Canto da Terra: Pioneirismo, inovação e música na TV Universitária do Rio Grande do Norte1 LIMA, Érica Conceição Silva (especialista) 2 SANTOS, Alexandre Ferreira dos (mestrando)3 Universidade Federal do Rio Grande Norte Resumo: O presente trabalho documenta e destaca a relevância do programa Canto da Terra , veiculado pela Televisão Universitária da Universidade Federal do Rio grande do Norte. Uma iniciativa pioneira que abre espaço para os artistas potiguares através da gravação em estúdio de videoclipes de músicas autorais. Para atender os objetivos dessa pesquisa, analisamos o acervo do interprograma Canto da Terra e entrevistamos 12 artistas que já haviam participaram da gravação do programa, e a produtora do Canto da Terra. Além de documentar essa iniciativa da TV Universitária do Rio grande do Norte, observarmos sua repercussão no cenário local a partir dos depoimentos dos artistas entrevistados. Palavras-chave: videoclipe; música potiguar; TV Universitária Introdução No ano de 2005 surgiu o interprograma Canto da Terra na TV Universitária RN, um videoclipe produzido no estúdio da emissora, com aproximadamente 2 minutos e meio de duração, e seis inserções diárias, exibindo a cada dia um artista diferente durante todo o ano. Uma proposta pioneira, e até o momento única, no que diz respeito a grade de programação das emissoras de televisão no Rio Grande do Norte. O Brasil é musical, e no solo potiguar não é diferente. Em Natal existem centenas de músicos que vêm se empenhando para mostrar seus trabalhos. Até maio de 1 Trabalho apresentado no GT de História da Mídia Audiovisual e Visual, integrante do 9º Encontro Nacional de História da Mídia, 2013. 2 Bacharel em Comunicação Social - Radialismo e Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Especialista em Gestão Cultural (Universidade Federal Rural de Pernambuco/ Fundação Joaquim Nabuco/ Ministério da Cultura). Diretora de produção na TV Universitária do RN, http://lattes.cnpq.br/6016692693314798. 3 Bacharel em Comunicação Social - Radialismo e Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, especialista em Artes visuais - Cultura e criação pelo SENAC. Mestrando no programa de pós-graduação em Estudos da Mídia/UFRN. http://lattes.cnpq.br/4873953360291525 1 2010 a TV Universitária por meio do Canto da Terra gravou clipes com 170 artistas (cantores, instrumentistas e bandas). Diante da riqueza cultural, da existência do interprograma Canto da Terra, e da necessidade de mais espaços para divulgação dos talentos locais o audiovisual apresenta-se como um importante instrumento de difusão cultural, e se tratando da televisão que é um veículo de massa que consegue atingir um grande público. Portanto, esse trabalho se apresenta como um importante documento de registro e reflexão dessa iniciativa. Sendo assim, iniciamos uma pesquisa bibliográfica, buscando ler e compreender autores que escrevem a respeito da técnica e linguagem audiovisual e de música, especialmente a música potiguar. Na sequência iniciamos uma pesquisa do acervo do interprograma Canto da Terra e depois entrevistamos 12 artistas que participaram da gravação dos clipes e a produtora idealizadora do programa. A Música no Rio Grande do Norte A música potiguar inicialmente tem suas raízes ligados aos ritmos folclóricos e batidas regionais como xaxado e xote, forró e coco de roda, tendo como grande representante o coquista Chico Antônio4. A música em Natal acompanhou as tendências musicais que ocorriam principalmente no eixo Rio - São Paulo, a partir das décadas de 50 e 60. O rádio foi grande aliado para os músicos na época de ouro, com seus programas de auditório consagrando estrelas na Rádio Educadora de Natal - REN (que depois passou a ser Rádio Poti), como Glorinha Oliveira, Aldair Soares que cantava sambas canção entre outros. Na década de 60 a campanha de Aluízio Alves usa paródias de musicas conhecidas, dessa maneira ele atingiu um nível de comunicação com o povo nunca visto no Rio Grande do Norte, músicas e discursos foram gravados em um LP da Gentinha. O movimento Jovem Guarda Romântico teve grande força no estado com representantes conhecidos nacionalmente como a dupla Leno & Lilian, Banda Anos 60 e Trio Irakitan. Criando ainda os primeiros acordes do que viria a ser Bossa Nova, João 4 Chico Antônio - Francisco Antônio Moreira. Embolador. Coqueiro. Cantador. Nasceu em Cortes, nas cercanias de Pedro Velho, cidade que fica a sudeste do Rio Grande do Norte, na fronteira com a Paraíba no começo do século. 2 Gilberto grava o samba canção meia luz do macauense Hianto de Almeida. Além de João Gilberto, outros artistas consagrados nacionalmente absorveram a musicalidade de Hianto de Almeida. A Bossa Nova e a MPB deram um ponta pé inicial na parcela de contribuição potiguar para a música popular brasileira. Com o movimento dos festivais de musica e tropicalismo, jovens artistas potiguares se reuniam para cantar e escrever letras politizadas a exemplo Napoleão Paiva, Roberto Lima, Nelson Freire, Daillor Varela e Lola. Na década de 70 deu-se início também o rock ainda timidamente. Grupos como Alcatéia maldita, Impacto cinco, Cabeças errantes entre outros. Influenciados pelo rock progressivo que invadia o Brasil com suas referências norte-americanas e londrinas. No início da década de 80 a música popular no estado se consolida e ganha força com artistas como Tico da Costa, Pedro Mendes, Edmar Costa, Romildo Soares, Sueldo Soares, Cida Lobo, Valéria Oliveira, Cleudo Freire, Wigder Vale, Manasses Campos, Babal, Lucinha Lira. Em 1995 o projeto Seis e Meia5 é lançando e vira um marco para música potiguar, apresentando semanalmente artistas locais já consagrados como Izaac Galvão, Lane Cardoso, Galvão Filho, e lançando novos talentos como Valéria Oliveira, Simona Talma, Diogo Guanabara, Elis Rosa entre outros. Natal ainda almeja um lugar na rota cultural do Brasil, e o músico potiguar enfrenta dificuldades para manter-se exclusivamente do seu trabalho. É difícil viver de musica autoral, o “som de barzinho” acaba virando uma opção de trabalho para músicos. O espaço para música autoral vem sendo galgado aos poucos com projetos e editais. Em entrevista, o músico potiguar Donizete Lima fala das dificuldades enfrentadas: “Os meios de comunicação de Natal, não dão muito espaço para o trabalho autoral do artista local. Além do canto da terra, o nosso único espaço é a FM Universitária que sempre incentiva o artista potiguar. Outras rádios ainda funcionam no sistema do jabá, só tocam o que vende, e nem sempre esse produto tem qualidade” (LIMA, 2010) No ano de 2010, surge o coletivo Rede da Música Potiguar, cujo slogan era “caiu na rede é música”, o coletivo era formado por músicos, produtores e jornalista 5 O Seis e Meia é um projeto musical que acontece sempre às terças-feiras em Natal/RN com uma atração local e outra nacional. 3 interessados em discutir a música potiguar e incentivar a música autoral no estado. Um momento importante para os músicos locais, pois unidos em rede, a classe musical potiguar poderá buscar formas de expandir seu trabalho. Alguns festivais de música que movimentam a cena musical natalense: Festival de música MPBeco O festival está em sua sétima edição. Ambientado no centro da cidade, vem resgatando o corredor histórico cultural da cidade. Criando novas alternativas para músicos, compositores e intérpretes, estimulando-os através da concessão de prêmios. Na ultima edição, distribuiu prêmios de até 15 mil reais para os vencedores. O evento é realizado através do Programa Djalma Maranhão de Incentivo à Cultura e também da Lei Câmara Cascudo de Incentivo à Cultura, Festival MADA- música alimento da alma O festival traz atrações nacionais e artistas locais, inicialmente acontecia na rua Chile, palco de eventos da cena independente. Atualmente sua estrutura fica em um anexo de um hotel na via costeira, com o tempo o festival perdeu um pouco sua referência de incentivador da música independente potiguar. Festival DOSOL Tem como principal característica atrações de rock independente local e nordestino. O festival se divide em duas edições, o festival Dosol e o Dosol música contemporânea, voltado para música instrumental e estilos distintos como blues e jazz. O festival conta ainda com uma seletiva de bandas independentes para tocar no grande festival. Festival universitário da canção Com o intuito de incentivar a música autoral o festival universitário da canção lança artistas e bandas com músicas autorais feitas por músicos que tenham algum vínculo com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Premiações em dinheiro e a gravação de um cd são oferecidas aos candidatos com melhor pontuação. 4 O Interprograma Canto da Terra Geralmente denominado de interprograma, ou programete, trata-se de um programa com no máximo 2 minutos e meio de duração que é produzido com o objetivo de ocupar os break´s da programação da TV. O canto da Terra é um interprograma destinado à valorização do músico potiguar e à descoberta de novos talentos na área musical em âmbito estadual, privilegiando a cada dia um compositor, autor, ou interprete da terra. Com formato de clipe musical, o conjunto das edições do programa consiste num mosaico de manifestações sonoras que evidenciam o talento do artista local e o registro da cultura musical. Criado em 2005, na gestão da então Superintende de Comunicação Ana Maria Cocentino, o primeiro clipe foi gravado com Diogo Guanabara (músico instrumentista, com um trabalho reconhecido nacionalmente), e ao longo dos anos de existência, o Canto da Terra permanece divulgando a música local. As gravações sempre ocorreram no estúdio da Televisão Universitária, e os requisitos para participação do artista no programa são: Apresentar uma música autoral ou de outro artista local; já ter pelo menos uma música gravada; e ter a música como profissão (não como hobby). Tais requisitos são necessários para que a emissora possa disponibilizar o contato dos músicos. O canto da terra é pioneiro na divulgação do artista potiguar. Além de fomentar o cenário musical o programa configura-se como um excelente incentivo para a profissionalização dos artistas, uma vez que se propõe e coloca-se como uma janela gratuita para difusão dos artistas profissionais. A cada novo clipe são concebidos novo cenário, iluminação e movimento de câmeras, tendo como base de referência o artista e a letra de sua música. O interprograma já gravou com diversos cenários, e elementos cenográficos, sempre primando pela qualidade da imagens e dos som, levando em conta a proposta musical de cada artista. O programa se dispõe em fazer um videoclipe, não apenas uma apresentação televisiva. Envolvendo uma equipe de pelo menos dez pessoas, o Canto da Terra, como 5 qualquer outro produto televisivo passa pelas mãos de vários profissionais até o resultado final. Desde a escolha do artista, passando pela idealização cenográfica e de iluminação, a maquiagem e preparação para o artista entrar no estúdio. O sistema de som, já que existem programas com som ao vivo e outros gravados com playback. Os operadores de câmeras, o diretor de imagens, e finalizando com a edição de imagens. Cada clipe é gravado pelo menos três vezes, sendo utilizadas três câmeras em cada gravação isso ajuda o editor na pós-produção a incrementar com mais movimentos de câmera e cortes de imagens sincronizadas com a música. Fazer um programa como o Canto da Terra exige da equipe envolvida, uma constante renovação, a cada programa tentar trazer novidades. O que se torna um momento único para o artista que se encontra diante de uma equipe de televisão disposta a fazer o melhor pelo seu trabalho. Exemplo de uma produção do interprograma Canto da Terra. Final do clipe da Banda Kentucky. Repercussão do interprograma Totalizando 177 clipes gravados o Canto da Terra se apresenta como uma documentação histórica da música potiguar contemporânea. Além da divulgação do trabalho do artista, no final do clipe sempre é divulgado os contatos dos artistas, o que pode também funciona como forma de observar a repercussão. Em entrevista a idealizadora do interprograma, Diana Nunes Aires, comenta que recebia muitas ligações das pessoas para pegar o contato dos artistas, quando não conseguiu anotar no momento que assistia na TVU, ou mesmo para comentar e elogiar o interprograma. “...eu acho o máximo quando as pessoas ligam para TV querendo saber o telefone de um artista, para contratar para shows, ou comprar o cd... vemos que nossos esforços estão gerando bons frutos.” (AIRES, 2010) Os artistas por sua vez, consideram muito importante o espaço na televisão para divulgação da música norte-rio-grandense “uma janela para o artista local” diz o músico Ivando Monte. O músico instrumentista Diogo Guanabara diz que as pessoas sempre comentam que o viram na TVU. O cantor Helder Gomes diz que a repercussão é muito 6 grande, ele mesmo já recebeu várias ligações de pessoas que assistiram o clipe na TVU. A cantora Luciane Antunes também se mostra satisfeita com a iniciativa do programa: “...eu já recebi ligação de uma pessoa querendo fechar contrato de show, na ocasião não deu para fechar, pois eu já tinha compromisso na data. Mas ele só ligou porque viu meu telefone no Canto da Terra.”(ANTUNES, 2010) Todos os artistas entrevistados citaram situações em que foram contactados por alguém que viu o seu trabalho e seu número na TV Universitária. Seja para contratar para show, para saber onde pode comprar o CD ou simplesmente para elogiar o trabalho do artista. Sendo assim, podemos dizer que o retorno não é só para o músico, nem para a TVU, mas também para a população potiguar que tem a oportunidade de conhecer a música feita no seu estado, tendo a oportunidade de se apropriar ainda mais da sua cultura. Interrupção do Canto da Terra O interprograma Canto da Terra interrompeu suas gravações em março de 2011. Nesse ano os estúdios da TVU passou por uma grande reforma que durou mais de seis meses, o que inviabilizou as gravações de todos os programas da emissora. Em 2012, com a saída da produtora idealizadora do programa da emissora (devido a sua aposentadoria) e a mudança no quadro de gestores, foram interrompidas temporariamente as gravações, mas a TVU continuou exibindo os programas gravados anteriormente. Portanto durante os anos de 2011 e 2012 foram exibidas reprises dos videoclipes gravados ao longo desses cinco anos. No segundo semestre de 2012, a programação da TVU alegando a inúmera quantidade de reprises dos clipes, retirou as inserções na TVU. Segundo a direção da TVU existe a intenção de retomar a produção do interprograma Canto da Terra neste ano de 2013, a proposta é fazer um edital para inscrição de artista e seleciona-los para gravar os próximos clipes. Durante esse período de interrupção do Canto da Terra, a produção da TVU recebe ligações de músicos perguntando sobre as gravações do interprograma e se 7 colocando a disposição para gravar. Clipes gravados com músicos ou bandas no Canto da Terra: CLIPES GRAVADOS EM 2005 Amab Erick Von Sohsten Marcondes Brasil Ângela castro Glorinha Oliveira Markus Silva Apollo 11 Grupo Maracatu / UFRN Mazinho e Regina As Potiguaras Guaracy Picado Meirinhos do Forró Babal Gustavo Rangel Baby Zen Helder Gomes Michelle Lima (2 músicas) Paulo Tito Banda Alfândega Isaque Galvão (2 músicas) Peixe coco Banda C4 Ivando monte Chico Acari Joana Medeiros Chorões Potiguares / UFRN Claudiana Antunes JS1 Kalberg Azevedo Perfume de Gardênia (2 músicas) Quarteto de clarinetes / UFRN Quarteto de contrabaixos / UFRN Rejane Luna Di Stéffano Khrystal (2 músicas) Sergio Luiz Diana Cravo Kiko Chagas Simona Talma Diogo Guanabara Kim Berly Donizete Lima Lucinha Lira Valéria Oliveira (2 músicas) Vânia Maria Dudé Viana Luiz Gadelha (2 músicas) Duo de Choro / UFRN Manasses Campos Elis Rosa Márcio Mark Zé Hilton e Chiado na Chinela (2 músicas) 8 CLIPES GRAVADOS EM 2006 Álvaro carvalho Gustavo Fernandes Ana Paula Melo Ismael Alves Banda café do Vento Itanildo Show Quarteto de trombones Seridó / UFRN Quarteto de Tronpetes Terra do Sol / UFRN Rodrigo Freitas Banda Decreto Lei Lene Macedo Saint Clair Banda Panguaio Luciane Antunes Sueldo Soares Banda Visão Eterna Luiz Claudio Tico da Costa Cirleide Andrade Mulambêra Três no Tom Cleudo Freire Nêguedmundo Trio Inajá Dodôra Cardoso Os Grogs Zeca Brasil 10. Geraldo Carvalho Pedro Ivo CLIPES GRAVADOS EM 2007 Almir Padilha Formiga do Sax Rastafeeling Alvamar Medeiros Fulo de Macambira Rodolfo Amaral Antonio de Pádua Jerônimo Thobias Rosa de Pedra Belina Mamão Mobydick Sérgio Farias Carlos Zens Nara Costa Sílvia Sol D´Vibe Band Octeto de saxofone Zé Fontes Duo Groove Primata Paulinho Canadá CLIPES GRAVADOS EM 2008 Alessandro Saldanha Edu Torres Nordestenato Alexandre Atmarama Galvão filho Paccelli Alexandre Carlos Giovani Montini Pedro Mendes 9 Aniele Menezes Iggor Dantas Quinteto de Metais Braga Jerley Magno Rani de Morais Carlinhos Litoral Letto Tânia Soares Carlos Bem Lunares Wilson Bonner Choro Potiguar Marília Lima Zainho Daniel Freire Musicanto Nordestenato Diogo Guanabara e Macaxeira Myrna Araújo Jaz CLIPES GRAVADOS EM 2009 André Rangel Banda Venice Under Water Ilha de Música Antonio Ronaldo Biro do banjo Ivanildo di Natal Arnaldo Farias Bnada Kentucky Júlio Lima As Nordestinas Chico Elion Magnus Araújo Banda 2Polos Chumbinho do Cavaco Projeto Trinca Banda anos 60 D. Edite do Pium Ranniere Mendes Banda Camba Diana Rafaelly Roda de Banbas Banda chapéu de Páia Edja Alves Valéria Oliveira Banda MP3 Fernando Luiz Zé Barros Banda Tricor Hild Cavalcanti CLIPES GRAVADOS EM 2010 Daniel Marrom Khrystal Nelson Freire Fernando Luna Lane Cardoso Nosso Choro Ismael Alves (tributo as bicicletas) JMarcos Leonardo Medina Orquestra de Câmera de Macaíba Orquestra de violoncelos/UFRN Lúcia Dantas 10 Considerações finais A TV Universitária integra a estrutura da Superintendência de Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, foi a primeira emissora de televisão do estado e existe há 40 anos. A TVU é retransmissora da programação da TV Brasil, TV esta que também tem a missão de ser uma televisão pública nacional, independente e democrática, com a finalidade de oferecer uma programação de natureza informativa, cultural, artística, científica e formadora da cidadania. E Como podemos observar na Constituição Federal, o Artigo 221 estabelece como finalidades da programação das emissoras de radiodifusão: II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação; III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística. Portanto, a proposta como a do Interprograma Canto da Terra atende uma importante demanda social, colaborando para democratização do acesso a cultura. Referindo-se nesse caso na cultura em sua dimensão sociológica. Como define a pesquisadora Dra. Isaura Botelho: Por sua vez, a dimensão sociológica não se constitui no plano do cotidiano do indivíduo, mas sim em âmbito especializado: é uma produção elaborada com a intenção explícita de construir determinados sentidos e de alcançar algum tipo de público, através de meios específicos de expressão. Para que essa intenção se realize, ela depende de um conjunto de fatores que propiciem, ao indivíduo, condições de desenvolvimento e de aperfeiçoamento de seus talentos, da mesma forma que depende de canais que lhe permitam expressá-los. (BOTELHO, 2001) Sendo assim, o Canto da Terra se apresenta como um espaço de expressão da música norte-rio-grandense. Promovendo não só o músico do estado, mas também a população potiguar que se enxerga representada culturalmente através de sua música. 11 Referências ARONCHI DE SOUZA, José Carlos. Gêneros e Formatos na Televisão Brasileira. São Paulo: Summus, 2004. BONASIO, Valter. Televisão: Manual de produção & direção. Editora Leitura, Belo Horizonte, 2002. BOTELHO, Isaura. Dimensões da Cultura e Políticas Públicas. São Paulo em perspectiva, 2001. BUCCU, Eugênio. Brasil em tempo de TV. São Paulo: Boitempo Editorial, 2005. CÂMARA, Leide. Dicionário da música do Rio Grande do Norte. Natal/RN, Ed. Do autor, 2001. F. Briguiet e Comp. Editores. História da música brasileira. Rio de Janeiro, 1926. KELLISON, Cathirine. Produção e Direção para TV e Vídeo uma Abordagem Pratica. Editora Elsevier LTDA. Entrevistados: GUANABARA, Diogo. Em 01 de junho de 2010. (gravada) GOMES, Helder. Em 02 de junho de 2010. (gravada) LIMA, Donizete. Em 04 de junho de 2010. (gravada) ANTUNES, Luciane. Em 04 de junho de 2010. (gravada) NUNES, Diana Aires. Em 04 de junho de 2010. (gravada) 12