Governador Cid Ferreira Gomes Vice Governador Domingos Gomes de Aguiar Filho Secretária da Educação Maria Izolda Cela de Arruda Coelho Secretário Adjunto Maurício Holanda Maia Secretário Executivo Antônio Idilvan de Lima Alencar Assessora Institucional do Gabinete da Seduc Cristiane Carvalho Holanda Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC Andréa Araújo Rocha Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional INDICE CAPITULO 1: O PLANETA TERRA...................................................................02 CAPITULO 2: DINÂMICA INTERNA................................................................09 CAPITULO 3: DINÂMICA EXTERNA...............................................................17 CAPITULO 4: ESCALA DO TEMPO GEOLÓGICO........................................26 CAPITULO 5: PEDOLOGIA..............................................................,..................35 CAPITULO 6: TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS..................................45 BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................53 Mineração – Geologia geral 1 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CAPITULO 1 – O PLANETA TERRA 1.1. Origem e Evolução da Terra Estima-se que a formação do Sistema Solar teve início há seis bilhões de anos, quando uma enorme nuvem de gás que vagava pelo Universo começou a contrair. A poeira e os gases dessa nuvem se aglutinaram pela força da gravidade e, há 4,5 bilhões de anos, formaram várias esferas que giravam em torno de uma esfera maior, de gás incandescente, que deu origem ao Sol. As esferas menores formaram os planetas, dentre os quais a Terra. Devido à força da gravidade, os elementos químicos mais pesados como o ferro e o níquel, concentraram-se no seu centro enquanto os mais leves, como o silício, o alumínio e os gases, permaneceram na superfície. Estes gases foram, em seguida, varridos da superfície do planeta por ventos solares. Assim, foram separando-se camadas com propriedades químicas e físicas distintas no interior do Globo Terrestre. Há cerca de 4,4 a 4,0 bilhões de anos, formou-se o NÚCLEO constituído principalmente por ferro e níquel no estado sólido, com raio de 3.700 km. Em torno do núcleo, formou-se uma camada - o MANTO - que possui 2.900 km de espessura, constituída de material em estado pastoso, com composição predominante de silício e magnésio (Figura 1). Em torno de 4 bilhões de anos atrás, gases do manto separam-se, formando uma camada de ar ao redor da Terra - a ATMOSFERA. Finalmente, há aproximadamente 3,7 bilhões de anos, solidificou-se uma fina camada de rochas - a CROSTA. A crosta não é igual em todos os lugares. Debaixo dos oceanos, ela tem mais ou menos 7 km de espessura e é constituída por rochas de composição semelhante à do manto. Nos continentes, a espessura da crosta aumenta para 30-50 km, sendo composto por rochas formadas principalmente por silício e alumínio e, por isso, mais leves que as do fundo dos oceanos (SBG, 1987). Mineração – Geologia geral 2 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 1.2. Constituição Interna da Terra As informações das camadas internas da Terra são obtidas a partir de informações diretas e indiretas. As observações da densidade e da gravidade do globo terrestre mostram que o interior e a crosta devem possuir uma constituição diferente. Observações sismológicas (comportamento das ondas sísmicas) e deduções baseadas em estudos de meteoritos indicam que a Terra é constituída de várias camadas. Figura 1: Estrutura interna da Terra (Kearey e Vine, 1990). Medições geoquímicas elementares da massa, volume e momento de inércia da Terra indicam que a densidade de seus materiais cresce de fora para dentro, alcançando um valor da ordem de 13 g/cm3 perto do centro. Mineração – Geologia geral 3 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional As velocidades das ondas sísmicas dão-nos uma ideia detalhada quanto à distribuição dos materiais no interior. Assim haveria uma crosta com uma espessura média de 35 km sob os continentes e 7 km sob os oceanos; um manto que se estende à metade da distância até o centro; um núcleo líquido ocupando cerca de dois terços da distância restante e um núcleo interno sólido (Figura 1). Tabela 1: Tipos de ondas sísmicas e suas características. A natureza dos materiais de cada uma dessas regiões foi determinada por medições de ondas sísmicas (Tabela 1 e Figura 2), devido às variações da densidade e das constantes elásticas. Devido às diferentes velocidades e percursos, os três tipos de ondas chegam a um sismógrafo em tempos diversos, os registros dessas ondas fornecem a localização do foco do terremoto e informações das camadas inferiores. Mineração – Geologia geral 4 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura 2: Propagação das ondas sísmicas (Selbey, 1985). Para restringir nossas suposições quanto à química do interior, precisamos de dados de outras fontes. Uma possível indicação provém do estudo dos meteoritos. Esses objetos que caem sobre a Terra a partir de órbitas solares são interpretados como fragmentos de um planeta desaparecido, ou possivelmente, resíduos de material que compôs originariamente a Terra. A composição média dos meteoritos deve se assemelhar à composição média de toda a Terra. 1.3. Meteorito Os meteoritos são objetos que se movem no espaço e que atravessam a atmosfera e chegam à superfície da Terra sem serem totalmente vaporizados. Provavelmente, pertencem ao sistema solar e tem origem no cinturão de asteróides localizados entre as órbitas dos Mineração – Geologia geral 5 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional planetas Júpiter e Marte. O fenômeno causado pela queda de meteorito é popularmente conhecido como estrela cadente. A composição dos meteoritos é variável, num extremo estão os que são compostos predominantemente de ferro metálico com alguma porcentagem de níquel. Em outro estão os que consistem principalmente de silicatos e assemelhando-se em composição às rochas ultramáficas. Inclui na composição dos meteoritos, tanto silicatos como metal nativo e algumas a fases sulfetadas (troilita FeS). Entre os meteoritos distinguem-se 3 grupos: Sideritos: compostos de ferro metálico com + 8% de Ni; Assideritos ou aerólitos: compostos principalmente por silicatos e baixo teor de ferro; Litossideritos: composição intermediária. A Terra é constituída por uma série de camadas concêntricas de constituição químicas diferentes e em estado físico distintos ao redor do núcleo, cada uma dessas camadas tem uma condutividade diferente. Como as velocidades das ondas sísmicas dependem das propriedades e das densidades dos materiais através dos quais passam as ondas, as mudanças de velocidade a diferentes profundidades são atribuídas a diferentes composições e densidades e, talvez, a diferentes estados, sobretudo no núcleo (Figura 2). Os geofísicos reconheceram duas descontinuidades dividindo a Terra em três partes: Crosta: desde a superfície em direção ao centro, até a primeira descontinuidade (Mohorovicic, 30 -50 km). A crosta é dividida em crosta continental (mais espessa e menos densa) e crosta oceânica (menos espessa e mais densa); Manto: desde a base da crosta até a segunda descontinuidade (WiechertGutemberg, 2.900 km); Núcleo: desde a descontinuidade do manto até o centro da Terra. A crosta continental é de composição granítica ou granodiorítica e a crosta oceânica é de composição basáltica, correspondendo ao SIAL (material rico em Si e Al) e ao SIMA (rico em Si e Mg), respectivamente (Tabela 2). O manto é formado por material silicatado de olivina e piroxênio ou seus equivalentes de pressão e temperaturas altas. O núcleo ou siderosfera é constituído por ligas de ferro-níquel, possivelmente a parte exterior é líquida e a parte inferior é sólida. Para Mineração – Geologia geral 6 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional completar, deve-se adicionar a crosta, manto e núcleo, mais três zonas: a atmosfera, hidrosfera e biosfera. A atmosfera é o envoltório gasoso. A hidrosfera a camada descontínua de água, salgada ou doce (oceanos, lagos e rios). A biosfera é a totalidade da matéria orgânica distribuída através da hidrosfera, atmosfera e superfície da crosta. Embora importantes do ponto de vista geoquímico, a hidrosfera, biosfera e atmosfera contribuem com menos de 0,03% da massa total da Terra, a crosta 0,4%, o manto 67% e o núcleo 32%. Tabela 2: Características da estrutura interna da Terra. 1.4. Distribuição dos elementos na crosta terrestre A geoquímica mostra a importância dos elementos que constituem os minerais, cujos objetivos essenciais são: A determinação da abundância dos elementos na Terra; A repartição dos elementos nos minerais e nas rochas; Estabelecimento dos princípios que regem a abundância e distribuição dos elementos químicos. A crosta é composta de silicatos de alumínio, sódio, potássio, cálcio, magnésio e ferro. Em função do número de átomos o oxigênio ultrapassa 60% e forma mais de 90% do Mineração – Geologia geral 7 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional volume total ocupado pelos elementos. A Tabela 3 mostra a repartição dos constituintes da crosta terrestre em porcentagem em peso de óxidos, em íons e nos minerais. Tabela 3: Distribuição dos elementos na crosta terrestre. 1.5. Classificação Geoquímica dos Elementos As diretrizes da geoquímica moderna tratam de mostrar onde se podem encontrar os elementos e em que condições. Ex.: Lantânio e potássio encontram-se juntos; telúrio e tântalo “fogem” um do outro. Alguns, embora presentes, estão dispersos como o rubídio no potássio e gálio no alumínio. Háfnio e selênio não são formadores de acumulações e às vezes, se acham tão dispersos na natureza que seu percentual na composição das rochas é ínfimo. Outros elementos como chumbo e ferro durante seu processo de deslocamento experimentam uma parada e formam combinações capazes de acumularem-se com facilidade (Antonello, 1995). A geoquímica estuda as leis da distribuição e migração dos elementos em condições geológicas definidas marcando seu percurso e exploração das jazidas minerais. Goldschmidt foi o primeiro a acentuar a importância da diferenciação geoquímica primária dos elementos, classificando-os da seguinte maneira: Siderófilos: com afinidade pelo ferro metálico; ex.: Cr, V, Co, Ni. Calcófilos ou sulfófilos: com afinidade pelo sulfeto, ex.: Pb, Zn, Cu, Ag, Hg, Bi, Sb, Se, Fe, S, As. Mineração – Geologia geral 8 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Litófilos: com afinidade pelo silicato, ex.: O, Si, Al, Na, K, Ca, Mg. Atmófilos: com afinidade pela atmosfera, ex.: O, C, gases nobres, N. Alguns elementos mostram afinidade por mais de um grupo, pois a distribuição de qualquer elemento depende, em certo grau, da temperatura, pressão e ambiente químico, como um todo. CAPÍTULO 2. DINÂMICA INTERNA 2.1. Vulcanismo Os vulcões são crateras ou fissuras na crosta terrestre através da qual o magma (rocha fundida que se origina em profundidade, abaixo da crosta), sobe até a superfície em forma de lava. Localizam-se geralmente ao longo dos limites das placas crustais; a maioria faz parte de um cinturão chamado “círculo de fogo”, que se estende ao longo das costas do oceano Pacífico. Os vulcões podem ser classificados de acordo com a frequência e violência de suas erupções. As erupções não explosivas, geralmente ocorrem onde as placas crustais se separam, ou seja, nas bordas de placas divergentes (ex. Cordilheira Mesoceânica). Estas erupções produzem lava basáltica (básica) móvel, que se espalha rapidamente por longas distâncias e forma cones relativamente achatada. As erupções mais violentas acontecem onde as placas colidem bordas convergentes (ex. Andes). Essas erupções expelem lava riolítica (ácidas) viscosa e explosões repentinas de gases, cinzas e piroclastos (fragmentos de lava solidificada). A lava é pouco móvel, percorre distâncias curtas e dá origem a cones de vertentes íngremes. Alguns vulcões apresentam erupções de lava e cinza, que formam os cones compósitos. Os vulcões com erupções frequentes são descritos como ativos; os vulcões dormentes são os que raramente entram em erupção, e os que aparentemente cessam as erupções são considerados extintos. Além dos vulcões, outros aspectos associados às zonas vulcânicas são os gêiseres, fontes minerais quentes, fumarolas e poços de lama borbulhante. Mineração – Geologia geral 9 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura 3: Esquema de um vulcão. Plutonismo é o conjunto de processos magmáticos que ocorrem no interior do planeta e que geram intrusões de magma. Plúton é o corpo de rocha magmática consolidada no interior da crosta terrestre, a partir de uma câmara magmática. Designase de rocha encaixante a rocha invadida por um plúton. Os plútons podem ser de dois tipos: concordantes (“sill”, lacólito e facólito) e discordantes (“neck”, dique, batólito e "stock"). 2.1.2. Material vulcânico: Piroclastos: bomba, tufos, lapilli, cinza etc. Gases: vapor d'água, CO2, H2S, HCl, SO2 etc. Mineração – Geologia geral 10 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Lavas: almofadadas, "aa" e cordadas. A viscosidade do magma é variável, dependendo essencialmente da sua temperatura e da composição química. Magma ácido, isto é, rico em sílica, é mais viscoso do que um magma básico, pouca sílica (Leinz e Amaral, 1987). Magma ácido Magma básico rico em sílica pobre em sílica mais viscoso mais fluido 2.1.3. Tipos de vulcanismo: havaiano, peleano, estromboliano e pliniano O calor interno da Terra é associado ao calor remanescente da sua formação (Big Bang) e da desintegração de isótopos radiogênicos; p.ex., K40, Th232 e U238. O grau geotérmico refere-se a profundidade, em metros, para elevar-se a temperatura em 1°C. O valor médio é de 30 m, podendo existir grandes variações, dependendo da localização geográfica. 2.2. Terremotos O terremoto, ou sismo é qualquer vibração na crosta e que tem origem no seu interior. Quando a vibração é relativamente intensa, o tremor de terra se torna perceptível aos nossos sentidos. Quando muito fraca, seu registro se faz por meio de aparelhos especiais, denominados sismógrafos (Figura 4). Tal vibração é denominada de microssismo. Figura 4: Sismógrafo Mineração – Geologia geral 11 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Em um ano registram-se na superfície terrestre cerca de 100 mil terremotos. Destes, 90 mil possuem intensidade muito fraca, sendo quase imperceptíveis aos sentidos das pessoas; 9.000 são de intensidade fraca e os 1.000 restantes de intensidade média. Apenas 100 se revelam fortes, e só 10, aproximadamente, são catastróficos. Os terremotos não se distribuem uniformemente em toda a superfície da Terra, existem regiões onde o fenômeno é praticamente desconhecido, são as chamadas regiões assísmicas, como as áreas centrais do Canadá e dos Estados Unidos, a África (exceto a orla mediterrânea), a Arábia, a Ásia Central e a Austrália. As regiões mais intensamente atingidas por atividades sísmicas são aquelas localizadas nas bordas das placas tectônicas. Na Figura 6 estão representados os epicentros dos terremotos mais intensos ao longo de um período de 6 anos. Observa-se que o território brasileiro está praticamente fora das regiões com maiores incidências de terremotos, isto é, devido a sua posição no interior da placa sul-americana. As principais causas dos terremotos são: desabamento interno, vulcanismo, acomodamento de rocha e tectonismo. Os terremotos por desabamento podem ser provocados por dissolução (cavernas) ou deslizamento de massas rochosas em virtude da ação da força da gravidade. Esses terremotos são em geral fracos e de pouco poder destrutivo, pelo menos em comparação com os de origem vulcânica e tectônica. Em regiões sujeitas a ocorrências vulcânicas, os terremotos produzidos por explosões internas decorrem, em geral, do escape violento de gases acumulados sob forte tensão e do magma. Os mais terríveis terremotos estão associados a causas tectônicas, que se desencadeiam quando uma porção dos materiais do interior da Terra, distendido ou comprimido e deformados por tensões acumuladas, atinge o ponto de ruptura, procurando um novo estado de equilíbrio. A intensidade dos terremotos é medida pela escala Richter, criada em 1935 pelo cientista americano Charles Francis Richter. O terremoto de maior intensidade já registrado marcou 8,6, mas, teoricamente não há limites. Lugares geométricos na crosta associados aos sismos: Hipocentro - ponto no interior da crosta onde teve a origem do terremoto(Figura 5); Mineração – Geologia geral 12 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Epicentro - ponto na superfície da crosta, projeção do hipocentro ortogonal à superfície. Efeitos dos abalos sísmicos: maremotos, tsunamis e terremotos. Figura 5: Localização do hipocentro. Figura 6: Localização dos epicentros dos terremotos mais intensos (Kearey e Vine, 1990). Mineração – Geologia geral 13 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 2.4. Tsunamis Figura 7: Formação dos tsunamis. Mineração – Geologia geral 14 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 2.3. Vulcanismo e Terremoto no Brasil Nas bordas de placas, o vulcanismo é um processo contínuo, pois, ao longo das cordilheiras submarinas que se estendem longitudinalmente no meio dos grandes oceanos, as chamadas dorsais meso-oceânicas, o magma emerge das profundezas da Terra, controlado pela fusão de material na parte superior do manto. Há dois tipos de crosta: continental, situada nos continentes e oceânica que constitui o assoalho dos mares. As placas tectônicas são formadas por crosta - continental e oceânica e pela parte superior do manto. Nas zonas de colisão entre continentes, como no Himalaia, ou entre uma placa oceânica e outra continental, como nos Andes, a mais densa delas é empurrada sob a outra, rumo a parte profunda do manto - onde, em consequência das altas pressões e do calor, sofre fusão. Em sua ascensão, a massa fundida forma vulcões e grandes corpos de rochas ígneas abaixo da superfície. Nas áreas afastadas das bordas de placas, em contrapartida, o vulcanismo é fenômeno menos comum, embora não possa ser considerado inexistente. O território brasileiro situa-se no interior da grande placa tectônica conhecida como placa sul-americana. Na extremidade sul do continente, há ainda a plataforma patagônica. A região ativa da placa, com terremotos e vulcões, é a cadeia andina, situada a oeste dessas duas plataformas. Há evidências da presença de vulcões no nosso território, que nem sempre teria sido, portanto, tão “estável”. E não foi uma presença discreta: os indícios de atividade vulcânicas no Brasil são incontáveis, seja num passado relativamente próximo, como na ilha de Trindade e em Fernando de Noronha, num passado remoto, caso de Poços de Caldas, entre muitos outros, ou ainda em tempos muito mais longínquos, caso de Crixás em Goiás (Carneiro e Almeida, 1990). Durante o Mesozóico tiveram várias atividades vulcânicas no território brasileiro, principalmente de composição alcalina. As principais ocorrências de derrames localizam-se em Nova Iguaçu (RJ), Tanguá (RJ), Jacupiranga (SP), Anitápolis (SC), Serra Negra (SP), Itatiaia (RJ), Cabo Frio (RJ), entre outros. Vulcanismo de fissura de lava básica, toleíticas, ocorreu na bacia do Paraná, no fim do Jurássico e principalmente no período Cretáceo (120 - 130 milhões de anos). Esses Mineração – Geologia geral 15 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional derrames atingiram cerca de 1.200.000 km2 (Popp, 1995). A alteração da rocha basáltica deu origem ao solo denominado de terra-roxa que recobre grande parte da bacia do Paraná. Recentemente têm sido registrados vários abalos sísmicos de baixa intensidade no território brasileiro. No dia 12 de maio de 2000 vários estados brasileiros (Goiás, São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso) foram atingidas por terremoto de baixa intensidade, o sismo teve o seu epicentro localizado na região de Jujuy na Argentina (Figura 8). Figura 8: Área atingida pelo sismo que teve o epicentro na região de JuJuy – Argentina. Mineração – Geologia geral 16 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CAPÍTULO 3. DINÂMICA EXTERNA A dinâmica externa retrata todos os processos geológicos que, atuando sobre a parte mais superficial da Crosta, promovem o seu modelamento. A ação da água, dos ventos, do calor e do frio sobre as rochas provoca o seu desgaste e decomposição, causando o que se denomina de INTEMPERISMO. O intemperismo implica sempre na desintegração das rochas, que pode ser de vários modos, pelos agentes químicos, físicos e biológicos. Esta desintegração gera areias, lamas e seixos, também denominados SEDIMENTOS. O deslocamento desses sedimentos da rocha desintegrada é chamado de EROSÃO. O transporte desse material para as depressões da crosta (oceanos, mares e lagos) pode ser realizado pela água (enxurradas, rios e geleiras) ou pelo vento, formando depósitos como as areias de praias e de rios, as dunas de desertos e as lamas de pântanos. Todo PROCESSO (ação) natural obtém-se, como PRODUTO (resultado da ação) uma modificação na paisagem superficial do planeta. Por exemplo, após uma intensa chuva (PROCESSO) muitas encostas de morros serão sulcadas por erosão (PRODUTO 1) e o material (solo ou rocha) removido será depositado em vales ou no sopé destes morros (PRODUTO 2) ou levado por rios. Em fim, processaram-se modificações na paisagem superficial. Este processo ocorre sem a interferência do homem, cuja ação pode acelera-lo. O homem influência no processo de denudação, principalmente devido ao desmatamento. Na Figura 9 é representada uma visão simplificada das fontes de energia dos processos externos que atuam na superfície da Terra. Figura 9: Fontes de energia dos processos que atuam na superfície da Terra. Mineração – Geologia geral 17 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 3.1 Processos Processos físicos: tensões (variação de temperatura, gravidade, etc.) e cinética (resultante da variação de velocidade de um corpo). Processos químicos: reações (hidrólise, redox, combinações, etc.), soluções/precipitações etc. Processos biológicos: atividade dos organismos gera relações de fenômenos Físicos e Químicos com o meio ambiente. A pressão do crescimento das raízes vegetais pode provocar a desagregação da rocha. O vento ao balançar a árvore contribui para afrouxar as rochas fendilhadas. Ação de animais como: minhocas, formigas, cupins, roedores, etc. Os processos geológicos responsáveis pela formação das rochas sedimentares podem ser reunidos em três grandes grupos: intemperismo, erosão, transporte e deposição. 3.2 Intemperismo Conjunto de processos físicos, químicos e biológicos, operantes na superfície terrestre que ocasionam a alteração dos minerais das rochas, graças à ação de agentes atmosféricos e biológicos. Processo espontâneo controlado pelas forças (energias) envolvidas nas ligações dos íons que formam os cristais. O intemperismo é um dos processos mais importante para o desenvolvimento da vida sobre a Terra. Os nutrientes inorgânicos disponíveis no solo ou nas águas superficiais são obtidos a partir do intemperismo das rochas e dos minerais. Por que ocorre intemperismo? É a resposta natural dos minerais das rochas à superfície do planeta, em virtude de mudanças nas condições físicas e químicas em que estes se formaram (altas pressões e temperaturas no interior da Terra). Processo espontâneo controlado pelas forças (energia) envolvidas nas ligações dos íons que formam os cristais. Ex.: a olivina (Mg2SiO4) se altera mais facilmente do que o quartzo (SiO2). Reação de hidrólise da olivina: Mg2SiO4 + 4H+ + 4 OHOlivina água ionizada Mineração – Geologia geral 2Mg++ + 4 OH- + H4SiO4 íons em solução 18 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Ácido silícico Processos químicos A dissolução, além de ser um processo intempérico, também pode se constituir em um eficaz processo erosivo, quando envolve a remoção de apreciáveis massas rochosas. O exemplo mais evidente é a carstificação, que trata da dissolução de rochas carbonáticas formando cavernas, grutas, dolinas etc. Fatores condicionantes do tipo e intensidade do intemperismo Clima (temperatura, precipitação); Relevo (inclinação do terreno) ; Constituição dos minerais (composição química); Estrutura das rochas (porosidade, xistosidade, fraturas); Tamanho das partículas; Temperatura. A temperatura intervém na velocidade da decomposição química. Esta é mais rápida em climas quentes do que em climas temperados e frios. A pluviosidade elevada, associada a temperatura médias altas e cobertura vegetal exuberante, tem papel muito eficaz na decomposição das rochas, pelo aumento do teor em ácidos húmicos e gás carbônico. Intemperismo físico: fragmentação ou desagregação do material rochoso em partículas cada vez menores. Não há mudança mineralógica ou química. Dilatação X compressão (variação na taxa de aquecimento e resfriamento) Congelamento d'água no interior das rochas (aumento do volume, 9%) Cristalização de sais no interior das fendas (cloreto de sódio, gipsita) Deslocamento de massas rochosas, líquidas (água) e gasosas (ar). Rocha = minerais com diferentes coeficientes de dilatação térmica As rochas no interior da crosta são submetidas a alta pressão, quando expostas às condições de superfície, há um alívio de pressão e consequentemente, expansão da parte rochosa atingida. O alívio de pressão leva ao desenvolvimento de diáclases, juntas e planos de fraturas na rocha. Mineração – Geologia geral 19 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O intemperismo químico: forma, predominantemente, argilo-minerais e hidróxidos de Fe e Al. Há mudança mineralógica. Reação química entre a rocha e soluções aquosas diversas. Oxidação X redução Dissolução X precipitação Hidrólise Combinação Hidrólise é a reação entre os íons H+ e OH- da água e os elementos (ou íons) do mineral. É importante lembrar que apesar do que se imagina a água não é um líquido de pH neutro. Oxidação é um processo de decomposição química que envolve perda de elétrons. Ex. a pirita (FeS2) se oxida em óxido de ferro hidratado. O intemperismo físico favorece o intemperismo químico criando condições de penetração de soluções através das fraturas e aumentando a superfície específica do material. O intemperismo biológico compõe-se de uma série de ações físicas e químicas dos organismos sobre o meio ambiente para a adaptação do meio à sua sobrevivência. Está relacionado com as reações químicas da matéria viva e com o comportamento dos organismos. Produtos do Intemperismo Regolito:(ou manto de intemperismo) cobertura de material mineral inconsolidado na superfície da Crosta que repousa diretamente sobre rocha inalterada. Muitos autores restringem a abrangência do termo para os materiais que não sofreram transporte. Solo é a superfície inconsolidada que recobre as rochas e mantém a vida animal e vegetal da Terra. É constituído de camadas que diferem pela natureza física, química mineralógica e biológica que se desenvolvem com o tempo sob a influência do clima e da atividade biológica. Sedimento: regolito ou outro produto do intemperismo (íons em solução) que foi transportado por qualquer processo da dinâmica externa. Mineração – Geologia geral 20 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 3.3 Erosão A erosão engloba um grupo complexo de processos geológicos pelo qual o produto final do intemperismo é removido por ação de um agente natural. A configuração morfológica de uma paisagem pode ser devido a uma atividade construtiva (dunas, restingas, relevo vulcânico, deltas) ou destrutiva (mar, gelo, vento e rios). Se não fosse a instabilidade tectônica da crosta (dinâmica interna), há muito tempo já teriam desaparecidos todos os continentes. Em 25 milhões de anos (taxa atual de denudação) todos os continentes seriam arrasados ao nível do mar. O relevo terrestre é resultante dos processos englobado na dinâmica interna (vulcanismo, terremoto e movimentação das placas tectônicas) e os processos da dinâmica externa (intemperismo, erosão, transporte e deposição). Processos erosivos Processos gravitacionais: processos que envolvem deslocamento de massas (rocha, solo, regolito ou sedimento) sob ação da gravidade, buscando uma posição de menor energia potencial. Processos hidrodinâmicos: Ação das ondas (abrasão marinha) Ação de correntes (fluvial) Ação de ventos (deflação) Agentes erosivos: chuva, rio, mar, vento, geleira e gravidade INTEMPERISMO + EROSÃO = DENUDAÇÃO Produtos da erosão: sedimentos Tipos de sedimentos Clástico, químico e organo-químico. Clásticos: resultam da fragmentação de material rochoso e é transportado por um agente externo. Exemplo: areia, silte, argila, etc. (Tabela 4). Mineração – Geologia geral 21 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Tabela 4: Escala granulométrica em mm. 3.4 Transporte O transporte e a deposição dos sedimentos são comandados pelas leis da hidrodinâmica. Três são os processos de transporte de partículas sedimentares em meio fluido: tração (arrasto, rolamento e saltação), suspensão e solução. O regime de transporte do sedimento depende, basicamente, do tamanho da partícula. Tração e rolamento: areias, seixos, blocos e matacões. Suspensão: silte e argila - fluxo turbulento Solução: íons - carga dissolvida Mineração – Geologia geral 22 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 3.5 Deposição Acúmulo de sedimentos por processos físicos, químicos e organo-químicos (processos de sedimentação) Sedimentos químicos: resultam da precipitação de minerais de soluções concentradas. Características: cor, mineralogia e estruturas. Exemplos: calcário calcítico/ dolomítico, chert, gipso, itabirito, etc. Sedimentos organo-químicos: resultam do acúmulo de restos de organismos, os quais podem ter sido transportados. Características: cor e composição. Exemplos: coquinas, vazas (globigerina, radiolários, pterópodes e diatomáceas), recifes, espongólitos, estromatólitos, etc. Bacias sedimentares São áreas deprimidas da crosta, capazes de acumular consideráveis espessuras de sedimentos e preservá-las por um bom tempo. As bacias sedimentares estão associadas a movimentos crustais que geram subsidência na crosta. Os movimentos são controlados por eustasia, subsidência (tectônica) e aporte sedimentar (clima). As bacias sedimentares são preenchidas por sedimentos clásticos químicos e biogênicos. Ambientes de sedimentação rios, lagos, desertos, praias, mares etc. Tipos de deposição Física: por perda da energia do agente transportador Química: por saturação de soluções (precipitação) Organo-química (biológica): acúmulo de restos de organismos (fósseis) 3.6 Ambientes de sedimentação Compartimento da superfície da Terra onde dominam uma série de processos físicos, químicos e biológicos deposicionais, que o distinguem dos adjacentes. Há diversas classificações, que variam de autor para autor, em função dos critérios adotados (geomorfologia, processos físicos etc.). Mineração – Geologia geral 23 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Ambientes continentais: fluvial, lacustre, deserto e glacial. Ambientes transicionais: deltaico, estuarino, lagunar, planície de maré e praia. ambientes marinhos: plataforma continental, recife, talude continental, sopé continental e assoalho oceânico. Ambiente Continental Fluvial: compreendem os sopés das montanhas, os vales e baixadas fluviais. Subambientes: canal, dique marginal, planície de inundação e terraços fluviais. Lacustre: siltes e argilas; carbonatos e sulfatos; cores vermelhas e pretas. Desértico: tração (vento) e, subordinadamente, suspensão e precipitação. Depósitos: areias (muito bem selecionadas e arredondadas), cascalhos (pavimento de deflação, ventifactos), siltes e evaporitos. Glacial: tração (arrasto, preferencialmente) e "suspensão". Depósitos: tilitos, diamictitos, areias, siltes e argilas, seixos pingados e facetados/estriados, etc. Controles: climático (altitude/latitude), astronômico (glaciações do Quaternário) e tectônico (glaciações permo-carboníferas do Gondwana). Na Figura 10 observa-se um perfil de um rio sem uniformidade de gradiente. Na zona AB, onde a profundidade é maior a velocidade é diminuída graças à menor declividade. Na zona BC da corredeira a profundidade diminui devido o aumento da velocidade e após C ocorre grande turbulência, depositando maior quantidade de seixos. A variação granulométrica do sedimento ao longo do perfil vai ser variar em função da declividade e energia do meio. Figura 10: Perfil de um rio sem uniformidade de gradiente. Mineração – Geologia geral 24 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Ambientes Transicionais e Marinhos Deltaico - o ambiente deltaico refere-se à acumulação sedimentar em parte subaérea e em parte subaquosa, na foz de um rio que desemboca em um lago ou mar, que se dá pela perda da competência de transporte do rio quando atinge estes corpos d'água, com menor energia. Subambientes: canal fluvial, planície de inundação interdistributária, baía interdistributária, frente deltaica e pro delta. Controles: tectônica (subsidência), variação do nível do mar (ou do lago), aporte sedimentar e o retrabalhamento dos depósitos por ondas e marés. Laguna e ilha de barreira - Corpo d'água costeiro, alongado, isolado do ambiente marinho por um sistema de cordões litorâneos arenosos (ilha de barreira). Subambientes: planície de maré (com canais de maré), laguna e delta lagunar. Ambiente marinho - litorânea: zona atingida pela variação da maré; nerítica: delimitada pela profundidade de cerca de 200 m; recebe influência do continente; pelágica; batial e abissal (Figura 11). Compreende a margem continental (plataforma, talude e sopé continental), plataforma continental - interna e externa (largura: 70 km, declividade: 1 a 4 m/km), talude continental/canhão submarino (declividade: 50 m/km), sopé continental (leque submarino), planície abissal, cordilheiras mesoceânicas, ilhas vulcânicas e fossas submarinas. Figura 11: Imagem de satélite da baía de Guanabara. Mineração – Geologia geral 25 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CAPITULO 4: ESCALA DO TEMPO GEOLÓGICO 4.1. TEMPO GEOLÓGICO Quando falamos de tempo, a grande maioria de nós pensa em horas, dias ou anos. O conceito de tempo é sempre associado ao tempo individual ou pessoal. Quando falamos da evolução do homem (ou da evolução, em geral), é necessário comutar engrenagens em pensar o tempo em termos de centenas, milhares ou mesmo milhões de anos, o que pode parecer difícil a princípio. No campo das ciências, um conceito diferente de tempo, conhecido como tempo geológico, é necessário para nos situarmos em termos de história da Terra. O tempo geológico é absolutamente essencial no campo da paleoantropologia. O tempo geológico cobre a história da Terra, desde sua formação inicial até o presente. Ele estabelece os diferentes períodos e eras em uma sequência em termos cronológicos e de sua duração. O tempo geológico coloca a evolução humana e da Terra em um contexto no qual podemos correlacioná-las a outros eventos, como as mudanças climáticas ou eventos de extinção em massa. Mais importante, nos permite concluir que os humanos modernos e nossos ancestrais existiram por um período muito curto de tempo, se comparado à longa história da vida no nosso planeta. 4.1.1.TEMPO (IDADE) RELATIVO É obtido pelo estudo da superposição estratigráfica e idade relativa dos estratos (lei da horizontalidade original), e ainda, pelo conteúdo fóssil e por correlações estratigráficas (determinação de idades crono-estratigráficas de uma sucessão de estratos encontrados em lugares diferentes, conteúdo fóssil, caracterização litológica, estruturas primárias e secundárias...). 4.1.2. PRINCÍPIOS DE STENO Superposição: sedimentos se depositam em camadas, as mais velhas na base e as mais novas sucessivamente acima. Mineração – Geologia geral 26 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Horizontalidade original: depósitos sedimentares se acumulam em camadas sucessivas dispostas de modo horizontal. Continuidade lateral: camadas sedimentares são contínuas, estendendo-se até as margens da bacia de acumulação, ou se afinam lateralmente. Contudo a aplicação indiscriminada desses princípios pode conduzir a interpretações equivocadas. Ex. derrame é diferente de sill, energia do meio – estratificação cruzada, deposição sobre superfícies inclinadas, comumente sedimentos cedem lugar a outros sedimentos de maneira gradativa (fácies sedimentar). É possível estabelecer uma correlação fossilífera ou bioestratigráfica entre faunas e floras iguais, mesmo que contidas em litologias diferentes. Mas por que a sucessão biótica permitiu essa subdivisão tão notável do registro sedimentar e do tempo geológico? Por conta dos mecanismos da evolução biológica e pelo grau de preservação dos organismos que já habitavam o nosso planeta. Qualquer vantagem evolutiva vantajosa tende a ser explorada rápida e intensamente, produzindo um surto de novas formas e a invasão de novos nichos ecológicos. Por outro lado quando os descendentes se tornam tão especializados que perdem a capacidade de se adaptar às mudanças ambientais, se extinguindo rapidamente também. Evidentemente a definição de novos sistemas e períodos só podia ser feita em rochas contendo fósseis facilmente identificáveis. Portanto de 550 MA para cá foram definidos, o período pré-cambriano não foi determinado a princípio. Figura 12 – Superposição de camadas estratigráficas e os fósseis indicadores de idade geológica de formação das rochas Mineração – Geologia geral 27 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura 13 – Idade geológica e coexistência de fósseis em determinados períodos de evolução. O esquema ilustra como feições sedimentares podem indicar se os estratos são normais, verticais ou invertidos como consequência de deformação tectônica. Figura 14 – Identificação da ordem cronológica dos estratos. Mineração – Geologia geral 28 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 4.1.3. TEMPO GEOLÓGICO – IDADE ABSOLUTA É medido com base na radioatividade natural de certos elementos que tem variável n° de nêutrons e mesmo n° atômico (prótons), ou seja, tem variável n° de massa (prótons + nêutrons); são denominados isótopos, ex. 12C, 13C, 14C. RADIOATIVIDADE Henri Bequerel estudando sais fluorescentes descobriu o fenômeno da radioatividade ao deixar sais de U e K próximo a placas fotográficas em sala escura. Na revelação dessas placas, elas pareciam ter sido expostas à luz. Constatou então que as radiações provinham dos sais. Radioisótopos: são isótopos instáveis que se modificam para núcleos mais estáveis pela emissão de energia (radiação), são, portanto, radioativos. MEIA-VIDA É o tempo necessário para que metade do núcleo de um radioisótopo sofra decaimento radioativo. Após 1 meia-vida = metade do isótopo radioativo original permanece; Após 2 meias-vida = 1/4 do isótopo original permanece, e assim por diante. Os minerais e as rochas, assim como toda a matéria do nosso planeta são constituídos por elementos químicos que por sua vez são formados por átomos. O núcleo de um átomo é composto por prótons e nêutrons e é rodeado por uma nuvem de elétrons. O número de prótons determina o número atômico (Z) do elemento químico e suas propriedades características. De tal forma que uma mudança no número de prótons forma um novo elemento químico com diferente estrutura atômica e diferente propriedades físicas e químicas. A soma do número de prótons e nêutrons determina o número de massa (A). Elementos com o mesmo número de massa são denominados isótopos. A grande maioria dos isótopos é estável, mas outros (C14) são instáveis. Os isótopos instáveis (radioativos) são importantes na geologia uma vez que podem ser usados para determinar idades absolutas de formação de minerais e rochas. Mineração – Geologia geral 29 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional . DECAIMENTO RADIOATIVO É o processo no qual o núcleo de um átomo emite uma partícula alfa, beta, ou gama. A obtenção da idade de minerais e rochas é feita utilizando-se a equação fundamental da geocronologia. Figura 15 – Equação fundamental da cronologia. Decaimento radioativo é uma reação espontânea que ocorre no núcleo do átomo instável que se transforma em outro estável. O elemento com núcleo atômico instável é conhecido como elemento pai, o novo elemento formado com núcleo estável é denominado elemento filho (ou radiogênico). O processo de decaimento pode ocorrer de três formas distintas, mas todas resultando em mudanças da estrutura atômica. Durante o decaimento radioativo cada elemento pai leva um determinado tempo para se transformar em um elemento filho. As taxas de decaimento (constantes de desintegração) não são afetadas por mudanças físicas ou químicas do ambiente, assegurando que a taxa de decaimento de um isótopo é independente de processos geológicos. 4.1.4. TIPOS PRINCIPAIS DE RADIAÇÃO Radiação alfa: partículas alfa são fragmentos do núcleo original e consistem em 2 prótons e 2 nêutrons. Sua energia é passível de discretização e com isso o isótopo emissor pode ser identificado. Como essas partículas tem carga e massa, são facilmente absorvidos e dissipados em poucos centímetros de ar. Mineração – Geologia geral 30 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Radiação beta: partículas beta são similares a elétrons e, portanto, carregadas com carga negativa. São menos absorvidas pela atmosfera e viajam até cerca de 1 m no ar. Radiação gama: são fótons de energia que, por não possuírem carga e massa, tem um grande poder de penetração na atmosfera (centenas de metros no ar e até 30 cm em rocha). Como não possuem carga, não são desviados por campos elétricos ou magnéticos e exibem todas as características de uma onda eletromagnética (raios X de curto comprimento de onda). Ao emitir partículas alfa ou beta o núcleo fica excitado e para retornar a seu estado normal, emite partículas gama, que é uma energia puramente eletromagnética. Figura 16 – Tipos de emissão radioativa. As fontes de radiação natural podem ser divididas em 3 grupos: i. 238U, 235U, 232Th e 40K, os quais foram gerados na criação do universo e tem meias-vida da mesma ordem de grandeza da idade da Terra, ii. Isótopos radioativos que são produtos-filho do decaimento dos isótopos do grupo 1, iii. Isótopos criados por causa externa, como as interações de raios cósmicos com a atmosfera, ex. 14C, tem meia-vida curta e é continuamente gerado por bombardeio de radiação cósmica sobre núcleos de N da atmosfera (nêutron→14C →14N). Mineração – Geologia geral 31 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 4.2. ESCALA DO TEMPO GEOLÓGICO Mesmo hoje a quantidade real de tempo geológico decorrido, visto que é tremendamente grande, significa pouco, sem qualquer base de comparação. Para este fim, têm sido inventados numerosos esquemas nos quais, eventos geológicos chaves são localizados proporcionalmente, em unidades de comprimento ou tempo atuais, de modo a tornar o tempo geológico um tanto mais compreensível. Comprimam-se. Por exemplo, todos os 4,5 bilhões de anos do tempo geológico em um só ano. Nesta escala, as rochas mais antigas reconhecidas datam de março. Os seres vivos apareceram inicialmente nos mares em maio. As plantas e animais terrestres surgiram no final de novembro e os pântanos, amplamente espalhados que formaram os depósitos de carvão pensilvanianos, “floresceram” durante cerca de quatro dias no início de dezembro. Os dinossauros dominaram nos meados de dezembro, mas desapareceram no dia 26, mais ou menos na época que as montanhas rochosas se elevaram inicialmente. Criaturas humanóides apareceram em algum momento da noite de 31 de dezembro, e as recentes capas de gelo continentais começaram a regredir da área dos Grandes lagos e do norte da Europa a cerca de 1 minuto e 15 segundos antes da meia-noite do dia 31. Roma governou o mundo ocidental por 5 segundos, das 23h: 59mim: 45s até às 23h: 59mim: 50s. Colombo descobriu a América 3 segundos antes da meia-noite, e a ciência da geologia nasceu com os escritos de James Hutton exatamente há mais que 1 segundo antes do final de nosso movimentado ano dos anos. Os especialistas interessados na idade total da Terra comumente consideram o princípio quando a Terra alcançou sua presente massa. Provavelmente, este era o mesmo ponto em que a crosta sólida da Terra se formou de início, mas não temos rochas que datem deste tempo inicial. Na verdade, as evidências atualmente disponíveis sugerem que nenhuma rocha permaneceu do primeiro bilhão de anos, mais ou menos, da história da Terra. Antes do princípio, processos cósmicos desconhecidos estavam produzindo a matéria, como a conhecemos hoje, para a Terra e para o nosso sistema solar. Este intervalo incluímos no tempo cósmico. É o tempo, desde o início da Terra, que constitui propriamente o tempo geológico. Mineração – Geologia geral 32 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Tabela 5: Tabela do tempo geológico Mineração – Geologia geral 33 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Mineração – Geologia geral 34 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CAPITULO 5: PEDOLOGIA As rochas situadas junto à superfície estão sujeitas à ação de processos físicos, químicos e biológicos (processos de intemperismo), produzindo os chamados mantos de alteração. Num sentido mais amplo o conceito de solo, engloba os materiais do manto de alteração, os quais podem estar in situ (solos residuais ou elúvios) ou já podem ter sido transportados de uma área a montante por mecanismos diversos (solos transportados ou depósitos de encosta ou fluvial). Por definição, solo é a superfície inconsolidada que recobre as rochas e mantém a vida animal e vegetal. É constituído de camadas que diferem pela natureza física, química, mineralógica e biológica que se desenvolvem com o tempo sob a influência do clima e da atividade biológica. Os solos são constituídos por milhões de partículas de diferentes composições mineralógicas e diversos tamanhos, entre cascalhos, areias, siltes ou argilas, parte dos quais podem estar como grãos simples ou agregados por matéria orgânica ou argila. Os espaços vazios entre as partículas são chamados de poros e podem estar parcial ou totalmente preenchidos com água. No interior das partículas agregadas também ocorrem poros bem pequenos. Os poros com diâmetro inferior a 0,2 mm são denominados de micro poros; os de diâmetro superior são chamados de macro poros. A razão entre o volume de vazios e o volume total do solo corresponde à porosidade do solo e, geralmente, é expressa em percentual. Figura 17: Variações da porosidade segundo a disposição espacial dos componentes esféricos. A- Porosidade máx. 47,6%. B - Porosidade mín. 25,9% Mineração – Geologia geral 35 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 5.1. Processos de formação do solo Na formação dos solos ocorrem reações físicas, químicas e biológicas que determinam os diferentes horizontes com suas características peculiares. Normalmente se expressa o desenvolvimento do solo em termo de quatro processos (Tabela 6). Tabela 6: Tipos de processos de formação do solo (modificado de Resende et al. , 1995). 5.2. Constituição do Solo O solo é constituído de matéria orgânica, matéria mineral sólida, água (soluções dissolvidas) e ar (Tabela 7). A fração mineral pode ser constituída de partículas de tamanhos variáveis, desde argila (partículas menores que 2 micra) até matacões de fragmentos de rocha, minerais primários e minerais secundários Tabela VIII.3). Tabela 7: Principais elementos que compõem os solos. Mineração – Geologia geral 36 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Tabela 8: Granulometria das partículas que constituem o solo. 5.3. Fatores de Formação dos Solos CLIMA FLORA FAUNA SOLO ROCHA ALTERADA Esses fatores são influenciados pelo Tempo e Relevo. Em 1883 Dokuchaiev sugeriu 5 fatores formadores do solo: Material parental, Clima, Tempo, Organismos (plantas e animais) e o Relevo (topografia). Os fatores de formação são relacionados funcionalmente na forma de uma equação: S = fç (Cl, O, R, MP, T) 5.3.1 Material Parental O estado inicial do sistema solo não é necessariamente uma rocha consolidada. Principais grupos de Materiais Parentais: 1. Rochas e M.A. "in situ", 2. Sedimentos inconsolidados, ex.: fluvial, eólico, marinho ou deltaico, 3. Material transportado - produto de alteração remanejado - colúvio, 4. Produtos de pedogênese anterior. Principais características das rochas Mineração – Geologia geral Solo 37 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 5.3.2. Estrutura dos Minerais A composição mineralógica do material parental vai influenciar muito nas características do solo, principalmente na fertilidade. Os minerais não-silicáticos possuem estruturas relativamente simples, mas variam amplamente nas suas solubilidades e resistência à decomposição. Os silicatos geralmente possuem estruturas muito complexas na qual a unidade fundamental é o tetraedro de Si-O. A estabilidade das rochas depende da composição e da estrutura dos seus minerais. 5.3.3. Composição Química e Mineralógica dos Materiais Parentais A constituição mineralógica, a composição química e arranjo estrutural dos minerais influenciam diretamente nos processos de intemperismo. A Tabela 9, são apresentados os principais cátions removidos durante o processo de intemperismo químico. Reação de alteração do K-feldspato e formação da caulinita: 4KAlSi3O8 + 4H+ + 2H2O 4K+ + Al4Si4O10(OH)8 + 8SiO2 caulinita K-feldspato sílica Tabela 9: Intemperismo químico de dois grandes grupos de rochas ígneas. Mineração – Geologia geral 38 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Área de Superfície dos Materiais Parentais A área de superfície das partículas regula a maior ou menor interação com o "ambiente" (água). Variações na área de superfície e na distribuição do tamanho das partículas interferem na VELOCIDADE de formação do solo. A área de superfície específica é maior quanto menor for o tamanho das partículas. Ex.: área de superfície das rochas consolidadas < areias aluvionares < argila. Permeabilidade (K) dos Materiais Parentais Aumenta a velocidade do movimento de umidade, Acelera o movimento dos materiais em solução ou suspensão, Influencia a velocidade de formação do solo. 5.3.4. Clima É um dos fatores mais importantes na formação dos solos. Influencia: Velocidade de formação e tipo de solo, Distribuição da vegetação e dos organismos, Tipos de processos geomorfológicos. O Clima é um conceito composto, inclui: temperatura, umidade, evapotranspiração, precipitação, duração da insolação, ventos, etc. Por simplicidade definiremos o clima em função de valores médios da: a) temperatura, b) precipitação (umidade) Estes são os fatores mais importantes para a formação dos solos. a) Temperatura Influencia a percentagem e distribuição dos organismos (fauna e flora) no solo. Regiões intertropicais tem a proteção da cobertura vegetal que amortece os extremos de temperatura. Influencia na velocidade de alteração dos minerais. Mineração – Geologia geral 39 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional A amplitude das variações diárias e estacionais da temperatura do solo diminui com a profundidade. Os processos pedogenéticos mais dinâmicos ocorrem nas camadas superficiais, onde as temperaturas sofrem maiores variações. Valores de radiação solar que chega à superfície do solo é função: variações diurnas e sazonais, latitude, altitude, ventos, cobertura vegetal e cor do solo. Solos escuros absorvem 92% da radiação solar. b) Umidade (Precipitação) Inclui todas as formas de água que entram no solo é derivada principalmente da PRECIPITAÇÃO. Para a pedogênese o que importa é o EXCESSO DE ÁGUA: Lixiviação, eluviação renova a água que circunda os minerais que estão sofrendo hidrólise. A percolação da água no solo é função: porosidade, estrutura do solo, formas de relevo, condições climáticas e permeabilidade. Regiões com disponibilidade de água excedente - maior energia pedogenética. Função a) Intensidade da precipitação Em áreas sem vegetação as precipitações de intensidade moderada são as mais efetivas: Chuvas fracas sofrem rapidamente a EVAPORAÇÃO, Chuvas fortes maior valores que a capacidade de infiltração (CI): aumento do escoamento superficial e problemas erosivos. Regiões tropicais maiores são as taxas de lixiviação de cátions alcalinos e básicos. c) Cobertura Vegetal A cobertura vegetal tem um papel importante na interceptação da precipitação das através das folhas. A quantidade de interceptação é relacionada com o tipo e densidade da vegetação. Mineração – Geologia geral 40 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional d) Capacidade de Infiltração Solos com textura grossa - maior entrada de água, Solos com textura mais fina - menor entrada de água. e) Permeabilidade e Inclinação da Superfície A movimentação da água no interior do solo é muito depende da permeabilidade. A presença de uma camada impermeável gera saturação das camadas superiores resultando em movimentos laterais. f) Teor de Umidade Antecedente do Solo Influência direta na entrada da precipitação, Solo saturado - nenhuma umidade entrará no solo, Ex.: base das encostas, depressões, interferência do lençol freático maior escoamento superficial. Movimento da Umidade A diferença dos horizontes é fortemente determinada pelo movimento da água no interior do solo. A taxa de movimentação da água no solo é função: volume de água, tamanho dos poros e permeabilidade. 5.3.5. Organismos Os organismos compreendem: microflora, macro flora, microfauna, macrofauna e homem. Pelas suas manifestações de vida quer na superfície, quer dentro do solo, atuam como agentes pedogenéticos. Cobertura vegetal A presença de raízes condiciona uma menor erosão do solo, favorecendo a atuação do intemperismo físico e químico. O “litter” - contribuição de nutrientes - diminuição da erosão. A presença de folhas reduz o “splash”, adição de matéria orgânica, evitam o excesso de temperatura, Mineração – Geologia geral 41 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional filtram a radiação solar. A cobertura vegetal tende a reduzir a agressividade erosiva da chuva e a amplitude das variações térmicas e hídricas, criando condições mais favoráveis às atividades biológicas. Fauna: Vertebrados - principalmente mamíferos - ratos, topeiras, etc., os quais cavam buracos profundos no solo, causam uma mistura considerável geralmente trazendo material do subsolo para a superfície. O superpastoreio aumenta a compactação do solo, diminui a permeabilidade e aumenta a escoamento superficial (erosão). A retirada da vegetação para a implantação da atividade agricula aumenta a erosão do solo (vento e água) levando a perda dos horizontes superiores (horiz. O e A) e de micronutrientes. Microfauna - bactérias (predominantes) e fungo - atuam na decomposição da matéria orgânica e favorecem a alteração de alguns minerais. Mesofauna - são identificados a olho nu e ingerem a matéria orgânica. Ex.: minhocas, aracnídeos, insetos, termitas. A distribuição está vinculada ao suprimento de alimentos assim concentram-se no topo do solo, 2 a 5 cm, com exceção dos termitas e das minhocas que penetram abaixo de 10 - 20 cm. Estes organismos requerem solo bem aerado (necessitam de oxigênio) e não vivem em solos saturados. Homem - a atividade do homem altera consideravelmente o desenvolvimento dos solos. A principal atuação está ligada ao cultivo dos solos, geralmente utilizando técnicas inadequadas, acarretando empobrecimento e erosão dos solos. A utilização de fertilizantes e pesticidas na agricultura modificam as características dos solos, já a irrigação e a drenagem alteram as relações hidrológicas. Além dessas atividades as construções civis contribuem consideravelmente para a modificação dos solos. 5.3.6. Relevo (Topografia) A forma de relevo influência diretamente na dinâmica de movimentação da água: fluxo vertical (infiltração) e fluxo lateral (“run-off”), indiretamente na temperatura do solo e na taxa de radiação. Mineração – Geologia geral 42 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Orientação das encostas afeta grandemente a quantidade de aquecimento solar, diferentes solos são formados nas encostas viradas para o sol e nas sombreadas. 5.3.7. Tempo A formação do solo é um processo muito lento, requer milhares e mesmo milhões de anos, durante este período ocorrem mudanças periódicas do clima e da vegetação, consequentemente altera a formação do solo. As interpretações em relação as mudanças climáticas baseiam-se em evidências geológicas, geomorfológicas e palinológicas. Os SOLOS JOVENS guardam muitas feições do material parental. Ex.:cambissolo. Os SOLOS MADUROS estão em equilíbrio com o ambiente 5.4. Horizontes do Solo Os solos possuem horizontes, ou camadas relativamente homogêneas paralelas à superfície e são produzidos pelos processos formadores do solo. Os horizontes dispostos verticalmente são, em si mesmos, ambientes distintos; o horizonte A, além de ser mais influenciado pela atividade biológica, sofre maiores flutuações de temperatura e de água; apesar de ser, em geral, mais rico em nutrientes, com freqüência não tem água para que esses nutrientes sejam absorvidos efetivamente. Os primeiros centímetros do horizonte A podem ser, em algumas circunstâncias, a parte mais inóspita do solo para as plantas. Acima do horizonte A podem acumularem-se detritos orgânicos, com diferentes graus de decomposição, horizonte O para vários autores (Tabela 10). Tabela 10: Horizontes do perfil de solo. Mineração – Geologia geral 43 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura 18: Horizontes de típico perfil de solo. Mineração – Geologia geral 44 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CAPÍTULO 6: TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS Em 1620 o inglês Sir Francis Bacon registrava a similaridade entre o contorno litorâneo da África ocidental e do leste da América do Sul. Em meados do século XIX surgia a tese de que os dois continentes possuíam um passado comum. O alemão Alfred Wegener formulou, em 1912, a Teoria da Deriva Continental, baseando-se em algumas evidências fósseis e semelhança entre as estruturas de relevo. Ele postulou a unidade das massas continentais no passado (Pangéia), que teriam depois se fragmentado e afastado umas das outras, conformando os continentes e bacias oceânicas atuais. A genialidade da intuição de Wegener decorre da ausência de meios científicos, na sua época, para a validação da idéia da deriva dos continentes. Entretanto, justamente esse fato transformou-o, por muito tempo, num incompreendido. A ausência de um mecanismo aceitável para justificar o movimento de massas continentais “sufocando” assoalhos oceânicos condenou a nova teoria à marginalidade. O arcabouço científico para a Teoria da Deriva Continental só iria se desenvolver muito mais tarde. O estudo detalhado do fundo dos oceanos, iniciando com o uso do sonar na Segunda Guerra Mundial e intensamente desenvolvido nas últimas décadas, finalmente forneceu uma explicação plausível para a “migração” das massas continentais (Magnoli e Araújo, 1997). A Terra está dividida em placas relativamente finas (podendo ou não conter continentes), cada qual se comportando como uma unidade mais ou menos rígida, que se movimenta uma em relação à outra. Sabe-se hoje em dia que os continentes se movem. Acredita-se que há muitos milhões de anos, todos estavam unidos em um único e gigantesco continente chamado PANGÉIA. Este teria se dividido em fragmentos, que são os continentes atuais. Foi o curioso encaixe de quebra-cabeça entre a costa leste do Brasil e a costa oeste da África que deu origem a esta teoria, chamada de DERIVA CONTINENTAL. Ao estudar o fundo do Oceano Atlântico descobriu-se uma enorme cadeia de montanhas submarinas, formada pela saída de magma do manto. Este material entra em contato com a água, solidifica-se e dá origem a um novo fundo submarino, à medida que os continentes africano e sul-americano se afastam. Este fenômeno é conhecido como EXPANSÃO DO FUNDO OCEÂNICO. Mineração – Geologia geral 45 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Com a continuidade dos estudos, as teorias da Deriva Continental e da Expansão do Fundo Oceânico foram agrupadas em uma nova teoria, chamada TECTÔNICA DE PLACAS. Imagine os continentes sendo carregados sobre a crosta oceânica, como se fossem objetos em uma esteira rolante. É como se a superfície da Terra fosse dividida em placas que se movimentam em diversas direções, podendo chocar-se umas com as outras. Quando as placas se chocam, as rochas de bordas enrugam-se e rompem-se, originando terremotos, dobramentos e falhamentos. Embora a movimentação das placas seja muita lenta - da ordem de poucos centímetros por ano - essas dobras e falhas dão origem a grandes cadeias de montanhas como os Andes, os Alpes e os Himalaias. Outro fenômeno causado pelo movimento de placas é o vulcanismo, que pode originar-se pela saída de rochas fundidas - MAGMA - em regiões onde as placas se chocam ou se afastam. Quando o magma que atinge a superfície se acumula em redor do ponto de saída, formam-se os VULCÕES. Os terremotos no Brasil felizmente são muitos raros e de pequena intensidade e somente são encontrados restos de vulcões extintos. Isto ocorre devido ao fato do nosso país situar-se distante de zona de choque e de afastamento de placas. 6.1. Origem das placas e dos seus movimentos A convecção do magma na Astenosfera (envoltório plástico localizado no Manto Superior) produz plumas ascendentes quentes que, atingindo a parte superficial da Crosta, criam nova crosta oceânica (basalto). Para manter a área (e volume) da Terra constante, é preciso que, em algum lugar, a crosta oceânica seja destruída (consumida); isto ocorre em zonas de subducção, onde a crosta oceânica afunda, por ser a mais densa, fechando a pluma descendente (mais fria) da célula de convecção da Astenosfera. Assim, os continentes (menos densos) migram empurrados (e puxados) pela crosta oceânica (mais densa) (Figura 19). Mineração – Geologia geral 46 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura 19: Esquema da Dorsal do Atlântico e a da placa sul-americana e seus limites (Salgado-Labouriau, 1994). Os movimentos entre as placas podem ser de três tipos: convergente (compressivo), divergente (distensivo) e transcorrente (Figura 20 e Tabela 11). Figura 20: Tipos de limites de placas tectônicas. Mineração – Geologia geral 47 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Tabela 11. Tipos de limites de placas tectônicas e suas principais características. Evidências da Teoria da Deriva Continental Semelhança entre a fauna e flora fósseis encontrada em continentes separados; Conformação dos continentes sul-americano e africano (Figura 21); Dados paleoclimáticos em desacordo com o Recente, registrados em rochas sedimentares em diversos continentes; Continuidade de cadeias de montanhas entre dois continentes; Semelhanças entre litologias Recifes de corais fossilizados na Groenlândia e Canadá Mineração – Geologia geral 48 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura 21: Reconstituição do Gondwana (Kearey & Vine, 1990). Evidências da Teoria de Expansão do Fundo Oceânico Sedimentos jovens e pouco espessos recobrindo a crosta oceânica; Crosta oceânica mais velha é Triássica; Simetria de idades da crosta oceânica a partir da cordilheira Mesoceânica; Idade das ilhas vulcânicas do Pacífico. Os estudos do paleomagnetismo nas rochas basálticas que constituem a crosta oceânica indicam que o polo magnético da Terra tem mudado de posição em relação aos continentes durante a história geológica. 6.2 Falhas e Dobras O movimento contínuo das placas da crosta terrestre pode comprimir, esticar ou quebrar os estratos rochosos, deformando-os e produzindo falhas e dobras. Uma falha é uma fratura numa rocha, ao longo da qual ocorre deslocamento de um lado em relação ao outro. O Mineração – Geologia geral 49 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional movimento pode ser vertical, horizontal ou oblíquo (vertical e horizontal). Estas evidências de tectonismo podem ser claramente observadas nas rochas metamórficas que constituem grande parte do estado do Rio de Janeiro. As falhas ocorrem quando as rochas duras e rígidas, que tendem a quebrar-se e não a dobrar-se. As menores falhas ocorrem em cristais minerais individuais e são de tamanho microscópico, enquanto a maior delas - o Great Rift Valley (a Grande Fossa), na África - tem mais de 9 mil km de comprimento. O movimento ao longo das falhas geralmente causa terremotos, o exemplo típico deste movimento é a falha de Santo André, Califórnia - EUA. Dobra é a curvatura de uma camada rochosa causada por compressão, podem variar em tamanho, de uns poucos milímetros de comprimento às cadeias montanhosas dobradas com centenas de quilômetros de extensão. Além de falhas e dobras, outros aspectos associados com deformações das rochas são os boudins, os mullions e fraturas escalonadas (en échelon). Figura 22: Dobras. 6.3. Origem das Montanhas Os processos envolvidos na formação das montanhas - a orogênese - ocorrem como resultado do movimento das placas crustais. Há três tipos principais de montanhas: as de origem vulcânica, as montanhas de dobramento e as montanhas por falhamento ou de blocos. Mineração – Geologia geral 50 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional A maioria das montanhas vulcânicas forma-se ao longo dos limites das placas, onde estas aproximam ou se separam, e a lava e os detritos são ejetados em direção à superfície terrestre. A acumulação de lava e material piroclástico pode formar uma montanha em torno da chaminé de um vulcão. As montanhas por dobramento se formam onde as placas se encontram e provocam o dobramento e o soerguimento das rochas. Onde a crosta oceânica se encontra com a crosta continental menos densa, a crosta oceânica é empurrada sob a crosta continental. A crosta continental é então dobrada pelo impacto e se formam montanhas de dobramento, como os Apalaches na América do Norte. As cadeias dobradas formam-se também quando se encontram duas áreas de crosta continental. O Himalaia, por exemplo, começou a formar-se quando a Índia colidiu com a Ásia, dobrando os sedimentos e parte da crosta oceânica entre as duas placas. As montanhas por falhamento de blocos formam-se quando um bloco de rocha é soerguido entre duas falhas como resultado de compressão ou tensão na crosta terrestre. Com frequência, o movimento ao longo das falhas ocorre gradualmente durante milhões de anos. Contudo, duas placas podem deslizar bruscamente ao longo de uma linha de falha - a falha de Santo André, por exemplo, provocando terremotos. O tectonismo abrange dois tipos diferentes de movimentos: orogênese e epirogênese. Orogêneses são os processos de formação de grandes cadeias de montanhas, em áreas compressivas (choque de placas) entre crosta continental/crosta continental ou crosta continental/crosta oceânica. Trata-se de deformações relativamente rápidas da crosta terrestre, geradas pela acomodação de placas tectônicas. São associadas a essas áreas: dobras, falhas inversas, vulcanismos, plutonismos, sismos etc. Epirogênese são processos de grande amplitude que afetam por igual extensas áreas continentais, podendo formar grandes arqueamentos, provocando elevações de certas áreas e depressões de outras. Os movimentos são lentos e predominantemente na vertical. "Rift" é processo de rompimento de antigos continentes, instalando novas áreas oceânicas: cordilheira Mesoceânica (crosta oceânica) e áreas distensivas (divergência de placas) dentro de crosta continental ou de crosta oceânica. Pangea - Antigo supercontinente, reunido no final do Carbonífero, composto pelo Gondwana e de outras massas continentais, que se desmembrou a partir do final do Triássico. Da massa oceânica circundante (Pantalassa) originaram-se os atuais oceanos Pacífico e Ártico, por contração, e o Atlântico Norte, pela separação entre a América do Norte, Mineração – Geologia geral 51 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Gondwana e Eurásia, a partir do Jurássico. Uma menor massa marinha, o mar de Tétis, dispunha-se, semicerrado, a Leste do Pangea (a partir do qual originou-se, por compressão, o mar Mediterrâneo). Gondwana - Antigo continente, reunido no final do Proterozóico, composto pelas atuais América do Sul, África, Índia, Madagascar, Austrália e Antártica, que se desmembrou a partir do Cretáceo, originado os atuais continentes e os oceanos Índico, Antártico e Atlântico Sul (Figura 21). Mineração – Geologia geral 52 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional BIBLIOGRAFIA BORGHI, L.A. e RIOS NETTO,A., 1995. Apostila de Geologia e Paleontologia. 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Brasil, um sonho intenso, um raio vívido De amor e de esperança à terra desce, Se em teu formoso céu, risonho e límpido, A imagem do Cruzeiro resplandece. Gigante pela própria natureza, És belo, és forte, impávido colosso, E o teu futuro espelha essa grandeza. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada,Brasil! Deitado eternamente em berço esplêndido, Ao som do mar e à luz do céu profundo, Fulguras, ó Brasil, florão da América, Iluminado ao sol do Novo Mundo! Do que a terra, mais garrida, Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; "Nossos bosques têm mais vida", "Nossa vida" no teu seio "mais amores." Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado, E diga o verde-louro dessa flâmula - "Paz no futuro e glória no passado." Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil! Mudem-se em flor as pedras dos caminhos! Chuvas de prata rolem das estrelas... E despertando, deslumbrada, ao vê-las Ressoa a voz dos ninhos... Há de florar nas rosas e nos cravos Rubros o sangue ardente dos escravos. Seja teu verbo a voz do coração, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte! Ruja teu peito em luta contra a morte, Acordando a amplidão. Peito que deu alívio a quem sofria E foi o sol iluminando o dia! Tua jangada afoita enfune o pano! Vento feliz conduza a vela ousada! Que importa que no seu barco seja um nada Na vastidão do oceano, Se à proa vão heróis e marinheiros E vão no peito corações guerreiros? Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas! Porque esse chão que embebe a água dos rios Há de florar em meses, nos estios E bosques, pelas águas! Selvas e rios, serras e florestas Brotem no solo em rumorosas festas! Abra-se ao vento o teu pendão natal Sobre as revoltas águas dos teus mares! E desfraldado diga aos céus e aos mares A vitória imortal! Que foi de sangue, em guerras leais e francas, E foi na paz da cor das hóstias brancas!