Área: CV ( X ) CHSA ( ) ECET ( ) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA Coordenadoria de Pesquisa – CPES Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 E-mail: [email protected] INGESTÃO DE NUTRIENTES ANTIOXIDANTES DURANTE O TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO E SUA ASSOCIAÇÃO COM A PROGRESSÃO DA DOENÇA EM PACIENTES COM CÂNCER Sarah Rodrigues da Silva (bolsista do PIBIC/CNPq), Gilmara Péres Rodrigues (Orientador, Depto de Nutrição – UFPI) INTRODUÇÃO O câncer pode ser definido como uma denominação genérica para doença multicausal crônica que se caracteriza pelo crescimento autônomo e desordenado das células, constituindo um grave problema de saúde pública (OLIVEIRA et al., 2010; ROSAS et al., 2013). Ressalta-se que entre as consequências do mecanismo de ação dos antineoplásicos empregados no tratamento dessa doença, encontra-se a formação de radicais livres (RIOS; ANTUNES; BIANCHI, 2009). Portanto, o objetivo deste estudo é relacionar a ingestão de minerais antioxidantes com a eficácia do tratamento oncológico em pacientes com câncer. METODOLOGIA Estudo de natureza quantitativa e transversal envolvendo 100 adultos de ambos os sexos com diagnóstico de câncer, submetidos a tratamento quimioterápico e/ou radioterápico, atendidos em serviço de saúde especializado em tratamento oncológico da cidade de Teresina, Piauí. Foram considerados elegíveis para participar do estudo, pacientes diagnosticados com câncer em tratamento oncológico, na faixa etária de 20 a 59 anos. Além disso, que apresentassem estado cognitivo normal, não estivesse em estado terminal e não apresentassem outras doenças além do câncer. O consumo alimentar foi investigado a partir da aplicação de recordatórios de 24 horas durante três dias não consecutivos, sendo um no final de semana. Os recordatórios foram analisados com no programa DietWin®, versão 2.9.79 (2015). Em complementação, utilizaram-se as informações contidas na Tabela de Composição Nutricional dos Alimentos Consumidos no Brasil (BRASIL, 2011) para análise de alimentos de consumo regional, que não constavam no software. Exclusivamente para determinar a ingestão dietética de selênio, utilizaram-se também os dados apresentados por Ferreira et al. (2002). RESULTADOS E DISCUSSÃO A amostra foi composta por 100 pacientes, de ambos os sexos, com diagnóstico de câncer realizado, em média, há 11,39 ± 10,19 meses, variando de 2 a 42 meses. O valor médio para idade atual foi de 43,40 ± 8,61 anos, sendo 82% da amostra do sexo feminino e 18% do sexo masculino. A localização mais frequente de tumor foi a mama (56%), seguido do câncer no pulmão (14%), medula óssea (8%), colo do útero (7%), próstata (5%), vias biliares (4%), reto (3%), estômago (2%) e cérebro (1%). No que se refere ao tratamento oncológico, a maioria dos pacientes (92%, n = 92) realizava somente quimioterapia e apenas 8% (n = 8) realizou radioterapia em combinação a quimioterapia. Entre os pacientes em tratamento quimioterápico, 41% (n = 41) estava no primeiro ciclo, 26% (n = 26) já havia realizado dois ou três ciclos do tratamento e 33% (n = 23) havia realizado mais de quatro ciclos. Por outro lado, do total de pacientes estudados, 23% (n = 23) relatou que houve metástase durante o seguimento da doença. É importante mencionar que a quimioterapia apresenta efeitos colaterais que podem alterar o consumo e absorção de nutrientes, a exemplo de anorexia, náuseas, vômitos e diarreias. Além disso, devido ao estresse oxidativo induzido pelos medicamentos utilizados nesse tratamento, as necessidades do consumo de nutrientes antioxidantes podem estar aumentadas (TARTARI; BUSNELLO; NUNES, 2010). Dessa forma, entende-se que a atenção nutricional ao paciente com câncer é um fator importante para o melhor prognóstico da doença (CATAFFESTA et al. 2014). Apesar disso, no presente estudo, verificou-se que 90% (n = 90) dos pacientes não recebeu orientações nutricionais durante o tratamento oncológico. Os resultados da pesquisa evidenciam consumo de energia abaixo das recomendações para pacientes com câncer que seria de 25 a 30 kcal/kg de peso corporal/dia segundo a ASPEN (2009), em virtude do catabolismo aumentado decorrente da doença (DIESTEL et al., 2013). Sobre a ingestão de minerais antioxidantes, o presente estudo verificou consumo de zinco, selênio e cobre abaixo do estabelecido pela EAR para a população saudável, tanto para o sexo feminino quanto para o masculino. Os valores reduzidos de zinco, selênio e cobre podem ser explicados pela baixa ingestão de energia verificada no presente estudo, consumo de poucos alimentos fontes, e pela redução da ingestão de alimentos causada pelos efeitos colaterais associados ao tratamento da doença (ARAÚJO et al., 2015; TARTARI; BUSNELLO; NUNES, 2010). Portanto, conforme exposto na literatura e encontrado neste estudo, a baixa ingestão dietética de nutrientes antioxidantes evidencia a necessidade de que seja realizado aconselhamento nutricional para a população de pacientes com câncer. CONCLUSÃO Conclui-se que o consumo alimentar de energia e macronutrientes por pacientes com câncer não é capaz de atender as demandas metabólicas aumentadas pela doença, favorecendo a desnutrição e o desenvolvimento da carcinogênese. Da mesma forma, a ingestão de minerais antioxidantes como zinco, cobre e selênio é insuficiente durante o tratamento oncológico, podendo favorecer a progressão da doença. Entretanto, mais estudos são necessários para que se possa avaliar com precisão a influência da dieta na carcinogênese durante a realização da terapia oncológica. APOIO: UFPI. REFERÊNCIAS ARAÚJO, C. G. B. et al. Relationship between zincemia, superoxide dismutase activity and marker of oxidative stress in women with breast cancer. Nutr Hosp., v. 32, n.2, p.785-791, 2015. BRASIL. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009: Tabelas de Composição Nutricional dos Alimentos Consumidos no Brasil. IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. - Rio de Janeiro: IBGE, 2011. 345 p. CATTAFESTA, M.; SIQUEIRA, J.H.; PODESTÁ, O.P.G.; PODESTÁ, J.R.V.; SALAROLI, L.B. Consumo Alimentar de Pacientes com Câncer de Mama Acompanhados em Centro Especializado em Oncologia na Grande Vitória/ES-Brasil. Revista Brasileira de Oncologia Clínica. V. 10, n. 38, P: 124-131, 2014. DIESTEL, C. F. et al. Terapia nutricional no paciente crítico. 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