história de uma

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Trabalho 84 - 1/5
A COMISSÃO DE SISTEMATIZAÇÃO
DA ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM DO INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER: HISTÓRIA
DE UMA CONSTRUÇÃO COLETIVA
Mary Mirian Santos Cunha Borba
2Marise Dutra Souto
3 Cláudia Quinto Santos de Souza
4 Rosenice Perkins
5 Angela Cóe Camargo da Silva Lopes
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Introdução: O Instituto Nacional de Câncer (INCA) é o órgão auxiliar do Ministério da
Saúde no desenvolvimento e coordenação das ações integradas para a prevenção e o
controle do câncer no Brasil. Essas ações compreendem a assistência médico-hospitalar,
prestada direta e gratuitamente aos pacientes com câncer como parte dos serviços
oferecidos pelo Sistema Único de Saúde, e a atuação em áreas estratégicas, como
prevenção
e
detecção
precoce,
formação
de
profissionais
especializados,
desenvolvimento da pesquisa e geração de informação epidemiológica. A história do
INCA inicia-se na década de 30, com a reorientação da política nacional de saúde
devido ao aumento da mortalidade por doenças crônico-degenerativas, inclusive o
câncer, solidificando-se enquanto Instituição pública no decorrer do século XX. A maior
unidade hospitalar do Instituto é o Hospital do Câncer I, inaugurada em 1957, e que
presta assistência médico-hospitalar a pacientes adultos e crianças com diversos tipos de
câncer. Na década de 90, muitas mudanças ocorreram no Instituto. Incorpora-se a ele o
Hospital de Oncologia que pertencia ao Instituto Nacional de Assistência Médica e
Enfermeira da Unidade de Pacientes externos do HC II do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Membro da Comissão de Implantação da SAE/ INCA. Especialista em enfermagem em oncologia pelo
INCA. Rua Cirilo de Oliveira nº 112, Jardim Califórnia. São Gonçalo CEP: 24465-180.
[email protected]
2 Enfermeira da Educação Continuada da Divisão de Enfermagem do HCIII do Instituto Nacional de
Câncer (INCA). Membro da Comissão de Implantação da SAE / INCA. Doutoranda em Enfermagem pela
EEAN / UFRJ.
3 Gerente da Unidade de Pacientes Externos do HCII do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Presidente
da Comissão de Implantação da SAE / INCA. Mestranda em Enfermagem pela EEAN/UFRJ.
4 Enfermeira da Educação Continuada do HCIV do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Membro da
Comissão de Implantação da SAE / INCA.
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Chefe de Gabinete do HCI do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Membro da Comissão de
Implantação da SAE / INCA. Especialista em Gestão Hospitalar pela Escola Nacional de Saúde Pública.
Presidente da Sociedade Brasileira de Enfermagem Oncológica.
1
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Previdência Social (INAMPS), conhecido hoje como Hospital do Câncer II (HC II), que
tem como foco o atendimento a mulheres com câncer ginecológico. Nesta mesma
época, o Hospital Luisa Gomes de Lemos (unidade hospitalar da Fundação das
Pioneiras Sociais) também é incorporado, passando a ser conhecido como Hospital do
Câncer III (HC III), especializado no tratamento do câncer de mama. Visando o
atendimento ativo e integral aos pacientes do Instituto portadores de câncer avançado,
sem possibilidades de cura, é criado em 1991 o primeiro serviço de Cuidados Paliativos
do Instituto. Em 1998 é construída e inaugurada a Unidade de Cuidados Paliativos do
INCA, inicialmente chamada de Centro de Suporte Terapêutico Oncológico (CSTO),
conhecida hoje como Hospital do Câncer IV (HC IV), e que tem como missão:
“Promover e prover cuidados paliativos oncológicos da mais alta qualidade, com
habilidade técnica e humanitária”, com foco na obtenção da melhor qualidade de vida a
seus pacientes e familiares. O Centro de Transplante de Medula Óssea que funcionava
como um setor do HC I foi elevado ao status de Coordenador Nacional de sua
especialidade no âmbito do Sistema Nacional de Saúde – SUS, sendo conhecido hoje
como Hospital do Câncer V. É responsável pela realização de transplantes de medula
óssea alogênicos, com doadores aparentados e não-aparentados, além de autogênicos ou
autólogos. Em função da localização geográfica diversa e da existência de Divisões de
Enfermagem distintas, cada Unidade organizou-se independentemente ao longo deste
processo, sedimentando identidade, fortalecendo sua prática profissional, especificidade
e cultura organizacional. Na busca do aperfeiçoamento da qualidade na prestação de
serviços de saúde, o Instituto submeteu-se a um processo educativo, a partir de 2004,
visando a Acreditação Hospitalar e cada unidade inicia, separadamente, sua trajetória
rumo à certificação. A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) consiste na
organização do processo assistencial segundo método, pessoal e instrumentos e, neste
contexto, proporciona respostas favoráveis a critérios exigidos pela Acreditação. Com
este entendimento, as cinco Divisões de Enfermagem e respectivos Serviços de
Educação Continuada se reúnem e passam a trabalhar em conjunto. Nasce, então, a
Comissão SAE do INCA em prol de uma unidade e uniformidade nas ações. Objetivo:
Descrever o processo de construção da Comissão Institucional da SAE pelas
enfermeiras do INCA e relatar as ações implementadas a partir de sua criação.
Metodologia: Relato de experiência sobre a criação da comissão institucional, com
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vistas a implementar a SAE em cinco unidades de uma instituição pública de referência
nacional para o controle do câncer, situada no Rio de Janeiro. O levantamento de dados
deu-se a partir da documentação disponível na Instituição na forma de registros em
livros de reuniões, correspondências internas, memorandos e livro ata da comissão, bem
como de narrativas dos componentes da comissão. Resultados: A partir de 2006, em
função do 8º Sinaden ocorrido na Paraíba, o estado do Rio de Janeiro, representado pela
Aben-RJ, iniciou um movimento no sentido de alinhar-se ao que já vinha ocorrendo em
outros estados, visando tornar a aplicação da SAE e do processo de enfermagem uma
prática nos hospitais. Nesta perspectiva, as cinco unidades hospitalares do INCA
iniciaram seus trabalhos sobre a SAE de forma independente, porém coincidente. A
dinâmica escolhida incluiu a organização de grupos de estudos, reuniões para
aprofundamento teórico, consultorias técnicas sobre a temática, visitas a Instituições que
já vivenciavam a prática da sistematização, participação em eventos científicos e
promoção de cursos internos de capacitação de enfermeiros para implantação da SAE.
Em setembro de 2008, ocorreu o “I Seminário de SAE do HC II: desafio e compromisso
da enfermagem” promovido pela Divisão de Enfermagem e Serviço de Educação
Continuada desta unidade, tendo como público alvo os enfermeiros do Inca, e como
convidados enfermeiros e gerentes de hospitais, assim como professores universitários
da esfera pública e privada. Este evento suscitou nos enfermeiros a reflexão acerca da
magnitude que representava a proposta da sistematização dentro do Instituto e, neste
sentido, foi percebido que o trabalho em conjunto favoreceria o fortalecimento e
desenvolvimento do processo de implantação da SAE. Alguns dias após o encontro,
representações das cinco unidades se reuniram e decidiram pela criação de uma
comissão institucional para discutir assuntos pertinentes à sistematização, sendo a
mesma composta por enfermeiros da gerência, educação continuada e assistência de
cada HC, além de representantes da área de Ensino do Instituto, perfazendo um total de
17 membros. A Comissão passou a se reunir a princípio mensalmente, mas em função
da complexidade da tarefa, optou por reuniões semanais. Apesar de já em plena
atividade, a Direção Geral do INCA só reconheceu oficialmente sua criação em 09 de
julho de 2009, com a publicação da portaria de nº 387/2009. A construção de um
instrumento de coleta de dados, na forma de Módulo Informatizado de Avaliação Inicial,
constituiu o primeiro grande trabalho coletivo em prol da SAE. Durante o tempo de
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elaboração, testes pilotos com o instrumento na forma impressa foram feitos nas
diversas unidades hospitalares, tendo sido colocado em uso efetivamente em abril de
2010. Este instrumento vem sendo paulatinamente ajustado às demandas institucionais,
o que caracteriza a importância da parceria com o Serviço de Tecnologia da Informação.
Atualmente os enfermeiros trabalham na inclusão dos diagnósticos de enfermagem no
módulo informatizado. Por sugestão da Coordenação de Ensino do Instituto criou-se em
2009 uma disciplina sobre SAE, incluída na grade curricular da residência e
especialização de enfermagem, cujo conteúdo e apresentação estão a cargo dos
membros da Comissão. Outro momento importante foi marcado pelo “1º Workshop de
Avaliação da SAE no INCA”, realizado em outubro de 2009 e que contou com a
presença da Consultora em SAE Drª. Enfª. Vera Regina Maria, e com o relato de
experiência do enfermeiro Pedro Karan sobre a implantação da SAE no Hospital de
Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília. Em junho de 2010, a Comissão
promoveu o “Fórum de Fadiga”, com a presença da Drª. Enfª. Dálete Delalibera Mota,
da Universidade Federal de Goiás, com objetivo de instrumentalizar os enfermeiros para
avaliação deste diagnóstico. Considerações finais: A experiência de implementação da
SAE no INCA tem sido rica em aprendizagem para todos os envolvidos. Consideramos
que enfermeiros responsáveis por processos de melhoria devem ser sensíveis para
identificação das necessidades institucionais, estimulando ações inovadoras que
propiciem o envolvimento e o comprometimento de seus pares, além de gerar condições
para a aquisição de conhecimentos específicos que possibilitem ao profissional prestar
uma assistência de enfermagem segura, competente e de qualidade. Assim, a passos
firmes, a Comissão vem se empenhando para dar o melhor encaminhamento ao
processo de implantação da SAE no INCA, buscando atender às demandas emergentes,
sendo mister relatar a seriedade, o compromisso e o espírito de trabalho em equipe
demonstrado pelo grupo em meio às particularidades e modo de ser das cinco
lideranças.
Palavras chaves: Sistematização da Assistência de Enfermagem, Enfermagem, História
Área temática – Sistematização da Assistência de Enfermagem na atenção à saúde ao
indivíduo nas diferentes fases da vida.
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Bibliografia:
1. Leopardi MT. Teoria e método em assistência de enfermagem. Florianópolis:
Editora Soldasoft; 2006;
2. Cunha SMB, Barros ALBL. Análise da implementação da sistematização da
assistência de enfermagem, segundo o modelo conceitual de Horta. Rev Bras
Enferm 2005 set-out; 58(5): 568-72;
3. Backes DS, Schwartz E. Implementação da sistematização da assistência de
enfermagem: desafios e conquistas do ponto de vista gerencial. Ciência,
Cuidado e Saúde 2005 mai-ago; 4(2): 182-8;
4. Hermida PMV, Araújo IEM. Sistematização da assistência de enfermagem:
subsídios para implantação. Rev Bras Enferm 2006 set-out; 59(5): 675-9.
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