GE Healthcare Osteoporose e o uso de ultrassonometria de calcâneo Kenneth G. Faulkner, Ph.D. • Ex- Cientista-chefe, GE Healthcare† Introdução A osteoporose é uma doença definida pela baixa densidade mineral óssea. É uma doença “silenciosa” no sentido de que frequentemente não é diagnosticada até que uma fratura ocorra. A melhor maneira de identificar pacientes com osteoporose antes que fraturas ocorram é por meio de um exame de densidade óssea. Nos últimos anos, os exames para avaliação da densidade óssea do fêmur e da coluna obtiveram aceitação clínica como “padrão ouro” por meio dos quais os médicos diagnosticam a osteoporose, avaliam o risco de fratura e monitoram as alterações esqueléticas. A técnica clínica utilizada com maior frequência é a absociometria por dupla emissão de raios (DXA) que permite a mensuração da densidade óssea em praticamente qualquer parte do esqueleto. E apesar da relativa disponibilidade de equipamentos de DXA, os recentes relatos do Surgeon General dos EUA sugerem que a maioria dos indivíduos com risco de desenvolver osteoporose não foi submetida a um exame para avaliação da densidade óssea.1 Embora a população de mulheres com 65 anos de idade ou mais seja de 20 milhões nos Estados Unidos, o Medicare reembolsou somente 2,6 milhões de exames de densidade mineral óssea em 2002. Ao mesmo tempo, a taxa de hospitalizações devido a fraturas vertebrais associadas à osteoporose nessa mesma faixa etária, conforme relatório de 2002 do Health People 2010, permanece praticamente inalterada desde 1998 em 17,4 (idade ajustada pela população padrão de 10.000 mulheres a partir dos 65 anos de idade). O uso somente de exames de densitometria óssea por DXA claramente não foi suficiente para reduzir a taxa de fraturas nesse segmento mais vulnerável da população. Existem várias possíveis razões para esse fenômeno de baixo nível de diagnóstico e estas incluem o custo do exame da DMO, a comodidade (ou seja, a proximidade a um equipamento de DXA) e a conscientização dos provedores de saúde e do público. Felizmente, existem alternativas para a DXA que podem auxiliar os médicos no diagnóstico de osteoporose. A Sociedade Internacional de Densitometria Clínica (ISCD) confirmou que os exames de densidade óssea periférica são valiosos para a avaliação do risco de fratura e para a identificação de pacientes que devem ser encaminhados para o exame de DXA e/ou tratamento.2 Entre as técnicas disponíveis de densitometria periférica, a avaliação por Ultrassonometria Quantitativa do Calcâneo (USQ) é um dos melhores métodos para avaliar o risco de fraturas em homens e em mulheres na pós-menopausa. A USQ funciona transmitindo ondas sonoras de alta frequência através dos ossos; a velocidade e a atenuação do som transmitido está diretamente relacionado às propriedades do osso. A principal vantagem da USQ é a ausência de radiação ionizante, o que permite que os exames de USQ possam ser realizados em praticamente qualquer lugar e por qualquer pessoa (com treinamento operacional mínimo). O calcâneo é o local de escolha para a USQ por ser de fácil acesso, pela pouca quantidade de tecido mole na superfície, além do tamanho e estrutura relativamente uniformes. Outro aspecto igualmente importante é que o calcanhar é um local altamente trabeculado de sustentação de peso. Os equipamentos de USQ também podem ser usados em outros locais do esqueleto (como na mão e no antebraço), mas as evidências que embasam os exames nesses locais não são tão fortes quanto as disponíveis para o calcâneo. Atualmente, a maioria dos equipamentos de USQ instalados ao redor do mundo é utilizada para exames no calcâneo devido à superior capacidade de previsão de fraturas do exame nesse local.3 Uso de ultrassonometria do calcâneo para auxiliar o diagnóstico de osteoporose Conforme detalhado acima, os exames de USQ oferecem muitas vantagens para programas destinados a aumentar a conscientização do público, identificar indivíduos com alto risco de fratura e determinar quais precisam ser encaminhados para um exame de DXA. No entanto, um exame útil deve ser tanto sensível quanto específico para detectar as variáveis clínicas desejadas. Um exame sensível é aquele que identifica corretamente todos os pacientes com risco e evita a ocorrência de resultados “falsos negativos” (um resultado normal em um indivíduo que na verdade apresenta alto risco). No entanto, somente sensibilidade não é suficiente – a avaliação também deve ser específica para ser útil na prática clínica. Por exemplo, um exame pode ser sensível simplesmente por identificar que todos os indivíduos avaliados apresentam alto risco. Esse exame seria sensível no sentido de que detectaria todos os indivíduos com alto risco (não haveria “falsos negativos”), mas o exame não seria eficiente porque encaminharia todos os indivíduos para o exame de DXA, † Atualmente na Perceptive Informatics. O Dr. Faulkner pode ser contatado pelo e-mail [email protected] inclusive aqueles que, na verdade, apresentam baixo risco. Um exame como esse não é útil para reduzir o número de pessoas identificadas para acompanhamento adicional. Um exame específico é aquele que reduz o número de “falsos positivos” por meio da diminuição do número de pessoas classificadas como sendo de alto risco e para as quais o resultado não for confirmado posteriormente. Na prática, um procedimento útil tenta balancear sensibilidade e especificidade, embora um exame altamente sensível seja em geral preferido. Em outras palavras, é melhor obter resultados “falsos positivos” do que “falsos negativos” na avaliação de uma população. Embora um resultado ”falso positivo” possa provocar ansiedade temporária até que o exame diagnóstico do paciente seja concluído, um resultado “falso negativo” pode fazer com que um paciente com alto risco seja dispensado sem nenhuma indicação sobre essa condição de alto risco. Em sua conferência para a definição de posições oficiais de 2001, a Sociedade Internacional de Densitometria Óssea (ISCD) recomendou que os equipamentos de densitometria óssea periférica fossem usados para exames de avaliação do risco e não para o diagnóstico definitivo da osteoporose2. A estratégia é usar o T-score da USQ para classificar os indivíduos com baixo risco (sem probabilidade de desenvolver osteoporose), com alto risco (i.e. alta probabilidade de desenvolver osteoporose e, portanto, com necessidade de uma DXA central para diagnóstico) e os indivíduos classificados em uma categoria intermediária de risco moderado na qual se deve considerar a realização de avaliações adicionais (especificamente DXA) dependendo de outros fatores de risco. Em uma situação ideal, essas categorias de risco coincidiriam com as definições existentes para o T-score propostas pela Organização Mundial da Saúde para uso com a DXA central. Especificamente, T-scores de –1.0 ou superior representariam baixo risco, -2.5 e inferior representariam alto risco e T-scores entre –1.0 e –2.5 indicariam os indivíduos com risco moderado. No entanto, uma pesquisa publicada mostrou que nem todos os equipamentos de densitometria periférica oferecem T-scores compatíveis com o exame de DXA da coluna e do fêmur ou entre os exames.4 Figura 1 – Diferenças nos T-scores fornecidos por equipamentos de densitometria periférica Protocolo de exame com o Achilles* A Figura 1 mostra uma grande diferença nos T-scores obtidos em diferentes equipamentos de densitometria óssea periférica em comparação aos valores da coluna e do quadril. Está claro que nem todos os equipamentos de densitometria periférica fornecem os mesmos resultados, e que muitos equipamentos forneceram T-scores significativamente diferentes daqueles obtidos na coluna e no fêmur. Devido às diferenças nos T-scores obtidos em diferentes equipamentos de Densitometria Óssea Periférica, a ISCD recomendou que T-scores específicos usando o critério de sensibilidade de 90% sejam obtidos em cada equipamento de Densitometria Óssea Periférica.2 Entre todos os equipamentos de Densitometria Óssea Periférica do mercado, os sistemas de USQ Achilles Lunar foram projetados especificamente para fornecer T-scores (com o uso do índice de rigidez) proximamente alinhados com os T-scores obtidos como exame por DXA da coluna e do quadril. Além disso, o Achilles InSight oferece imagens de ultrassom do calcâneo em tempo real para garantir que a avaliação seja realizada na região certa do calcâneo.** Vários estudos realizados com o equipamento de ultrassonometria quantitativa Lunar Achilles confirmaram que é possível obter 90% de sensibilidade na detecção da osteoporose na coluna e no quadril com o uso do limiar de referência de T-score do Achilles de –0.8 a –1.2, que é ajustado pela definição da OMS de baixa massa óssea (T-score de –1.0).5 Esses estudos também mostraram que o uso de um T-score de –2.5 ou menos no Achilles oferece excelente especificidade (superior a 90%) para identificar somente os indivíduos com alto risco e com necessidade de realizar exames e/ou tratamentos adicionais. Com base nesses estudos, os indivíduos com T-scores acima de –1.0 no equipamento Achilles devem ser considerados como de baixo risco de desenvolver osteoporose e, dependendo da presença de fatores de risco adicionais, deve-se recomendar o retorno do paciente para a repetição do exame em algum momento no futuro. Os indivíduos com T-score de –2.5 ou inferior no Achilles devem ser considerados como de risco mais alto de fratura com base somente no exame ósseo periférico, embora outros fatores de risco também devam ser levados em consideração. Para os indivíduos Figura 2 – Protocolo para o exame de USQ Diferenças entre equipamentos de densitometria óssea periférica T-SCORE Mulheres: a partir dos 65 anos de idade Homens: a partir dos 65 anos de idade Baixo risco de fratura por osteoporose DEDO Risco médio de fratura por osteoporose Alto risco de fratura por osteoporose Avaliação dos fatores de risco IUQ AUB FÊMUR RIGIDEZ COLUNA SOS Normal Osteopenia Osteoporose IDADE Prevenção Tratamento **Imagem para diagnóstico. com T-score “intermediário”, entre –1.0 e –2.5 no Achilles, um exame de DXA central deve ser recomendado para determinar a densidade óssea da coluna e do quadril. A decisão de encaminhar ou não o paciente para uma DXA central deve ser baseada também em outros fatores, como a idade do indivíduo e fatores de risco adicionais como os recomendados pela Fundação Nacional de Osteoporose (Tabela 1).6 Mesmo em indivíduos para os quais a decisão sobre o tratamento for baseada no exame ósseo periférico e nos fatores de risco, um exame por DXA central pode ser recomendado para monitorar a resposta terapêutica. Este protocolo de USQ é ilustrado na Figura 2. A National Osteoporosis Foundation (NOF) recomenda a realização do exame de DMO para todas as mulheres caucasianas a partir dos 65 anos de idade, independentemente dos fatores de risco.6 Tabela 2: Principais fatores de risco para osteoporose em homens História de fratura por baixo impacto (quadril, vértebra ou punho) Osteopenia observada em radiografia simples Uso de glicorticoide na dose de 5 mg ou mais por dia por um período maior que seis meses Hipogonadismo (induzido por glicocorticóide ou após orquiectomia) Hiperparatiroidismo Em resumo, o exame para detecção de osteoporose deve ser considerado para os seguintes indivíduos: A NOF também recomenda que mulheres caucasianas mais novas na pós-menopausa e que apresentarem mais de um fator de risco (conforme mostrado na Tabela 1) façam um exame de densidade óssea. Na conferência de 2001 para definição de posições oficiais, a ISCD ampliou a recomendação da NOF para incluir todas as mulheres a partir dos 65 anos de idade, independentemente da raça.7 Recentemente, a Força Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA também recomendou que todas as mulheres a partir dos 65 anos de idade façam o exame de rotina para detecção 60 anos de idade.8 1. Todas as mulheres a partir dos 65 anos de idade. Finalmente, os especialistas concordam que as mulheres na pós-menopausa com fraturas de todas as raças apresentam alto risco de fraturas subsequentes e devem realizar um exame de densidade óssea.7,8 Conclusões Tabela 1: Principais fatores de risco para osteoporose em mulheres caucasianas História pessoal de fratura por baixo impacto na fase adulta História de fratura por fragilidade em um parente de primeiro grau Baixo peso corporal (< 57,5 kg) Tabagismo Uso de tratamento oral com corticosteróides por mais de 3 meses Para os homens, nenhuma organização profissional publicou diretrizes de consenso para o exame de osteoporose, embora vários especialistas da área tenham feito recomendações.7,9,10 Da mesma maneira que as mulheres, os homens com história de fratura por baixo impacto apresentam risco de fraturas subsequentes e deve-se avaliar a necessidade de exames e/ou tratamento adicionais. Os homens com os fatores de risco mostrados na Tabela 2 também apresentam alto risco de fratura e devem ser submetidos a exame para detecção de osteoporose. Finalmente, também foi sugerido que os médicos considerem o exame de rotina para homens a partir dos 70 anos de idade, se as taxas de fraturas aumentarem com maior rapidez.7,9,10 2. Mulheres caucasianas na pós-menopausa com menos de 65 anos de idade e um ou mais fatores de risco (Tabela 1). 3. Todos os homens a partir dos 70 anos de idade. 4. Homens com menos de 70 anos de idade com um ou mais fatores de risco (Tabela 2). 5. Homens e mulheres com história pessoal de fratura por baixo impacto. Os especialistas concordam que a DXA da coluna e do quadril é o padrão ouro para o diagnóstico da osteoporose. De acordo com as recomendações de várias sociedades profissionais, mulheres a partir dos 65 anos de idade e homens a partir dos 70, além de homens e mulheres mais novos com fatores de risco adicionais para osteoporose, devem realizar exame de densidade óssea. No entanto, apesar da disponibilidade de equipamentos de DXA na maioria das cidades, um grande número de indivíduos com alto risco ainda não realiza o exame. O relatório do Surgeon General dos EUA sobre osteoporose destaca a necessidade de avaliações adicionais para conter a crescente epidemia de osteoporose. O acesso aos equipamentos de DXA e o baixo nível de conscientização do público são os principais fatores que contribuem para esse dilema. Os especialistas concordam que as avaliações de densitometria óssea periférica podem ser utilizadas para identificar indivíduos com alto risco quando critérios apropriados forem utilizados. Entre todas as técnicas disponíveis para exames ósseos periféricos, a Ultrassonometria de Calcâneo oferece vantagens significativas em relação a outros equipamentos para exame periférico, já que é fácil de usar, é um excelente preditor de fratura do quadril e da coluna, além de evitar o uso de radiação ionizante. O equipamento Lunar Achilles oferece as vantagens adicionais de realizar o procedimento com rapidez (10 segundos ou menos), T-scores que são alinhados com as diretrizes da OMS para avaliações da coluna e do fêmur, e (no caso de do Achilles InSight), uma imagem do calcâneo em tempo real para um posicionamento confiante. Para auxiliar o diagnóstico de osteoporose, o uso dos T-scores do Achilles correspondentes às classificações da OMS identifica indivíduos com risco moderado e alto que necessitam de exames adicionais com equipamento de DXA. Sobre a GE Healthcare A GEHC fornece tecnologias médicas transformadoras e serviços que estão moldando uma nova era de cuidados com o paciente. Com vasto conhecimento em imagem diagnóstica e tecnologia da informação, sistemas de monitoração do paciente, descoberta de drogas, tecnologias de fabricação de biofármacos, melhorias e soluções de performance, a empresa está ajudando profissionais a oferecer um melhor cuidado a pessoas do mundo todo, por um custo menor. Além disso, realiza parcerias com líderes de saúde buscando alavancar mudanças na política global necessárias para a implementação de uma transformação bem-sucedida para sistemas de saúde sustentáveis. Referências 1. US Surgeon General (2004) Bone Health and Osteoporosis: a Report of the US Surgeon General. US Department of Health and Human Services, Rockville MD. 2. 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