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CRUZADAS
As Cruzadas foram importantíssimas contendas entre Europeus e Asiáticos ; mais
especialmente uma contra-oposição levantada pelos Cristãos europeus contra o crescente e
sempre ameaçador poder dos Muçulmanos árabes e turcos, que se tinham apoderado e
dominado os Lugares Santos, de Jerusalém, a Terra Santa.
As Cruzadas foram o resultado de um Movimento a que se chamou a reconquista
Cristã, e que foi precedido por acções isoladas de revolta contra os Árabes na parte Leste de
Espanha e na Sicília.
Todavia, a ideia de se formar uma Campanha dos países Cristãos, contra a ocupação
dos Muçulmanos, foi inspirada inicialmente pelo Papa Gregório VIII (1073-1085), nos
concílios de Placenza e de Clermont.
Em Novembro de 1095 reuniu-se uma enorme multidão, em campo aberto, fora da
cidade de Clermont.
Fidalgos, cavaleiros e muito povo, ouviram as palavras do papa Urbano II (10881099), que lhes falou de uma tribuna alta e lhes disse que era necessário formar uma
armada para ir contra o que ele chamou Malvada raça dos turcos que tinham ocupado os
Lugares Santos, as Terras cristãs de Leste.
Movida pelas palavras do papa a multidão gritou :
- É esta a vontade de Deus...
Muitos dos que estavam ali presentes sentiram e entenderam que deveria marchar
para Leste e combater os Muçulmanos.
Estava lançado o Movimento que se chamou a Reconquista Cristã e a que se deu o
nome de Cruzadas, o guerrear pela Cruz da Cristandade.
Nos anos seguintes, muitos grupos de Cristãos da França, da Alemanha, da Itália e
da Inglaterra, dirigiram-se para Leste.
Essas terras onde então os Cristãos das Cruzadas combateram os Muçulmanos, são
hoje Israel, Turquia, Síria, Líbano, Jordão e Egipto.
Por uma só vez os Cristãos tinham governado em toda a Terra Santa.
Então, os Muçulmanos tomaram tudo menos o Império Bizantino cristão governado
pelo Imperador Aleixo de Constantinopla.
Quando o Imperador Aleixo estava em guerra com os Muçulmanos da Turquia, teve
necessidade de mais tropas.
Apelou para o papa Urbano II, para que lhe enviasse tropas cristãs do Ocidente para
o ajudarem.
Os europeus estavam interessados na Terra Santa porque gostavam e queriam fazer
as suas peregrinações para visitarem os Lugares Santos, onde se desenrolaram os
acontecimentos mais importantes da vida, morte e Ressurreição de Jesus, cujo ponto mais
significativo era a cidade de Jerusalém.
Por muitos anos os Muçulmanos tinham permitido aos Cristãos que visitassem
livremente os Lugares Santos, mas depois que os Turcos tomaram conta desses lugares
Santos, e não mais ficaram livres os Cristãos para fazerem as suas tão desejadas
peregrinações.
Foi por estas e outras razões de carácter religioso que nasceu no espírito dos Cristãos
do Ocidente, isto é, a Europa, o desejo de defender os Lugares Santos, e fizeram-no com o
movimento de Reconquista Cristã, chamado Cruzadas.
Tradicionalmente contam-se 8 Cruzadas :
1a Cruzada (1096-1099). Os Muçulmanos já estavam bem instalados há cerca de
quatro séculos, dentro dos muros da Cidade Antiga, quando em 1096, o papa Urbano II
(1088-1099), proclamou a Primeira Cruzada, convidando o mundo cristão do Ocidente a
juntar os seus esforços para uma guerra santa contra o Islão, para libertação dos Lugares
Santos. (Jerusalém).
Esta Primeira Cruzada foi, simultaneamente, uma peregrinação e uma expedição
militar.
Os primeiros a darem a sua adesão, foram pessoas do povo e homens desarmados,
onde estavam incluídas também outras classes sociais, como sacerdotes e monges, e até as
mulheres, levados todos pela pregação do visionário Pedro Ermita (ou Pedro de Amiães),
que, correspondendo ao apelo do papa, se lançou na pregação da Santa Cruzada, e assim se
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deu início à Primeira Cruzada que foi de 1096 a 1099, tendo sido dada a cada Cruzado uma
insígnia de guerra, que era uma Cruz de pano que se pregava na roupa.
Como não havia cavalos, nem dinheiro nem grandes provisões, esta Primeira
Cruzada foi assim uma grande aventura em que reinava a indisciplina.
Quando chegaram a Constantinopla levavam um aspecto andrajoso e miserável.
Alexandre, que tinha pedido tropas cristãs ao papa, ao ver estes primeiros
Cruzados, ficou mesmo muito desapontado.
Em vez de tropas armadas, foram-lhe enviados peregrinos famintos, esfarrapados e
indisciplinados, guiados por Pedro Ermita, pelo monge alemão Gottschalk e por Walter
Penniless.
O Imperador bizantino, matou-lhes a fome e forneceu-lhes mantimentos para o
caminho e para a luta, e enviou-os por mar para a Ásia Menor.
Pois este estranho exército de peregrinos esfomeados e enfraquecidos pela dureza do
caminho e tão longa e penosa viagem, ainda se atreveu a atacar o exército turco, bem
instalado em sua casa.
Escusado será dizer que morreram todos num combate de tamanha desproporção.
Outros grupos de cavaleiros chegaram depois a Constantinopla no verão de 1096.
Eram expedições regulares, guiadas por um legado do papa e por alguns fidalgos :
Godofredo de Bulhão, duque de Brabante, com seu irmão Balduino ; os senhores de Norman,
Itália, Bohemundo e Tancredo de Altavila ; o conde Raimundo de Tolouse e o conde Roberto
da Flandres; e muitos outros.
Também não foi isto que Aleixo pediu.
O que ele queria era soldados que se alinhassem sob o seu comando.
Portanto, estes fidalgos vinham trazer-lhe mais problemas.
Eram fidalgos, mas não soberanos, que vinham movidos, em parte por motivos
religiosos e em parte pelos desejos de aventura, à procura de honras e com a cobiça das
terras conquistadas.
Os bizantinos suspeitaram que alguns daqueles fidalgos teriam os olhos postos na
cidade de Constantinopla e até no trono do Imperador.
Todavia, Aleixo não permitiu que estes fidalgos entrassem as portas da cidade, a não
ser em grupos de 5 ou 6 de cada vez, para darem uma vista de olhos à cidade, nem permitiu
que ali permanecessem por muito tempo.
Mesmo assim e apesar de tudo o Imperador, diplomaticamente, fez-se amigo
daqueles Cruzados, deu-lhes mantimentos e guias que os conduzissem sem perigos através
da Ásia Menor.
Tiveram que transpor difíceis montanhas e atravessar áridos desertos.
Muitos dos seus cavalos morreram e eles tiveram que transportar os seus
mantimentos, usando para isso, bodes, cães e até porcos.
Na falta de alimentos tiveram que aproveitar o que havia, especialmente frutos e as
próprias plantas, e foi assim que eles descobriram a cana do açúcar, planta ainda
desconhecida na Europa.
Apesar destas muitas dificuldades, e dos recontros que tiveram com os Muçulmanos,
estes Cruzados ainda alcançaram algumas vitórias.
Capturaram aos Turcos, Niceia, Antioquia e Edessa, enquanto os bizantinos, por seu
lado, ocuparam Smirna e Éfeso.
Valeu-lhes, sobretudo, o facto de os Muçulmanos estarem muito divididos entre si.
Assim, finalmente, em 5 de Julho de 1099, os Cruzados tomaram Jerusalém,
Godofredo de Bulhão assumiu o título de Barão Defensor do Santo Sepulcro, o que
duraria pouco tempo, pois viria a morrer em 1100.
Os europeus mostraram sempre um grande espírito de coragem para a luta, mas
também uma grande ferocidade e avareza, pois se entregavam à pilhagem, depois das suas
vitórias.
Depois voltaram às suas terras e deixaram indefesas as terras conquistadas.
Por morte de Godofredo de Bulhão, seu irmão Balduino tomou o título de rei de
Jerusalém e governou corajosamente de 1100 até 1118, alargando o seu reino e dando a
Jerusalém um tipo de organização feudal.
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O seu reino era constituído por vários feudos : As Principalidades de Antioquia e
Tiberíades governadas pela família Altavila ; os condados de Edessa e Trípoli e o marquesado
de Tiro.
As Ordens militares e Religiosas dos Cavaleiros de S. João e dos Cavaleiros
Templários, foram instituídas para defenderem a Terra Santa.
As repúblicas das cidades marítimas de Veneza e Pisa, obtiveram extensivos
privilégios comerciais em todas as terras libertadas.
Os Turcos voltaram a conquistar Edessa e grande parte da Arménia em 1114-16, o
que deu origem à Segunda Cruzada.
2a Cruzada (1145-1148). Esta 2a Cruzada foi proclamada pelo papa Eugênio III
(1145-1153), incitado por S. Bernardo de Claraval. (1090-1153).
Desta vez, aos fidalgos juntaram-se alguns soberanos. Foram eles, Conrado da
Alemanha e Luís VII de França.
Então, apenas um pequeno grupo de cavaleiros ficou a representar as duas potências
cristãs europeias que marcharam contra Damasco, mas sem sucesso.
Conrado voltou imediatamente ao seu país mas Luís VII só voltou mais tarde.
Com a derrota da expedição e a partida dos Cruzados, os Turcos reconquistaram
parte da Principalidade de Antioquia.
Na segunda metade deste século, foi lançada uma grande ofensiva por Saladin do
Egipto que terminou com a derrota do rei de Jerusalém, Guy de Lusignan, na batalha de
Hattin em 1187.
Os Cristãos tiveram que se recolher em Tiro, Trípoli e Antioquia.
Quando o rei derrotado tentava reconquistar Acre, formou-se a Terceira Cruzada.
3a Cruzada. (1188-1192). Esta 3a Cruzada foi guiada pelo Imperador Frederico I da
Alemanha (O Barba Roxa); o rei Filipe Augusto de França (Filipe II); e Ricardo I de Inglaterra
(o Coração de Leão).
Frederico I chegou mais cedo à Ásia, por terra, e derrotou os Turcos em Icónio e
depois marchou para Jerusalém, mas naufragou no rio Calicadno (Gõksu) na Cilícia em 1190.
Os outros dois reis foram ambos por mar, mas separadamente, com rotas diferentes
; e quando se juntaram em Acre, reuniram as forças e conquistaram a cidade em 1191.
Entretanto, ambos tinham encontrado oposição por parte dos Bizantinos. (Ricardo
capturou-lhes Cyprus).
Filipe II voltou para o seu país mas Ricardo ficou e derrotou Saladin junto de Jaffa.
Vendo, todavia, que era inútil tentar o ataque a Jerusalém, preferiu fazer uns acordos
diplomáticos com Saladin, o qual concordou em tolerar a religião cristã nos seus domínios
que se estendiam desde o Nilo até ao Eufrates.
Os Cristãos ficaram a possuir a parte da costa que vai de Tiro até Jaffa.
Conjuntamente com Cyprus, ficava agora a constituir o que se veio depois a chamar
Reino de Jerusalém.
4a Cruzada (1202-1204). Esta 4a Cruzada foi proclamada pelo papa Inocêncio III
(1198-1216), para a conquista de Jerusalém.
Saiu de Veneza em barcos venezianas, sob o comando de Bonifácio Monferrat.
Todavia, desviou-se do seu objectivo, primeiramente na intenção de capturar Zara
em benefício de Veneza, e depois, para atacar Constantinopla que sacou desastrosamente.
Esta 4a Cruzada nunca chegou à Terra Santa.
Depois de os Cruzados terem conquistado Constantinopla, Balduino da Flandres
tornou-se o Primeiro Imperador latino de Constantinopla.
Este Império latino durou até 1261, mas foi dividido em muitos e pequeno feudos e
foi administrado virtualmente pelos venezianos que lhe impuseram o seu poderio comercial.
5a Cruzada. (1212-1221). As Cruzadas despertaram ondas de excitação no
Ocidente.
Espalhou-se a ideia de que só com Corações Puros se poderia conquistar a cidade de
Jerusalém.
Assim em 1212, grupos de jovens e crianças em número de 40.000, reunidos na
Alemanha e em França, dispuseram-se para irem conquistar Jerusalém.
Assim foram de cidade em cidade e, na Alemanha, juntou-se um jovem chamado
Nicolau e atravessaram os Alpes até à Itália.
Segundo a lenda, esperava-se que o mar se abrisse para passarem a pé enxuto.
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Como tal não aconteceu, o grupo desmantelou-se.
Algumas crianças conseguiram voltar para as suas terras, mas a maior parte delas foi
levada pelos negociantes que as venderam como escravos.
Pensa-se que nenhuma chegou à Terra Santa.
Foi uma manifestação de fé e uma aventura muito arrojada que resultou numa
tremenda catástrofe.
Conta-se que eventualmente foi incluída nesta 5a Cruzada uma expedição militar em
1217, no tempo do papa Honório III (1216-1227), que foi conduzida por André II da Hungria
e pelo Duque Leopoldo da Áustria, e que foi muito mal sucedida no ataque que fez contra
Acre.
Outros Cruzados de França, Inglaterra e Itália se dirigiram também para a Terra
Santa, com o fim de recapturar Jerusalém aos Sírios, chegaram ao Egipto e tomaram
Damietta em 1219.
Numa intenção de reconquista, o sultão Malik al-Kamil, ofereceu Jerusalém em troca,
mas os Cruzados avançaram para o Cairo.
Durante esta viagem foram derrotados e tiveram que renunciar aos seus intentos.
6" Cruzada. (1228-1229). O Imperador Frederico II, genro do rei de Jerusalém João
Brienne, formou a 6a Cruzada a instâncias do papa Gregório IX (1227-1241), que o tinha
excomungado por causa das suas anteriores demoras em partir.
Esta Cruzada, de facto, pouco mais fez que um tratado de amizade com o sultão
Malik al-Kamir, concluído em Acre em 1228; todavia ela foi, de muitas maneiras, a mais
brilhante e mais bem sucedida de todas as Cruzadas, pois que abriu aos cristãos as portas
de Jerusalém.
Ameaçado pelos Mongóis, o sultão cedeu a Frederico II de Jerusalém, Belém, Nazaré
e uma saída para o mar e garantiu respeitar os direitos dos Cristãos.
Frederico II foi coroado rei de Jerusalém na Igreja do Santo Sepulcro.
Porém, teve que sair duramente, quando os fidalgos cristãos se revoltaram contra ele
e se recusaram a reconhecer a sua soberania.
Entre outros ele foi também excomungado.
Outra campanha que teve lugar depois desta Cruzada, também promovida pelo
papa Gregório IX em 1239, foi conduzida por um outro Príncipe Thibaud de Champagne.
Tirando partido das rivalidades e conflitos entre os sucessores de Saladin, os
Cruzados reconquistaram e governaram por muitos anos, Ascalon e a Galileia. Jerusalém caiu
mais uma vez nas mãos dos Turcos em 1244 e nunca mais foi libertada.
7a e 8a Cruzadas. Estas duas Cruzadas foram ambas conduzidas por Luís IX
(..S.Luís) rei de França.
A 7a Cruzada foi para o Egipto e para a Síria, (1248-1254).
A 8" Cruzada foi para a Tunísia (1270), onde faleceu Luís IX.
As suas campanhas conduzidas com grande valor e piedade, foram totalmente
infelizes.
O próprio Luís IX foi capturado e feito prisioneiro na batalha de Mansurah em 1250,
enquanto as suas forças eram dizimadas pelas febres, como na última Cruzada.
As últimas reminiscências das terras libertadas pelos Cruzados na Ásia foram
conquistadas pelo turco Mameluke durante os últimos anos do século XIII.
A última cidade a cair na batalha foi Acre em Maio de 1291.
Depois dela, renderam-se imediatamente Tiro, Sidónia, Beirute e Tortosa.
Como tentativa que durou dois séculos para colonizar o Próximo Oriente, as
Cruzadas foram um falhanço.
As principais razões foram a falta de solidariedade e a impossibilidade de manter uma
guarnição militar nas terras conquistadas.
Os Cruzados ajudaram D. Afonso Henriques nas conquistas aos Moiros, para a
Independência de Portugal.
Estiveram-na conquista de Lisboa, e a partir daí, muitos deles já não quiseram seguir
para a Terra Santa, mas ficaram-se por cá.
Também estiveram na conquista de Silves e em muitas outras, prestando o melhor
serviço, bem como em Torres Novas, Tomar e Évora, e finalmente em Alcácer do Sal.
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Islão.
Ver : Bula da Cruzada. Cidade Santa. Conquista de Lisboa. Espírito de Cruzada.
Jerusalém. Lugares Santos. Movimento de Libertação Cristã. Ordem dos Cavaleiros.
Palestina. Reconquista cristã. Terra Santa.
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