uma com a sua inovação, cada uma com as suas particularidades, religiosas, sociais,
geográficas. Cada cidade dependia do seu rendimento, do seu trabalho, e das suas relações
guerreiras entre vizinhos. Cada uma teria o seu templo, no qual se abrigava o seu deus, e cada
uma cresceu, e morreu, para dar lugar a todas as outras que se lhes seguiram. Esta era a lei, e
parece continuar a ser, uma vez que a arquitectura não se faz só de obras monumentais, mas
também das mãos que as constroem e destroem.
ANEXOS: TEXTOS DE APOIO:
A Arquitectura:
«O papel dominante do templo como centro da vida espiritual e temporal é-nos dado a
conhecer de um modo nítido pela planta das cidades. As casas aglomeravam-se em torno da
área sagrada, vasto conjunto arquitectural que tanto compreendia templos, como oficinas,
armazéns e residências de escribas. A meio, sobre um terraço alto, ficava o templo do deus.
Estes terraços, os zigurates, cedo atingiram a altura de verdadeiras colinas artificiais,
comparáveis ás pirâmides do Egipto pela imensidade do esforço exigido e pelo efeito de
gigantescos marcos avultando na planície monótona.
O mais famoso, a bíblica Torre de Babel, foi completamente destruído, mas subssiste outro,
muito anterior, construído c.3000 a.C., e portanto, vários séculos mais antigo que a primeira
pirâmide, erguido em Warka, o lugar da cidade sumeriana de Uruk (a Erech da Bíblia). É um
montanhoso de mais de 12 metros de altura, cujos ingremes flancos estão reforçados por
sólidos muros de tijolo. Escadarias e rampas conduzem à plataforma onde foi erigido o
satuário, chamado Templo Branco por causa das suas fachadas de tijolo caiado. As grossas
paredes, articuladas por saliências e reentrâncias espaçadas regularmente, encontram-se num
estado de conservação suficiente para dar uma ideia da aparência original do edifício. A
estreita sala principal, o cella, onde os sacrifícios eram oferecido perante a estátua do deus,
alonga-se a todo o comprimento do templo e está ladeada por várias câmaras menores. A
entrada principal, em vez de estar situada na fachada fronteira à escadaria de acesso ou em
qualquer dos lados menores, abre-se a sudoeste, lateralmente. A razão desta aparente
anomalia transparece desde que consideremos o templo e o zigurate como partes de um
conjunto projectado de tal maneira que os fiéis, subindo pela escadaria oriental, se viam
obrigados a contornar o maior número de paredes antes de chegarem à cella (a via sacra
parece uma espiral angulosa).
Este acesso «de eixo quebrado» é próprio da arquitectura religiosa mesopotâmica, diferente do
eixo recto simples do templos egípcios. Durante os 2500 anos seguintes, os zigurates foram
crescendo em altura, cada vez mais semelhantes a torres de múltiplos andares decrescentes. O
que foi mandado construír pelo rei Urnammu, em Ur, cerca de 2500ª.C., tinha três pisos. Dos
Dois dos superiores, pouco resta, mas o inferior, com cerca de 16 metros de altura, etá
razoavelmente conservado, tendo o seu revestimento de tijolo beneficiado há pouco de um
restauro. (…) »
- Jason, O próximo oriente antigo ps. 71-72
Os ACADIANOS:
«Já para o fim do Periodo Dinástico Arcaico, entrou em declínio o socialismo teocrático das
cidades – estado sumerianas. Os «intendentes do deus» acabaram por se tornar monarcas de
facto e os mais ambiciosos procuraram alargar os seus domínios à custa dos vizinhos. Pela
mesma altura, populações semíticas da Mesopotâmia Setentrional encaminharam-se para o
Sul em número crescente, acabando por ganhar ascendente, nalguns lugares, sobre os
Sumérios, cuja civilização adoptaram, embora não estivessem tão ligados à sua concepção de
cidade-estado. Assim, não é se surpreender que o semita Sargão, da Acádia, e os seus
sucessores (2340-2180 a.C.) fossem os primeiros chefes amesopotâmicos que se proclamaram
abertamente reis e manifestaram a ambição de governar a terra inteira. (…)»
- Jason, O próximo oriente antigo ps. 75-76
Ur
Babilónia:
«O segundo milénio a.C. foi um periodo de agitação quase permanente na Mesopotâmia.
A convulsão étnica que levou os Hicsos ao Egipto teve um impacto ainda mais perturbador no
vale do Tigre e do Eufrates. O poder central só esteve nas mãos de soberanos indígenas entre
1760 1 1600 a.C., quando a Babilónia assumiu o papel outrora desempenhado pela Acádia ou
Ur.
Hamurabi, o fundador da Dinastia Babilónica, é a maior figura da época. Aliando os feitos
militares a um profundo respeito pela tradição sumeriana considerava-se como o «pastor
preferido» do deus Sol Shamash, cuja missão era «fazer reinar a justiça sobre a Terra».
Durante este reinado e os que se seguiram, a Babilónia tornou-se o centro cultural da Suméria
e a cidade manteria o seu prestígio por mais de um milénio, mesmo depois de perdida a
hegemonia política.
O CÓDIGO DE HAMURABI:
A mais notável realização de Hamurabi foi o se código, justamente famoso como a primeira
redacção unificada de um corpo de leis, de concepção espantosamente racional e humana.
Está gravado numa grande estela de diorite em cujo topo figura o rei perante o deus-Sol, de
braço direito erguido, num gesto de quem fala, como se estivesse apresentando a sua obra de
codificação ao divino soberano.(…)
Tatiana Silva
2009 4250
2º Ano
Arquitectura
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