Abril de 2016 Diretor Técnico Responsável: Dr. Thomaz Rodrigues Porto da Cruz CRM 1.869 BOLETIM MÉDICO ZIKA VÍRUS: UM DESAFIO PARA TODOS O Brasil enfrenta uma epidemia de Zika. A doença, também transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti, provoca sintomas similares, porém mais brandos, aos da dengue: febre, dores de cabeça e no corpo e manchas avermelhadas. 1947 - Isolado pela primeira vez em macacos em Uganda / África. 1951 e 2013 - Isolado em humanos em países da África, Ásia e Oceania. 2014 - Nas Américas, na Ilha de Páscoa, território do Chile no Oceano Pacífico. Abril de 2015 - Surgiram os primeiros casos no Brasil, no município de Camaçari / BA. EPIDEMIOLOGIA A OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgou em fevereiro de 2016 um relatório atualizado sobre a situação de disseminação do vírus da Zika pelo mundo e confirmou casos autóctones (de transmissão local) do patógeno em 34 países, 27 dos quais na América Latina e Caribe. Ao mesmo tempo, autoridades regionais já confirmam casos de passageiros infectados com Zika desembarcando em ao menos 15 países de clima temperado, 10 deles na Europa. Ao todo, há 46 países que registraram ao menos um caso de infecção pelo vírus desde 2007. AEDES AEGYPTI O mosquito prefere água limpa para colocar seus 1 Abril de 2016 ovos. Se houver um mínimo de água parada, os ovos se desenvolvem. Porém a falta de água limpa não impede que se reproduza. Estudos científicos já mostraram que, nesse caso, a fêmea pode depositar seus ovos em água com maior presença de matéria orgânica. Os ovos podem permanecer inertes em locais secos por até um ano, e, ao entrar em contato com a água, desenvolvem-se rapidamente num período de sete dias, em média. A fêmea coloca em média cem ovos de cada vez, mas não faz isso em um único local. Em vez disso, ela os distribui por diferentes pontos. Se a fêmea estiver infectada pelo vírus quando realizar a postura de ovos, há a possibilidade de as larvas já nascerem com o vírus – a chamada transmissão vertical. É um mosquito flexível em seus hábitos de alimentação. É geralmente diurno, preferindo sair em busca de sangue pela manhã ou no fim da tarde, evitando os momentos mais quentes do dia. TRANSMISSÃO Cientistas e autoridades de saúde têm se questionado se o Aedes aegypti é o único vetor, não havendo, até o momento, respostas definitivas. Não se descarta a possibilidade de que existam mais vias de transmissão, através de outros vetores ou diretamente de uma pessoa para a outra, por meio de fluidos corporais. Formas de Transmissão Confirmadas (por evidências científicas) • Picada do mosquito Aedes aegypti. Prováveis (casos relatados e com evidências de transmissão) Suspeitas (vírus encontrado, mas sem evidências de transmissão) • Relação sexual (2) • Amamentação (4) • Transfusão de sangue (3) • Urina e saliva • Intrauterina, de mãe para filho (1). 1. Exame em feto que sofreu aborto espontâneo constatou presença do vírus da Zika na placenta. A forma comprovada de contágio mãe-filho se dá na gestação e na hora do nascimento. 2. A primeira transmissão documentada do Zika por contato sexual ocorreu em 2008, quando um médico americano passou a doença à esposa após retornar de uma viagem ao Senegal. O paciente manteve relações com a parceira, que em seguida apresentou os sintomas de Zika. Testes nas amostras de sangue comprovaram a presença da doença. Nos EUA, há relatos de pessoas que pegaram Zika em áreas sem o Aedes após relações com infectados. De acordo com dados da OMS, casos de transmissão sexual também foram observados na França e Itália. 3. Em Campinas (SP), paciente ficou doente após transfusão. 4. A OMS não reconhece o aleitamento materno como fator de risco de transmissão. Igualmente, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA afirma que não houve casos reportados. Com base nisso, a recomendação é de que mães não suspendam a amamentação. 2 BOLETIM MÉDICO SINTOMAS Cerca de 80% das pessoas infectadas pelo vírus Zika não desenvolvem manifestações clínicas. Os sintomas desaparecem espontaneamente após 3 a 7 dias. As formas graves são raras, mas quando ocorrem podem, excepcionalmente, evoluir para óbito. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL O diagnóstico laboratorial de infecção pelo Zika Vírus inclui a sorologia (anticorpos IgG e IgM) e o isolamento do vírus utilizando tecnologia molecular de reação em cadeia da polimerase (PCR). Testes Indiretos: IgM e IgG IgM Zika: a presença de anticorpos da classe caracteriza a infecção aguda, podendo ser detectáveis após 4 dias de infecção até 2-12 semanas, na fase de convalescên- cia. IgG Zika: detectado após a fase aguda, a partir do 10º dia. É importante ressaltar que as metodologias indiretas podem apresentar resultados falso-positivos devido às denominadas reações cruzadas com outros vírus da mesma família, em particular os flavivírus, como é o caso do vírus da dengue e da febre amarela. Teste Direto - PCR Os testes moleculares são testes diretos, detectando a presença do vírus no sangue ou na urina do paciente por meio de amplificação do seu material genético, o RNA, e possui um limite de detecção de 820 cópias/mL. A PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) é capaz de detectar a presença do vírus nos Sintomas ZIKA CHIKUNGUNYA DENGUE Febre É baixa e pode estar presente. Alta e de início imediato. Quase sempre presente. Alta e de início imediato. Sempre presente. Dores Articulares Dores leves que podem estar presentes. Dores intensas e presentes em quase 90% dos casos. Dores moderadas e quase sempre presentes. Manchas vermelhas na pele Quase sempre presentes e com manifestações nas primeiras 24 horas. Podem estar presentes. Manifestam-se nas primeiras 48 horas. Podem estar presentes. Prurido Pode ser de leve a intenso. Presente em 50% a 80% dos casos. De leve intensidade. Pode estar presente. De leve intensidade. Vermelhidão nos olhos Pode estar presente. Pode estar presente. Ausente. 3 Abril de 2016 primeiros 7 dias de infecção, sendo o tempo ideal de detecção, no sangue, até 4 dias após a infecção. Após este período, o resultado pode ser negativo. Em amostras de urina, o Zika Vírus pode ser detectado, por PCR, por um período maior de tempo, até 15 dias após a infecção. Um teste molecular negativo não exclui isoladamente a infecção, sendo necessário realizar a pesquisa de anticorpos, no caso de suspeita clínica. O Laboratório Leme disponibiliza os seguintes exames para o Zika: • Anticorpos IgG e IgM, por imunofluorescência indireta. • PCR em tempo real concomitante em sangue e urina. TRATAMENTO Não existe tratamento específico, devendo ser utilizadas medidas de suporte e medicamentos sintomáticos, como analgésicos, antitérmicos e anti-histamínicos. O uso de medicamentos contendo ácido acetil salicílico é contraindicado. FORMAS DE PREVENÇÃO • Telas em janelas e portas. • Uso de mosquiteiros. • Roupas que cubram os braços e pernas. • Repelentes registrados pela ANVISA. • Evitar o acúmulo de água parada para eliminar os focos de procriação dos mosquitos vetores. O Zika Vírus tem sido um desafio para todos. O plano de resposta estratégico à doença lançado pela OMS em fevereiro de 2016 coloca entre as prioridades de pesquisa a compreensão dos mecanismos de proliferação como a co-circulação com outros agentes patogênicos, potenciais formas de transmissão com resposta imunológica e complicações. Referências • Organização Mundial da Saúde - http://www.brasil.gov.br/ • Ministério da Saúde - http://portalsaude.saude.gov.br/ • Fiocruz - http://portal.fiocruz.br/ • CDC – Center for Disease Control and Prevention - http://www.cdc.gov/zika/index.html Dra. Mª Betânia Moura Senna – Cremeb 9684 4 4 SAC: 71 3338-8555 www.laboratorioleme.com.br