Lilian Parra Prione - Vilma Palazetti de Almeida

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FUNDAÇÃO SÃO PAULO
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA SAÚDE
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
LILIAN PARRA PRIONE
PROFA. DRA. VILMA PALAZETTI DE ALMEIDA
AVALIAÇÃO DO CONTROLE DE IPOMOEA GRANDIFOLIA (CORDA DE VIOLA)
EM SOLO ARGILOSO E ARENOSO UTILIZANDO DIFERENTES DOSES DO
HERBICIDA KIH-485.
Sorocaba
2011
LILIAN PARRA PRIONE
PROFA. DRA. VILMA PALZETTI DE ALMEIDA
AVALIAÇÃO DO CONTROLE DE IPOMOEA GRANDIFOLIA (CORDA DE VIOLA)
EM SOLO ARGILOSO E ARENOSO UTILIZANDO DIFERENTES DOSES DO
HERBICIDA KIH-485.
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Faculdade de
Ciências Médicas e da Saúde da
Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo, sob a orientação da
Profa. Dra. Vilma Palazetti de
Almeida, requisito para obtenção
do título de bacharel em Ciências
Biológicas.
Sorocaba
2011
RESUMO
Planta daninha é toda e qualquer planta que nasce onde não é deseja e causa
algum malefício para o homem. Ipomoea grandifolia é caracterizada por ter sua
morfologia com caules e ramos volúveis que se emaranham em plantas vizinhas ou
crescem sobre obstáculos. O uso de herbicidas está cada vez mais freqüente para
controle de plantas daninhas. O KIH-485 tem como ingrediente ativo o
Pyroxasulfone e é um herbicida com modo de ação do grupo K3 (herbicidas
inibidores da divisão celular). O presente trabalho teve como objetivo avaliar a
Eficácia do Controle de doses crescentes do herbicida KIH-485 sobre a importante
espécie de planta daninha Ipomoea grandifolia (corda de viola) em pré - emergência
em dois diferentes tipos de solo: franco argiloso e areia franca. A daninha foi
semeada em copos plásticos descartáveis transparentes de 500 mL de volume em
dois solos diferentes: franco argiloso e areia franca. A aplicação do herbicida foi
realizada em pré-emergência e as avaliações de eficácia do produto foram
realizadas aos 7, 14, 21, 28 e 35 Dias Após a Aplicação (DAA) e os dados foram
submetidos à análise de variância pelo teste F. Os resultados mostraram que houve
diferença estatística entre os tratamentos e que o herbicida responde de modo
diferente em cada solo. Em solo arenoso, não houve ganho em eficácia de controle,
com o aumento da dose do herbicida. Já em solo argiloso, apresentou maior
residual, mantendo sua eficácia de controle acima de 80% ate os 35 DAA. Concluise então que houve interação significativa entre a dose do herbicida KIH-485
utilizada e o tipo de solo, mostrando que o herbicida KIH-485 pode se tornar uma
nova opção de controle de Ipomoea grandifolia em pré-emergência.
Palavras chaves: planta daninha, controle, solos, herbicida KIH 485.
ABSTRACT
EVALUATION OF Ipomoea grandifolia (ROPE OF VIOLA) CONTROL IN CLAY SOIL
AND SANDY USING DIFFERENT DOSES OF HERBICIDE KIH-485.
Weed plant is any plant that grows where it´s not desired and cause any harm to
human. Ipomoea grandifolia is characterized by having theirs morphology with
voluble stems and branches that are entangled in neighbors plants or obstacles. The
use of herbicides is increasingly frequent for weed control. The KIH-485 has as the
active ingredient the Pyroxasulfone and it is a herbicide with the group K3 action
mode (cell division herbicides inhibitors). This study aimed to evaluate the control
effectiveness of herbicide KIH-485 increasing doses on the important weed species
Ipomoea grandifolia (rope of viola) in pre-emergence of two different types of soil:
clayed loam and sandy loam. The weed was sown in transparent disposable plastic
cups of 500 ml volume in two different soils: clayed loam and sandy loam. The
application of herbicide was held in pre-emergence and effectiveness of the product
evaluations were performed at 7,14,21,28 and 35 Days After Application (DAA), and
the data were subjected to analysis of variance by F test. The results showed
statistical differences among the herbicide treatments and responds differently in
each soil. In sand free soil, there was no gain in efficacy of control, with increasing
dose of the herbicide. Otherwise, the clay soil had a higher residual, maintaining the
effectiveness over 80% up to 35 DAA. It is concluded that there was significant
interaction between doses of herbicide KIH-485 used and soil type, showing that the
herbicide KIH-485 may become a new option for control of Ipomoea gandifolia in preemergence.
Key-words: Weed plant, control, soil, KIH-485 herbicide
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 6
2 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................................ 14
2.1 Objetivos Específicos .............................................................................................................. 14
3 METODOLOGIA ............................................................................................................................. 15
3.1
Espécies de Plantas Daninhas e Condições de Semeadura ...................................... 15
3.2
Tipos de Solo e Doses do Herbicida KIH-485 ............................................................... 15
3.3
Avaliações de Eficácia ....................................................................................................... 16
4 RESULTADOS ................................................................................................................................ 17
4.1
Eficácia de Controle em Função da Interação Entre S e H ......................................... 19
4.2
Eficácia de Controle em Função da Interação Entre H e S ......................................... 19
5 CONCLUSÕES ............................................................................................................................... 23
6 PRÓXIMOS PASSOS .................................................................................................................... 23
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 24
7 ANEXOS........................................................................................................................................... 27
7.1 Resultado de Análise Física de Solo. ................................................................................... 27
6
1 INTRODUÇÃO
O surgimento das plantas daninhas ocorreu junto com o desenvolvimento da
agricultura, há cerca de 12 mil anos. No início, havia maior equilíbrio entre as
diversas espécies. Com o crescimento da população e, conseqüentemente, maior
interferência humana nos cultivos, iniciou-se um processo gradual de seleção. As
espécies sem interesse agrícola passaram a ser indesejadas e sua multiplicação e
alta capacidade de adaptação permitiu-lhes sobreviver a diversos ambientes,
tornando-se necessário a adoção de medidas de controle (VIVIAN, 2011).
Planta daninha, segundo Shaw, 1956, é “toda e qualquer planta que ocorre
onde não é desejada”. Um conceito mais voltado às atividades agropecuárias é
definido por Blanco, 1972, onde planta daninha é “toda e qualquer planta que
germine espontaneamente em áreas de interesse humano e que, de alguma forma,
interfira
prejudicialmente
nas
atividades agropecuárias”.
Já Deuber, 1992,
acrescenta que planta daninha, é uma planta que, isoladamente ou em grupo, causa
algum dano ou inconveniência no local em que ocorre.
Neste sentido apresentado pelos autores, plantas daninhas devem ser
controladas dentro de uma cultura. Entende-se como o manejo destas plantas,
mantê-las dentro de limites de crescimento, ou eliminá-las de tal forma que não
causem qualquer prejuízo, dano ou inconveniência (DEUBER, 1992). Os prejuízos
potenciais de plantas daninhas em lavouras depreciam consideravelmente a
qualidade do produto, interferindo no aspecto econômico do produtor (MEROTTO
JUNIOR, 1997). Essa redução é ocasionada principalmente pela competição
interespecífica por água, luz e nutrientes e também por dióxido de carbono, espaço
físico e temperatura (MEROTTO JUNIOR, 1997), e por interferências indiretas
assumindo grande importância quando atuam como hospedeiras alternativas de
pragas, moléstias, nematóides e plantas parasitas (PITELLI, 1987).
Atualmente, não há dúvidas de que a presença de plantas daninhas cause
prejuízos aos agricultores. Em média, cerca de 20-30% do custo de produção de
uma lavoura se deve ao custo do controle das plantas daninhas. Geralmente,
apresentam crescimento rápido e facilidade de disseminação, produzem grande
número de sementes e crescem em condições adversas (VIVIAN, 2011).
Dependendo da espécie de daninha, da infestação e densidade, as perdas na
agricultura podem ser significativas, podendo comprometer a colheita e a qualidade
7
dos grãos (EMBRAPA, 2004). Vivian, 2011, sumarizou os prejuízos causados pelas
plantas daninhas. Segundo o autor, seus prejuízos estão diretamente relacionados
às perdas na produtividade e na qualidade dos produtos. Um exemplo típico é o que
ocorre com sementes de picão-preto (Bidens pilosa) no cultivo do algodoeiro. Muitas
espécies também são extremamente danosas em campos de sementes, pois podem
impedir a sua certificação. Em áreas de pastagem, espécies como cafezinho
(Palicourea marcgravii) e oficial-de-sala (Asclepias curassavica) intoxicam os
animais levando-os à morte. Outras espécies podem, também, parasitar plantas.
Exemplo comum no Brasil ocorre com a erva-de-passarinho (Phoradendron rubrum)
em citros, ocasionando perdas na produção e morte das plantas. Em outros países,
ocorre o parasitismo em plantas de milho ocasionado pela erva-de-bruxa (Striga
lutea), espécie daninha de difícil controle devido ao seu desenvolvimento abaixo da
superfície do solo.
Segundo resumo do mesmo autor, indiretamente, as plantas daninhas
também podem afetar as lavouras, sendo hospedeiras de pragas e doenças. No
caso das guanxumas (Sida ssp.), a maioria é hospedeira do vírus do mosaicodourado do feijoeiro, transmitido pela mosca-branca. O capim-massambará
(Sorghum halepense), hospedeiro do vírus do mosaico da cana-de-açúcar, está
geralmente presente em canaviais. Demais prejuízos indiretos ocorrem pela
dificuldade de colheita na presença de plantas daninhas como corda de viola
(Ipomoea sp), carrapicho (Cenchrus echinatus), unha de gato (Acassia plumosa) e
mucuna (Mucuna pruriens) ou mesmo pela dificuldade de manejo após o cultivo, a
exemplo do que ocorre pela tiririca (Cyperus rotundus).
As espécies daninhas desenvolveram, ainda, estratégias de sobrevivência
para conseguirem se manter mesmo em condições adversas, como grande
produção de sementes, podendo parte abastecer o banco de sementes da área,
facilidade de dispersão, com mecanismos muito eficazes, e longevidade, produzindo
sementes com dormência por um longo período de tempo (MALUTA, et al, 2011) e
até mesmo mecanismos de propagação como tubérculos, rizomas, que podem
resistir no solo por muito tempo (LORENZI, 2000).
O manejo integrado de plantas daninhas consiste na adoção de um conjunto
de métodos e técnicas para prevenção e controle dessas espécies. A prevenção
consiste na adoção de práticas que evitem a entrada de propágulos de espécies
indesejadas na área. Já o controle objetiva reduzir a infestação, mas sem a
8
completa erradicação. O controle eficiente deve reduzir o número de plantas
daninhas na área até o nível em que estas não causem perdas substanciais. O nível
de dano econômico é atingido quando as perdas são iguais ao custo do controle, e é
nesse momento que o controle deve ser praticado (EMBRAPA, 2005).
O controle de plantas daninhas deve ser planejado e executado antes do
estabelecimento da cultura e durante todo o ciclo desta. Existem três modalidades
comumente usadas no controle de plantas daninhas: controle preventivo, cultural e
químico. O controle preventivo engloba todas as medidas capazes de prevenir a
introdução e a disseminação de plantas daninhas na lavoura. Entre elas estão: uso
de sementes certificadas, limpeza de equipamentos e controle dessas espécies em
áreas adjacentes da lavoura. Entende-se por controle cultural o uso de qualquer
condição ambiental ou procedimento que promova o crescimento da cultura,
tendendo a diminuir os danos causados por plantas daninhas. A escolha da cultivar
adequada, a adubação correta e a adequação da densidade, da profundidade, do
espaçamento entre as linhas e da época de semeadura são fatores que podem
proporcionar grande vantagem para a cultura. Já o controle químico consiste no uso
de herbicidas é o método mais rápido e eficiente disponível atualmente.
O uso de herbicidas está cada vez mais freqüente para controle de plantas
daninhas. Novos produtos, com diferentes modos de ação surgem no mercado de
defensivos agrícolas constantemente (CHRISTOFFOLETI, 2003). Como ainda
demonstra Christoffoleti, 2003, o herbicida age de diversas formas na planta,
podendo atuar em uma ou mais partes da planta, atuando na formação de enzimas,
proteínas, ou em alguma área que dificulta a formação e o desenvolvimento da
planta. O modo de ação de um herbicida se dá desde o contato direto do herbicida
com a planta, até sua morte ou desativação.
As propriedades físicas e químicas dos herbicidas, doses utilizadas, método
de aplicação, as características bióticas e abióticas do ambiente e as condições
climáticas no momento da aplicação, influenciam na atividade e controle das plantas
daninhas (CHRISTOFFOLETI, 2003).
O método mais utilizado hoje para o controle de daninhas é o químico, que
consiste na utilização de herbicidas, que possui como vantagem a rapidez na
aplicação e economia de mão-de-obra (EMBRAPA, 2004).
Para o manejo de plantas daninhas, existem herbicidas pré- emergentes que
são aplicados sobre a superfície do solo antes da germinação da planta daninhas, e
9
os herbicidas pós-emergentes, que são aplicados sobre as plantas daninhas quando
as mesmas já se encontram na área.
O uso de herbicidas em pré-emergência possui a vantagem de controlar a
planta daninha antes de sua germinacão ou emergência e competição com a cultura.
O desempenho desse herbicida, que geralmente é absorvido pela semente ou pelas
raízes, é função de fatores como umidade, chuva após a aplicação, temperatura,
tipo de solo e espécies que são desejadas seu controle. Já os herbicidas em pósemergência são utilizados após a germinação das plantas daninhas, no entanto,
antes que consigam interferir no desenvolvimento da cultura. Um ponto muito
importante dos herbicidas pós-emergentes é de proceder a aplicação no estágio
correto da daninha e da cultura, para que se possa obter sucesso no controle. Além
disso as condições climáticas devem estar favoráveis para o herbicida possa agir na
planta de forma eficaz, otimizando a absorção foliar e potencializando a translocação
do herbicida na planta. Observa-se uma vantagem no uso desse herbicida, pois
permite aplicações localizadas, podendo ser usado em preparo convencional e
plantio direto. (MALUTA, et al, 2011).
Os herbicidas pré-emergentes são aplicados sobre a superfície do solo e a
absorção das substancias ativas geralmente ocorre através das raízes, seguido da
redistribuição na planta. Eles tendem a ser ativos nas folhas, ou outras partes da
planta que estejam acima do solo, onde eles interrompem a respiração e o processo
de fotossíntese. As substancias ativas chegam ao solo por meio da água da
pulverização, e podem permanecer no solo por algum tempo. Herbicidas de solo tem
um papel importante no controle de gramíneas e dicotiledôneas em períodos de préplantio e pré-emergência, ou as vezes ainda em períodos logo após o plantio
Segundo Negrisoli, 2007, as diversas composições de solo podem ter
interferência em relação à temperatura na superfície do solo, causando variações;
quanto à formação de uma barreira física a ser ultrapassada pela planta; aumento
de patógenos e microorganismos que podem decompor essas plantas e ainda,
possíveis efeitos alelopáticos inibindo a germinação da semente. Segundo Correia &
Rezende, 2002, a germinação de plantas daninhas é um processo-chave na
organização e dinâmica das espécies vegetais, sendo muito sensível à cobertura do
solo já que resíduos culturais na superfície do solo alteram a umidade, luminosidade
e temperatura do solo, principais variáveis no controle da dormência e germinação
10
de sementes. A cobertura e o tipo do solo também podem interferir no
desenvolvimento das plântulas (CORREIA; REZENDE, 2002).
A quantidade de argila do solo exerce grande influência na retenção e
disponibilidade do herbicida no solo para absorção radicular das plantas. O conteúdo
de argila do solo exerce grande influência na retenção e disponibilidade de
herbicidas na solução do solo para absorção radicular das plantas. Firmino et al.,
2008, constataram que, a dose de imazapyr necessária para reduzir em 50% a
produção de matéria seca das plantas de sorgo, foi menor em solo com menor
conteúdo de argila em relação à dose no solo com conteúdo de argila maior. Já
Gemelli et al., 2007, observaram que o herbicida amicarbazone, teve melhor
desempenho no controle de Ipomoea grandifolia, na medida em que aumentou a
porcentagem de areia no solo.
Além da textura e composição do solo, as condições de umidade também
interferem no controle do herbicida para plantas daninhas. Segundo Machado, 2001,
um estresse hídrico prolongado pode causar um aumento na espessura e densidade
da cutícula e da pubescência, diminuindo a penetração, translocação e metabolismo
de herbicidas, conseqüentemente, obtendo um menor controle. Como demonstrado
por Machado, 2001, a aplicação do halosulfuron em plantas de tiririca sob estresse
hídrico, desde que irrigadas até 24 horas após a aplicação, controlou
satisfatoriamente a tiririca, mas quando a irrigação ocorreu 48 horas após a
aplicação, houve comprometimento na translocação do herbicida nas plantas.
Portanto, estes herbicidas devem ser aplicados somente em solo umido. Em
condicoes secas, esses produtos podem perder sua atividade.
Além destes, existem outros fatores que influenciam na eficiência do herbicida e
devem ser levados em consideração no momento da aplicação como a umidade
relativa do ar, vento, temperatura e a tecnologia de aplicação (EMBRAPA, 2004 a).
O herbicida KIH-485, de propriedade da Kumiai Chemical do Japão, encontrase registrado para uso no Japão e Estados Unidos e no Brasil está sendo
desenvolvido pela Iharabras S/A Indústrias Químicas. A estrutura química de KIH584
encontra-se
na
Figura
1:
(3-[5-(difluoromethoxy)-1-methyl-3-
(trifluoromethyl)pyrazol-4-ylmethylsulfonyl]-4,5-dihydro-5,5-dimethyl-1,2-oxazole.
11
Fig. 1 – Estrutura química do herbicida KIH-485. Extraído de: TANETANI et al, 2009.
O KIH-485 é um herbicida pré-emergente, aplicado ao solo, e tem como
ingrediente ativo o Pyroxasulfone, inibidor da divisão celular, grupo K3 do Herbicide
Resistance Action Commitee (TANETANI et al, 2009). Conforme publicado por
Tanetani e seu grupo, o herbicida age sobre os ácidos graxos de cadeia muito longa.
É possível também que esse herbicida interfira na síntese de giberilina, prejudicando
o desenvolvimento do embrião e da plântula após a germinação. A rota biosintética
da cadeia muito longa de ácidos graxos encontra-se na Figura 2.
Fig. 2 – Rota biosintética da cadeia muito longa de ácidos graxos em plantas. Extraído de:
TANETANI et al, 2009.
Uma maneira mais simplificada de se entender o modo de ação deste
herbicida foi proposta por Christoffoleti, 2003, e encontra-se na Figura 3.
12
Inibição da biossíntese de muitos ácidos
graxos de cadeia longa
Paralização da função da membrana plasmática
Morte da célula
Fig. 3 – Modo de ação do herbicida KIH-485.. Fonte: CHRISTOFFOLETI, 2003.
Da mesma maneira que outros herbicidas do grupo K3, Pyroxasulfone tem
um efeito muito pequeno sobre a germinação de sementes. Por outro lado, é um
potente inibidor do alongamento das raízes após a germinação das sementes,
levando as plântulas a morte (TANETANI, 2009).
Por se tratar de um herbicida relativamente novo, o levantamento de
informações sobre o comportamento no ambiente e a intensidade em que os fatores
ambientais influenciam na atividade do herbicida é de importante valia para a
adequada utilização do produto.
produto O surgimento de plantas daninhas resistentes a
herbicidas encontra-se
se relacionado ao uso repetitivo de herbicidas com mesmo
mecanismo de ação. Hoje na agricultura brasileira e mundial, varias espécies de
plantas daninhas resistente a herbicidas são encontradas
encontradas infestando áreas
agricultáveis (King et al., 2007; Vargas et al., 2007; Gazziero et al., 1998). KIH-485
KIH
ainda não esta registrado para uso no mercado brasileiro de herbicidas, contudo,
apresenta elevado potencial para ser utilizado isolado ou em mistura
mis
para o controle
de plantas daninhas de difícil manejo e com resistência aos herbicidas já
encontrados no mercado.
Neste sentido, Ipomoea grandifolia,
grandifolia, como demonstra Kissmann, 1992, tem como
com
nome popular corda-de
de-viola “é uma planta nativa na América
mérica do Sul, anual,
reproduzida por semente. Ocorre na parte meridional do Brasil, intensamente a partir
do fim do inverno. Após a maturação, as sementes apresentam geralmente pronta
viabilidade. A planta prefere solos modificados, como os de uso agrícola.
agrícol Sua
morfologia é caracterizada por caules e ramos volúveis que se emaranham em
plantas vizinhas ou crescem sobre obstáculos. Suas folhas são simples, alternadas,
pecioladas, com limbo de formato irregular. Sua inflorescência é axilar, formando-se
formando
de 1-8 flores curto-pediceladas,
pediceladas, na parte terminal de longo pedúnculo, e suas flores
com 5 sépalas membranáceas, ovalado-elípticas
ovalado elípticas e agudas, em duas séries, sendo
13
as externas algo rugosas e geralmente apresentando curta pilosidade. Já seus frutos
são cápsulas septíferas esféricas ou ovóides-cônicas, com 6-8 mm de diâmetro, de
coloração castanho-clara na maturação”. As Figuras 4 e 5, extraídas do website da
University of Florida (2011), apresentam a estrutura reprodutiva e um emaranhado
de plantas de Ipomoea grandifolia, erva daninha alvo do presente estudo.
Figura 4 – Estrutura reprodutiva da
Figura 5 – Emaranhado de plantas de
Corda de viola (Ipomoea grandifolia).
Corda de viola (Ipomoea grandifolia).
14
2 OBJETIVO GERAL
Avaliar a Eficácia do Controle de doses crescentes do herbicida KIH-485
sobre a importante espécie de planta daninha Ipomoea grandifolia (corda de viola)
em pré - emergência em dois diferentes tipos de solo: franco argiloso e areia franca.
2.1 Objetivos Específicos
•
Analisar se o herbicida KIH-485 apresenta diferentes níveis de Eficácia de
Controle em função do tipo de solo onde o produto é aplicado;
•
Analisar a Eficácia de Controle aos 7 dias após aplicação (DAA) do herbicida
KIH-485 sobre a espécie Ipomoea grandifolia em solo argiloso e arenoso;
•
Apresentar informações sobre o residual de KIH-485 em solos arenoso e
argiloso até os 35 DAA;
•
Avaliar se o herbicida KIH-485 tem potencial para ser usado como nova
opção de controle de Bidens pilosa.
15
3 METODOLOGIA
O presente estudo foi desenvolvido na Estação Experimental da Iharabrás
S/A Indústrias Químicas, município de Sorocaba/SP, entre 13 de Abril e 18 de Maio
de 2011. O experimento foi conduzido em casa de vegetação a fim de medir com
precisão o efeito das condições de umidade e tipo de solo na dinâmica da eficácia
de controle do herbicida KIH-485.
O delineamento experimental utilizado foi o Inteiramente Casualizado com
quatro repetições. Cada copo plástico constituiu uma parcela experimental.
3.1
Espécies de Plantas Daninhas e Condições de Semeadura
A espécie de plantas daninhas propostas para o ensaio foi Ipomoea
grandifolia, uma mais importantes ervas daninhas que interferem nos sistemas de
cultivo de culturas anuais e perenes no Brasil. A daninha foi semeada em copos
plásticos descartáveis transparentes de 500 mL de volume. Foram semeados
aproximadamente 0,80 g de Ipomoea grandifolia por copo, a uma profundidades
média de 2 cm. As quantidades de sementes e a profundidade haviam sido testadas
em ensaios anteriores, e mostraram-se suficientes e adequadas para a cobertura
vegetal da área da boca do copo.
3.2
Tipos de Solo e Doses do Herbicida KIH-485
Dois tipos de solo com granulometrias diferentes foram utilizados afim de
determinar a influência do tipo solo na dinâmica do herbicida. Foram eles: franco
argiloso e areia franca (granulometria fina e grossa, respectivamente).
As doses do herbicida KIH-485 utilizadas neste experimento foram baseadas
em resultados preliminares obtidos em um tipo de ensaio chamado “screening”,
onde os novos produtos são testados obedecendo-se uma curva exponencial de
doses aplicadas em varias espécies. As doses testadas encontram-se na Tabela 1.
Cada um dos três tipos de solo utilizados foi submetido as cinco doses diferentes do
herbicida.
Tabela 1: Dose de Ingrediente Ativo e de Produto Comercial 85% (g ia.ha-1 e g pc.ha-1,
respectivamente) de herbicida KIH-485 utilizado no ensaio:
Dose
Controle
Nivel 1
Nivel 2
Nivel 3
Nivel 4
16
g ia.ha-1
-1
g pc.ha (85% ia)
3.3
0,00
93,50
123,25
153,00
212,50
0,00
110,00
145,00
180,00
250,00
Avaliações de Eficácia
A aplicação do herbicida foi realizada em pré-emergência no dia
11/04/2011, e as avaliações de eficácia do produto foram realizadas aos 7, 14, 21,
28 e 35 Dias Após a Aplicação (DAA), que é o prazo crítico de interferência das
ervas daninhas nos sistemas de cultivos anuais (tempo médio que as culturas levam
para o fechamento das ruas).
Avaliaram-se as testemunhas por meio da contagem do número de plantas
por copo, e considerou-se como 0% de controle. Já nas parcelas com aplicação do
herbicida, a contagem foi realizada e determinou-se a porcentagem de controle em
relação à testemunha. Os dados de Eficácia de Controle que serão apresentados
nos resultados correspondem a porcentagem de inibição das daninhas nas parcelas
com herbicida em relação a testemunha sem herbicida. As parcelas experimentais
sem herbicida (controle) tiveram crescimento normal. Por outro lado, nas parcelas
onde o herbicida foi aplicado ocorreu a paralisação do crescimento e não
estabelecimento das plantas. Quanto menor o porte das plantas em relação à
testemunha, maior a porcentagem de controle.
Durante as avaliações foram feitos o acompanhamento da temperatura e
umidade relativa. As medições foram feitas a cada dois dias, durante toda a
condução do ensaio. A temperatura oscilou entre 20 a 30°C, e a umidade relativa
entre 60 a 90%, ambos considerados adequados para o desenvolvimento das
plantas daninhas, bem como para o funcionamento do herbicida.
Após a tabulação, os dados foram submetidos à análise de variância pelo
teste F e suas médias agrupadas a 5% de probabilidade pela Diferença Média
Significativa (DMS), conforme segue:
DMS Solos =
DMS Herbicida =
DMS Interação SxH =
17
4 RESULTADOS
A Análise de Variância ao nível de 5% de probabilidade revelou que houve
efeito significativo do Tipo de Solo (S) e da dose do Herbicida KIH-485 (H) na
Eficácia de Controle de Ipomoea grandifolia. Além disso, a Interação entre o Tipo de
Solo e a Dose do Herbicida (SxH) também foi significativa, indicando que o herbicida
comportou-se de maneira diferente nos dois tipos de solo (Tabela 2).
Tabela 2 - Análise de Variância da Eficácia de Controle de Ipomoea grandifolia aos 7 Dias
após a aplicação de KIH-485 em um ensaio em delineamento de Blocos Casualizados em
arranjo Fatorial:
Fonte de Variação
GL
SQ
QM
F
Repetição
3
685,34
Solo (S)
1
258,78
258,8
1,818*
Herbicida (H)
3
992,59
330,9
2,325*
Solo x Herbicida (SxH)
7
237,59
26,4
0,270*
Residuo
17
2134,90
142,3
Total
31
GL = Graus de Liberdade; SQ = Soma de Quadrados; QM = Quadrado Médio.
Na sequência serão apresentados com brevidade as médias de eficácia de
Controle em função dos fatores individuais Solo e Herbicida, que podem ser usados
como regra geral, porém, o foco do trabalho será explorar e discutir a Interação entre
esses fatores (SxH) pois o Herbicida se comportou de maneira diferente em cada
tipo de Solo.
Quando a média de Eficácia de Controle foi calculada em função do fator Solo
(S) observou-se uma tendência em obter maior controle no solo arenoso do que no
argiloso (Tabela 3).
Tabela 3 – Médias da Eficácia de Controle de Ipomoea grandifolia aos 7 Dias após a
aplicação de KIH-485 em solo arenoso e argiloso:
Solo
Eficácia de Controle
Arenoso
88,18 a
Argiloso
82,50 b
DMS 2,08
Quando a média de Eficácia de Controle foi calculada em função do fator
Herbicida (H) houve um comportamento normal com uma tendência em obter maior
controle com o aumento da dose do Herbicida (Tabela 4 e Figura 6). Apenas a
menor dose do herbicida (93,5 g ia/ha) apresentou média de eficácia de controle
18
abaixo de 80%, enquanto as doses intermediárias (123,25 e 153 g ia/ha)
apresentaram controle em torno de 85%, e a maior dose (212,5 g ia/ha) atingiu
controle acima de 90%. Esses resultados indicam que pode haver possibilidade de
uso de doses intermediárias do herbicida KIH-485 mantendo adequado o controle de
Ipomoea grandifolia.
Gráfico 1 – Médias da eficácia de controle de
Ipomoea grandifolia aos 7 dias após a aplicação de
doses crescentes do herbicida KIH-485:
Tabela 4 – Médias da Eficácia de
Controle de Ipomoea grandifolia
aos 7 dias após a aplicação de
doses crescentes de KIH-485:
95
Eficácia
(%)
93,12 a
86,37 b
84,37 B
77,50 C
DMS 4,17
90
% de controle
Dose
(g ia/ha)
212,5
153
123,25
93,5
93,5
123,25
85
153
80
75
212,5
Eficácia de controle
A Interação entre o Tipo de Solo e a dose do Herbicida (SxH) foi significativa
e pode ser observada com facilidade na Figura 7. A tendência observada foi de
diferentes incrementos na eficácia de controle no solo argiloso e arenoso, havendo
grande diferença de controle na menor dose do herbicida, e controle semelhante
quando a maior dose foi aplicada.
Gráfico 2 – Médias da eficácia de controle de Ipomoea grandifolia aos 7 DAA em solo
argiloso e arenoso submetidos a doses crescentes do herbicida KIH-485:
95
& de controle
90
85
80
ARGILOSO
75
ARENOSO
70
65
93,5
123,25
153
g/i.h./ha
212,5
19
4.1
Eficácia de Controle em Função da Interação Entre S e H
Analisando-se o efeito da aplicação do herbicida em cada solo, na menor
dose (93,5 g ia/ha) a eficácia de controle de Ipomoea grandifolia foi estatisticamente
diferente nos dois solos, alcançando apenas 70% no solo argiloso e um controle
15% superior em solo arenoso. Conforme as doses de KIH-485 foram sendo
aumentadas a eficácia de controle em solo arenoso e argiloso foi ficando mais
próxima. Observou-se que na maior dose do herbicida (212,5 g ia/ha) a eficácia de
controle em solo arenoso e argiloso foi estatisticamente igual, atingindo 93,75 e
92,50%, em solo arenoso e argiloso, respectivamente. O herbicida apresentou
eficácia de controle inferior a 80% apenas quando a menor dose (93,5 g ia/ha) foi
aplicada em solo argiloso. As médias de eficácia de controle de Ipomoea em solos
arenoso e argiloso com doses crescentes de KIH-485 podem ser encontradas na
Tabela 5.
Tabela 5 – Médias da Eficácia de Controle de Ipomoea grandifolia em solo arenoso e
argiloso aos 7 Dias após a aplicação de doses crescentes de KIH-485:
Solo
Dose
Eficácia de Controle
Arenoso
212,5
93,75 a
Argiloso
212,5
92,50 ab
Arenoso
153
87,75 abc
Arenoso
123,25
86,25 abc
Arenoso
93,5
85,00 bc
Argiloso
153
85,00 bc
Argiloso
123,25
82,50 c
Argiloso
93,5
70,00 d
DMS 8,35
4.2
Eficácia de Controle em Função da Interação Entre H e S
Com base nos resultados, foi possível verificar que o comportamento do KIH-
485 foi semelhante em diferentes doses no solo arenoso. No entanto, KIH-485
apresentou eficácia de controle superior com o incremento das doses em solo
argiloso. Há, ainda, a possibilidade de se trabalhar com doses menores de KIH-485
em solo arenoso em relação ao argiloso, sem reduzir a eficácia de controle. Como
se pode observar na Tabela 6, de modo geral, o incremento de doses de KIH-485
em solo arenoso não aumentou significativamente a eficácia de controle de
20
Ipomoea, enquanto o aumento de dose foi requerido para adequado controle em
solo argiloso.
Tabela 6 – Médias da Eficácia de Controle de Ipomoea grandifolia aos 7 Dias após a
aplicação de doses crescentes de KIH-485 em solo arenoso e argiloso:
Eficácia de
Eficácia de
Solo
Dose
Solo
Dose
Controle
Controle
212,5
92,50 a
212,5
93,75 a
153
85,00 ab
153
87,75 ab
Argiloso
Arenoso
123,25
82,50 B
123,25
86,25 ab
93,5
70,00 c
93,5
85,00 b
DMS 8,35
DMS 8,35
Os resultados desse trabalho concordam parcialmente com estudos de Inoue
e seu grupo (2011), que trabalhando com os herbicidas pré-emergentes Ametryna,
Clomazone e Diurom observaram que não houve ganho em eficácia de controle com
incremento da dose do herbicida Clomazone em solo arenoso. Além disso, o
incremento da dose em solos arenosos não aumentou o efeito residual do
Clomazone, o que também foi observado pelo mesmo grupo de autores em 2009
estudando os herbicidas Diuron, Imazapic e Isoxaflutole.
A fim de enriquecer a discussão, dados complementares sobre o residual até
os 35 DAA de KIH-485 na menor e maior doses do ensaio (93,5 e 212,5 g ia/ha,
respectivamente) em solo argiloso e arenoso são apresentados na Figura 8.
Conforme apresentado, independente da dose, KIH-485 teve Eficácia de Controle
superior aos 7 DAA em solo arenoso. Por outro lado, em solo argiloso KIH-485
apresentou maior residual, mantendo sua eficácia de controle acima de 80% na
maior dose até os 35 DAA.
% de controle
Gráfico 3 – Médias da eficácia de controle de Ipomoea grandifolia até os 35 DAA em solo
argiloso e arenoso submetidos a 93,5 e 212,5 g ia/ha do herbicida KIH-485:
95
90
85
80
75
70
65
60
55
50
45
ARGILOSO 93,5
ARENOSO 93,5
ARGILOSO 212,5
ARENOSO 212,5
7
14
21
DAA
28
35
21
Assim como a figura 8, dados para enriquecer o trabalho sobre as doses
crescentes do herbicida KIH 485 pelos DAA (Dias Após Aplicação), em solo argiloso
e arenoso serão apresentadas na figura 9 e 10, respectivamente.
Gráfico 4 - Médias das eficácias de controle de Ipomoea grandifolia até os 35 DAA
em solo argiloso, submetidos a doses crescentes do herbicida KIH 485.
% de controle
100
80
60
93,5
40
123,25
20
153
212,5
0
7 DAA 14 DAA 21 DAA 28 DAA 35 DAA
DAA
Gráfico 5 - Médias das eficácias de controle de Ipomoea grandifolia até os 35 DAA
em solo arenoso, submetidos a doses crescentes do herbicida KIH 485.
% de controle
100
80
60
93,5
40
123,25
20
153
0
212,5
7 DAA 14 DAA 21 DAA 28 DAA 35 DAA
DAA
Os resultados encontrados concordam com estudos anteriores que reportam
a importância do tipo de solo na definição da dose do herbicida e na eficácia de
controle de ervas daninhas usando-se herbicidas pré-emergentes. Inoue e seu grupo
(2011), trabalhando com os herbicidas pré-emergentes Ametryna, Clomazone e
Diuron, observaram que até os 15 dias após aplicação dos herbicidas Ametryna e
Diuron a eficácia de controle em solo arenoso teve tendência de controle levemente
superior a eficácia em solo argiloso. Já o herbicida Clomazone teve comportamento
22
inicialmente igual em ambos os solos. Por outro lado, nas avaliações posteriores os
três herbicidas mantiveram adequado controle em solo argiloso por um período
maior do que no solo arenoso.
O teor de argila do solo tem enorme importância na dosagem correta dos
herbicidas pois está diretamente ligado ao grau de adsorção do herbicida, que é o
grau de adesão das moléculas do herbicida as partículas de solo. Um característica
do solo que está diretamente relacionada com os teores de argila é a capacidade de
troca de cátions (CTC). A CTC do solo é a quantidade de cargas negativas que
tendem a aumentar a adsorção dos herbicidas. São recomendadas doses menores
de herbicidas nos solos de textura arenosa, doses mais altas nos solos de textura
argilosa. Em outras palavras, as doses mais elevadas de herbicidas nos solos com
maior teor de argila objetivam compensar a sua adsorção para que parte suficiente
do produto seja liberada para a solução do solo e efetue o controle da planta
daninha alvo. A parte adsorvida permanece ligada ao solo. Inoue e seu grupo
(2008), trabalhando com Diuron, observaram que em solos de textura mais argilosa,
a persistência do herbicida pode ser maior do que nos de textura arenosa, pois as
moléculas de herbicida retidas as partículas de solo tornam-se menos disponíveis às
sementes e plantas-alvo e aos microrganismos decompositores desses herbicidas.
Outro aspecto importante é que os herbicidas são mais facilmente lixiviados
quando a textura é arenosa (VIVIAN et al, 2007). A sorção do Diuron em solos
arenosos é menor, e conseqüentemente a sua lixiviação é mais elevada (Prata et al.,
2001). Essa característica pode possibilitar que o herbicida mova-se da superfície do
solo para dentro do perfil do solo onde estão concentradas diversas camadas de
sementes de plantas daninhas, propiciando o seu controle (Oliveira, 2001). Outros
fatores ligados a permanência e residual do herbicida no solo são a baixa
porcentagem de mineralização e metabolização, que podem levar a problemas
ambientais (PRATA et al, 2001).
23
5 CONCLUSÕES
Nas condições em que o experimento foi conduzido conclui-se que:
•
Houve interação significativa entre a dose do herbicida KIH-485 utilizada e o tipo de
Solo, levando a diferentes recomendações da dose de herbicida a ser utilizada em
cada tipo de Solo;
•
Todas as doses de KIH-485 testadas alcançaram eficácia de controle aos 7 DAA
acima de 80% de controle de Ipomoea grandifolia em solo arenoso, enquanto em
solo argiloso a menor dose atingiu apenas 70% de controle, indicando que doses
maiores do herbicida sejam requeridas em solo argiloso;
•
O herbicida KIH-485 quando aplicado em solo arenoso respondeu menos ao
aumento de doses de 93,5 para 212,5 g ia/ha, havendo pouco diferença estatística
em eficácia de controle de Ipomoea grandifolia entre as doses testadas;
•
O efeito residual de KIH-485 até 35 DAA foi maior em solo argiloso do que em solo
arenoso, mantendo-se acima de 80% de controle na maior dose (212,5 g ia/ha) em
solo argiloso.
•
Os dados gerados nesse ensaio demonstram que KIH-485 pode se tornar uma nova
opção de controle pré-emergente de Ipomoea gandifolia.
6 PRÓXIMOS PASSOS
Conduzir ensaios a nível de campo nas culturas foco de crescimento de
mercado da empresa em suas respectivas regiões representativas, verificando a
tolerância das culturas ao herbicida, seu efeito sobre a produtividade, bem como a
estabilidade da eficácia de controle do produto sobre diversas espécies de ervas.
24
REFERÊNCIAS
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27
7 ANEXOS
7.1 Resultado de Análise Física de Solo.
Solos
Areia grossa
(%)
Areia fina
(%)
Silte
(%)
Argila
(%)
Porosidade
(%)
Franco argiloso
15,00
30,00
16,00
39,00
52,47
Areia franca
28,00
51,00
9,00
12,00
51,16
Fonte: LAGRO: Laboratório Agronômico S/C Ltda
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