ANÁLISE MULTITEMPORAL DO PADRÃO DE CHUVAS DA ZONA

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Revista Eletrônica Novo Enfoque, ano 2013, v. 17, n. 17, p. 168 –172
ANÁLISE MULTITEMPORAL DO PADRÃO DE CHUVAS DA ZONA OESTE
DO RIO DE JANEIRO NO ÂMBITO DOS ESTUDOS DAS MUDANÇAS
CLIMÁTICAS
OLIVEIRA, Rafael Antonio Abreu de1
ALMEIDA, Paula Maria Moura2
Palavras-chave: Precipitação. Distribuição. Pluviosidade. Zona Oeste.
Introdução
A intensificação de eventos climáticos, como o aumento de chuvas intensas e
extremas, é um fator relacionado atualmente às mudanças climáticas sentido em
diferentes partes do Planeta Terra. Um estudo realizado pelo Instituto Oswaldo Cruz
(IOC/Fiocruz) mostrou que a cidade do Rio de Janeiro é uma das mais expostas a
mudanças climáticas. Dentro do Rio de Janeiro, estas mudanças podem ser observadas
na elevação de catástrofes naturais, aumento de chuvas intensas que provocam
inundações, além do aumento de problemas de saúde da população.
Dentro dessa nova realidade da cidade, são de extrema importância os estudos e
monitoramentos dos níveis de precipitação, bem como o entendimento da climatologia
da cidade.
Segundo Petineli & Radin 2012, a precipitação pluvial é um elemento climático
de grande importância, pois diversos setores da sociedade são afetados diretamente por
ela. Logo, o estudo e a análise da precipitação pluvial são de extrema importância, pois
através deles pode-se elaborar planos para a diminuição dos seus efeitos e danos.
Neste
âmbito,
o
presente
trabalho
busca
analisar
e
caracterizar
meteorologicamente a região da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Objetiva-se também
1
Acadêmico Bolsista PIBIC&T/UCB (Vigência: Out/2012 a Out/2013). Grupo de Pesquisa Análise
Multitemporal do padrão de chuvas da Zona Oeste do Rio de Janeiro no âmbito dos estudos das
mudanças climáticas da Universidade Castelo Branco. Curso de Geografia da Universidade Castelo
Branco (UCB), Campus Realengo, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
2
Orientador. Grupo de Pesquisa Análise Multitemporal do padrão de chuvas da Zona Oeste do Rio de
Janeiro no âmbito dos estudos das mudanças climáticas. Curso de Geografia da Universidade Castelo
Branco (UCB), Campus Realengo, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
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fazer uma análise exploratória dos parâmetros de precipitação mensal e anual, no
período entre janeiro de 1997 e novembro 2012.
Procedimentos Metodológicos
Para alcançar o objetivo proposto foram utilizados dados meteorológicos dos
postos pluviométricos pertencentes à Fundação Instituto Geotécnica do Rio de Janeiro
(Geo-Rio). No presente momento esta rede de postos pluviométricos é constituída por
32
postos
automáticos,
estando
todas
as
informações
disponíveis
em
http://www2.rio.rj.gov.br/georio/site/alerta/alerta.html. No âmbito desse trabalho, foram
utilizados dados de 7 postos pluviométricos distribuídos na Zona Oeste do Rio de
Janeiro, sendo o recorte temporal de janeiro de 1997 até dezembro de 2012.
De posse dos dados, foram calculadas as taxas de precipitação acumulada por
dia e por mês para todo o período. Para isso, somaram-se os valores referentes às
medições feitas de 15 em 15 minutos. Tal procedimento foi repetido para todas as
estações pluviométricas analisadas aqui.
A partir desses dados, análises exploratórias foram feitas por mês, anualmente,
por estação meteorológica e para toda a região.
Análise de dados
A análise dos dados nos permite realizar uma série de constatações distintas da
região estudada, tanto por estação como para toda Zona Oeste.
O comportamento geral da região é analisado através da média da pluviosidade
acumulada por mês, por estação, de todos os anos (Figura1). Este aponta que na região a
estação do Verão é úmida e chuvosa, com uma média de pluviosidade entre 120 mm e
170 mm. Havendo uma exceção no mês de fevereiro, quando a média de precipitação
foi 104 mm. Já o período seco é constituído pelos meses de abril a outubro, com a
média de precipitação entre 50 mm e 111 mm.
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Figura 1: O comportamento médio da precipitação acumulada das estações monitoradas.
Ao analisarmos separadamente cada estação meteorológica (figura 2), observase o comportamento dos anos mais secos e anos mais úmidos. Nesse contexto, percebese os postos Grota Funda, Barra/Riocentro e Itanhangá, com média acima de 1100
milímetros em todo o período. As estações com menores índices pluviométricos são:
Santa Cruz, Campo Grande, Guaratiba e Recreio, todas com média abaixo de 1100
milímetros em todos os anos do período. Desses, o posto Guaratiba se destaca por ser
um dos mais secos, apenas com uma anomalia no ano de 1998, quando sua média foi de
1934,5 milímetros.
Observando todas as estações, verifica-se que os anos mais úmidos foram 1998,
2003, 2005, 2009 e 2010. No ano de 2005, os postos de Itanhangá e Grota Funda
apresentaram acumuladas de 1837,2 mm e 2192,4 mm, respectivamente, reflexo do
grande índice de precipitação observada nesse ano.
De 1997 a 2002, as acumuladas de precipitação não passaram de 1200 mm, com
exceção de 1998 e 2000, cujas médias foram de 1786,275 mm e 1265,6125 mm
respectivamente.
Nota-se que a partir do ano de 2003 a região passou a ter um maior volume de
chuvas (acumuladas próximas de 1200 mm), exceto os anos de 2011 e 2012, cujos
registros foram de 1075,825 mm e 737,05 mm, respectivamente.
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Gráfico 2: Acumulada de precipitação anual de cada estação pluviométrica.
Discussão de Resultados
Assim como este trabalho, um estudo realizado por Dereczynski et al.(2009)
mostra que o posto pluviométrico de Grota Funda tem seus níveis de chuvas bastante
elevados. Segundo os autores, tal fato relaciona-se com o relevo, visto que o posto
Grota Funda está localizado próximo a Serra de Guaratiba. Ainda segundo os autores, o
ano de 1998 caracterizou-se, assim como observado aqui, como um ano com eventos
intensos.
A região vem sofrendo claramente um aumento do nível de chuvas,
principalmente a partir do ano de 2003. Este aumento de chuvas foi constatado também
no estudo feito pelo Projeto Megacidades (INPE 2009), que relata que a região
metropolitana do Rio de Janeiro tem sido castigada, principalmente durante a estação
chuvosa (de novembro a março), por ventos e chuvas intensas que geram grandes
transtornos à população.
Considerações Finais
Com a análise dos dados observados, percebe-se que a Zona Oeste tem a Estação
do Verão bem úmida e chuvosa (meses de janeiro e dezembro com precipitação
acumulada de 165 mm e 162 mm) e inverno seco.
As três estações com maiores índices pluviométricos são Itanhangá,
Barra/Riocentro e Grota Funda, todos estão em locais relativamente próximos, dentro da
bacia de Jacarepaguá. Podendo ser indício de uma relação entre o elevado nível de
pluviosidade e a localização geográfica destes.
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Referências
BRAGA, C.C., TARGINO, A.C. L. “Análise objetiva da distribuição pluviométrica no
Estado de Pernambuco”. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE METEOROLOGIA,8,
Congresso Latino Americano,2, Belo Horizonte - MG. Anais...:p.382-384,1994.
BRAGA, C.C., de MELO, M.L.D., MELO, E.C.S. “Análise de agrupamento aplicada a
distribuição da precipitação no Estado da Bahia”. In: CONGRESSO BRASILEIRO
DEMETEOROLOGIA, 10, Brasília-DF. Anais... Sociedade Brasileira de
Meteorologia.p.1857-62, 1998.
DERECZYNSKI,C.P.; OLIVEIRA, J.S.; MACHADO, C.O.. Climatologia da
precipitação no Município do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Meteorologia,
v.24, n.1, 24-38, 2009.
PETINELI, M. R. & RADIN, B. Análise do padrão de ocorrência de chuvas no
Município de São Borja, RS. In: Salão de Iniciação Científica e Inovação Tecnológica,
Porto Alegre, 2012.
SERRA, A. B. Clima da Guanabara. Boletim Geográfico, ano 29, n. 214, jan/fev 1970,
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia, p. 80-111, 1970.
EGLER, C. A. G. O Rio de Janeiro e as Mudanças Climáticas Globais: uma visão
geoeconômica. Laboratório de Gestão do Território – (LAGET-UFRJ). Disponível em:
http://www.laget.igeo.ufrj.br/egler/pdf/visao_geoeconomica_egler2_1.pdf. Acesso em:
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SOARES, F.S.; FRANCISCO, C.N.; CARVALHO, C.N. Análise dos fatores
queinfluenciam a distribuição espacial da precipitação no litoral sul fluminense, RJ.
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abril 2005, INPE, p. 3365-3370.
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