silagem de espécies do gênero cynodon

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Sumário
SILAGEM DE ESPÉCIES DO GÊNERO CYNODON
Condução da Cultura e Ensilagem.........................................
1
Escolha da variedade..............................................................
3
Preparo do solo.......................................................................
4
Calagem..................................................................................
5
Adubação................................................................................
5
Plantio.....................................................................................
7
Condução da cultura...............................................................
12
Colheita...................................................................................
20
Uso da silagem......................................................................
22
Bibliografia Consultada..........................................................
23
i
SILAGEM DE ESPÉCIES DO GÊNERO
CYNODON
Antônio Ricardo Evangelista1
Josiane Aparecida de Lima2
I – INTRODUÇÃO
Atualmente, tem aumentado o plantio de forrageiras que
têm as hastes finas e alta relação folha/caule, visando à
produção de feno. Entre as espécies mais utilizadas, destacamse a estrela-africana, o coastcross e, recentemente, vários
cultivares do tifton, espécies estas pertencentes ao gênero
Cynodon.
Em grande parte do país, onde essas espécies
forrageiras desenvolvem-se bem, geralmente obtêm-se de quatro
a oito cortes por ano, sendo que alguns destes coincidem com a
época de chuvas. Dessa forma, no período ideal de corte,
quando se aliam rendimento e qualidade da forragem, não é
possível realizar a colheita, em função de condições climáticas
inadequadas para produção de feno.
1
Professor Titular do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de
Lavras-MG. Bolsista do CNPq.
2
Doutor em Zootecnia – Área de Forragicultura e Pastagem.
Diante da impossibilidade de realizar o corte para
produção de feno, a forrageira passa da época ideal de corte,
ocorrendo acamamento, além da substancial redução do valor
nutritivo. Nessas condições, torna-se necessário eliminar a
forragem madura da área para possibilitar a rebrota das plantas e
tentar uma nova colheita na época ideal.
Essa estratégia de manejo faz com que a forragem
madura seja cortada, enleirada e retirada da área e, na maioria
das vezes, sem nenhuma possibilidade de aproveitamento. O
resultado desse processo é um duplo prejuízo, ou seja, a perda
do feno que deixou de ser produzido e o gasto na eliminação da
forragem madura e, logicamente, a perda de alimento que seria
de utilidade inquestionável para os animais na propriedade.
Neste contexto, sugere-se que, quando as condições
climáticas não forem propícias para produção de feno, a forragem
seja ensilada. Com a adoção dessa estratégia, é possível
armazenar o capim na época ideal de corte, aproveitando, assim,
o rendimento e a qualidade deste. A execução dessa prática é
possível mesmo quando o período de estiagem for pequeno, o
que não ocorre na produção de feno, que exige período maior de
estiagem para desidratação das plantas.
2
II - ESCOLHA DA VARIEDADE
São várias as espécies do gênero Cynodon. No grupo
das gramas-bermuda, vários híbridos estão disponíveis, como
Coastal, Alícia, Callie, Tifton 44, Tifton 68, Tifton 78, Tifton 85,
Coastcross e, mais recentemente, o Florakirk. No grupo das
gramas-estrela, o McCaleb, Florico e Florona.
Vale lembrar que para o sucesso no estabelecimento de
forrageiras, deve-se considerar as condições climáticas e
edáficas (solo) do local e, em função desses fatores, escolher as
espécies ou cultivares que melhor se adaptem a essas
condições.
Entretanto, para produção de silagem, na literatura
brasileira, atualmente, não há informações concretas sobre as
características fermentativas dessas espécies. Em outros países
onde desenvolveram-se estudos em busca de tais informações,
observaram-se que várias espécies desse gênero resultam em
silagens com características fermentativas desejáveis e boa
aceitação pelos animais. O Departamento de Zootecnia da
Universidade Federal de Lavras está pesquisando a possibilidade
de ensilar o Cynodon e, em breve, resultados mais concretos em
condições brasileiras estarão disponíveis. Entretanto, é oportuno
mencionar que os estudos iniciais revelaram que esta espécie
3
forrageira pode ser perfeitamente conservada na forma de
silagem,
sem
detectar
qualquer
fator
inicial
que
venha
desmerecer tal prática. Logicamente, este fato ocorrerá desde
que os princípios básicos do processo sejam observados.
III - PREPARO DO SOLO
Como qualquer outra forrageira, os capins do gênero
Cynodon necessitam de um bom preparo do solo para oferecer
condições adequadas para o seu estabelecimento. Vale lembrar
que o solo bem preparado assegura melhor pegamento das
mudas, facilita os tratos culturais, reduz a infestação de plantas
daninhas, melhora a capacidade de infiltração e retenção de
água no solo e oferece condições adequadas de manejo com as
máquinas de colheita.
Com relação às práticas de preparo do solo, recomendase uma aração com a finalidade de revolver e escarificar o solo e
incorporar os resíduos de plantas. A seguir faz-se uma ou mais
gradagens, dependendo das condições do solo e da infestação
da área por plantas daninhas.
4
IV - CALAGEM
A quantidade de calcário a ser aplicada deve ser
calculada com base nos resultados da análise do solo. Ressaltase que a saturação de bases deve ser elevada a 60% (V=60%),
sendo recomendado o uso de calcário dolomítico de boa
procedência. Este deve ser distribuído a lanço em toda a
superfície da área e incorporado ao solo, por meio de aração ou
gradagem, cerca de 25 a 30 cm de profundidade. Ressalta-se
que essa operação deve ser realizada pelo menos 60 dias antes
do plantio.
V - ADUBAÇÃO
A adubação de plantio deve ser realizada com base nos
resultados da análise do solo; entretanto, na ausência desses
resultados, recomenda-se, para um solo de fertilidade mediana,
aplicar 100 kg de P2O5/ha (550 kg de superfosfato simples). Com
relação ao potássio, quando a análise de solo revelar teores de
potássio trocáveis menores que 0,12 meq/100 ml, recomenda-se
aplicar de 80 a 100 kg/ha de cloreto de potássio e, para teores
mais elevados, a aplicação do potássio pode ser dispensada.
5
Recomenda-se, também, aplicar de 20 a 40 kg/ha de enxofre em
áreas comprovadamente carentes desse nutriente. Entretanto,
vale lembrar que normalmente o uso do superfosfato simples no
plantio é suficiente para suprir as exigências de enxofre.
Outra opção de adubação é a utilização das fórmulas 2412-12 ou 15-05-10. A fórmula a ser escolhida, bem como a
dosagem, devem ser baseadas na análise do solo. Normalmente,
a dosagem utilizada, visando a grandes produções, é cerca de
1.000 kg/ha/ano, parceladas de três a cinco aplicações.
Com relação aos micronutrientes e sendo a deficiência de
zinco a mais freqüente, recomenda-se a adição de 2kg/ha de Zn
(10 kg de sulfato de zinco) ao adubo fosfatado a ser utilizado no
plantio. Outra sugestão para aplicação de micronutrientes é o
emprego de FTE-BR-10 ou BR-16, à base de 30 a 40 kg/ha, que
deverão ser aplicados juntamente com o superfosfato.
Considerando-se que a adubação orgânica melhora a
persistência das espécies deste gênero e em solos com baixo
teor de matéria orgânica, podem-se aplicar junto ao fósforo, cerca
de 20 toneladas por hectare de esterco de curral, sendo que este
deve estar curtido e isento de plantas daninhas.
Com relação à adubação de cobertura, esta deve ser
realizada quando as mudas estiverem pegas, com sistema
6
radicular bem formado e as plantas desenvolvidas cobrindo todo
solo. Esta condição é importante para se obterem respostas
positivas à aplicação de fertilizantes em cobertura. Geralmente, a
cobertura é realizada cerca de 40 dias após o plantio do capim, e
nessa época recomenda-se que a vegetação seja rebaixada,
sendo que esses procedimento pode ser efetuado por roçada ou
pastejo leve; logo após, aplicam-se a lanço 60 kg de
nitrogênio/ha (300 kg de sulfato de amônio) e 40 kg de K2O/ha
(70 kg de cloreto de potássio).
VI - PLANTIO
O plantio deve ser realizado na época de chuvas e o solo
deve estar úmido, condição essencial para garantir o pegamento
das mudas. Por outro lado, quando se conta com sistema de
irrigação, o plantio pode ser efetuado praticamente o ano todo.
Mudas - devem estar maduras, o que ocorre em torno de 100
dias de idade e devem ser procedentes de local livre de pragas,
doenças e plantas daninhas. Esses cuidados devem ser
tomados, pois são essenciais para garantir um bom pegamento
das mudas e evitar a infestação da área com plantas doentes
e/ou, insetos indesejáveis.
7
Recomenda-se
selecionar
mudas
vigorosas,
que
disponham de boa reserva nutritiva e com o máximo de gemas
viáveis, uma vez que estes são os pontos de rebrota, de onde
surgem novas plantas. Uma boa muda deve ter acima de dez
gemas viáveis, estar isenta de plantas daninhas, fungos e
insetos. Deve-se considerar também a procedência das mudas e
principalmente assegurar a garantia de quem a produz.
As mudas podem ser inteiras com raiz - estas contêm
gemas nos rizomas, estolões e hastes. Recomenda-se que antes
da colheita destas, o solo seja umedecido para facilitar o
arranquio, que pode ser feito utilizando enxada ou enxadão. As
mudas podem também ser inteiras e sem raiz – é importante que
essas contenham gemas nos estolões e principalmente nas
hastes. Antes da colheita, deve-se observar as hastes, pois estas
devem estar maduras, com comprimento acima de 80 cm, o que
proporciona maior número de gemas. A colheita pode ser
realizada por meio de enxada ou segadeira tratorizada de discos.
Com relação ao acondicionamento das mudas, estas
podem ser ensacadas em saco plástico tipo estufa ou em fardos
regulares feitos por enfardadeira. A durabilidade das mudas,
entre outros fatores, depende da idade e da umidade da planta,
temperatura ambiente, condições de corte e armazenamento,
8
sistema de transporte e armazenamento pré-plantio. Quando
esses fatores são favoráveis, as mudas poderão resistir até dez
dias após a colheita. Entretanto, deve-se considerar também que
as
mudas
desidratam-se
com
facilidade
pelo
fato
de
apresentarem caules finos. Por essa razão, recomenda-se que o
plantio seja realizado, se possível, logo após o corte das mudas,
com solo úmido, efetuando-se a cobertura imediatamente.
Métodos de plantio - o capim Cynodon pode ser plantado em
sulcos, em covas ou distribuído superficialmente e incorporado ao
solo por meio de gradagem leve ou rolos especiais.
O plantio em sulcos é o mais indicado pela eficiência de
pegamento das mudas. Neste processo, as mudas são
distribuídas continuamente ao longo dos sulcos, sendo que esses
devem ter espaçamento de 50 cm e profundidade de 15 cm. Para
o sulcamento, pode-se utilizar um arado reversível com dois
discos; assim, a abertura e fechamento dos sulcos e a cobertura
das mudas serão realizados simultaneamente por processo
mecânico e com o espaçamento indicado. A execução dessa
prática pode ser feita abrindo-se o primeiro sulco e distribuindo-se
as mudas, e ao retornar abrindo o segundo sulco, cobre-se o
primeiro, prosseguindo-se sucessivamente até o final do plantio.
9
Os sulcos também podem ser feitos manualmente,
utilizando-se enxada e ou, sulcador com tração animal. As mudas
devem ser plantadas enterrando-se dois terços da mesma e
deixando-se o terço apical para fora do solo. O plantio em sulcos
também pode ser realizado de forma semimecanizada, utilizandose plantadeira de grama (tipo plantadeira de mandioca) para
efetuar seqüencialmente o sulcamento, o plantio, o fechamento
do sulco e a compactação. O rendimento é de três a quatro
hectares por dia, necessitando apenas de três homens. Neste
caso, as mudas ficam totalmente enterradas, devendo-se tomar
cuidado em relação à profundidade do plantio que deverá ser
mais raso, de 5 a 10 centímetros.
O plantio em covas é mais indicado para as áreas de
topografia acidentada, pois a inclinação do solo dificulta o uso de
máquinas. Utiliza-se enxada para fazer as covas, que deverão ter
profundidade de 10 a 15 cm e espaçamento de aproximadamente
40 a 50 cm, devendo, se possível, serem feitas no mesmo dia do
plantio. Após a colocação das mudas, podendo-se colocar uma
ou mais por cova, estas devem ser cobertas com pequena
camada de terra, deixando ¼ da muda fora da cova. Este método
de plantio exige maior quantidade de mudas; em média, três
toneladas de mudas por um hectare.
10
No método de plantio superficial incorporado, as mudas
são distribuídas inteiras ou picadas sobre a superfície da área e
devem ser imediatamente incorporadas ao solo por meio de
gradagem leve e/ou rolos especiais. Este método é barato e fácil
de ser executado; entretanto, exige maior quantidade de mudas
que os processos anteriores; geralmente, são necessárias quatro
toneladas e meia de mudas por hectare e as perdas de
pegamento também são maiores, principalmente se não for
realizado sob irrigação ou em dias chuvosos. Para que ocorra um
bom
pegamento
compactador
logo
das
mudas,
após
a
deve-se
gradeação
passar
para
um
rolo
assegurar
o
enraizamento.
Vale lembrar que, qualquer que seja o método de plantio
adotado, a umidade do solo e a compactação das mudas são
fatores
fundamentais
para
assegurarem
o
perfeito
estabelecimento das pastagens de Cynodon e que todos os
métodos de plantio serão bem sucedidos se os seguintes
cuidados forem observados:
1 – plantar somente em solos úmidos, férteis e livres de
invasoras;
2 – plantar as mudas tão logo seja possível após a colheita;
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3 – plantar as mudas pelo menos a 6 cm de profundidade para
assegurar boa disponibilidade de água, mas deixar as pontas
acima da superfície do solo;
4 – compactar o solo ao redor das mudas para mantê-las em
contato com a umidade;
5 – controlar as invasoras com herbicidas aplicados após o
plantio;
6 – fazer a adubação para estimular a cobertura do solo tão
logo os estolões apareçam.
Observação prática - em alguns casos, no primeiro ano de
plantio, a população de plantas pode ser inicialmente baixa e,
sendo assim, faz-se, no decorrer do período de chuvas, uma
gradagem leve, que contribuirá para melhor distribuição de
plantas, aumentando o número de plantas na área.
VII - CONDUÇÃO DA CULTURA
•
Plantas
daninhas
-
salienta-se
que
o
período
de
estabelecimento da cultura é aquele compreendido entre o
plantio e o início do uso definitivo da forragem. Nesse período, é
imprescindível o controle de plantas daninhas, o corte de
12
rebaixamento para uniformização do crescimento e adubação de
cobertura.
Nos primeiros 60 dias do estabelecimento da cultura, a
atenção ao controle das plantas daninhas é fator importante para
garantir o sucesso na formação da lavoura e principalmente,
evitar problemas futuros. As plantas daninhas perenes podem ser
eliminadas com arranquio manual, com a enxada ou com a
aplicação localizada de herbicida à base de Glyphosate, em jato
localizado para não prejudicar o capim. As plantas daninhas
anuais podem ser controladas com roçada manual ou mecânica.
Recomenda-se também a aplicação de herbicidas seletivos na
área total em pós-plantio e pré-emergência. Neste caso, o
herbicida 2-4-D ou Diuron 500 dá bons resultados e a dosagem
deve ser utilizada de acordo com as recomendações do
fabricante.
Para controle inicial de plantas daninhas de folhas
estreitas (braquiária, capim-marmelada, etc.), pode-se utilizar
herbicidas à base de metalachlor ou simazine em formulação de
500 g/l, utilizando-se 5 l/ha em pós-plantio imediato. Como
medida geral, recomenda-se, em pastagens de Cynodon, o
cultivo manual ou mecânico nas entrelinhas até 30 dias após o
plantio para manter a pastagem limpa.
13
Com relação ao corte de rebaixamento, salienta-se que,
em condições favoráveis, cerca de 40 a 60 dias após o plantio do
capim, este deverá estar cobrindo todo o solo, sendo este o
momento recomendado para efetuar o rebaixamento. Essa
estratégia é empregada com o objetivo de controlar as plantas
daninhas, estimular as brotações e obter melhor uniformidade do
estande, além de favorecer a aplicação de fertilizantes em
cobertura. O corte pode ser realizado utilizando-se roçadeira,
segadeira de forrageiras ou por meio de pastejo leve.
• Pragas - as espécies do gênero Cynodon são atacadas por
pragas que podem causar danos de grande importância
econômica,
tais
como:
cigarrinhas,
lagartas,
cochonilhas,
formigas e cupins. Entre as cigarrinhas, citam-se Zulia entreriana,
Deois flavopicta, Aeneolamia selecta, Mahanarva fimbriolata,
entre outras. Muito embora esses insetos causem algum dano
durante o período ninfal, os maiores prejuízos são causados
pelos adultos ao sugarem a seiva das folhas. Em geral, as folhas
atacadas pelas cigarrinhas apresentam estrias longitudinais
cloróticas que coalescem, evoluindo-se em maiores áreas
necrosadas. As folhas em geral morrem a partir das pontas,
apresentando aspecto retorcido. No entanto, exceto no que se
14
refere às plantas muito jovens, as cigarrinhas não matam as
plantas, que rebrotam e se recuperam com o tempo.
No controle das cigarrinhas, se o produtor optar pelo
controle químico, deverá utilizar inseticidas registrados para uso
em pastagens e apenas nos locais e momentos adequados. É
comum o produtor pensar em adotar tal controle somente após
constatar que a pastagem já está amarelecida. Porém, vale
lembrar que os sintomas de danos causados pela cigarrinha Z.
entreriana
demoram
cerca
de
três
semanas
para
se
manifestarem plenamente. Como os adultos responsáveis por
estes danos vivem ao redor de dez dias, ao se constatar as
pastagens amarelecidas, a maior parte destes insetos já morreu,
não justificando a adoção de medidas de controle naquele
momento.
Uma alternativa prática no controle de cigarrinhas é a
utilização plena da pastagem por meio da colheita, tão logo o
corte seja possível. Deve-se evitar que a pastagem permaneça
densa e viçosa por períodos longos, uma vez que as populações
de cigarrinhas tendem a aumentar nas áreas subutilizadas. Neste
particular, o processo de ensilar consiste numa boa ferramenta
de manejo, permitindo colher o pasto mesmo com o clima
desfavorável à produção de feno.
15
Quanto às lagartas, as duas principais responsáveis por
danos severos em pastagens do gênero Cynodon são: lagartamilitar (Spodoptera frugiperda) e curuquerê-dos-capinzais (Mocis
latipes). Embora sejam consideradas pragas ocasionais em
pastagens, quando em níveis populacionais elevados, podem
reduzir acentuadamente a quantidade de forragem disponível. O
controle é recomendado em focos iniciais. Para isto, as
pastagens devem ser vistoriadas freqüentemente. Observações
devem ser feitas na superfície do solo, em meio à palha sobre o
solo, colmos e folhas e com atenção especial nas áreas recémcortadas ou após a aplicação de fertilizantes nitrogenados, pois
nessas ocasiões, principalmente a lagarta-militar, tende a
aumentar em número, podendo causar sérios danos à pastagem.
Considerando-se que estas lagartas, quando em altas
populações, podem consumir toda a forragem disponível,
recomenda-se que medidas de controle devem ser adotadas, tão
logo se constatem os focos iniciais.
O ataque desses insetos se inicia em reboleira; dessa
forma, o controle de focos iniciais apresenta a vantagem de que o
tratamento se dará em áreas relativamente pequenas, onde
poderão ser aplicados inseticidas de baixa toxicidade e curto
poder residual.
16
Outra praga que deve ser lembrada é a cochonilha-docapim-bermuda (Odonaspis ruthae). Este inseto suga a seiva da
planta retardando o seu desenvolvimento, podendo murchá-la e
secá-la. Os sintomas iniciais do ataque dessa praga lembram
estresse hídrico e danos mais acentuados ocorrem durante os
períodos quentes e secos.
Somando-se às pragas já mencionadas, acrescentam-se
ainda, como pragas do gênero Cynodon, insetos comumente
encontrados em pastagens, como as formigas cortadeiras dos
gêneros Atta (saúva) e Acromyrmex (quenquéns), e algumas
espécies de cupins de montículo, dos gêneros Syntermes e
Cornitemes, e subterrâneos, do gênero Procornitermes.
Controle químico - vale lembrar que é muito grande o número
de insetos predadores, parasitóides, aranhas e outros artrópodes
benéficos em pastagens, o que é altamente desejável. Por essa
razão, devem-se evitar aplicações desnecessárias de inseticidas,
pois a grande maioria dos defensivos químicos causa também a
exterminação destes organismos, além da possibilidade de
ocorrer a ressurgência de pragas, às vezes com maior
intensidade, devido à eliminação dos inimigos naturais. Sendo
assim, recomenda-se que os inseticidas devem ser aplicados
apenas nos locais e momentos adequados, procurando-se,
17
sempre que possível, aplicar menores doses efetivas, visando a
reduzir o custo e também o impacto na população de organismos
benéficos. Diante do exposto, vale ressaltar que é imprescindível
procurar orientação técnica quando for necessário utilizar
inseticidas. O técnico certamente orientará sobre o produto
adequado para a situação em questão, bem como a dosagem
necessária.
• Doenças - o gênero Cynodon é hospedeiro de ampla gama de
patógenos, dentre os quais se destacam os fungos e bactérias.
Entre as doenças causadas por fungos, citam-se:
- ferrugem, cujo agente etiológico é Puccinia cynodomis,
ocorrendo em maior intensidade na fase de crescimento da
planta, nos meses quentes e úmidos do verão. Raramente a
doença mata a planta. Entretanto, pode ocorrer severa perda
foliar. Os sintomas são caracterizados por manchas marrons ao
longo do limbo foliar, sobre os quais se forma uma massa
pulverulenta de esporos do fungo. Em condições severas, há
desfolhas na parte inferior da planta;
- carvão, causada pelo fungo Ustilago cynodontis, é a mais
importante doença da inflorescência do Cynodon, cujas plantas
podem ser total ou parcialmente destruídas. A infecção inicial
ocorre no estádio de plântulas e na ocasião do corte de plantas
18
adultas. O uso de espécies resistentes e de sementes e rizomas
sadios são as formas mais eficientes do controle do patógeno;
- queima-foliar, causada pelo fungo Rizoctonia solani, cujos
maiores danos ocorrem em pastagens densas. Recomenda-se,
como medidas de controle, o uso de cultivares resistentes;
- manchas foliares, causadas por fungos, tais como: Cochliobolus
cynodontis, C. hawaiiensis, C. sativus, Drechslera setariae,
Setosphaeria rostrataI e Helminthosporium spp, cujos sintomas
mais comuns em folhas são lesões marrons a púrpuras ao longo
do limbo foliar, formando estrias ou manchas de forma globular.
Em folhas severamente afetadas, há coalescência de lesões e o
limbo
torna-se
marrom-avermelhado.
Plantas
severamente
atacadas podem ser dizimadas pela doença. Recomenda-se,
como medida de controle, manutenção de níveis adequados do
teor de potássio na planta, queima de pastos infectados e
remoção do campo o mais rápido possível da forragem cortada.
Entre as doenças causadas por bactérias, citam-se o
raquitismo, cujo agente causal é a bactéria Clavibacter xyli subsp.
Cynodontis. Os sintomas nas plantas são expressos como
redução no crescimento de perfilhos e severo enfezamento das
plantas. A maior severidade da doença ocorre em plantas que
estão rebrotando, após o corte ou pastejo. O uso de cultivares
19
resistentes é o método de controle mais recomendável para essa
doença.
Entre as doenças causadas por micoplasmas, citam-se: doença-da-folha-branca, cujos sintomas são expressos como
clorose foliar, excessiva brotação axilar e enfezamento; - doençada-folha-amarela,
cujos
sintomas
são
pequenas
manchas
amarelas ao longo do limbo foliar. O controle destas doenças é
feito com o uso de cultivares resistentes.
Vale mencionar que no Brasil são raras as informações
relativas às doenças do gênero Cynodon, o que dificulta
informações mais precisas sobre a real importância destas.
Porém, considerando-se o aumento do uso comercial de
cultivares forrageiras do gênero Cynodon no país, recomenda-se
que sejam rigorosos os cuidados sanitários, evitando-se a
introdução de patógenos potencialmente capazes de inviabilizar a
utilização dessas plantas.
VIII - COLHEITA
Em condições adequadas de clima e fertilidade do solo,
cerca de 100 dias após o plantio, o capim estará com
aproximadamente 50 a 70 cm de altura, e esta é a fase ideal para
20
efetuar o primeiro corte, que pode ser realizado em pequenas
áreas, por meio de equipamentos simples, tais como enxada,
cutelo, alfanje etc.
Na colheita mecânica, o ideal é utilizar a segadeira para o
corte, o ancinho para o enleiramento e a recolhedora picadeira,
que capta o material da leira e faz a picagem. Atualmente,
encontra-se no mercado o recolhedor, que pode ser adaptado à
ensiladeira, não sendo necessária a aquisição de equipamento
específico para produção de silagem de Cynodon.
As espécies desse gênero acamam muito e, neste caso,
é conveniente inspecionar a área para definir o momento do
corte, pois o acamamento da vegetação poderá mascarar a
visualização da disponibilidade de forragem.
Em condições adequadas, geralmente é possível obter
de seis a sete cortes por ano, sendo efetuados cerca de quatro
cortes durante o período compreendido entre outubro e fevereiro,
com intervalo de cinco semanas, e três cortes entre março e
setembro, com intervalo de nove semanas, logicamente desde
que ocorram chuvas esparsas.
Se a forragem apresentar elevado teor de umidade, é
conveniente deixá-la exposta ao sol por um período de uma a
três horas antes da picagem. Realiza-se esta prática com o
21
objetivo de baixar o teor de umidade para 60-70%. A adição de
materiais com elevado teor de matéria seca também pode ser
adotada e os produtos que podem ser utilizados são: farelos de
trigo ou arroz, polpa cítrica, milho desintegrado com palha e
sabugo, sendo que a dosagem mais eficiente, quando o capim
tem mais de 40% de umidade, é de 4 a 10% em peso.
Rendimento: Obtêm-se, em média, de 20 a 25 toneladas
de matéria seca/ha/ano.
IX - USO DA SILAGEM
As
silagens
das
espécies
do
gênero
Cynodon
caracterizam-se por apresentarem bom percentual de proteína
bruta, cerca de 8% na matéria seca, e 4.200 Kcal de energia
bruta, podendo, portanto, compor a dieta de qualquer categoria
animal. Porém, conforme a exploração animal, é imprescindível a
complementação com concentrado para atender adequadamente
à demanda nutritiva dos animais.
A associação da silagem de Cynodon com outros
volumosos constitui-se em boa opção. Porém, vale lembrar que o
ideal é produzir feno ou utilizar o Cynodon para pastejo. A
produção de silagem desta espécie forrageira somente é válida
22
como estratégia de manejo do campo de feno, se as condições
climáticas não permitirem a produção deste.
X - BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BURTON, G. W., HANNA, W. W. Bermudagrass. In: BARNES, R. F.,
MILLER, D. A., NELSON, C. J. (eds.). Forages. 5 ed. Ames:Iowa
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Royal:Commonwelth Agriculture Bureaux, 1971. 297p.
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SILA GEM DE ESPÉCIES DO
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