UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES ESCOLA TÉCNICA DE SAÚDE DE CAJAZEIRAS GERLANE CRISTINNE BERTINO VÉRAS MARILENA MARIA DE SOUZA CÍCERA RENATA DINIZ VIEIRA SILVA FRANCISCA MARIA BARBOSA DE SOUZA FRANCISCO ASSIS CAVALCANTE JÚNIOR INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS EVIDENCIADAS NO EXAME DE PAPANICOLAOU EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE CAJAZEIRAS - PB JUNHO – 2015 GERLANE CRISTINNE BERTINO VÉRAS MARILENA MARIA DE SOUZA CÍCERA RENATA DINIZ VIEIRA SILVA FRANCISCA MARIA BARBOSA DE SOUZA FRANCISCO ASSIS CAVALCANTE JÚNIOR INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS EVIDENCIADAS NO EXAME DE PAPANICOLAOU EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE CAJAZEIRAS – PB JUNHO – 2015 RESUMO Introdução: As infecções sexualmente transmissíveis (IST’s) representam um grande problema de saúde pública no Brasil. Constituem a segunda maior causa de morbidade em mulheres jovens adultas, gerando gastos elevados para os cofres públicos e aumentando as chances de se adquirir outras infecções, além de significar prejuízo funcional, por vezes temporário, para o indivíduo portador. Dentre as diversas IST´s existentes, podemos citar a Candidíase Vaginal, Vaginose Bacteriana, Tricomoníase, Herpes Genital e o Papilomavírus Humano (HPV), que podem ser evidenciadas no exame Papanicolaou, este, tendo como principal função detectar células precursoras do câncer de colo do útero. Objetivo: Evidenciar IST’s nos resultados do exame Papanicolaou em uma Unidade Básica de Saúde no município de Cajazeiras-PB. Método: Estudo documental e exploratório, com abordagem quantitativa, realizada por meio da análise do livro de registros dos resultados do exame Papanicolaou da UBS. Resultados: Analisou-se os resultados de 2.634 exames, dos quais 825 (31,32%) foram de mulheres na faixa etária entre 25 a 35 anos, 1.710 (64,92%) com início da atividade sexual (IAS) com idade entre 10 a 19 anos e 1.438 (54,59%) mulheres afirmaram que, até o momento da consulta, tinham tido apenas um parceiro sexual, e 698 (26,50%) apresentaram alguma IST, destes 407 (58,31%) vaginose bacteriana. Discussão: Observou-se que a realização do exame está ocorrendo em maior número na faixa etária preconizada pelo Ministério da Saúde (MS). Quase 2/3 das mulheres tiveram o IAS na adolescência, o que representa risco maior de se contrair uma IST. Quanto a quantidade de parceiros sexuais, pode estar associado a tentativa de esquivar-se de qualquer preconceito, ou mesmo que seja uma realidade, isto não confere invulnerabilidade as mesmas. Em relação a IST mais evidenciada, corrobora com outros estudos realizados no Brasil. Conclusão: Identifica-se que, tanto os profissionais como os gestores em saúde devem trabalhar no intuito de incentivar a prevenção primária das IST’s, iniciando esta prática pelo público adolescente, e a prevenção secundária por meio do exame Papanicolaou. É essencial neste percurso, a qualificação dos recursos humanos para correta realização do exame, análise e seguimento dos casos de acordo com cada resultado e com as recomendações do MS, assim como maiores investimentos financeiros para melhorar os trâmites com vistas a um resultado de maior qualidade e em tempo hábil. Palavras-chaves: Infecção Sexualmente Transmissível; Papanicolaou; Prevenção. ABSTRACT Introduction: Sexually transmitted infections (STIs) are a major public health problem in Brazil. Are the second leading cause of death in young adult women, generating high costs to the public purse and increasing the chances of acquiring other infections, and mean functional impairment, sometimes temporary, for the individual carrier. Among the various existing STI's, we can mention the Vaginal candidiasis, bacterial vaginosis, trichomoniasis, genital herpes and the human papillomavirus (HPV), which can be evidenced in exam Pap, this, the main function detect precursor cells of cervical cancer. Objective: To reveal STIs on the results of exam Pap in a Basic Health Unit in the city of Cajazeiras-PB. Method: documentary and exploratory study with a quantitative approach, performed by book analysis of records of test results Papanicolaou of UHB. Results: We analyzed the results of 2,634 tests, of which 825 (31.32%) were women aged between 25 to 35 years, 1,710 (64.92%) with onset of sexual activity (OSA) aged 10-19 years and 1,438 (54.59%) women said that by the time of consultation, had had only one sexual partner, and 698 (26.50%) presented some STIs, these 407 (58.31%) vaginosis bacterial. Discussion: It was observed that the examination is taking place in greater numbers in the age range recommended by the Ministry of Health (MOH). Nearly 2/3 of women had the OSA in adolescence, which is a higher risk of contracting an STI. As the number of sexual partners, may be linked to an attempt to dodge any prejudice, or even a reality, it does not confer invulnerability them. Concerning more evident STI, corroborates other studies conducted in Brazil. Conclusion: it finds that both the professionals and health managers must work in order to encourage primary prevention of STIs, starting this practice by the teenage audience, and secondary prevention through exam Pap. It is essential in this route, the qualification of human resources for proper examination, analysis and monitoring of cases according to each outcome and recommendations of the MH, as well as major financial investments to improve the procedures with a view to a higher quality result and in a timely manner. Key-Words: Sexually Transmissible Infection; Papanicolaou test; Prevention. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................5 2 OBJETIVOS.................................................................................................................6 2.1 OBJETIVO GERAL.................................................................................................6 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...................................................................................6 3 REVISÃO DE LITERATURA....................................................................................8 4 MÉTODO....................................................................................................................10 5 RESULTADOS............................................................................................................11 6 DISCUSSÃO................................................................................................................11 7 CONSIDERAÇÕESFINAIS......................................................................................15 REFERÊNCIAS.............................................................................................................17 5 1 INTRODUÇÃO As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s) podem ser causadas por diferentes agentes patogênicos, tais como bactérias, parasitas, fungos ou leveduras e vírus, transmitidos a partir do contato sexual sem preservativo, não apresentando na maioria das pessoas nenhum quadro clínico e ocasionando diversos agravos à saúde pública e a saúde reprodutiva dos indivíduos, estando entre as cinco principais causas de procura aos serviços de saúde (BARCELOS et al., 2008). Lima et al. (2013), afirmam que estas infecções, constituem a segunda maior causa de morbidade em mulheres jovens adultas, depois das causas relacionadas ao ciclo gravídico-puerperal, nos países em desenvolvimento. Causam também prejuízo econômico para a família e para a sociedade, afetam negativamente a saúde reprodutiva, além de reduzir a produtividade do indivíduo e, não menos importante, promover o preconceito em relação ao seu portador. As IST’s são conceituadas como um dos problemas de saúde pública mais comum em todo o mundo. Abrange ambos os sexos, as quais tornam o organismo mais vulnerável a outras doenças, inclusive a AIDS. No Brasil, as estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre as IST’s na população sexualmente ativa, a cada ano, são de 937.000 novos casos de Sífilis, 1.541.800 casos de Gonorréia, 1.967.200 casos de Clamídia, 640.900 de Herpes genital, 685.400 de Papiloma Vírus Humano (HPV) (BRASIL, 2014). O exame Papanicolau é uma técnica simples, rápida e que não provoca dor. Pode ocasionar algum desconforto, sendo minimizado pelo relaxamento da mulher e a realização da técnica correta e de forma delicada. Este exame deve ser realizado em toda Unidade Básica de Saúde (UBS) por profissionais capacitados (INCA, 2014). Frente ao exposto, surgiu um questionamento: “Qual as IST’s mais evidenciadas na Unidade Básica de Saúde São José/Posto de Assistência Primária à Saúde (PAPS) através dos resultados do exame Papanicolaou?”. Ao responder a este questionamento, este estudo oferece para a comunidade acadêmica e profissionais envolvidos dados que sirvam de base para o planejamento de ações assistenciais voltadas principalmente para a prevenção das IST’s e do CCU, além destes dados servirem de base para outros estudos relacionados ao tema proposto. 6 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Evidenciar as infecções sexualmente transmissíveis a partir dos resultados do exame Papanicolaou. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Caracterizar a amostra; Identificar a quantidade de resultados de exames Papanicolaou normais e alterados; Ressaltar a importância do exame Papanicolaou como método de identificação de infecções cérvico-vaginais e preventivo para o CCU. 7 3 REVISÃO DE LITERATURA As IST’s estão entre os problemas de saúde pública mais comuns, constituindo a segunda causa de morbidade em mulheres, necessitando de atenção especial das políticas públicas de saúde, devido a sua alta taxa de prevalência e dificuldade na implementação de ações de diagnóstico precoce (LUPPI et al., 2011). Ao longo dos séculos, diversas modificações ocorreram nas mais variadas áreas da sociedade, dentre elas o comportamento sexual do indivíduo, o qual teve impacto significativo sobre o aumento das IST’s bem como também do HIV. Sabe-se que as estratégias de prevenção primária tais como o uso do preservativo e secundário como o diagnóstico precoce e tratamento adequado podem permitir o controle das IST’s bem como evitar maiores consequências. As ações nessa direção existem no país de forma dissipada, com importantes diferenças regionais (ARAGÃO; LOPES; BASTOS, 2011). As IST’s podem ser adquiridas através de qualquer forma de relação sexual desprotegida, seja ela anal oral ou vaginal, independente do tipo de relação, heterossexual ou homossexual, podendo ser transmitida mesmo que a pessoa não apresente sintomas e, também, da mulher grávida para o bebê durante a gestação, no momento do parto ou pela amamentação (BRASIL, 2010). Dentre as inúmeras IST’s e os diversos agentes etiológicos existentes, podemos destacar a tricomoníase causada por um protozoário denominado Trichomonas vaginalis, a candidíase vulvovaginal causado pelo fungo da espécie Candida albicans e a Vaginose bacteriana provocada pela bactéria Gardnerella vaginalis (BRASIL, 2014). A candidíase vaginal também conhecida como Candidíase Vulvovaginal (CVV), é uma infecção oportunista que ataca a mucosa vaginal feminina, sendo causada pelo fungo do gênero Candida albicans. É a segunda causa de vaginite aguda, depois da vaginose bacteriana, é extremamente comum. Na Europa e em outras regiões, a CVV é a causa mais comum de vaginite, compondo uma estimativa de que 75% das mulheres em todo o mundo apresentam, durante a sua vida, pelo menos um episódio de candidíase vulvovaginal. (RODRIGUES et al., 2013). De acordo com Rodrigues et al. (2013), a candidíase vulvovaginal caracteriza-se clinicamente pelo prurido vulvar intenso, ardência, leucorréia, dispareunia, disúria, edema e eritema vulvovaginal, podendo ser transmitida a partir do contato sexual, bem 8 como do contato com secreções provenientes da boca, pele e vagina de indivíduos doentes ou portadores, ou através do parto caracterizando a transmissão vertical de mãe para filho. A vaginose bacteriana (VB) é caracterizada por um desequilíbrio da flora vaginal normal devido ao aumento exacerbado de bactérias, em especial as anaeróbias: Gardnerella Vaginalis, bacteroides sp, mobiluncus sp, micoplasmas, peptoestreptococos, associado a uma ausência ou redução acentuada dos lactobacilos acidófilos, que são os agentes predominantes na vagina normal (LEITE et al., 2010). A tricomoníase é uma parasitose sexualmente transmissível na qual o parasito coloniza os epitélios do trato geniturinário de homens e mulheres e o trofozoíto, forma evolutiva infecciosa, são transmitidas preferencialmente pelo contato sexual. No trato genital feminino, o parasito é frequentemente relatado colonizando a vagina e ectocervice. Caracteriza-se pela presença de corrimento devido à infiltração de leucócitos, odor anormal e prurido vulvar podendo apresentar lesões e pontos hemorrágicos com relato de dor abdominal (LIMA et al., 2013). O herpes genital tem como agente etiológico o vírus herpes simplex tipo 2 (HSV-2), da família do herpesviridae, onde a maioria dos casos é causada pelo HSV-2 com taxa de 22,7%, embora a prevalência do HSV-1 esteja em ascensão. O HSV encontra-se disseminado na natureza, infectando os mais diversos grupos humanos. Podendo permanecer em latência e reativar posteriormente (PENELLO et al., 2010). O Papilomavírus humano, conhecido também como HPV, é um vírus que se instala na pele ou em mucosa, afetando indivíduos de ambos os sexos. O HPV é denominado o principal causador do CCU e também o responsável por várias doenças sexualmente transmissíveis, como o câncer anal, tornando-se o grande responsável pela mortalidade feminina (INCA, 2014). De acordo com Nagakawa; Barbieri; Schirmer (2010), o HPV está entre as IST’s mais prevalentes, chegando a cerca de 291 milhões de mulheres infectadas em todo o mundo, principalmente nos países mais pobres, sendo mais comum em jovens sexualmente ativos. No Brasil, estudos nacionais registraram um perfil de prevalência da infecção por HPV de alto risco semelhante ao dos países subdesenvolvidos: em torno de 17,8% a 27%, com uma prevalência maior nas mulheres na faixa etária abaixo de 35 anos, e a partir dos 35 até 65 anos, as taxas permanecem de 12 a 15%. Existem aproximadamente 118 tipos de Papilomavírus que foram completamente descritos e cerca de 100 tipos que acometem o humano já foram 9 identificados, sendo os tipos 6, 11, 16 e 18 os mais encontrados. O HPV tipo 16 é o mais prevalente nas infecções do trato genital, e o mais comum detectado no carcinoma cervical invasor e o mais prevalente em quase todas as partes do mundo. Os tipos 6 e 11 são os que causam verrugas genitais, enquanto o 16 e 18 são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero (NAGAKAWA; BARBIERI; SCHIRMER, 2010). As infecções por HPV podem permanecer assintomáticas por muito tempo no indivíduo, o qual poderá transmitir o vírus sem saber, por isso são necessários exames de rotina a fim de detectar o surgimento de anormalidades, como verrugas, e coceira nos órgãos genitais e ânus. O diagnóstico precoce permite o rastreamento das lesões em suas fases iniciais, através de um método de detecção conhecido como colpocitologia oncótica ou exame de Papanicolaou (INCA, 2014). A prevenção primária do câncer do colo do útero está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo HPV (BRASIL 2013), tendo o uso do preservativo como a principal forma, prevenindo cerca de 80% de infecção pelo HPV (INCA, 2014). O exame Papanicolaou detecta as alterações nas células do colo do útero. Considerado o melhor método para detectar câncer de colo do útero, identifica entre 80% e 95% dos casos da doença, inclusive nos estágios iniciais, podendo também identificar condições não cancerosas como infecção ou inflamação. Sendo recomendada a realização a partir dos 25 anos. O exame é um procedimento seguro, com pouco ou nenhum incômodo, realizado em pouco tempo (INCA 2014). Além do câncer de colo uterino e de suas lesões, provocadas pelo HPV o exame ajuda a diagnosticar outras infecções vaginais tais como Gardnerella vaginalis, tricomoníase e candidíase. Como a coleta do exame envolve exame genital, também é possível perceber IST’s, como sífilis, Gonorréia, condilomatose, clamídia e cancróide (BRASIL, 2013). Além do herpes genital. 10 4 MÉTODO Trata-se de uma pesquisa documental, exploratória com abordagem quantitativa. A pesquisa foi realizada em uma Unidade de Saúde no município de Cajazeiras - PB. O município de Cajazeiras possuía, segundo o IBGE, no ano de 2009, o total de 31 serviços de saúde pública e 31 serviços de saúde privados, totalizando 62 serviços, para atender a uma população estimada de 58.446 habitantes no ano de 2010, que cuja área de aproximadamente 565.899 km² (IBGE, 2010). O motivo da escolha desta unidade é que ela está vinculada a Universidade Federal de Campina Grande, o que contribuirá para o desenvolvimento da pesquisa por ser um campo onde a Universidade atua constantemente e já mantém um vínculo com a comunidade. A amostra deste estudo foi composta pelos resultados dos exames de Papanicolaou no período de janeiro de 2009 a dezembro de 2014 e os que continham o registro do resultado até a data da coleta dos dados. Os dados foram coletados em março e abril de 2015 no livro de registro dos resultados dos exames Papanicolaou da referida Unidade de Saúde. Para um melhor manuseio do corpus documental do estudo, foi elaborado como instrumento de coleta de dados uma planilha no Microsoft Excel com os elementos da pesquisa. Após a realização da coleta, os dados foram tabulados quantitativamente e apresentados em gráficos, sendo analisados de forma descritiva, recorrendo à literatura pertinente. Esta pesquisa garantiu aos sujeitos participantes todos os direitos éticos estabelecidos pela Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Além disto, foi encaminhado para apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal de Campina Grande/Centro de Formação de Professores, situado na Rua: Sérgio Moreira de Figueiredo- s/n bairro: Casas Populares, Cajazeiras-Pb, Cep: 58.900-000, telefone (83) 3532-2075, sendo aprovado sob Nº CAAE 41377515.3.0000.5575. 5 RESULTADOS 11 Foi identificado que 2.885 mulheres realizaram o exame Papanicolaou, contudo, foram analisados os resultados dos exames de 2.634 (91,30%) mulheres, devido a 29 (1%) das amostras terem sido consideradas insatisfatórias e 222 (7,70%) resultados não terem sido disponibilizados. Dos resultados analisados, 382 (14,50%) foram de mulheres na faixa etária entre 14 a 24 anos, 825 (31,32%) entre 25 a 35 anos, 643 (24,41%) entre 36 a 46 anos, 465 (17,66%) entre 47 a 57 anos, 242 (9,19%) entre 58 a 68 anos, 62 (2,35%) entre 69 a 79 anos, 9 (0,34%) entre 80 a 90 anos, e 6 (0,23%) a idade não informada. Observou-se que 1 (0,04%) das mulheres teve o início da atividade sexual (IAS) com idade inferior a 10 anos, 1.710 (64,92%) entre 10 a 19 anos, 735 (27,90%) entre 20 a 29 anos, 74 (2,81%) entre 30 a 39 anos, 7 (0,26%) entre 40 a 49 anos, 2 (0,08%) com idade superior aos 50 anos, e 105 (3,99%) não foram informados. Em relação a quantidade de parceiros, observou-se que 1.438 (54,59%) afirmaram que, até o momento da consulta, tinham tido apenas um parceiro sexual, 472 (17,92%) referiram dois parceiros, 275 (10,44%) três parceiros, 84 (3,19%) quatro parceiros, 86 (3,26%) cinco parceiros, 40 (1,52%) seis parceiros, 5 (0,19%) sete parceiros, 6 (0,23%) oito parceiros, 1 (0,04%) nove parceiros, 7 (0,27%) dez parceiros, 53 (2,01%) acima de dez parceiros, e 167 (6,34%) não informado. Dos 2.634 resultados analisados, 1.893 (71,87%) encontravam-se dentro da normalidade, 43 (1,63%) apresentaram algum tipo de alteração celular e 698 (26,50%) apresentaram alguma IST. Pôde-se identificar que do total de 698 (100%) resultados positivo para IST’s, 407 (58,31%) foram de vaginose bacteriana, 286 (40,97%) de candidíase, 13 (1,86%) tricomoníase, 5 (0,72%) herpes genital, e 23 (3,30%) HPV; sendo que 36 (5,16%) apresentaram mais de uma IST. 6 DISCUSSÃO 12 Considerando os resultados que não foram disponibilizados para a UBS, percebe-se uma fragilidade do sistema, onde nestes poderiam estar presentes casos de IST’s, de células percussoras do CCU ou mesmo alterações já estabelecidas, tendo como consequências diversos agravos a saúde da mulher, possibilitando um maior risco de mortalidade. Para a resolução deste fato, exige-se uma infraestrutura organizada e eficaz para a implementação e manutenção de programas de rastreamento de CCU, o que, infelizmente, poucas regiões podem oferecer (CORRÊA; VILLELA; ALMEIDA, 2012). Alguns fatores, como cobertura efetiva da população de risco, qualidade na coleta e interpretação do material, tratamento e acompanhamento adequados interferem positivamente na PCCCU, sendo necessário realizar investigações com o intuito de corrigir eventuais problemas que venham a prejudicar a coleta do material, assim como armazenamento, transporte, e leitura das lâminas, pelos profissionais envolvidos (OLIVEIRA; MOURA; DIÓGENES, 2010). Quanto ao IAS, pode-se observar que a maioria das mulheres iniciaram esta prática na adolescência, aumentando assim o risco de vir a adquirir alguma IST, como afirma Santos et al. (2007), que mulheres que iniciam precocemente a atividade sexual são mais vulneráveis as IST’s, inclusive ao HPV, devido ao fato da maior probabilidade de ter muitas relações sexuais durante a vida, como também maior número de parceiros. Em relação à quantidade de parceiros, o resultado de maior relevância foi de um parceiro o pode estar associado ao receio que as mulheres possuem de relatar o real número de parceiros durante sua vida sexual, possivelmente com o interesse de esquivar-se de qualquer preconceito. Deve-se salientar que o fato de se ter realmente apenas um parceiro e confiar neste, não significa invulnerabilidade em relação à contaminação pelas IST’s. Identificou-se nesta pesquisa, que 66% dos resultados encontram-se com alterações benignas ou esperadas, o que corrobora com o estudo de Gonçalves (2013), sobre a qualidade dos registros de exames Citopatológicos realizados em serviços de atenção primária, realizado no município de São José de Piranha-PB com 2.288 registros o qual evidenciou que 1.212 (53%) dos mesmos apresentaram alterações benignas. Já a pesquisa de Vargas; Gelatti; Buffon, (2013), em que foi analisado o padrão de lesões intra-epiteliais escamosas detectadas em exames citológicos realizados no laboratório do Hospital Geral de Porto Alegre, no período de outubro de 2006 a dezembro de 2007, mostrou que 97,11% dos exames foram negativos para esta lesão. 13 Assim como a pesquisa de Bonfanti; Gonçalves (2010), em que analisou a prevalência dos agentes microbiológicos encontrados no Papanicolaou de gestantes atendidas no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) realizado no período de janeiro de 2005 a dezembro de 2008, em que foram analisados 1.344 laudos, observou que 59,82% das pacientes apresentaram flora bacteriana normal. Já o estudo de Fernandes; Medeiros, (2015), sobre o perfil de exames citológicos de pacientes atendidas em uma unidade básica de saúde da zona rural, do município de São João do Rio do Peixe, Paraíba em que analisou 458 exames realizados no período de janeiro de 2008 a março de 2013 evidenciou que apenas 174 exames (38%) apresentaram resultados citológicos dentro dos limites da normalidade. Nesta pesquisa, 43 (1,63%) resultados foram constatados com alterações celulares possivelmente não neoplásica e classificados como células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASC-US), categorizadas por Fernandes et al. (2012), como anormalidades que qualitativa ou quantitativamente são insignificante para estabelecer um diagnóstico de lesão intra-epitelial ou invasora, contudo, sendo importante saber a frequência dessas alterações citológicas, a fim de subsidiar ações de investigação de possíveis lesões cervicais na população. Corroborando com esta pesquisa, podemos citar Vargas; Gelatti; Buffon (2013), que identificou em seu estudo a presença de 6 (2,17%) resultados classificados como células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASC-US). Semelhante a esta pesquisa em relação aos tipos de IST’s, podemos citar Bonfanti; Gonçalves (2010), que identificou em 40,18% dos Laudos Citopatológicos estudados, a presença de floras vaginais alteradas, destas, 38,24% apresentaram Gardnerella vaginalis, 33,75% candidíase, e 5,92% tricomoníase, tendo 3,05% de infecção mista ou seja, composta por mais de um microorganismos. Brito (2013), ao analisar a prevalência de lesões intra-epiteliais, vaginoses e vaginites no município de Barra de Santana- PB, no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2009 com a análise de 2.163 registros também identificou a Gardnerella como a infecção com maior frequência totalizando, 21,7% dos casos. Vale ressaltar que o principal objetivo do exame Papanicolaou é prevenir o CCU, porém também permite identificar afecções ginecológicas, as quais podem proporcionar um ambiente oportuno ao surgimento do câncer, sendo assim, identificá-las e tratá-las é de fundamental importância (SILVA et al., 2014). 14 A Gardnerella vaginalis também pode ascender no trato genital superior, sendo responsável por inúmeras complicações como endometrite, doença inflamatória pélvica aguda (DIPA) e infecções pós-cirúrgicas, como a celulite de cúpula vaginal póshisterectomia. Durante a gravidez, a presença dessas infecções podem favorecer abortamentos, corioamnionites, amniorrexe prematura, parto prematuro, e endometrite dentre outras. Alguns fatores de risco relevantes ao surgimento desta infecção podemos citar o uso de dispositivo intrauterino (DIU), inúmeros parceiros sexuais, o uso de duchas vaginais e o sexo oral (LEITE et al., 2010). A candidíase apresentou também um alto índice de incidência neste estudo, tendo sido evidenciada em 40,97% dos casos. Rodrigues et al. (2013), relatam que 75% das mulheres em todo o mundo apresentaram em algum momento de sua vida um episódio de candidíase. Em seu estudo sobre a associação entre cultura de secreção vaginal, características sociodemográficas e manifestações clínicas de pacientes com diagnóstico de candidíase vulvovaginal identificou uma alta frequência de positividade em cultura de leveduras associada às pacientes com diagnóstico clínico de CVV (79,7%) reforçando a necessidade de se estabelecer o diagnóstico laboratorial associado ao diagnóstico clínico. A tricomoníase foi identificada em um total de 13 (1,86%) casos. Esta, juntamente com a candidíase e associada ao processo inflamatório provocado pela vaginose bacterina facilitam a transmissão e infecção pelo HIV. Pesquisas demonstram que as infecções vaginais são mais frequentes em mulheres soropositivas, sendo a prevalência maior de candidíase vaginal e de tricomoníase, indicando que mulheres nestas situações precisam ser submetidas frequentemente a avaliações ginecológicas cuidadosas e ao rastreamento de outras infecções vaginais (OLIVEIRA, et al., 2008). A tricomoníase é frequentemente encontrada colonizando a vagina e ectocérvice, sendo identificada em 39% das mulheres que apresentam neoplasia intra-epitelial cervical, provoca infertilidade em 20% dos casos, induzindo o parto prematuro, baixo peso ao nascer, endometrite pós-parto, feto natimorto e morte (LIMA, et al., 2013). Nagakawa; Schirmer; Barbieri (2010), em estudo sobre o HPV e CCU fez uma revisão bibliográfica sobre o assunto, e demostraram que no Brasil, estudos nacionais registraram um perfil de prevalência da infecção por HPV de alto risco semelhante ao dos países subdesenvolvidos: em torno de 17,8% a 27%, com uma prevalência maior nas mulheres na faixa etária abaixo de 35 anos, e a partir dos 35 até 65 anos, as taxas permaneceram de 12 a 15%. 15 Nesta pesquisa, pode-se identificar 3,30% de casos de infecção pelo HPV em mulheres entre 17 e 56 anos de idade, com IAS precoce, entre 15 e 17 anos, e que tiveram mais de um parceiro sexual. Zimmermmann et al. (2011), em um estudo de coorte transversal sobre os aspectos clínicos e epidemiológicos de pacientes atendidas no Serviço de Ginecologia da Faculdade de Medicina de Barbacena e em uma clínica particular de Juiz de Fora, Minas Gerais, de janeiro de 2007 a janeiro de 2008 utilizando a análise de prontuários de 243 pacientes puderam demonstrar que a atividade sexual está diretamente ligada a infeção pelo HPV, ao verificar que as pacientes com atividade sexual apresentaram maior frequência de neoplasias do colo uterino, de queixas ginecológicas e de infecções genitais como a tricomoníase e a infecção pelo HPV. A infecção pelo HPV ocorre em maior frequência no início da vida sexual (NAKAGAWA; SCHIRMER; BARBIERI, 2010). Costa et al. (2010) afirmam que a infecção pelo HPV tem como o mais importante fator de risco o número de parceiros sexuais durante a vida. De acordo com o INCA (BRASIL, 2015), a infecção pelo HPV está diretamente relacionado ao surgimento do CCU, este, tendo sido estimado para o ano de 2014 em cerca de 15.590 casos novos e 5.160 mortes, porém o HPV pode ser descoberto facilmente no exame preventivo o que comprova a importância da realização deste exame precocemente. Os casos de herpes identificados nesta pesquisa foi de 0,72% dos casos. De acordo com Costa et al. (2010), as infecções por herpes vem ganhando relevância entre as etiologia das úlceras genitais, por responderam por grande percentual dos casos de transmissão do HIV, surgindo no contexto de imunodepressão sendo, frequentemente, resistente as terapias antivirais, apresentando recidivas constantes. As lesões por herpes aumentam o risco de transmissão do HIV em duas a três vezes (LESTRE, 2010). Com os resultados do presente estudo e de acordo com outras pesquisas, pode-se inferir que as IST continuam sendo um problema de saúde pública bastante presente na atualidade, destacando-se em populações jovens e com comportamentos sexuais de risco, como o início precoce e desprotegido da atividade sexual. Destaca-se, deste modo a importância da prevenção primária das IST’s, com a implementação mais eficaz da educação em saúde na Atenção Básica sobre vida sexual saudável com a população alvo. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 16 Pôde-se identificar que as IST’s mais evidenciadas foram a Gardnerella Vaginalis em maior número, seguida da candidíase, tricomoníase, HPV, e herpes genital, apresentando alta incidência e constituindo um dos motivos pelos quais as mulheres buscam os serviços de saúde. Demonstrando assim que o exame Papanicolaou é de suma importância para a saúde da mulher, constituindo-se em um método eficaz, de baixo custo, e de fácil acesso a população, além de detectar alterações celulares precursoras do câncer de colo uterino também pode auxiliar na identificação precoce das IST’s, É necessário que as equipes de saúde na atenção básica dentro de suas prioridades desenvolvam ações de orientação a fim de sensibilizar a população adscrita para a adesão de comportamentos saudáveis e de incentivo ao exame citopatológico, bem como a importância do diagnóstico precoce para as IST’s, prevenindo e minimizando o surgimento de suas manifestações e das possíveis complicações. Faz-se necessário também melhorias nos registros de exames nas unidades básicas de saúde e nos meios utilizados pelos gestores públicos pra realizar a interpretação das amostras, fornecendo resultados de qualidade, diminuindo o tempo da espera por resultados, proporcionando preparo, reciclagem e treinamento dos profissionais a fim de aumentar a cobertura do exame favorecendo uma assistência integral a saúde da mulher e com qualidade. No que diz respeito educação e promoção à saúde vale ressaltar a importância do enfermeiro na realização de ações educativas e preventivas com mulheres nas diversas faixas etárias, sobre como prevenir as diversas IST’s como também a adesão ao citopatológico desde o início da atividade sexual e a importância do diagnóstico precoce dos agentes promotores dessas afecções, como também do rastreamento do câncer de colo uterino. REFERENCIAS: ARAGÂO, J.C.S.; LOPES, C. V. S.; BASTOS, F. I. Comportamento sexual de estudantes de um curso de medicina do rio de janeiro. Rev. Brasileira de Educação Médica, Rio de Janeiro v. 35, n. 3, p. 334 – 340; jul./set. 2011. 17 BARCELOS, M. R. B. et al. Infecções Genitais em Mulheres Atendidas em Unidade Básica de Saúde: prevalência e fatores de risco. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. v. 30, n.7, p. 349 -54, 2008. BONFANTI, G.; GONÇALVES, T. L. Prevalência de Gardnerella vaginalis, cândida spp. e trichomonas vaginalis em exames citopatológico de gestantes atendidas no Hospital universitário de Santa Maria-RS, Revista Saúde, Santa Maria- RS, v. 36, n. 1, p.37-46, jan./jun. 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde - Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais. Brasília 2014. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pagina/dst-no-brasil. Acesso em: 21 dez. 2014. ______. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Brasília (DF): Ministério da Saúde: 2012. ______. 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