A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: UM PANORAMA DAS PESQUISAS APRESENTADAS NO XI ENEM EM 2013 Wagner Alexandre do Amaral1 Reginaldo Rodrigues da Costa2 Eixo Temático: Políticas de Avaliação Resumo O presente texto é resultado inicial de um processo de pesquisa sobre o tema avaliação da aprendizagem no ensino da matemática. Com o propósito de subsidiar a elaboração do projeto de intervenção desenvolvido no âmbito do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE da SEED PR foi desenvolvida a análise de pesquisa-trabalhos que foram submetidos e apresentados no eixo Pesquisa da Educação Matemática do XI Encontro Nacional de Educação Matemática realizado em 2013. A compreensão sobre a avaliação da aprendizagem é imprescindível e, nesse sentido, considerou-se essencial, ir além da revisão da literatura e, assim buscar dados e resultados de pesquisas realizadas no âmbito da educação matemática para contribuir no processo de reflexão sobre o processo de avaliação da disciplina de matemática. Ao tratar de avaliação da aprendizagem não é possível desconsiderar que o processo e os instrumentos estabelecidos são resultantes de uma construção histórica que vem influenciando as práticas desenvolvidas ao longo do tempo no interior da escola (Luckesi, 2005). Ao considerar a dimensão legal, ou seja, nos documentos oficiais sobre o processo educacional pode-se observar que a avaliação se transforma, e essa transformação é resultante da incidência das teorias de aprendizagem que influenciaram a forma de se conceber a educação e o ensino. Diferentemente disto, a avaliação deveria exercer seu papel de diagnóstico sobre o processo educacional, não só sobre o desempenho do aluno, mas também sobre toda a proposta educacional estabelecida pela escola. Nesse sentido, a avaliação vem desempenhar seu papel de instrumento que permita pensar e repensar sobre o ensino e a aprendizagem escolar. A avaliação não se destina em identificar respostas certas ou erradas, ela permite entendermos o processo utilizado pelo aluno para chegar à uma determinada resposta (Rabelo, 1998). E decorrente disto, permite ao professor intervir e agir de modo mais adequado diante das dificuldades apresentadas pelos alunos, ou seja, a avaliação se configura como elemento norteador das ações dos professores diante das dificuldades de aprendizagem que o aluno apresenta (Sameshima, 2008). A partir dos trabalhos selecionados pode-se perceber a relação entre eles e com isso estabelecer três dimensões para a análise que se segue: 1- avaliação externa da aprendizagem matemática em larga escala; 2- o uso da argumentação e do erro na avaliação; 3- concepções e percepções sobre avaliação da aprendizagem matemática. Sob o aspecto teórico, percebeu-se 1 Professor PDE de Matemática da SEED-PR, psicopedagogo, especialista em EJA Prisional, e-mail: [email protected]. 2 Doutor em Educação, Professor das Licenciaturas da PUCPR, Professor de Ciências SEED-PR, e-mail: [email protected]. que há muito que se considerar, enquanto concepção, acerca da avaliação da aprendizagem. Além disso, apontou o necessário aprofundamento e também a reflexão sobre as práticas e instrumentos de avaliação. Em se tratando da avaliação em larga escala os trabalhos analisados são resultantes de pesquisas constituídas a partir da interação entre pesquisadores (professores e estudantes de mestrado), estudantes de graduação (matemática e pedagogia) e também de professores atuantes na educação básica. A intenção dos autores é apresentar, aos professores, como os resultados expressos nas avaliações, como o SAEB e a Prova Brasil, podem contribuir com as mudanças educacionais necessárias. Nesse sentido, apresentam os objetivos das avaliações em larga escala, a descrição do processo de avaliação, os instrumentos utilizados, fazem uma distinção entre a Teoria Clássica dos Testes (TCT) e a Teoria de Resposta ao Item (TRI) e com isso justifica a substituição da primeira pela segunda, como forma de possibilitar o uso dos dados das avaliações realizadas e por fim, apresentam a escala de proficiência em matemática que expressam os conteúdos e habilidades inerentes aos alunos do 5º e 9º anos do Ensino Fundamental. Sobre o erro e a argumentação os autores descrevem o processo de pesquisa realizado com um grupo de professores, da educação básica e que participaram da análise de prova de matemática de alunos do 8º e 9º anos do Ensino Fundamental, convidados a analisar as respostas dadas e eleger aquelas que eles considerassem mais correta. Mesmo havendo uma variação entre as respostas consideradas corretas, os autores puderam perceber que a maioria dos professores consideravam corretas as respostas que apresentavam habilidade técnica, principalmente, quando havia, juntamente com o argumento do aluno, a representação algébrica. A partir da análise realizada, pode-se perceber que existe uma multiplicidade significativa de instrumentos, porém, com um foco maior sobre a prova. A observação é um instrumento apontado, mas, que não é inserido ou considerado pelos professores, seja na constituição de um resultado ou da necessária reflexão sobre o processo educativo. Além desses, o uso do caderno e autoavaliação são considerados como instrumentos pertinentes ao processo avaliativo na matemática. O estudo aponta que os professores consideram importante avaliar tanto da forma quantitativa como qualitativa, entretanto, suas concepções revelam fortemente uma tendência quantitativa quando consideram necessária a conversão do que o aluno aprendeu em um valor numérico, ou seja, a nota. Para os autores, isso reflete a incidência da formação acadêmica do professor sobre a forma pela qual o mesmo considera um argumento correto para um exercício, reflete que, mesmo o aluno dizendo o que e como fez, a representação e o procedimento algorítmico e algébrico são muito valorizados. Em se tratando das pesquisas e trabalhos analisados, o estudo permitiu ampliar o horizonte para se levar em conta as avaliações externas ao processo educacional que ocorre nas escolas e considerar esses resultados na constituição de um currículo que permita ao sujeito ser autônomo e capaz de exercitar sua cidadania. A respeito das avaliações, é preciso considerar as influências dessas sobre a forma de ensinar matemática, no entanto, é preciso ter consciência de que enquanto professor de matemática não é possível reduzir o ensino dessa disciplina só para atender o alcance dos objetivos estabelecidos. Um aspecto a ser considerado se refere ao significado atribuído à avaliação da aprendizagem matemática. As pesquisas que tratavam das concepções de professores sobre a avaliação explicitaram que essas incidem na maneira como (significado atribuído) e com que (instrumentos) os professores realizam a avaliação em matemática. Mas é preciso considerar, que nem todos os instrumentos apontados pelos professores são utilizados de forma adequada no processo avaliativo. E por fim, a forma empreendida nas avaliações pelos professores, mesmo com um discurso que afirma considerar o erro e a argumentação como elementos importantes na avaliação, no sentido de reorganizar e orientar o processo de ensino, as práticas consideram ainda, a capacidade técnica dos alunos em resolver um exercício, pois, mesmo com argumentos que mostrem a forma de pensar do aluno sobre a situação resolvida, os professores consideram mais correta a resposta que tenha representações algébricas. Palavras-chave: Avaliação, ENEM, educação matemática, aprendizagem matemática. Referências Encontro Nacional de Educação Matemática, 11., Curitiba, 2013. Anais do XI Encontro Nacional de Educação Matemática: Educação Matemática – retrospectivas e perspectivas. Guarapuava, SBEM/SU, 2013. LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. São Paulo: Cortez, 2005. RABELO, Edmar Henrique Rabelo. Avaliação: novos tempos, novas práticas. Petrópolis, Vozes, 1998. SAMESHIMA, Dumara Coutinho Tokunaga. Compreendendo a avaliação da aprendizagem matemática. In: BURIASCO, Regina Luzia Corio de. Avaliação e educação matemática. Recife: SBEM, 2008, p. 109-119.