Painel: Impacto do câncer na sociedade e como os municípios e as regiões podem se planejar para a prevenção e o controle. Convidado: Alfredo Scaff (Fundação do Câncer) Resumo da Atividade: Será apresentado o conceito de rede temática, com ênfase na rede de crônicos e câncer e a importância de se discutir o impacto do câncer no planejamento municipal, regional, estadual e nacional, visando à prevenção e o controle. Os presentes na palestra se apresentaram, falando acerca do interesse dentro do tema, expondo suas preocupações e buscando soluções e conhecimentos para serem aplicados no âmbito de seus municípios. O palestrante Alfredo Scaff, médico sanitarista, consultor da Fundação do Câncer do Rio de Janeiro, iniciou a discussão, apresentando a temática: “Plano de Atenção Oncológica: Ferramenta para a Regionalização da Prevenção e Controle do Câncer”. Apresentou a estrutura e competências da Fundação do Câncer, apoiador do INCA, falando de suas áreas de atividades. As pesquisas deram ênfase no planejamento das ações em saúde no câncer e apresentou a metodologia que está sendo utilizada desde 2011. É necessário trabalhar na organização do enfrentamento ao câncer, por meio de parcerias de trabalho. Abordou alguns conceitos acerca do tema, visto que o câncer é um conjunto de mais de 100 doenças, destacando sua complexidade, as causas múltiplas e variadas, a questão do envelhecimento populacional e as estimativas do INCA do ano de 2014, como aspectos importantes a serem considerados. É uma doença que tem uma expressão muito significativa na sociedade. O Brasil sai de uma pirâmide que tem muitos jovens para uma população com 25% da população representada por idosos, ressaltando o impacto que essa mudança vai trazer futuramente. Falou sobre o processo de transição epidemiológica, onde há anos atrás predominavam doenças infectocontagiosas, e atualmente esse quadro foi revertido para as neoplasias (tumores), há um novo padrão de mortalidade. Expôs uma distribuição proporcional das principais causas de morte por câncer entre homens e entre mulheres, destacando-se o câncer de pulmão e próstata, e o câncer de mama e colo do útero, respectivamente. Ressaltou o alto índice de mortalidade na última década. Apresentou um ranking de incidência dos seis principais tipos de câncer nos países de alta renda, na América Latina e no Brasil; além das taxas brutas de incidência das localizações primárias de câncer, estimadas para 2014 no Brasil, com destaque novamente para Próstata e Mama Feminina. Apresentou o arcabouço jurídico com a Lei 12.732/2012 (lei dos 60 dias) e a Portaria 140/2014 do MS (parâmetros para os estabelecimentos estarem habilitados na atenção oncológica, como deve se dar o funcionamento) que substitui a 741/2005, dizendo que o tratamento do câncer tem um alto custo, além das pesquisas e novos medicamentos iminentes nessa esfera, saindo das fases experimentais. Que por um lado é positivo, mas por outro, necessita de pensar meios para garantir a efetividade. Há muito o que aprendermos acerca de tecnologias, existem uma pressão tanto por parte dos pacientes como por parte dos governantes. O orçamento já é planejado, destacou a importância de uma gestão adequada. O INCA tem um papel fundamental nesse âmbito. Enquanto se judicializava apenas com normas no MS, agora com as leis não há escolha. Apresentou o número de estabelecimentos habilitados, Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia no Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (UNACOM/CACON) – 283 estabelecimentos - e questionou se são suficientes para atender a demanda. Na radioterapia, por exemplo, há lacunas a serem vencidas, pois são equipamentos mais complexos e poucos países no mundo os fabricam. Comentou alguns dados acerca do número de procedimentos realizados bem como o custo destes, considerando como número muito expressivos do ponto de vista financeiro. Quem está na gestão tem que contabilizar adequadamente. Falou sobre a discussão acerca do Plano de Atenção Oncológica, que objetiva melhoria de processos na prevenção e no tratamento de câncer. O RJ do ponto de vista assistencial é mais complexo em vista dos outros estados, a rede de filantrópicas praticamente inexiste no RJ. Citou o plano construído no município de Macaé. Apresentou o processo e a estrutura do sistema da atenção à saúde no câncer, desde a atenção básica até a terciária. Investido em prevenção e educação sanitária dirime o máximo possível os outros processos mais complexos, ressaltando a necessidade de investimento na atenção básica e sua importância na prevenção. A estrutura maior de custos está na alta complexidade. Apresentou o fluxo do paciente (trajetória terapêutica), na atenção básica, na média complexidade, na regulação e na alta complexidade. Especificamente no Rj, há uma repetição dos exames, destacou a necessidade de se combater isso, tanto para evitar a demora nesse fluxo como para diminuir o sofrimento do paciente nesse processo. A realização dos exames é a chave da organização de rede/processo/logística, sendo realizada com qualidade técnica. A regulação é a chave para a agilidade do processo. O paciente na regulação com câncer, assim que diagnosticado, deve ser encaminhado diretamente ao nível hierárquico superior, deve-se agilizar a processo para a melhoria na logística. Destacou a importância da gestão hospitalar eficiente para a solução de todos os problemas que venham a surgir no processo. Falou sobre o Registro de Câncer de Base Populacional, instrumento de acesso a resultados acerca do câncer no país. Falou sobre a atenção oncológica no Amazonas, sobre a questão logística e suas diferenças com a região sudeste. Abordou algumas questões sobre a abordagem internacional dentro da metodologia voltada ao câncer, enfatizando o recorte temporal que é utilizado na programação. Falou sobre o levantamento das tipologias de câncer, como uma tentativa de estruturar a linha de cuidado na atenção oncológica para a próxima década, dentro de programas nacionais, no âmbito do RJ e outros. A linha de cuidado é a forma como o paciente será cuidado, apresentando seus eixos: educação dos profissionais; prevenção e promoção; informação, controle e avaliação; acesso e regulação; detecção precoce/diagnóstico; tratamento; sobrevida/qualidade de vida; e políticas públicas. Um eixo estruturante para o projeto são as regiões de saúde, cruzando com as tipologias de câncer e as linhas de cuidado. Apresentou a metodologia e a estrutura dentro do projeto nos três níveis de atenção. Falou sobre o GeoCâncer, uma plataforma online utilizada como instrumento de mapeamento dos serviços para o câncer, mas que há limitações quanto as fontes de dados. Abordou o diagnóstico epidemiológico, com estimativa de casos por região de saúde; o diagnóstico assistencial na linha de cuidado nas regiões de saúde e na alta complexidade. Falou sobre a regulação oncológica, mostrando resultados reais sobre o tempo de atendimento desde a data da biópsia até a data da primeira consulta no UNACON/CACON de referência; o intuito é encurtar esse período. Mostrou os resultados e recomendações para a atenção oncológica. O principal resultado esperado é a redução da mortalidade por câncer ao longo de 10 anos, destacou a necessidade de profissionais técnicos capacitados. Abordou questões sobre o diagnóstico do câncer de mama, apresentando dados dos casos, de biópsias realizadas e da qualidade das peças de patologia; questões sobre a linha de cuidado do câncer de colo de útero, regulada pela Central de Regulação. Apresentou o desafio para a gestão na implantação do Programa de Controle do Câncer, o cronograma de metas para o tratamento cirúrgico e quimioterápico para o município de Macaé/RJ, e o aplicativo de acompanhamento das metas do Plano voltado aos gestores. Finalizou a apresentação formal dizendo que as ações de prevenção e controle do câncer devem ser um projeto da sociedade e do estado. Contatos: [email protected] (21)2505-5600 Foi comentado pela representante de um município do estado de MG sobre as carretas da saúde, que dificultam o processo de referencia e contrarreferência ao se deparar com os casos que necessitam de acompanhamento. Foi apontada a necessidade de melhorar a questão da prevenção e da referência. Alfredo considera essa questão uma base para o tema, destacou a importância de pactuação na Comissão Intergestores Bipartite(CIB). Foi feita uma observação acerca da portaria 140, que é exclusivamente para a alta e é uma parte do que trata na portaria 874, que veio para lançar a Politica Nacional de Prevenção e Controle e ela que traz todas as diretrizes para organizar as redes de atenção a saúde. A participante da Bahia destacou o desafio no município Itabuna, quanto a demora do diagnóstico Comentou a tabela de procedimentos no SUS como fator dificultante no financiamento do diagnóstico.