Urgente ou importante?

Motivação&negócios
por Guilherme Rego
Urgente ou importante?
Você é daqueles que tem a sensação constante de não ter tempo para fazer tudo o que
deseja ou precisa? Você é daqueles que dizem não conseguirei dar conta de todas as
tarefas no trabalho e que chegam até a lamentar que o dia tenha apenas 24 horas?
Estar muito ocupado é uma “droga”
que vicia muitas pessoas sem que elas
percebam. Nesse ponto do vício, tem-se
a certeza de que é preciso ser o primeiro a
chegar ou o último a sair para além de estar muito ocupado, também parecer muito
ocupado. Afinal de contas, se temos tantas coisas a fazer, provavelmente somos importantes e
indispensáveis para a empresa.
Enviar e responder e-mails nos
finais de semana ou de madrugada é primordial. Você conhece
gente assim? Você é assim? Seu
chefe é assim?
Ainda hoje, várias empresas
estimulam essa atitude, essa
competição, a meu ver, pouco racional.
Reconhecem como importantes os que
dedicam o maior número de horas para a empresa, mas não necessariamente os que trazem melhores resultados.
Algumas sequer se preocupam em medir
os resultados individuais de seus colaboradores. Há coisas mais urgentes a fazer.
No feriado de sete de setembro deste
ano, viajei com minha família para um local
de praia. Estava andando pela areia com
minha filha, molhando meus pés, enquanto ela pegava conchinhas. A cada concha
coletada, ela limpava na água, observava o desenho e a forma, verificava se estava inteira e, passando no teste de qualidade, acomodava em sua pequena mão.
Alguns metros adiante, avistamos uma linda
estrela do mar. Incentivei que fosse pegá-la.
Ela foi até o meio do caminho determinada a
recolhê-la, mas voltou angustiada e com uma
expressão de ansiedade e excitação. Achando
que ela temia ferir ou matar a estrela, tornei a
que são urgentes e as que são, de fato, importantes. E, seja em nossa vida profissional ou
na pessoal, temos a tendência de não avaliar
quais são as coisas que realmente importam.
No mundo corporativo, a boa notícia é que as
empresas estão se transformando. Percebo
que a medição por resultado está
se tornando uma prática mais comum. Vejo, inclusive, algumas empresas que não controlam mais o
horário de seus colaboradores tão
rigorosamente, apenas medem
seu desempenho e seu resultado.
Portanto, um dos grandes desafios dos profissionais modernos é a
priorização e o foco. Saber dizer não
para tarefas que apenas lotam sua
agenda (e mente) e reconhecer aquelas que farão a diferença para os objetivos da empresa.
Além disso, incentivar as pessoas que façam o
mesmo é desejável, assim a cultura da empresa vai se ajustando e sua competitividade fatalmente aumentará. Para chegar nesse ponto, é preciso parar e analisar a lista de tarefas,
descartando as “conchas” e focando nas “estrelas”. Não deixe a sensação de ansiedade tomar conta de você só porque você não está “fazendo” algo. Pensar e analisar suas prioridades
são ações mais importantes ainda. Ou você já
viu alguém tão ocupado dirigindo que não teve
tempo para abastecer?
Desejo a todos um maravilhoso passeio na
praia! Que vocês possam encontrar várias estrelas do mar, e que tenham espaço e tempo
para persegui-las.
“E, seja em nossa vida
profissional ou na pessoal,
temos a tendência de não
avaliar quais são as coisas que
realmente importam”
motivá-la dizendo que podia pegar para ver e
depois retorná-la ao mar. Ela voltou a caminhar
na direção da estrela com muita determinação,
removendo com força a água de seu caminho,
mas, ao chegar bem perto, voltou para mim,
dessa vez chorosa e mais angustiada ainda.
– Filha, qual é o problema? – perguntei –
Pode ir, pegue a estrela do mar.
– Não posso papai – respondeu ela frustrada
e cabisbaixa, erguendo suas mãos fechadas
– minhas mãos estão cheias de conchas.
Quantas vezes você se sente com as mãos
tão cheias de conchas que não tem tempo ou
espaço para pegar a sua estrela do mar? Talvez
você nem tenha tempo para avaliar quais são
realmente as estrelas que você deveria buscar. Esse é o famoso conflito entre as coisas
Guilherme Rego é Diretor da Elevartis®, Coach e Conselheiro Administrativo formado pelo
Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Atua largamente em processos de
coaching e palestras sobre gestão, motivação e negócios. Site: www.elevartis.com.br
Obs.: apesar da história acima ter realmente acontecido, a narrativa foi inspirada em
“Nooma”, um filme de Rob Bell.
49