TECTÓNICA DE PLACAS: O DOGMA DA GEOLOGIA A teoria da Tectónica de Placas postula que a crosta terrestre, mais precisamente a litosfera está fragmentada num determinado número de placas, que se deslocam segundo movimentos horizontais. Figura 1. Placas Tectónicas e respetivos limites. Essas movimentações ocorrem porque a Litosfera (constituída por sílica e alumínio – sial), mais leve e fria, “flutua” sobre o material mais quente e denso (sílica e magnésio – sima), parcialmente fundido, existente no topo da Astenosfera. É nessa parte “viscosa”, dos primeiros 200 km da Astenosfera, que são geradas as correntes de convecção, o mecanismo que proporciona a movimentação das placas tectónicas que estabelecem entre si diferentes limites. Que tipos de limites as placas tectónicas podem estabelecer entre si? As placas tectónicas podem estabelecer entre si limites divergentes, convergentes e transformantes. Limites Divergentes Nestes limites há afastamento de duas placas, devido à convecção mantélica, sendo o espaço produzido por este afastamento preenchido com novo material crustal, de origem magmática. A velocidade de expansão nestas zonas geralmente não é uniforme e, nas zonas onde os blocos adjacentes da dorsal se deslocam com velocidades diferentes, ocorrem grandes falhas transformantes. Figura 2. Limites divergentes. Figura 2. Limites divergentes. Limites Convergentes Nestas regiões ocorre a colisão entre duas placas tectónicas, provocando o afundimento de uma (mais densa) em relação à outra (menos densa). A colisão pode ser entre duas placas oceânicas (O-O), duas placas continentais (C-C) ou, entre uma placa continental e uma oceânica (C-O), havendo nestes casos a formação de uma zona de subducção, onde há destruição de placa oceânica que, por ser constituída por material mais denso, de natureza basáltica, subducta (afunda). Figura 3. Limites convergentes (C-O). É nos regimes de convergência C-C que há a formação de cadeias montanhosas. Nestes casos, como a densidade do material que colide é semelhante, ocorre um enrugamento e elevação de material rochoso porque nenhuma das placas afunda. Contudo, também pode haver a formação de montanhas em limites de convergência C-O. Nestas situações há destruição de placa oceânica, nas zonas de subducção. No entanto, devido às elevadas tensões que são geradas nestas regiões, a placa continental tende também a enrugar ligeiramente, formando igualmente cadeias montanhosas. Figura 4. Limites convergentes (C-C). Limites Transformantes Nos limites transformantes ocorre um movimento lateral esquerdo ou direito entre duas placas. Devido à fricção, as placas não podem apenas deslizar uma sobre a outra, pois há acumulação de tensão que, quando é libertada origina terramotos, um fenómeno comum ao longo destes limites. Figura 5. Limites transformantes. Figura 5. Limites transformantes. As placas deslizam ou colidem umas contra as outras a uma velocidade variável de 1 a 10 cm/ano, no entanto a velocidade de destruição não é igual à velocidade de formação de nova placa. Em algumas situações, as placas divergentes deslocam-se com uma velocidade superior às convergentes, podendo considerar-se que, por ano, se forma mais crosta do que a que é destruída. Devido à movimentação das placas tectónicas, as montanhas estão em contínuo crescimento, aumentando a sua altura, alguns centímetros por ano. A maior prova disso é a existência de fósseis de organismos marinhos, que são encontrados no topo de algumas montanhas, indicando que aquela porção de terreno esteve coberta por água há milhões de anos atrás. Autor: Sara Moutinho (*) Ilustração: Sofia Abrunheiro (*) Sara Moutinho é aluna de doutoramento em Ensino e Divulgação das Ciências, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e realizou este trabalho no âmbito da cadeira de Divulgação Científica.