Adiamento da volta às aulas gera controvérsias nas escolas Há os que apóiam e os que acham desnecessário - P.2 Cidades [email protected] População de Caxias está em alerta contra o vírus H1N1 Moradores têm medo e querem informações - P.5 “Não precisamos causar pânico, mas a existência do vírus preocupa, sem dúvida” Virgínia Albuquerque Diretora do colégio Upaon-Açú O ESTADO DO MARANHAO · SAO LUÍS, 2 DE AGOSTO DE 2009 - DOMINGO ESPECIAL Gripe A causa preocupação Pessoas mudam hábitos e escolas adiam aulas com medo da doença; infectologistas alertam para exageros nas medidas de contenção e frisam que não há necessidade de desespero, pois a prevalência da doença no Maranhão é muito baixa Paulo Soares Wilson Lima Da equipe de O Estado S exta-feira, 10h, Centro de Triagem do Pam Diamante. A estudante Claudiane Sousa, de 21 anos, espera em frente ao Centro de Triagem uma parente sua que está sendo atendida. Esta, identificada como Josenilde, tem os sintomas de uma gripe normal: dor de cabeça, febre baixa e corpo dolorido. Ela não teve nenhum contato com turistas estrangeiros, não viajou para países ou cidades com prevalência da nova gripe ou apresenta quadro clínico que justifique a visita ao centro. Mesmo assim, Claudiane Sousa justifica: "Na dúvida, trouxemos logo aqui. Vai que o vírus está circulado por aí e ninguém sabe", afirmou a estudante. O medo de Claudiane e Josenilde, moradoras do Anjo da Guarda, é o mesmo que outras Marias, Josés e Franciscos, moradores de bairros de periferia ou não, passaram a ter na última Movimento no Centro de Triagem da Gripe A, no Pam Diamante, teve aumento considerável esta semana semana, sobretudo após as notícias do número crescente de mortes ocasionadas pela doença nos estados do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo. Aquilo que parecia uma realidade distante do maranhense agora é visto como algo próximo, após o óbito registrado na Paraíba. Do ponto de vista epidemiológico, porém, neste momento, o maranhense ainda não precisa se preocupar na mesma pro- porção que os paulistas, os cariocas e os gaúchos. Apesar do vírus não estar oficialmente em circulação no Maranhão, a média de atendimentos diários no Centro de Triagem em quatro dias da semana que passou (de terça a sexta-feira) aumentou 98% em comparação nos primeiros 20 dias de funcionamento do Centro. Com base apenas em números do Centro de Triagem, dos 569 atendimentos feitos desde sua inauguração, apenas em nove houve confirmação de que o paciente estava com o vírus H1N1 até a manhã de sexta-feira, dia 31. A prevalência da gripe A em São Luís é de somente 1,58%. Comportamento - De acordo com a coordenadora do Centro de Triagem, a enfermeira infectologista, Avessanha Cardoso, os maranhenses estão mudan- do seu comportamento após as notícias de mortes em função da Gripe A no Brasil. "No Centro de Triagem, as pessoas passaram a se preocupar mais com casos de gripe. Tudo pode ser uma gripe A. Acredito que a população não precisa entrar em pânico ou mesmo correr para o centro apenas porque tem uma febre baixa. Infelizmente, mesmo com campanhas educativas, existe muita falta de informação", disse a enfermeira. Ainda segundo ela, muitos têm confundido os sintomas de uma gripe comum com os da gripe A e acham que podem morrer. "Já atendi pessoas que passaram três semanas com tosse e imaginavam que estavam com a nova gripe. Um paciente que atendi estava preocupado porque esteve no mesmo local da pessoa que morreu de gripe A na Paraíba. Mas nem tiveram contato próximo. Pelo quadro clínico, nem fizemos coleta de exames para comprovação", ressaltou Avessanha Cardoso. O paciente que a enfermeira se referia era o estudante de Direi- to Paulo Roberto de Oliveira. Ele nunca procurou um médico para tratar-se de uma gripe sazonal. Mas mudou de idéia quando passou a ter febre e dor de cabeça, após chegar de um congresso de estudantes, onde estava o discente que morreu na Paraíba, esta semana. "Achei melhor me prevenir. Não quero ser a próxima vítima", sinalizou o estudante. Para o infectologista Wellington Mendes, responsável pelo monitoramento dos casos de gripe A no Maranhão, a mudança de comportamento não foi algo exclusivo dos moradores do estado. As autoridades de saúde também foram obrigadas a repensar seus conceitos relacionados a programas de epidemiologia de doenças gripais. "As pessoas estão se assustando porque descobriram que gripe mata. Mas ela sempre matou. A questão é que se passou a tratar gripe como uma doença que mata e não como uma simples", relatou Wellington Mendes. Continua em Cidades 2