UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO FLÁVIA MENEGUETTI PIERI PERFIL EPIDEMIOLÓGICO: ADULTOS PORTADORES DE HIV/AIDS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO BAURU 2009 2 FLÁVIA MENEGUETTI PIERI PERFIL EPIDEMIOLÓGICO: ADULTOS PORTADORES DE HIV/AIDS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO Dissertação apresentada à Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Odontologia, Área de Concentração: Saúde Coletiva, sob orientação do Prof. Dr. Ruy Laurenti. BAURU 2009 Pieri, Flávia Meneguetti P618p Perfil epidemiológico: adultos portadores de HIV/AIDS no hospital universitário / Flávia Meneguetti Pieri – 2009. 83f. Orientador: Prof. Dr. Ruy Laurenti. Dissertação (Mestrado em Odontologia – área de concentração: Saúde Coletiva) – Universidade do Sagrado Coração – Bauru – SP. 1. HIV/AIDS. 2. Epidemiologia. 3. Enfermagem. I. Laurenti, Ruy. II. Título 2 3 Ao meu esposo Ludovico, pelo seu amor, pela paciência e pelo empenho em dividir nosso tempo com este trabalho, permanecendo ao meu lado durante alguns períodos em que eu escrevia e ele se contentava em apenas ficar junto, deixando para depois nossas conversas tão importantes. à minha filha Ana Clara que, apesar de muito pequenina, contribuiu para esta conquista, através de seus gestos e sentimentos manifestados durante esta etapa. 4 AGRADECIMENTOS A DEUS, por ser o Senhor do meu e no meu tempo. Por ser preciso no tempo e em sua grandeza. Por me dar o tempo para amar, sonhar, fazer e ser. Por me dar tempo para seguir! Ao Prof. Dr. Ruy Laurenti, meu orientador, que, acreditando em mim, se fez acreditar que seria possível, pelo entusiasmo em me ajudar a organizar as primeiras ideias deste trabalho, quando só eram vagas intenções. À Prof.ª Dr.ª Maria Helena Borgato Cappo Bianco e ao Prof. Dr. Alberto de Vitta, pelas grandes contribuições no exame de qualificação e na pró-forma. Seus olhares possibilitaram enriquecer e aprofundar meu estudo. Aos amigos Sueli e Francisco, pelo apoio, pela sabedoria e compreensão nos momentos de ausência. Obrigado pela presença de vocês com minha pequenina Ana Clara, principalmente no ano que foi destinado a cumprir os créditos. Aos amigos do curso de mestrado, pelo compartilhamento com ética e respeito. Este trabalho é um sonho que está se concretizando, agradeço carinhosamente a cada um que contribuiu para que o mesmo se tornasse realidade. Ao meu cunhado Adriano Pieri, por dividir o seu tempo com este trabalho durante a coleta dos dados. À minha irmã Gabriella, que, acreditando em mim, me fez acreditar que seria possível, dando-me força mesmo através da distância. À funcionária Fátima do Hospital das Clínicas, e todos os funcionários do Hospital Universitário do Setor Same, pelo incentivo que demonstraram durante a busca dos dados, retirando dos arquivos os prontuários que eram necessários, não medindo esforços para isso. 5 RESUMO Estudos epidemiológicos têm revelado um aumento considerável da disseminação do vírus HIV. Um dos grandes obstáculos vividos pelos que trabalham na área de saúde é constatar que, embora bem informados, os pacientes não abandonam práticas conhecidamente perigosas com o objetivo de prevenir o desenvolvimento do vírus HIV/aids. O objetivo deste estudo foi descrever o perfil epidemiológico dos pacientes adultos com SIDA/aids e os portadores de HIV, internados no Hospital Universitário de Londrina-PR, no período compreendido entre os anos de 2002 a 2006. Estudo epidemiológico descritivo, de natureza quantitativa. Os dados foram coletados em 497 prontuários médicos de pacientes portadores do vírus, por meio de questionário dos hospitais: Universitário (HU), com 71% dos casos, e das Clínicas (HC), com 29% dos casos. Os resultados demonstraram predomínio do sexo masculino (62%), feminino (38%), residia no município de Londrina (65%), baixo nível de escolaridade (58%), baixa renda (68%), autônomo (20%), do lar (17%), aposentado (7,6%), união livre, com 40% e 34%. Em média, um paciente fica 9,4 dias internado, a cada internação. Observa-se que a proporção de óbitos em ambos os grupos é bem próxima. A letalidade ficou em torno de 37,2% (choque séptico) e 21,6% (disfunção de múltiplos órgãos). As estimativas da probabilidade de sobrevivência, paciente do sexo masculino após dez anos, aproximadamente, diagnosticado com o vírus HIV/aids tem 65,5% de chance de sobrevivência, sendo a probabilidade de sobrevivência de uma mulher igual a 59,2%, em um mesmo período. Verifica-se que quanto maior o tempo de diagnóstico do vírus HIV/aids menor é a probabilidade de sobrevivência dos pacientes, tanto do sexo feminino quanto do sexo masculino. Evidencia-se a necessidade de implementar ações educativas para orientar medidas de prevenção às doenças oportunistas e melhor qualidade de vida. Palavras-chave: HIV/aids. Epidemiologia. Enfermagem. 6 ABSTRACT Epidemiological studies have shown an important increasing dissemination of HIV virus. One of the biggest obstacle vivid by those people who work in health area it is to notice that, although well-informed, patients do not leave their dangerous habits, aiming at preventing the development of the virus HIV/AIDS. The objective of this study was to describe the epidemiological profile from adult patients with HIV/AIDS, treated in University Hospital in Londrina-PR, between 2002 and 2006.An epidemiological study quantitative. The data were collected from 497 medical records from patients with HIV, for that there was a survey. The survey was made with University Hospital (HU) with 71% of cases, and with Clinics Hospital (HC), with 29% of cases. The results showed the predominance of male sex (62%), female (38%), who lived in Londrina (65%), low scholarity level (58%), low income (68%), autonomous (20%), housewives (17%), retired (7.6%), free union, with 40% and 34%. Usually, a patient stays 9.4 days in hospital, each time. It is noticed that the proportion of deaths in both groups is very close. The lethality was 37.2% (septic shock) and 21.6% (multi organs dysfunction). The probability of surviving of a male patient with HIV virus after 10 years is about 65%, being the probability of surviving of a female patient 59.2%, in a same period of time. It is concluded that the earlier is the time of diagnosis of HIV/AIDS virus, the smaller is the probability of surviving of patients, for female or male sex. It is clear the need of implementation of educative actions on prevention to opportunist diseases and better quality of life. Key words: HIV/AIDS. Epidemiology. Nursing. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – História natural da infecção do vírus HIV-1, em adultos ...................................... 26 Figura 2 – Evolução dos casos de HIV/AIDS diagnosticados no estudo .............................. 52 Figura 3 – Proporção de diagnósticos de HIV/aids seguido do modelo Matemático M(x), estimando a proporção de casos até o ano de 2012..................................................... 54 Figura 4 – Curvas de sobrevivência (Kaplan-Meier) dos pacientes estratificadas por sexo . 60 8 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Infecções oportunistas diagnosticadas na aids .................................................. 30 Quadro 2 – Benefícios do tratamento antirretroviral.............................................................. 41 Quadro 3 – Antirretrovirais disponíveis.................................................................................. 42 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Classificação da infecção pelo vírus HIV em adultos e adolescentes ...........28 Tabela 2 – Classificação de Kilby e Saag ........................................................................28 Tabela 3 – Procedência dos pacientes e a proporção em relação à população do município...................................................................................................................49 Tabela 4 – Nível de escolaridade dos pacientes..............................................................49 Tabela 5 – Situação conjugal dos pacientes....................................................................50 Tabela 6 – Renda familiar dos pacientes .........................................................................50 Tabela 7 – Profissão dos pacientes .................................................................................51 Tabela 8 – Ano do diagnóstico de HIV/aids, seguido da média de casos por ano e do desvio-padrão ...........................................................................................................52 Tabela 9 – Proporção de diagnósticos de HIV/aids, seguido do Modelo Matemático M(x), estimando a proporção de casos até 2012...............................................................53 Tabela 10 – Quantidade de internações por ano .............................................................54 Tabela 11 – Média de tempo internado, a cada internação .............................................55 Tabela 12 – Número de óbitos por ano, seguido da média anual de óbitos e do respectivo desvio-padrão..........................................................................................55 Tabela 13 – Estimativa da função de sobrevivência para os pacientes do sexo feminino, para o estimador de Kaplan-Meier............................................................................57 Tabela 14 – Estimativa da função de sobrevivência para os pacientes do sexo masculino, para o estimador de Kaplan-Meier .........................................................59 Tabela 15 – Diagnóstico das doenças: da 1.ª à 10.ª internação........................................1 Tabela 16 – Diagnóstico das doenças, da 11.ª à 20.ª internação......................................1 Tabela 17 – Causas de letalidade....................................................................................64 10 SUMÁRIO 1 2 3 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 11 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 16 REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................... 17 3.1 AIDS/SIDA.......................................................................................................................... 17 3.1.1 Breve histórico .......................................................................................................... 17 3.2 O VÍRUS HIV: ESTRUTURA E CARACTERÍSTICAS ................................................ 20 3.3 A PATOGÊNESE DO VÍRUS HIV .................................................................................. 22 3.4 AIDS/SIDA – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E AS FASES DA PATOLOGIA ........ 25 3.4.1 Manifestações gerais ............................................................................................... 29 3.4.2 Alterações neurológicas .......................................................................................... 29 3.4.3 Infecções oportunistas............................................................................................. 30 3.4.4 Neoplasias malignas................................................................................................ 32 3.5 DIAGNÓSTICO DO VÍRUS HIV/AIDS........................................................................... 34 3.6 A TRANSMISSÃO DO VÍRUS HIV ................................................................................ 36 3.7 TRATAMENTO DA INFECÇÃO DO VÍRUS HIV/AIDS ............................................... 38 4 OBJETIVOS .................................................................................................................. 43 4.1 4.2 5 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 43 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................... 43 METODOLOGIA........................................................................................................... 44 5.1 NATUREZA DA PESQUISA............................................................................................ 44 5.2 LOCAL DA PESQUISA .................................................................................................... 44 5.3 SUJEITOS DA PESQUISA.............................................................................................. 45 5.4 COLETA DE DADOS ....................................................................................................... 45 5.4.1 Critérios de inclusão e exclusão na amostra ....................................................... 45 5.5 ASPECTOS ÉTICOS........................................................................................................ 46 5.6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ....................................................................... 46 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 49 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................ 65 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 67 APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO ..................................................................................... 75 APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DO CLIENTE ................................................................................................................................ 78 APÊNDICE C – OFÍCIO PARA AUTORIZAÇÃO DA PESQUISA .............................. 80 APÊNDICE D – OFÍCIO PARA O COMITÊ DE ÉTICA ................................................. 81 APÊNDICE E – OFÍCIO PARA A BIOESTATÍSTICA.................................................... 82 ANEXO A – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA .............................. 83 11 1 INTRODUÇÃO A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids) foi descrita pela primeira vez em 1981. O Serviço de Epidemiologia do Centers Disease Control (CDC), em Atlanta, Geórgia, Estados Unidos, especializado em doenças transmissíveis, contando com a colaboração de laboratórios especializados, detectava a ocorrência de uma nova síndrome, cujas características eram peculiares sob o ponto de vista clínico e imunológico, em que se associavam processos infecciosos diversos e, eventualmente, até uma neoplasia, de início cutâneo ou não, conhecida com o nome de angiossarcoma de Kaposi. Em 1981, o Serviço de Epidemiologia do CDC registrou, entre outubro de 1980 e maio de 1981, cinco casos de homossexuais ativos, usuários de drogas inalantes, com pneumocistose, também infectados pelo citomegalovírus e candidíase mucosa. Dois dos pacientes morreram. A observação se deu em três hospitais de Los Angeles, Califórnia A essa nova síndrome é atribuída a denominação francesa SIDA (Syndrome d’imunodéficience acquise), na qual ocorre um colapso das defesas imunológicas do hospedeiro, dando origem ao aparecimento de infecções oportunistas (LACAZ; MARTINS, 1990). A observação epidemiológica registrou, além da presença das infecções oportunistas, como a pneumonia por Pneumocystis carinii, a prevalência de uma combinação inexplicável de manifestações clínicas de outros estados patológicos, tais como astenia, perda de peso, dermatose, deterioração do sistema imunológico e o sarcoma de Kaposi. Atualmente, ainda é o complexo de sinais clínicos, combinado ao resultado positivo da prova de HIV, que define os casos de aids (ROUQUAYROL; GOLDBAUM, 2003). Em 1983, foi descrito o agente etiológico da aids (SIDA), o vírus HIV (vírus da imunodeficiência humana), um retrovírus humano da subfamília Lentivirus. Até julho de 1983, 1.641 casos de aids haviam sido registrados em Nova York e San Francisco, com 644 óbitos, cujas primeiras observações descreviam uma nova síndrome infecciosa restritas aos homossexuais e usuários de drogas, que viviam em promiscuidade; toxicômanos que frequentavam saunas; indivíduos que abusavam de drogas chamadas poppers (dormideiras) e aos que se utilizavam seringas e agulhas não descartáveis para a injeção de drogas; além dos 12 transfundidos, geralmente hemofílicos, que tomavam concentrados de plasma para a correção dos fatores de coagulação VIII (LACAZ; MARTINS, 1990, p. 1). Dessa forma, conceituava-se a aids ou SIDA, antes de se conhecer a etiologia desta nova síndrome (= conjunto de sinais e sintomas que caracterizam uma entidade mórbida). A denominação aids, que no inglês significa Acquired Immune Deficiency Syndrome, provavelmente foi proposta pela primeira vez por Donald Armstrong, chefe do serviço de Doenças Infecciosas do New York’s Memorial Sloan-Kettering Cancer Center (LEVI; BALDY, 1989). Sobre o descobrimento de tal enfermidade, Hiroshi Nakajima, ex-diretor da Organização Mundial da Saúde, durante a 12.ª Reunião Científica Internacional da Associação Internacional de Epidemiologia, em 1990, ao analisar o alcance da epidemiologia, atribuiu a descoberta da aids aos estudos epidemiológicos (ROUQUAYROL; GOLDBAUM, 2003). No entanto, o período que se passou após a descoberta dessa síndrome foi marcado pela disseminação do vírus. A contaminação se dá por meio das relações homo e heterossexuais e pela transmissão da mãe para o concepto, sendo a principal forma a sexual (difirecional), aumentada com a prática de intercurso anal, na presença de úlceras genitais e quando a imunodeficiência do transmissor já está avançada. Além disso, há probabilidade de aumento de transmissão quando estão presentes infecções sexualmente transmissíveis (ISTs); na ausência de circuncisão e nas relações sexuais durante o período menstrual. A transmissão vertical (de mãe para filho), que ocorre durante a gestação, no momento do parto ou durante o aleitamento materno, é maior à medida que progride a imunodeficiência da mãe. Vale ressaltar que, a partir de 1985, a transmissão da aids por meio de transfusões de sangue e derivados diminuiu. Ao contrário, a transmissão pelo uso de seringas compartilhadas vem aumentando alarmantemente (HINRICHSEN et al., 2005a). Até junho de 2005, 371.827 casos de HIV/aids tinham sido notificados no Brasil, segundo o Programa Nacional de DST e aids (PN-DST/AIDS). Casos e mortes por HIV/aids ainda constituem-se em grave crise social e sanitária, pois, desde o início da epidemia, cerca de uma em cada duas pessoas (46,2%) acometidas pela doença faleceu (FRANÇA-JUNIOR; DORING; STELLA, 2006). Outro fato a se registrar é que a síndrome, inicialmente restrita a “grupos de risco” ou fatores de risco relacionados (profissionais do sexo, homossexuais, usuários de drogas injetáveis, etc.), atualmente não distingue faixa etária, sexo, etnia 13 ou classe social, relacionando-se apenas aos comportamentos de risco (práticas sexuais com múltiplos parceiros sem proteção e o uso compartilhado de seringas/agulhas) (HINRICHSEN et al., 2005 a, p. 836). Segundo Rapparini (2006, p. 1), “metade destas novas infecções ocorrem na idade de 15 a 24 anos de idade”. O quadro é ainda mais alarmante quando se constata que o número de infectados (indivíduo que tem o vírus, mas não apresenta os sintomas) deve ser muito maior que os casos de aids notificados (indivíduo que apresenta os sintomas). Isso se dá porque entre a transmissão do vírus o desenvolvimento de sinais e sintomas da doença, geralmente se passa em média 10 a 12 anos (período de latência). Além disso, a maioria das pessoas infectadas pelo vírus HIV, que não apresentam sintomas, desconhece o fato de estar infectada (RAPPARINI, 2006). Nesse contexto, Levi e Baldy (1991, p. 152) colocam que a maioria dos indivíduos infectados pelo HIV apresenta “infecção crônica inaparente” (não possuem qualquer sinal ou sintoma real da doença), podendo essas pessoas ter ou não linfocitopenia ou plaquetopenia. As manifestações gerais, no entanto, são alterações que incluem febre persistente com duração maior ao período de um mês; perda de peso involuntária superior a 10% ou diarreia que perdura mais de um mês; na ausência de doença concomitante ou outro fator além da infecção pelo HIV que justifique o aparecimento dessas alterações; e alterações neurológicas: demência,1 mielopatia ou neuropatia periférica; na ausência de doença concomitante ou outro fator além da infecção do HIV que justifique o aparecimento dessas alterações. Gomes et al. (2004, p. 63) asseguram que a aids/SIDA tem por principal característica a ocorrência de uma progressiva depressão do sistema imunológico, clinicamente representado pela presença de infecções oportunistas graves. Infecções oportunistas graves concentram aquelas que ocorrem com maior frequência e gravidade em consequência de um estado de imunossupressão congênita ou adquirida pelo uso de medicamentos (quimioterápicos ou corticosteróides) ou em decorrência da infecção pelo HIV. No caso da aids/SIDA, as infecções oportunistas estão associadas com deficit da imunidade celular e outras alterações imunológicas. Entretanto, concomitantemente à alarmante proliferação da síndrome, também ocorre uma evolução contínua no tratamento da infecção pelo HIV. 1 O complexo de demências da aids/SIDA é bastante comum e se caracteriza por disfunção cognitiva, motora e de conduta (LEVI; BALDY, 1991, p. 153). 14 Segundo Lomar e Diament (2005, p. 235), o tratamento da síndrome teve início com o advento dos inibidores da protease (IP), que mudaram sensivelmente a história natural da aids/SIDA, pelo uso combinado dos IP com pelo menos dois inibidores da transcriptase reversa, determinando uma considerável diminuição da morbilidade e da mortalidade decorrentes da síndrome. Esse foi sobrepujado pelo “coquetel” (associação de três medicamentos antirretrovirais contendo IP). A descoberta de novas classes de medicamentos marcou a evolução do tratamento. Atualmente, encontra-se no mercado um inibidor de fusão (IF) (enfuvertida). Embora com o advento do tratamento antirretroviral altamente ativo tenha vislumbrado a possibilidade da erradicação viral, a realização de estudos mostrou a dificuldade da completa eliminação do HIV no organismo humano, constatando que os portadores da síndrome da imunodeficiência adquirida terão que fazer uso dos antirretrovirais por todas a vida, pois a terapia antirretroviral, juntamente com o uso profilático para infecções oportunistas, podem proporcionar aumento no tempo e na qualidade de vida desses pacientes. Nesse sentido, Noce (2006) revela que a terapia antirretroviral combinada vem se mostrando eficaz no aumento dos níveis de linfócitos T CD4 dos pacientes com aids/SIDA. Após seis meses do início da terapia, espera-se um aumento médio na contagem dessas células da ordem de 90 células/mm3, podendo alcançar padrões elevados, em torno de 753 células/mm3, em pacientes com início de tratamento precoce para a infecção pelo HIV. Outro fator é um rápido e significativo declínio da carga viral, que pode atingir níveis inferiores a 500 cópias/ml após seis meses de tratamento em 72% dos casos. Por esse motivo, é de extrema importância a conscientização do paciente sobre o tratamento, inclusive, explicando-lhe sobre as dificuldades existentes no tratamento, referentes aos efeitos colaterais; aos esquemas incompatíveis com as atividades diárias do paciente; a grande quantidade de comprimidos a serem ingeridos; a restrição alimentar e a necessidade de ingestão de grandes quantidades de líquidos. Além dos riscos decorrentes do não-tratamento, pois a eficácia do tratamento terapêutico depende tanto da participação ativa do profissional de saúde prestado ao paciente, quanto dos benefícios terapêuticos alcançados com o cumprimento do tratamento, mediante a adesão (obediência/aderência) estrita ao plano de tratamento prescrito, é fato que um tratamento, por melhor planejado que seja, pode resultar em falha terapêutica, caso não haja a adesão plena do paciente. 15 Isso geralmente ocorre porque o paciente comete erros em relação à sua medicação (provavelmente um terço da metade dos pacientes cometem erros em relação à medicação) (KANAI; CAMARGO, 2002). Dessa forma, um dos grandes entraves para o sucesso do tratamento com antirretroviral se concentra na não-adesão ao regime terapêutico (doses incorretas, falta de precisão no tempo, adição de medicamentos ou a negligência ao tomar os medicamentos prescritos), visto que doses excêntricas ou irregulares expõem o paciente aos riscos da medicação, não resultando em benefício terapêutico. 16 2 JUSTIFICATIVA Como docente do curso de enfermagem da Universidade Estadual de Londrina (UEL), supervisionando estágio na unidade de doenças transmissíveis do hospital universitário por dois anos, a autora desta dissertação presenciou inúmeros casos dos portadores de HIV/aids necessitando de internações, muitas vezes em longo prazo, para estabilização das complicações. Pelo contato direto com esses pacientes na unidade, foi possível perceber que essas internações aconteciam repetidamente em curtos espaços de tempo. Diante do inusitado problema e de casos novos do referido diagnóstico, surgiu o interesse em conhecer o perfil epidemiológico dessa população. Espera-se com esta pesquisa contribuir para a identificação do perfil epidemiológico desses pacientes/clientes, ajudando a formulação de novas estratégias dos programas de controle DST/aids/HIV, reforçando o trabalho do hospital junto às Unidades Básicas de Saúde para maior efetivação dessas atividades propostas, ajudando os indivíduos a terem menor incidência e/ou reincidência e, consequentemente, melhor qualidade de vida. 17 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 AIDS/SIDA A AIDS (Adquired Immunity Deficiency Syndrome), denominada na língua portuguesa como SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), é uma doença causada pelo vírus HIV (Human Immunideficiency Virus), fragilizando o sistema imunológico e debilitando seu portador (GIR; DUARTE; CARVALHO, 1996). Sua principal característica é o deficit primário da imunidade celular e a ocorrência de infecções oportunistas, neoplasias e comprometimento do sistema nervoso central, cuja transmissão ocorre, predominantemente, por meio de atos sexuais. 3.1.1 Breve histórico Apesar de alguns pesquisadores sugerirem que a aids já existia bem antes da década de 1980, como a hipótese de que Cristóvão Colombo, ao regressar da América, particularmente da ilha Hespanhola (atual Haiti), em 1493, tê-la trazido com seus marinheiros para Barcelona (ANDRÉ, 1987), a primeira descrição da aids/SIDA ocorreu em 1981, “época de grandes transformações sociais e de grandes avanços na medicina”, com a detecção pelo Serviço de Epidemiologia do Centers Disease Control (CDC), em Atlanta, no Estado do Geórgia, Estados Unidos, especializado em doenças transmissíveis, e colaboração de laboratórios especializados, da ocorrência de uma nova síndrome, que possuía características peculiares sob o ponto de vista clínico e imunológico, associando processos infecciosos diversos e, em alguns casos, neoplasia de início cutâneo ou não, denominada angiossarcoma de Kaposi (LACAZ; MARTINS, 1990, p. 1). Ao final de 1979 e início de 1980, os médicos norte-americanos Joel Weisman e Michael Gottlieb voltaram suas atenções aos estranhos quadros clínicos apresentados quase simultaneamente por alguns pacientes: febre com duração prolongada, emagrecimento e cansaço fácil e intenso, cujo diagnóstico inicial referiase à infecção por cândida, citomagalovírus ou Toxoplasma gondii. A doença evoluía de maneira extremamente longa, apresentando piora progressiva, e os exames complementares registravam a presença de severa deficiência do sistema 18 imunológico. Todos os pacientes acabaram por desenvolver pneumonia por Pneumocystis carinii, e os dados epidemiológicos evidenciavam um único aspecto em comum: todos os pacientes eram homossexuais do sexo masculino (LEVI; BALDY, 1991). Mais tarde, em 1981, segundo Gottlieb et al. (1981), o Serviço de Epidemiologia do CDC registrou, entre outubro de 1980 e maio de 1981, cinco casos de homossexuais ativos, usuários de drogas inalantes, com pneumocistose, observados em três diferentes hospitais de Los Angeles – California. Todos também se encontravam infectados pelo citomegalovírus e candidíase mucosa. Um pequeno registro no boletim oficial do CDC, o Morbidity and Mortality Weekly Report, em 5 de junho de 1981, relatou os cinco casos e sugeriu a possibilidade de um vínculo entre a nova entidade nosológica e a homossexualidade. Em seus relatos, Gottlieb (1981) sugere pela primeira vez que a nova doença se tratava de uma imunodeficiência adquirida de imunidade celular. Concomitantemente, o CDC foi alertado sobre o aparecimento de um número excessivo de casos de sarcoma de Kaposi, descrito em um grupo de adultos jovens, habitualmente não atingidos por essa doença. Dois pesquisadores, James Curran e Dennis Juranek, foram designados pelo CDC para investigar a nova e insólita situação. Em poucos meses, 26 casos foram relatados: 20 em Nova York e seis na Califórnia, todos os que puderam ser estudados apresentaram infecção por citomegalovírus. A homossexualidade em indivíduos do sexo masculino era o aspecto comum a todos os casos (LEVI; BALDY, 1991). A partir de setembro de 1981, passaram ser descritos numerosos casos de outros homossexuais do sexo masculino com imunodeficiência grave e pneumonia por Pneumocystis carinii (MASUR et al., 1981), formas muito severas de herpes simples na região anal (SIEGAL et al., 1981), e infecção por citomegalovírus ou sarcoma de Kaposi (URMACHER et al., 1982). Cabe ressaltar que o sarcoma de Kaposi, descrito pela primeira vez por Moritz Kaposi (1827-1902) em 1872, na aids manifesta-se de forma muito grave e, geralmente, localiza-se no aparelho digestivo, mucosas, pele ou nos gânglios, não respondendo bem ao tratamento quimioterápico ou radioterápico, ao contrário das formas não associadas à aids, em que se manifesta de maneira menos agressiva, com localização cutânea primaria, em geral nas extremidades (LACAZ; MARTINS, 1990). 19 O relato de casos descritos em haitianos, residentes em sua maioria na Flórida e Nova York, de maioria não homossexual, e em mulheres, principalmente prostitutas que mantinham relações sexuais com bissexuais do sexo masculino, ocorridos em 1982, mostraram que a nova doença não atingia somente homossexuais do sexo masculino (LEVI; BALDY, 1991). Não tardou a aparecer as primeiras observações sobre a transmissão parenteral da doença. Isso possibilitou caracterizar mais dois grupos de alto risco: um grupo concentrava toxicômanos viciados em drogas aplicadas por via endovenosa, principalmente a heroína. Ocorreu um acentuado aumento no número de casos, constando-se que de 15 a 20% dos doentes não se enquadravam nem como homossexuais nem como haitianos, tendo em comum somente o uso (atual ou anterior) de drogas injetadas endovenosamente (SMALL et al., 1983). O segundo grupo constitui-se por hemofílicos, tendo sido observada a elevação da incidência da doença. Foram registrados, somente em 1983, 15 casos da doença pelo Center for Diseases Control. A seguir, constatou-se que indivíduos não pertencentes aos grupos de riscos também haviam adquirido a doença, provavelmente por meio de transfusão de sangue ou derivados (CURRAN; LAWRENCE; JAFFE, 1984). Assim, já em 1982, ficava constatada a existência de uma nova doença ou síndrome, cuja ação não se voltava exclusivamente a grupos específicos como os homossexuais, mas que tornaria vulnerável todo ser humano. Dessa forma, a denominação de GRID (Gay-Related Immuno Deficiency) foi substituída por outra mais apropriada, suficientemente descritiva e desprovida de conotação pejorativa. A denominação aids (Acquired Immunity Deficiency Syndrome) – segundo Curran, Lawrence e Jaffe (1984) – foi sugerida por Donald Armostrang, chefe do Serviço de Doenças Infecciosas de New York’s Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, durante uma reunião em Washington. SIDA (Syndrome d’imunodéficience acquise) foi a denominação francesa atribuída à nova síndrome caracterizada pelo colapso das defesas imunológicas do hospedeiro, tornando-o inofensivo às infecções oportunistas. Após a descrição inicial da doença e, especialmente, por serem acumuladas as evidências da descoberta de uma moléstia contagiosa, foram realizadas inúmeras pesquisas que buscavam o agente etiológico. As suspeitas desde o início recaíam sobre os vírus, sobretudo, os retrovírus, devido à associação desses com as doenças neoplásicas, imunossupressão e infecções oportunistas em animais (LEVI; BALDY, 1991). 20 Em 1983, o agente etiológico da aids (SIDA): vírus da imunodeficiência humana foi isolado pela primeira vez. Barré-Sinoussi et al. (1983), trabalhando com Luc Montagnier (virologista do Instituto Pasteur de Paris), demonstraram a presença de um retrovírus com efeito citopático em linfonódulos de pacientes aidéticos, o qual foi denominado de LAV, posteriormente denominado LAV1 – vírus associado à linfadenopatia. Sarngadharan et al. (1984), em Bethesda, Estados Unidos, identificaram um vírus semelhante e o denominaram de HTLV-III (Human T Lymphotropic Virus). Posteriormente, por proposta do subcomitê dos especialistas em retrovírus humanos, o vírus da aids recebeu a denominação HIV, que tanto em francês como em português, também recebe a denominação VIH, que em português compreende a sigla do Vírus da Imunodeficiência Humana (LACAZ; MARTINS, 1990). Em 1984, a concepção de que o HIV era o agente causador da aids foi aceita amplamente (STEGER, 1995). Em 1985, torna-se disponível para uso clínico e triagem de sangue de doadores o teste de imunoabsorção ligado à enzima – ELISA para anticorpos HIV (CDC, 1985). Em março de 1987, azidotimidina – AZT (atual zidovudina ou ZDV) é disponibilizada para pesquisa. Sua aprovação se dá com base nos promissores resultados em pacientes com aids, quatro meses depois, pela Food and Drug Administration (FISCHL et al., 1987). Em 1989 foram estabelecidas as orientações para intervenção precoce em adultos com contagem de células CD4 abaixo de 500/mm3, assim como a profilaxia contra PPC para indivíduos com a contagem de células CD4 abaixo de 200/mm3 ou que tenha tido um episódio anterior de pneumonia por Pneumocystis carinni independentemente da contagem de CD4 (CDC, 1992b). 3.2 O VÍRUS HIV: ESTRUTURA E CARACTERÍSTICAS O vírus da imunodeficiência humana é um dos cinco retrovírus humanos conhecidos, que estabelece infecções crônicas, lentamente progressivas, com longos períodos de latência assintomática (STEGER, 1995). Trata-se de um vírus linfoneutrópico da família Retroviridae, subfamília Lentivirinae, denominado HTLV-III, também conhecido como LAV, que possui genoma longo, de 9,2 quilobases (Kb) e cerca de 9.193 nucleotídes, ao lado de uma DNA-polimerase, RNA-dependente, 21 denominada transcriptase reversa ou inversa, com uma porção central, gag, “cor de vírus” e de um envelope glicoproteico, que codificam proteínas para os seus genes; além de outros genes, como o ORF-2, o SOR ou ORF-1 e o TAT com 2 éxons e o ART (LACAZ; MARTINS, 1990). O genoma do retrovírus é de RNA e apresenta-se de forma muito semelhante ao vírus Visna-Maedi, responsável por uma encefalopatia desmielinizante e pneumonia em ovinos na Islândia, provenientes da Alemanha (LACAZ; MARTINS, 1990). Seus principais componentes incluem a região gag, que produz as proteínas p17, p24 e p55 do core, e a região env (porção do envelope), responsável pelas glicoproteínas de superfície gp120 e gp41 (GALLO; WONGSTAAL, 1985; ESSEX et al., 1985). A transcriptase reversa é produzida pela porção pol do genoma para ser integrada ao RNA viral do DNA celular e os genes reguladores tat, ver, net (orf B) e vit (STEGER, 1995). Entre as características que o vírus HIV possui, destacam-se: o fato de ser um vírus RNA que, por hibridização, difere-se do RNA de outros retrovírus, sendo seu ácido nucleico parcialmente homólogo aos dos vírus HTLV-I e II; a semelhança entre as proteínas estruturais do cerne viral aos dos demais retrovírus. A proteína p25 existe em maior quantidade e é geneticamente diversa da dos demais retrovírus; a proteína gp41 (glicoproteína); é a mais importante das proteínas do envelope viral, havendo um pequeno cruzamento antígeno com as glicoproteínas do vírus HTLV-I, embora distinta das dos outros retrovírus; sua transcriptase reversa ou inversa é antigenicamente diferente das dos outros retrovírus; a morfologia do HIV é idêntica a dos retrovírus do Tipo D. Os vírions são esféricos, com diâmetro aproximado de 10 nm. Externamente, apresenta um envelope, que possui na superfície projetores de constituição glicoproteica. O capsídio localiza-se mais internamente, provavelmente é isosaédrico, envolvendo a ribonucleoproteína interna (corresponde ao nucleíde), que ocupa a posição central. Além disso, o HIV se multiplica em linfócitos CD4, na presença de interleucina-2, e é dotado de efeito citopático (verificado à microscopia eletrônica), ao contrário dos vírus HTLV-I e II. Em alguns clones de células HT, multiplicam-se abundantemente sem apresentar efeito citopático (LACAZ; MARTINS, 1990). Há dois tipos diferentes do vírus HIV: o HIV-1 e o HIV-2. O vírus HIV-2 foi isolado com maior frequência na África Ocidental, principalmente em Guiné-Bissau e ilhas do Cabo Verde, assim como no Brasil (DeCOCK; BRUN-VENZINET, 1989; 22 VERONESI et al., 1987; CORTES et al., 1989). Normalmente, quando se fala em vírus HIV, reporta-se ao HIV-1, isolado do sêmen, sangue (linfócitos, monócitos e plasma), do lavado traqueobrônquico, saliva, urina, secreção vaginal, células nervosas, e que possui maior significância para a saúde pública (LACAZ; MARTINS, 1990). Entretanto, os fatores de riscos parecem ser os mesmos tanto para o HIV-1 quanto para o HIV-2, podendo este resultar na síndrome clínica da AIDS (STEGER, 1995). É importante acrescentar que o vírus torna-se inativo ao calor de 56ºC, por 30 minutos; em álcool etílico a 25%, por cinco minutos; em hipoclorito de sódio a 0,20,5%, por cinco minutos; e glutaraldeído a 1%, durante cinco minutos (LACAZ; MARTINS, 1990). 3.3 A PATOGÊNESE DO VÍRUS HIV Ao penetrar os linfócitos CD4 (= OKT4) ou outras células a ele suscetíveis (monócitos e neurônios, por exemplo), o vírus HIV o faz sob a forma de uma única fita de RNA envolta por uma glicoproteína. O genoma do HIV é variável ao extremo ao nível do gene envelope (BENN et al., 1985). Segundo Dalgleish et al. (1984), o antígeno OKT4 constitui-se um receptor específico para o vírus HIV, que se multiplica, em cultura, no interior de linfócitos OKT4 (ou T4, na presença de interleucina-2), induzindo tal efeito citopático (ao contrário do que acontece com o HTLV-I e o II). Além disso, o efeito citolítico sobre os linfócitos T4, também é induzido pelo HIV citotoxidade mediada por linfoticos Tcitotóxicos. Observam-se, ainda, alterações funcionais das células que não sofrem lise. Os linfócitos T4 infectados pelo HIV podem se tornar mais suscetíveis à infecção por outros agentes (HO; POMERANTZ; KAPLAN, 1987). Também podem ser infectados pelo HIV monócitos, macrófagos e células dendríticas reticulares dotadas de antígeno OKT4 em sua membrana. Dentre esses, os monócitos e os macrófagos são relativamente resistentes à ação citolítica do HIV e podem servir como reservatório desse vírus no organismo do hospedeiro. O monócito compreende um veículo do HIV para o sistema nervoso central, cujas células infectadas com maior frequência são macrófagos, células microgliais pleomórficas e células gigantes multinucleadas (KOENIG; GENDELMAN; ORENSTEN, 1986). Os monócitos 23 infectados, denominados “Cavalos de Troia”, atravessam a barreira hematoliquórica e vão lesionar os neurônios e as células da microglia; assim o sistema nervoso central transforma-se em uma espécie de “santuário” para o HIV, que ali pode permanecer latente, sem expressão, sob a forma de provírus (DNA). Acredita-se que o vírus HIV tenha a capacidade de se manter latente por muito tempo em portadores sadios (LACAZ; MARTINS, 1990). No entanto, segundo Marques e Masur (2005), durante esse período, a função imune não se apresenta completamente intacta. O período de latência varia de acordo com o hospedeiro. Alguns indivíduos podem apresentar períodos de latência que se estendem por décadas antes que a depleção dos linfócitos CD4+ ocorra, ao passo que outros manifestam profunda depleção poucos meses ou anos após a infecção. Soma-se o fato de que o vírus HIV possui várias estratégias para se desviar do reconhecimento pelo sistema imune inato, assim como pelo adaptativo, sendo capaz de bloquear inibidores inatos de vírus, como o fator de restrição 1 e o APOBEC3G (o mesmo que CEM15). Assim, o HIV destrói o controle imune celular por meio da deficiência de resposta dos linfócitos CD4+ infectados e dos linfócitos CD8+ não infectados, os quais facilitam o escape dos vírus do controle imune, com muita eficiência. As mutações constantes são outra tática que favorece ao vírus HIV evadir dos anticorpos. Já o acometimento dos macrófagos alveolares pelo HIV tanto parece ter relação com alta incidência de pneumonia por Pneumocystis carinii nos doentes com aids quanto participar do aparecimento da pneumonia intersticial linfocítica de crianças com AIDS (HO; POMERANTZ; KAPLAN, 1987). É importante acrescentar que linfócitos B transformados pelo vírus Epstein-Barr podem apresentar em sua membrana o antígeno T4 e serem infectados pelo HIV (MONTAGNIER; CHERMANN; BARRÉ-SINOUSSE, 1984). A transcriptase reversa existente no núcleo do HIV é responsável pela conversão do RNA viral em DNA de dupla hélice, que se desloca do citoplasma para o núcleo da célula parasitada e a este se incorpora, enquanto moléculas virais de DNA recém-formadas também permanecem no citoplasma da célula. Os genes virais que se incorporam aos cromossomos da célula hospedeira se multiplicam com o DNA celular, mantendo-se presente em sua pregênie; e, além do efeito citocida induzido de forma indireta ou pela ação de fatores solúveis imunossupressivos, o HIV passa a formar continuamente novos vírus nas células parasitadas. Diante do 24 fato de que os anticorpos que se formam contra o vírus parecem não ser capazes de neutralizá-los com eficácia, a infecção se torna persistente nos indivíduos infectados pelo HIV (LAURENCE, 1985; LEVI; BALDY, 1991). Embora outras células possam apresentar o antígeno OKT4 em suas membranas, o HIV é um parasita primário dos linfócitos T4 (linfócitos T – auxiliares/indutores). Assim, o deficit de imunidade celular, provocado pela destruição desses linfócitos resultam em grande suscetibilidade às infecções e ao aparecimento de neoplasias malignas (sarcoma de Kaposi, linfoma não Hodgkin, etc.), em doentes com aids. Ocorrem também: linfocitopenia, depleção de linfócitos T4, alergia cutânea a antígenos que induzem reações de hipersensibilidade tardia e gamopatia policlonal. Verifica-se, ainda, a redução na produção de interleucina-1 e intérferon alfa por macrófagos e diminuição de sua atividade microbicida, em decorrência da diminuição da produção de linfocinas; além da redução da capacidade de migração dos monócitos e a depressão da atividade dos linfócitos NK. Segundo Pinching (1986), é possível observar perda na capacidade dos linfócitos B responderem a novos antígenos, e também a redução da concentração de imunoglobulinas de algumas subclasses, especialmente de IgC2; fatores que justificam a ocorrência de infecções por bactérias capsuladas, como, por exemplo, Hemophilus influenzae e Streptococcus pneumoniae, para as quais a imunidade humoral constitui o principal mecanismo de defesa específico. Entre as principais anormalidades imunológicas é possível observar diminuição das células CD4 (Okt4), na resposta aos antígenos solúveis, na resposta às provas cutâneas de leitura tardia, na produção de intérferon gama (γ-IFN), bem como na resposta dos linfócitos aos mitógenos convencionais, na atividade auxiliadora das células CD4, na resposta humoral à imunização primária, na produção de interleucina-2, na citotoxicidade às células infectadas por vírus, na formação de “complexos imunes”, na atividade das células NK, na quimiotaxia dos monócitos; ativação policional das células B, com produção elevada de imunoglobulinas IgG, IgG3, IgA e IgD; linfopenia; e elevação do nível de α IFN ácido lábil, de β2-microglobulina no soro (por radioimunoensaio), de α1-tomosina no soro e dos níveis séricos de R1 (receptor solúvel de linfócitos T para hemácias de carneiro) (LACAZ; MARTINS, 1990). 25 De acordo com Stricker et al. (1986), também fica prejudicado o diagnóstico de doenças oportunistas. Os anticorpos específicos do HIV formam-se normalmente; porém, em pacientes com aids, em fase terminal, os testes sorológicos específicos podem se negativar. Além disso, autoanticorpos podem determinar plaquetopenia. Em indivíduos infectados, é frequente o aumento da concentração plasmática de imunocomplexos (EULER; KERN; LOFFLER, 1985). 3.4 AIDS/SIDA – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E AS FASES DA PATOLOGIA O indivíduo infectado pelo HIV pode apresentar evolução clínica bastante variável, dependendo de fatores relacionados tanto com o parasita quanto com o parasitado. Dessa forma, é possível reconhecer três padrões dominantes de evolução: de 80 a 90% dos pacientes evoluem de forma típica, com média de sobrevivência de aproximadamente dez anos (PANTALEO; GRAZIOLI; FAUCI, 1993); de 5 a 10% evoluem rapidamente para aids, geralmente em três, quatro anos (SHEPPARD, 1993); e cerca de 5% dos indivíduos infectados permanecem assintomáticos por longos períodos de tempo (CAO et al., 1995). A história natural da infecção pelo vírus HIV pode ser compreendida por três fases distintas: infecção aguda, período assintomático e período de doença (FIGUEIREDO et al., 1998). A Figura 1 ilustra a história natural da infecção pelo vírus HIV. Segundo Steger (1995), a infecção primária pelo HIV, frequentemente, é assintomática. No entanto, dias ou semanas após a fase inicial da replicação viral surgem os sintomas da doença aguda, que, por não serem específicos, são facilmente confundidos com uma mononucleose, um resfriado sério ou uma gripe forte. Os pacientes podem apresentar febre, indisposição geral, irritação na garganta, linfoadenomegalia, exantemas maculopapulares, fotobofia e, raramente, meningoencefalite. Usualmente, os anticorpos específicos ainda não se apresentam em circulação e o diagnóstico pode ser feito pela determinação da viremia, pela detectação de antígenos do HIV ou de seu genoma (FIGUEIREDO et al., 1998). 26 Figura 1 – História natural da infecção do vírus HIV-1, em adultos Fonte: MIRANDA, 2003, p. 588. Outros achados incluem dor de cabeça, cansaço, mialgias, linfodenopatia e faringite, diarreias, vômitos, náuseas e candidíase oral, podendo ocorrer síndromes neurológicas, neuropatia periférica, paralisia facial e síndrome de Guillan-Barrá. Dados laboratoriais podem apresentar linfopenia. A duração desta fase, em geral, é de duas semanas, podendo variar entre alguns dias a mais de dez semanas. A menos que haja alto índice de suspeita de infecção por HIV, por parte do médico ou do próprio paciente, a síndrome é de difícil distinção, em decorrência da semelhança com outras doenças igualmente não específicas. (MARQUES; MASUR, 2005). A fase aguda é autolimitante e evolui para a cura em períodos variáveis de até 12 semanas após o início dos sintomas (GRAZIOSI-PANTALEO et al., 1993). Em seguida, passe-se por uma fase de latência, de duração variável, em que a maioria dos pacientes não apresenta sintomas e/ou achados físicos. São mínimos os pacientes que apresentam adenopatia generalizada persistente. Durante tal período, no entanto, como anteriormente citado, continua ocorrendo a replicação viral no tecido linfoide, resultando na destruição progressiva do sistema imunológico, culminando com o aparecimento das complicações clínicas, indicativas do desenvolvimento da aids (FIGUEIREDO et al., 1998; MARQUES; MASUR, 2005). 27 De acordo com Figueiredo et al. (1998), as complicações clínicas indicativas da aids, quando analisadas em conjunto com a quantidade de linfócitos CD4+ na circulação sanguínea, permitem classificar os indivíduos infectados pelo HIV por categorias clínicas, de acordo com a classificação do CDC de 1993, apresentadas na Tabela 1, que podem receber as seguintes definições: • Categoria A – compreende uma ou mais das condições a seguir: infecção assintomática pelo HIV; linfoadenomegalia generalizada e persistente; infecção aguda primária pelo HIV (desde que não apresente as condições elencadas nas categorias B ou C); • Categoria B – trata-se de condições clínicas que pacientes infectados pelo HIV apresentem, preenchendo, pelo menos, um dos critérios listados: a) a condição é indicativa de defeito de imunidade celular ou é atribuída à infecção pelo vírus HIV; ou b) a condição possui evolução clínica influenciada pela infecção por HIV. Exemplos das condições que se enquadram nesta categoria: angiomatose bacilar, candidíase de orofaringe, candidíase vulvovaginal, displasia cervical ou carcinoma in situ do cérvix uterino, sintomas constitucionais como febre ou diarreia, leucoplasia pilosa oral, herpes zoster, acometendo mais de um dermátomo ou herpes zoster recorrente, listeriose, doença pélvica inflamatória, púrpura trombocitopênica e neuropatia periférica; • Categoria C – engloba as condições admitidas como casos indicativos de aids: candidíase de brônquios, traqueia ou pulmões, candidíase de esôfago, câncer criptosporidiose cervical crônica invasivo, intestinal, criptococose retinite pelo extrapulmonar, citogalovírus, histoplasmose disseminada ou extrapulmonar, encefalopatia relacionada ao HIV, infecção crônica pelo herpes simples, isosporíase crônica intestinal, infecção disseminada ou extrapulmonar pelo complexo Mycobacterium avium ou Mycobacterium kansasii, infecção pelo Mycobacterium tuberculosis, infecção disseminada ou extrapulmonar por outras espécies de Mycobacterium, sarcoma de Kaposi, linfoma de Burkitt, linfoma imunoblástico, linfoma primário do sistema nervoso central, pneumonia por Pneumocystis carinii, pneumonias de repetição, septicemia por Salmonella, leucoencefalopatia multifocal progressiva, toxoplasmose cerebral e síndrome consuntiva, em decorrência do HIV. 28 Tabela 1 – Classificação da infecção pelo vírus HIV em adultos e adolescentes Linfócitos CD4 + (mm3) > 500 200-499 <200 Fonte: FIGUEIREDO et al., 1998, p. 578. A A1 A2 A3 Categorias clínicas B B1 B2 B3 C C1 C2 C3 Por essa classificação, os indivíduos enquadrados nas categorias A3, B3, C1, C2 e C3 são considerados portadores de aids. Nesse contexto, cabe frisar que muitas complicações infecciosas manifestadas no paciente com aids decorrem de processos infecciosos latentes, adquiridos anteriormente a imunodepressão. Por esse motivo, podem manifestar particularidades regionais, conforme a prevalência das diferentes doenças (FIGUEIREDO et al., 1998). No Brasil, estudos demonstraram a importância da infecção pelo bacilo da tuberculose, da reativação da doença de chagas, da leishmaniose e da paracoccidioidomicose, assim como da neurocriptococose, neurotoxoplasmose, pneumonia pelo Pneumocystis carinii, das candidíases e das pneumonias bacterianas. (FIGUEIREDO; MARTINEZ, 1992; MACHADO et al., 1997). Cabe ressaltar que classificação do CDC de 1993, que substituiu a muito complexa classificação do mesmo Centro (CDC, 1986), baseia-se em critérios clínicos e laboratoriais. É útil e prática pela simplicidade, embora apresente limitações, frente aos fatos de não valorizar a viremia e ter sido concebida em um tempo em que a doença tinha um curso inexoravelmente progressivo, fazendo com que os doentes sejam classificados de acordo com o nadir inferior dos linfócitos T CD4. Outra classificação, proposta por Kilby e Saag (1999), também é útil do ponto de vista clínico (Tabela 2). Tabela 2 – Classificação de Kilby e Saag Fases da doença Síndrome viral aguda Doença precoce Doença média Doença tardia Doença avançada Fonte: OLIVEIRA; MELIÇO-SILVESTRE, 2002, p. 12. Linfócitos CD4 Seroconversão > 500 > 200 < 500 > 50 < 200 < 50 29 Levi e Baldy (1989) asseveram que, embora todos os pacientes com aids, incluindo desde indivíduos com manifestações leves até os em estado grave, podem ou não apresentar linfadenopatia, o período da doença propriamente dito se caracteriza por manifestações gerais, alterações neurológicas, infecções oportunistas e desenvolvimento de neoplasias malignas. 3.4.1 Manifestações gerais Por manifestações gerais entendem-se os pacientes que apresentam uma ou mais das seguintes alterações: febre persistente por mais de um mês, perda de peso involuntária superior a 10% ou diarreia com duração maior que 30 dias, na ausência de doença concomitante ou outro fator além da infecção pelo HIV para justificar o aparecimento dessas alterações. Pacientes que apresentam essas manifestações, em associação com candidíase oral, enquadram-se no grupo correspondente à síndrome descrita originalmente com o nome de ARC (Aids Related Complex, em português: complexo relacionado à aids) (LEVI; BALDY, 1989). O grupo ARC se referia às pessoas cujo sistema imunológico já se encontra bastante alterado. Na fase em que surgem as primeiras infecções oportunistas, o estagio se associa à perda de peso mais acentuada, diarreia prolongada, fadiga, febre e sudorese noturnas. Também podem estar presentes nódulos linfáticos persistentemente aumentados e esplenomegalia (ROUQUAYROL; VERAS, 1993). 3.4.2 Alterações neurológicas As alterações neurológicas constituem-se por uma ou mais das seguintes alterações: demência, mielopatia ou neuropatia periférica, na ausência de doença concomitante ou outro fator que justifique as alterações, além da infecção do HIV. É bastante comum o complexo da demência da aids, caracterizado por disfunção cognitiva, motora e de conduta, complicação neurológica mais frequente (NAVIA; JORDAN; PRICE, 1986). 30 3.4.3 Infecções oportunistas Segundo Gomes et al. (2004), as infecções oportunistas são as que ocorrem com maior gravidade e frequência, decorrente de um estado de imunossupressão, seja congênita ou adquirida, por uso de medicamentos (quimioterápicos ou corticosteróides) ou por infecção do HIV. Na aids, as infecções oportunistas estão associadas ao deficit da imunidade celular e também com outras alterações imunológicas observadas nessa doença (LEVI; BALDY, 1989). São identificados mais de 100 patógenos capazes de produzir infecções oportunistas em pacientes com HIV (GOMES et al., 2004). Nesse contexto, as infecções oportunistas compõem as principais complicações da doença e também a principal causa de morte. A ocorrência, em geral, manifesta-se quando o indivíduo apresenta uma contagem de linfócitos CD4 < 200 células/mm3 (CDC, 1992a; MIRANDA, 2003; HINRICHSEN et al., 2005). Segundo Miranda (2003), o surgimento das infecções oportunistas compreende a manifestação inaugural da aids, em mais de 80% dos doentes, que em cerca de 30% dos doentes surgem no primeiro ano após atingir-se o valor limítrofe de linfócitos T CD4+, e em 58% no segundo ano. A sobrevivência média após se alcançar esse valor é estimada em três, sete anos e após a ocorrência de uma infecção oportunista definidora de aids em um, três anos. A etiologia dessas infecções oportunistas é múltipla, podendo ser provocadas por fungos, parasitas, vírus e bactérias, incluindo micobactérias (Quadro 1). Quadro 1 – Infecções oportunistas diagnosticadas na aids FUNGOS Candidose • Esôfago, traqueia, brônquios, pulmões Criptococose extrapulmonar Histoplasmose extrapulmonar Ccccidioidomicose extrapulmonar VÍRUS Doença citomegálica Doença herpética • Mucocutânea crônica, brônquios, pulmão esôfago, Leucoencefalopatia multifocal progressiva Síndrome demencial ou encefalopatia Síndrome de emaciação Fonte: MIRANDA, 2003, p. 592. PARASITAS Pneumonia por Pneumocystis carinii Toxoplasmose • Cerebral ou visceral Criptosporidiose/Isosporidiose cronica Estrongiloidíase extraintestinal BACTÉRIAS Tuberculose pulmonar Microbacteriose disseminada • Mycobacterium tuberculosis • Mycobacterim avium complex • Mycobacterium kansasii Sépsis por Salmonella não typhi recorrente Pneumonia bacteriana recorrente 31 É importante relembrar que as infecções, na maioria das vezes, são reativações de microrganismos endógenos, cuja frequência depende da prevalência desses agentes microbianos na população, explicando as variações regionais. Tal fato deve ser reconhecido para um correto diagnóstico e, sobretudo, para a instituição de terapêutica empírica eficaz, durante o aguardo dos resultados em investigação de paciente sintomático (MIRANDA, 2003). Os principais alvos das infecções oportunistas compreendem o aparelho respiratório, especialmente o pulmão; o sistema nervoso; o aparelho digestivo; o sistema hemolinfopoiético; a pele e as mucosas. É comum o atingimento sistêmico, assim como são diversas as entidades nosológicas de apresentação clínica. Esta é variável e depende do órgão ou órgãos atingidos e da gravidade da imunidade. As manifestações clínicas, idênticas para os diferentes agentes etiológicos, podem ser atípicas, inespecíficas ou frustes, ou refletir em atingimento multissitêmico. As infecções oportunistas podem surgir simultaneamente e/ou de forma sequencial, atingindo múltiplos aparelhos ou sistemas. Vale ressaltar que entre os alvos acometidos, “a pele é o primeiro órgão a sofrer as consequências da infecção pelo HIV, sendo, inclusive, o mais atingido durante toda a evolução da doença”, pois a progressão da imunodeficiência favorece a exacerbação e a atipicidade das lesões na pele, podendo ser infecciosas, não infecciosas e neoplásicas (HINRICHSEN et al., 2005b, p. 850). Entre as infecções oportunistas manifestadas na aids, recebe destaque a infecção por Candida albicans, fungo oportunista por excelência, que vive nas cavidades naturais do ser humano (homem ou mulher), geralmente encontrado sob a forma de células arredondadas ou ovais, Gran-positivas, não filamentosas. Quando patogênicas, passam a se filamentar, provocando quadros variáveis em indivíduos imunodeprimidos, que, em geral, têm início em forma de placas esbranquiçadas na boca e na língua. Essas lesões, quando persistentes, passam para o esôfago e podem provocar, ainda, processos viscerais e septicêmicos (LACAZ; PORTO 1990). Outra das principais infecções oportunistas identificadoras de aids é a pneumonia por Pneumocystis carinii. O Pneumocystis carinii é um microrganismo comum que pode residir inofensivamente nos pulmões normais. A doença somente é causada quando o sistema imunitário torna-se debilitado, devido a um cancro ou ao 32 tratamento do mesmo. Na maioria dos afetados, as manifestações clínicas da infecção por Pneumocystis carinii englobam febre, dispneia e tosse seca. Esses sintomas geralmente surgem ao cabo de várias semanas. Os pulmões podem se tornar incapazes de fornecer oxigênio suficiente ao sangue, provocando dispneia grave (MANUAL MERCK, 2009). A infecção por Candida albicans acomete cerca de 90% pacientes, podendo se estender da boca e da orofaringe para o esôfago, onde é determinante para o surgimento de lesões erosivas e dolorosas. Segundo Klein et al. (1984), a duração prolongada e a falta de resposta duradoura, com recorrências muito comuns, compreendem uma das peculiaridades da candidíase oral na aids. Também são observadas infecções intertriginosas por Candida albicans na região inguinal ou perianal. Já a pneumonia por Pneumocystis carinii, de acordo com o CDC (1986), figura como a infecção sistêmica mais comum que se instala inicialmente, de forma isolada, em 56% dos pacientes com aids, e em associação com o sarcoma de Kaposi em 6% dos pacientes. Para Murray, Felton e Garay (1984), o índice é de 85% dos pacientes com comprometimento pulmonar. No caso da aids, mais de 80% dos doentes, que não recebem uma profilaxia estandardizada, desenvolvem em algum momento pneumonia por Pneumocystis (MANUAL MERCK, 2009). No Brasil, um estudo que visou descrever o padrão de mortalidade em decorrência da aids, considerando as causas básicas e associadas de morte no Estado de São Paulo, em 1998, verificou que dentre as 4.619 mortes pela deoença, as principais causas foram: insuficiência respiratória (36,1%), pneumonias (27%), tuberculose (19,6%), septicemias (18,6%), toxoplasmose (12,2%), pneumonia por Pneumocystis carinii (8,3%) e caquexia (7,9%) (SANTO; PINHEIRO; JORDANO, 2009). 3.4.4 Neoplasias malignas As neoplasias principalmente associadas à aids são: o sarcoma de Kaposi e o linfoma (POMERANTZ et al., 1987; KREIGER; HOLLAND, 1988; DAMICO, 1994; HINRICHSEN, 2005b). O sarcoma de Kaposi é uma neoplasia vascular multicêntrica da pele, mucosas, órgãos internos e linfonodos (DUGEL et al., 1992), está relacionado com o herpes-vírus (HV) tipo 8 (HINRICHSEN et al., 2005b), que até 1978 era considerada uma doença rara, que, com exceção da África onde ocorria 33 com maior frequência de forma mais severa, tinha como vítimas especialmente indivíduos idosos, judeus ou descendentes de antepassados da região do mediterrâneo, cuja incidência era muito alta, registrada em jovens homossexuais do sexo masculino, nos Estados Unidos, nos quais o tumores apresentava evolução extremamente grave, constituiu um marco para a caracterização da aids, a partir da década de 1960 (LEVI; BALDY, 1898). Assim, o sarcoma de Kaposi passa a ser reconhecido como uma das principais evidências clínicas e a mais frequente neoplasia relacionada ao HIV. As lesões são maculopápulas eritematovioláceas (roxo-azulado, vermelho- amarronzado) (HINRICHSEN et al., 2005b), que em 20% dos casos acomete as pálpebras, a conjuntiva bulbar ou palpebral e a órbita (DUGEL et al., 1992). Com o avançar da doença, as lesões aumentam em número e tamanho, forma nódulos que podem ulcerar, sangrar e infectar. Em 75% dos casos existe envolvimento visceral, em geral, assintomático (HINRICHSEN et al., 2005b). De acordo com Hinrichsen et al. (2005b), trata-se de uma neoplasia vascular multissistêmica, que acomete exclusivamente os pacientes imunodeprimidos, mais frequentemente em homens. Seu surgimento em indivíduos com idade inferior a 60 anos e sem imunodeficiência é definidor da aids. A transmissão do herpes-vírus 8 pode acontecer por via sexual (mais relacionada às atividades homossexuais, por intercurso anal receptivo), mas também ocorre por via transplacentária (vertical) ou, ainda, durante o trabalho de parto (frequente na África, onde a doença é endêmica). Para controlar a disseminação do tumor, devido ao seu caráter agressivo e visceralizante, a quimioterapia e a imunoterapia são necessárias, embora o uso deva ser criterioso frente ao fato de que esse tipo de tratamento favorece a manifestação das infecções oportunistas. Entretanto, é indicado o tratamento nas lesões isoladas (DUGEL et al., 1992). Segundo Hinrichsen et al. (2005b), o tratamento local é paliativo, com fins cosméticos (radioterapia, cirurgia a laser, quimioterapia intralesional com 0,01 mg de vimblastinas em 0,1 ml de água estéril e crioterapia com nitrogênio líquido). Os linfomas que acometem os pacientes e são definidores da aids são os do tipo não Hodgkin, podem ser classificados em linfomas primário do olho e do sistema nervoso central, além de linfomas sistêmicos (POMERANTZ et al., 1987; FIGUEIREDO et al., 1998). Podem comprometer o tegumento, em forma de lesões eritematosas e infiltrativas de crescimento progressivo, com ou sem ulceração de 34 superfície, apresentando-se por consistência firme e pouco elástica, podendo evoluir para quadros deformantes, destrutivos e/ou, até mesmo, mutilantes (HINRICHSEN et al., 2005). O linfoma não Hodgkin é reconhecidamente derivado de subpopulações de células brancas do sangue (células B e T), que se originam na medula óssea. Compreendem um grande grupo heterogêneo de cânceres do sistema linfoide, original em diferentes locais e apresenta diferentes comportamentos clínicos. Acometem com maior constância os homens, principalmente os de cor branca. Apesar de ser frequente em todo o mundo, apresenta variações com maior prevalência de certos tipos histológicos em determinadas áreas geográficas. Por exemplo, a forma folicular do linfoma (menos agressivo) é rara na América Latina. As causas são variadas. Na deficiência imune, caso da aids e dos transplantados, são tumores agressivos, disseminados e frequentemente associados à infecção pelo vírus de Epstein-Barr (EBV), podendo levar à morte em semanas (CAMPOS, 2003). No linfoma do sistema nervoso central, é comum o acometimento do globo ocular, sendo o tumor multicêntrico, que frequentemente manifesta-se bilateralmente. Em geral, surgem nas etapas mais avançadas da infecção pelo HIV, e o diagnóstico é baseado pela presença de células neoplásicas no vítreo ou em lesões coriorretinianas (SIGEL et al., 1989). 3.5 DIAGNÓSTICO DO VÍRUS HIV/AIDS Como anteriormente comentado, para se considerar o diagnóstico de infecção pelo HIV, é fundamental um elevado índice de suspeita clínica e o uso correto de testes diagnósticos laboratoriais específicos, pois nem sempre é possível identificar um risco de exposição ao vírus (MIRANDA, 2003). Entretanto, deve-se suspeitar da doença em indivíduos pertencentes ao grupo de risco com manifestações gerais descritas, sobretudo quando acompanhadas de linfadenopatia, infecções oportunistas e/ou neoplasias malignas, especialmente o sarcoma de Kaposi. Inicialmente, deve ser realizado um teste ELISA (Enzime Linked ImmunoSorbent Assay) ou Ensaio Imunoenzimático (MARQUES; MASUR, 2005). 35 O teste ELISA é o mais utilizado, devido à sua simplicidade para realização, e também a elevada sensibilidade e especificidade. Um estudo que testou 88 indivíduos com aids e 297 doadores de sangue voluntários (grupo controle), verificaram 97,3% de sensibilidade e 98,6% de especificidade para o teste imunoenzimático, demonstrando que o resultado falso-negativo para esse método é muito baixo (LEVI; BALDY, 1989). Entretanto, na positividade do teste ELISA, deve-se proceder a um teste western blot para confirmar que o resultado daquele teste seja específico para HIV. Se ambos os testes (ELISA e western blot) forem negativos ou inconclusos, e houver a suspeita de síndrome retroviral aguda, deve ser obtida uma carga viral HIV-1. O vírus pode ser detectado por meio de PCR (reação de polimerase em cadeia), durante os sete primeiros dias após a infecção, tornando esse teste uma útil ferramenta, nos casos de intervenção precoce. Os resultados verdadeiros positivos são sempre em 100 mil cópias/ml ou mais altos. Valores menores do que dez mil cópias m/l devem ser vistos com suspeita e uma amostra de repetição deve ser colhida, pois leituras falso-positivas podem ocorrer (MARQUES; MASUR, 2005). A imunofluorescência indireta e a radioimunoprecipitação (RIPA), pelo custo e razões de ordem técnica, são realizadas em laboratórios de pesquisa apenas. O western blot é um exame mais específico que o ELISA, pois demonstra a presença de anticorpos próprios de vários antígenos do HIV: p24, p17 e gp41. O RIPI, embora de alto custo e trabalhoso, é o teste de maior especificidade conhecido, pois possibilita demonstrar todas as proteínas antígenas do HIV (ESSEX et al., 1985). No caso de indivíduos infectados com o vírus HIV-2, o teste ELISA, que não contém antígenos HIV-2, pode ser negativo e o western blot do HIV-1, geralmente, é fracamente reativo. Para o teste de tais infectados, os ensaios bDNA podem refletir a carga viral de forma mais acurada, em comparação com os ensaios de PCR. Além disso, pacientes infectados com o grupo O do HIV-1 podem apresentar resultados negativo no teste ELISA, assim como resultados negativos ou indeterminados no western blot. Dessa forma, tanto os testes para HIV-2 quanto para certas variantes pouco usuais do HIV-1 exigem conhecimento especial dos produtos de testes específicos utilizados (MARQUES; MASUR, 2005). 36 3.6 A TRANSMISSÃO DO VÍRUS HIV A transmissão do vírus HIV acontece por meio do sangue e seus derivados, pelo esperma e de mãe para o concepto de mãe para filho (HINRICHSEN et al., 2005a. Segundo Piot et al. (1988), há no mundo três padrões epidemiológicos não imutáveis e podem coexistir entre si. O primeiro padrão (ou Padrão I) foi introduzido entre o final da década de 1970 e o início da década de 1980. Atinge homossexuais, bissexuais masculinos e usuários de dragas. Nele, a transmissão sexual é predominante no homossexual; a transmissão parenteral é relacionada aos usuários de drogas e a transmissão perinal é pouco comum. Sua distribuição ocorre nos EUA, Canadá, México, Brasil e partes da América Latina, Europa Ocidental, Austrália e Nova Zelândia. O Padrão II foi introduzido ao final da década de 1970 e atinge heterossexuais. A transmissão, nesse padrão, é predominantemente heterossexual, constituindo as prostitutas um importante elo na cadeia de propagação do vírus; a transmissão parenteral se dá através do sangue e/ou derivados sanguíneos contaminados, reutilização de agulhas e seringas contaminadas de clínicas de doentes sexualmente transmissíveis, e a transmissão perinatal é comum. Sua distribuição foi pela África Central, Oriental e do Sul; além de Haiti e República Dominicana. O terceiro padrão (Padrão III) foi introduzido no início e na metade da década de 1980, constituindo apenas 1% do total de casos. Atinge indivíduos que estiveram nos países de Padrão I e II e mantiveram contato sexual com pessoas contaminadas. Nesse padrão, a transmissão sexual envolve contato homossexual e heterossexual com estrangeiros; a transmissão parenteral é por meio de sangue e/ou produtos sanguíneos contaminados importados. A distribuição engloba a Ásia, a Europa Oriental, os países do Pacífico, com exceção da Austrália e da Nova Zelândia (LACAZ; MARTINS, 1990). Entre os modos de transmissão, destaca-se com larga escala a transmissão sexual, comprovadamente responsável pela maioria dos casos, incluindo contato homossexual, bissexual e heterossexual, assim como parceiros sexuais de alto risco para aids (REDFIELD et al., 1986), que é aumentada pela prática do intercurso anal, na presença de úlceras genitais e na presença de imunodeficiência avançada do transmissor. O risco de infecção aumenta na presença de infecções sexualmente transmissíveis (IST); ausência de circuncisão e relações sexuais durante o período menstrual (HINRICHSEN et al., 2005b). A transmissão sexual heterossexual é 37 bidirecional, o vírus pode ser transmitido tanto de homem para mulher quanto de mulher para homem (GINZBURG et al., 1988). A transmissão parenteral atinge predominantemente hemofílicos, politransfundidos e usuários de drogas EV. Os usuários de drogas EV (heroína e cocaína) constituem a principal fonte de transmissão do HIV em heterossexuais (homens e mulheres), em grandes centros urbanos. O fato de um grande contingente de mulheres drogadas e parceiras de usuários de drogas EV serem atingidas pelo vírus aumenta; consequentemente, o percentual de aids em crianças (RUBINSTEIN et al., 1983). A transmissão vertical do HIV (perinatal), que ocorre de mãe para filho, foi identificada a partir do final da década de 1980, sugerindo a infecção do concepto transplacentária, durante o trabalho de parto ou em período pós-natal, cuja maioria ocorreu inicialmente em haitianas, usuárias de drogas EV ou parceiras sexuais de pacientes aidéticos (JONCAS et al., 1983; SCOTT et al., 1984). Nesse contexto, a infecção transplacentária traduz o mecanismo mais frequente de contágio do HIV. Já a infecção pós-natal, por meio do leite materno, não é muito evidente, embora o HIV já tenha sido isolado no leite materno e sua provável transmissão, por meio desse, já tenha sido registrada (ZIEGLER et al., 1985). Vale ressaltar que a transmissão vertical tem seu risco aumentado ao passo que a imunodeficiência da mãe progride (HINRICHSEN et al., 2005). No Brasil, segundo dados da 17.ª edição do Boletim Epidemiológico AIDS, do Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e AIDS (DST/AIDS) do Ministério da Saúde (JORGE, 2004), a principal forma de contaminação continua sendo o relacionamento sexual: 63,8% dos casos de aids diagnosticados entre 1980 e 2003, sendo que, desde a década de 1990, o maior número de casos ocorre entre os heterossexuais. No ano de 2003, 39,6% das infecções em homens com 13 anos ou mais teve como responsável o sexo praticado com mulheres. A transmissão de aids devido à prática homossexual vem apresentando significativa redução: em 1992, a prática sexual com pessoa do mesmo sexo respondeu por 25,2% dos casos diagnosticados, índice que caiu para 15,9%, em 2003. Em 2002, foram diagnosticados 22.295, observando-se uma redução de 13,5% em relação a 2001. Entre os homens, a faixa etária mais vulnerável é a de 25 a 49 anos, em que se encontram 79% dos casos da doença no sexo masculino. Já para o sexo feminino, a faixa etária mais acometida é dos 20 aos 49 anos, com registro de 83,4% dos casos 38 femininos da doença. O contato com sangue contaminado foi responsável por 20,3%, e o contágio perinatal por 2,9% dos casos. É importante acrescentar que o percentual de forma de contaminação ignorada ultrapassa 20%, nos últimos cinco anos. 3.7 TRATAMENTO DA INFECÇÃO DO VÍRUS HIV/AIDS O tratamento para a infecção pelo vírus HIV evolui continuamente desde a introdução dos inibidores de protease (IP), que modificaram a história natural da aids, especialmente a partir do uso combinado de pelo menos dois inibidores da transcriptase reversa, passando a determinar uma significativa diminuição da morbidade e mortalidade em decorrência da aids (LOMAR; DIAMENT, 2005). As cópias do vírus realizadas durante a integrase são criadas unidas umas às outras. Para que possam infestar o organismo, é preciso que se separem, o que é feito pela protease, enzima que separa as cópias que o HIV faz de si mesmo. Os IP são drogas que impedem essa separação, controlando a infecção (BRASIL, 2009). Mais tarde, em 1996, a associação de três fármacos antirretrovirais mudou totalmente a história natural da doença. A essa combinação de três antirretrovirais contendo IP deu-se o nome de HAART (Highly Active Antiretroviral Therapy), que no Brasil recebeu a denominação de “coquetel”. Nomes que também podem ser atribuídos aos esquemas contendo dois INTR com um INNTR (inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa), que demonstram ter potência similar ou, até mesmo, superior aos IPs (LOMAR; DIAMENT, 2005). Como o objetivo do tratamento antirretroviral é a redução dos níveis de RNAHIV para o mínimo possível, pelo maior tempo possível, de preferência utilizando esquemas medicamentosos que preservem futuras opções e estejam relativamente livres de efeitos colaterais e adaptados às necessidades de cada paciente para a adesão, as vantagens do tratamento precoce concentram o controle da replicação viral, a prevenção da deficiência imunológica progressiva, uma tolerância aos medicamentos e a redução da transmissão viral. Por outro lado, quanto maior o adiamento no tratamento antirretroviral maiores as chances de piora da qualidade de vida, resistência medicamentosa precoce, limitações às futuras opções de tratamento, efeitos tóxicos de medicamentos em longo prazo e risco de transmissão 39 de cepas resistentes. O Quadro 2 apresenta os principais esquemas de antirretrovirais utilizados, bem como suas vantagens e desvantagens (HINRICHSEN et al., 2005b). Concomitantemente, de um lado, a correlação clínica entre o grau de imunodeficiência e a contagem de linfócitos CD4+ estabeleceu-se amplamente; e, de outro, o conhecimento da dinâmica viral e o surgimento de métodos laboratoriais que mensuram a quantidade de vírus circulante no plasma tornaram possível monitorar de forma confiável e objetiva a evolução, assim como do tratamento da infecção pelo HIV (LOMAR; DIAMENT, 2005). Recentemente, foi lançada uma nova classe de inibidores: os inibidores de função (IF) (BRASIL, 2009). Estudados desde 1994, foi lançado em 2005 o medicamento com o nome genérico de enfuvirtida, atua inibindo a molécula gp41 do vírus HIV e a fusão desde a célula do hospedeiro (LOMAR; DIAMENT, 2005). A Enfuvirtida é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2005 para pacientes com indicação médica, de acordo com os critérios da Norma Técnica n.º 44/05 do Programa Nacional de DST/AIDS do Ministério da Saúde do Brasil (PNDST/AIDS-MS) (SANTOS, 2009). O medicamento, ao contrário de todos os medicamentos cuja ação era combater o HIV após a entrada do vírus nas células do organismo (antirretrovirais de ação intracelular), age antes dessa invasão, impedindo o vírus de entrar na célula para se desenvolver (antirretroviral de ação extracelular) e impedindo que o vírus consiga encontrar uma célula onde possa se alojar e se reproduzir, causando sua morte, funcionando como uma nova proteção contra a infestação desse vírus no organismo (BRASIL, 2009). A administração do IF não é oral porque se trata de um peptídeo, rapidamente digerido no trato gastrintestinal. Estudos mostraram que a via para administração subcutânea é mais efetiva que a intramuscular, e é bem tolerada, mantendo as concentrações do medicamento em estado de equilíbrio durante 12 horas após a injeção subcutânea. Em estudo, nas fases I e II, a monoterapia com o inibidor de fusão resultou em uma rápida redução de carga viral, média de 1,96 log10 cópias/ml depois de 14 dias de tratamento. Os eventos adversos sistêmicos descritos com mais frequência foram diarreia, náuseas e fadiga, com uma significativamente ocorrência no grupo da enfuvirtida que no grupo-controle. As reações no local de aplicação foram relatadas por 649 (98%) dos pacientes que 40 recebem o inibidor de fusão Enfuvirtida, disponibilizado pelo Ministério da Saúde. Em outro estudo sobre a aceitação da medicação, a maioria dos pacientes sentia-se bem com a autoaplicação (administração subcutânea), não apresentando dificuldade significativa com a refrigeração e a reconstituição da droga, além de relatarem pouco ou nenhum impacto das injeções de enfuvirtida sobre as atividades da vida diária. Atualmente, o medicamento vem sendo utilizado como opção de resgate para pacientes com múltiplas falhas e que tenham, pelo menos, uma ou duas drogas ativas indicadas pelo exame de genotipagem, conforme a Nota Técnica n.º 50/05 do PN-DST/AIDS-MS (SANTOS, 2009). 41 Quadro 2 – Benefícios do tratamento antirretroviral ESQUEMA 2 ITNR + IP 2 ITRN + ITRNN ABC + 3TC + AZT VANTAGEM Amplamente estudado; Durabilidade > 3 anos; Barreira genética à resistência; Poupador de ITRNN. O EFV parece comparável aos esquemas com IP em relação à resposta da carga viral; Durabilidade (≥ 2 anos); Poupador de IP; Barreira farmacológica à resistência; Boa penetração no SNC; Comodidade de dose 1 x ao dia (EFV). Esquema poupador de IP; Simplicidade de um único comprimido 2 x ao dia. DESVANTAGEM Resistência cruzada entre IP; Inconveniente posologia 2x ou 3x ao dia ± exigências; Efeitos tóxicos: intolerância digestiva, anormalidades metabólicas, paraefeitos específicos de cada agente. Resistência cruzada entre ITRNN; Efeitos tóxicos: no SNC (EFV), erupções cutâneas, alterações lipídicas (EFV), hepatotoxicidade (NVP); Possível redução da potencia em caso de alta carga viral inicial (NVP, DLV). Pode ter resposta subótima na vigência de alta carga viral inicial; Potencial para ampla resistência aos ITRNs; Reações de hipersensibilidade (ABC); Possível aumento da toxicidade mitocondrial. Resistência cruzada entre IP; Efeitos tóxicos: intolerância digestiva, alterações metabólicas e paraefeitos específicos de cada agente; Interações medicamentosas complexas. Beneficio farmacológico com doses reduzidas e maiores intervalos entre as doses (dependendo do esquema); 2 ITRN + 2 IP Aumento questionável da potência; Melhora da tolerabilidade. Aumento questionável da Risco de resistência às três classes; potência; Efeitos tóxicos: soma dos paraefeitos das 2 ITRN + IP + ITRNN Redução questionável da três classes; probabilidade de resistência. Interações medicamentosas complexas. Boa potência; Experiência limitada. IP + ITRNN Evita a toxicidade mitocrondrial. Fonte: HINRICHSEN et al., 2005b, p. 871. ITRN: inibidor de transcriptase reversa nucleosídeo; IP: inibidor de protease; ITRNN: inibidor de transcriptase reversa não nucleosídeo; ABC: abacavir; 3TC: lamivudina; AZT: zidovudina; EFV: efavirens; SNC: sistema nervoso central; NVP: nevirapina; DLV: delavirdina. Segundo Gabriela (apud DIAS, 2009), a utilização da enfuvirtida é indicada para pacientes que já tenham desenvolvido resistência cruzada, ou seja, nos casos em que o vírus aprende a se defender das drogas. Essa é outra vantagem do novo medicamento, pois o vírus ainda não o conhece e, dessa forma, não consegue resistir aos seus componentes ou modo de ação. Atualmente, os medicamentos utilizados no tratamento antirretroviral concentram quatro grupos: INTS, INNTR, IP e IF. O Quadro 3 apresenta os antirretrovirais disponíveis. 42 Quadro 3 – Antirretrovirais disponíveis NOME GENÉRICO ABREVIATURA Zidovudina ZDV/AZT Didanosina DDI Didanosina EC DDI EC Estadudina D4T Lamivudina 3TC Abacavir ABC Zidovudina + Lamivudina AZV/3TC Tenofovir TDF Emtricitabina FTC Nevirapina NVP Efavirenz EFV Indinavird IDV Ritonavir RTV Nelfinivir NFV Amoprenavir APV Fosamprenavird fAPV Saquinavir SQV Cápsula durab Saquinovir SQV Cápsula gel Lopina/ritonavir LPV/r Atazanavir d.e ATV Enfuvirtida T-20 Fonte: Adaptado de LOMAR; DIAMENT, 2005, p. 236. NOME COMERCIAL Retrovir Videx Videx EC Zeritavir Epivir Ziagenavir Biovir Viread Emtriva Viramune Stocrin Crixivan Norvir Viracept Agenerase Lexiva IP GRUPO INTR INTR INTR INTR INTR INTR INTR Intr INTR INNTR INNTR IP IP IP IP IP Invirase IP Fortovase IP Kaletra Reyataz Fuzeon IP IP IF A eficácia dessas associações terapêuticas (esquemas antirretrovirais) aliada à acessibilidade aos medicamentos, permite que a infecção tenha passado a ser classificada como uma doença crônica (CECCATO et al., 2004), elevando a sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes soropositivos (VALENTE et al., 2009). No entanto, apesar de o tratamento antirretroviral ter aventado a possibilidade de erradicação do HIV, estudos realizados com esse sentido mostraram a impossibilidade da completa eliminação do vírus no organismo. Assim, considerando-se os atuais conhecimentos, os pacientes infectados deverão fazer uso contínuo desses medicamentos (LOMAR; DIAMENT, 2005), observando-se que a terapia antirretroviral por tempo prolongado é acompanhada de alterações metabólicas como dislipidemia, resistência insulínica, hiperglicemia e redistribuição da gordura corporal, fatores de risco para doença cardiovascular. O conjunto dessas alterações é conhecido como síndrome lipodistrófica do HIV (SLHIV) (VALENTE et al., 2009). Tal quadro faz muitos dos pacientes terem dificuldades de adesão ou a se recusarem a dar continuidade ao tratamento. 43 4 OBJETIVOS 4.1 OBJETIVO GERAL Descrever o perfil epidemiológico dos pacientes adultos com aids/SIDA e os portadores do vírus HIV, de ambos os sexos, internados no setor de doenças transmissíveis, entre os anos de 2002 a 2006, no Hospital Universitário Norte do Paraná (HU), de Londrina-PR. 4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Identificar o motivo pelo qual houve a necessidade da hospitalização; • Mensurar a letalidade por aids, exclusivamente na unidade de doenças transmissíveis; • Descrever o coeficiente e taxa de reincidência de infecções oportunistas nos pacientes em estudo; • Descrever os índices de sobrevivência e determinar as taxas de sobrevivência. 44 5 METODOLOGIA 5.1 NATUREZA DA PESQUISA Trata-se de um estudo exploratório descritivo, com abordagem quantitativa, pois é ideal para conhecer opiniões, assim como avaliar graus de satisfação e detectar sugestões a cerca de um determinado serviço, por meio de questionário e levantamento de prontuário cliente/paciente. De acordo com Vergara (1998, p. 47), a pesquisa descritiva “expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno”, podendo estabelecer correlações entre variáveis e a definição de sua natureza. Não possui explicar os fenômenos que descreve, embora compreenda a base para suas explicações. 5.2 LOCAL DA PESQUISA A pesquisa foi desenvolvida em um Hospital Universitário da Rede Pública do Estado, em Londrina-PR. O Hospital Universitário (HU) é um hospital terciário, de grande complexidade. É centro de referência regional para o SUS e dispõe do título de Hospital Amigo da Criança. Atende pacientes procedentes de cerca de 250 municípios do Paraná e mais de 100 cidades de outros Estados. Possui 289 leitos, todos disponíveis para o SUS, 21 leitos extras (macas) cadastrados junto ao SUS, 44 leitos na Maternidade Municipal que atua integrada com o HU. Possui 120 salas de consultas no Ambulatório “Hospital de Clínicas”, e sete salas cirúrgicas. Possui UTIs (Adultos, Pediátrica e Neonatal), hemodinâmica, hemodiálise, banco de leite, pronto-socorro em regime de plantão permanente e presta serviço de assistência à saúde em praticamente todas as especialidades médicas. O HU é referência em Londrina no setor de doenças transmissíveis. 45 5.3 SUJEITOS DA PESQUISA Pacientes com aids/SIDA e os portadores do vírus HIV, adultos, de ambos os sexos, internados no setor de doenças transmissíveis, entre os anos de 2002 a 2006, no Hospital Regional Norte do Paraná (HU), de Londrina-PR. 5.4 COLETA DE DADOS Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, foi enviado para o setor de bioestatística a solicitação para a realização da pesquisa a pedido da Diretoria do Hospital, conforme apêndice D, o qual permitiu a coleta. A coleta de dados foi realizada no período de novembro de 2008 a março de 2009, no período matutino e/ou vespertino, horário estabelecido pelo supervisor do setor de arquivo dos prontuários. Para a coleta de dados, realizou-se o levantamento em prontuário, por meio de censo, utilizando formulário, o qual investigou as variáveis relativas à pessoa (demográficas, sociais, estilo de vida), ao tratamento prescrito, a manifestações de infecções oportunistas e letalidade, conforme Apêndice A. Para preservar a não-identificação da população entrevistada, durante a apresentação e discussão dos dados, caso necessário, os questionários foram identificados pela denominação “Prontuário AA”, seguida da numeração arábica em ordem crescente. 5.4.1 Critérios de inclusão e exclusão na amostra Os critérios para inclusão foram: • prontuários dos pacientes portadores de HIV/aids adultos, que foram internados no período de 2002 a 2006; • prontuários com dados completos pertinentes a pesquisa; Os critérios para exclusão foram: • prontuários dos pacientes internados na unidade de doenças transmissíveis, portadores de outras patologias que não fazem parte da pesquisa. • prontuários com dados incompletos. 46 5.5 ASPECTOS ÉTICOS Foi enviado um ofício solicitando a autorização para a realização da pesquisa para a Diretoria do Hospital, conforme (Apêndice C). Após, o recebimento da autorização por escrito, foi anexado ao projeto e encaminhado para o Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Filadélfia (UNIFIL), Londrina-PR. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi utilizado, conforme estabelece Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, determinando que todo e qualquer procedimento que envolve o ser humano é considerado uma pesquisa e deve obedecer à diretriz da referida Resolução, conforme Apêndice B. Somente após a autorização do Comitê de Ética em Pesquisa foi iniciada a coleta dos dados, entre os meses de novembro de 2008 a março de 2009 (Anexo A). 5.6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS O conjunto de informações disponíveis, após a pesquisa de campo, foi denominado tabela de dados brutos e contém os dados da maneira como foram coletados inicialmente. Esses dados são classificados como numéricos e não numéricos, sendo os numéricos denominados dados quantitativos ao passo que os não numéricos são denominados qualitativos. Variáveis quantitativas podem ser subdivididas em discretas e contínuas, em que as discretas podem ser vistas como resultantes de contagens, assumindo assim, em geral, valores inteiros. Já as contínuas assumem valores em intervalos dos números reais e, geralmente, são provenientes de uma mensuração (MAGALHÃES, 2005). Em análise de sobrevivência, o objetivo é estimar a função de sobrevivência da variável em estudo. O delineamento de estudos com respostas dessa natureza pode ser observacional ou experimental, assim como pode ser retrospectivo ou prospectivo. As formas básicas de estudos clínicos são: descritivo, caso-controle, coorte e clínico aleatorizado, sendo os dois últimos os mais utilizados. No estudo clínico de coorte, o pesquisador seleciona dois grupos para a realização de um experimento, onde são registradas as ocorrências do evento em interesse, em um determinado período de tempo. 47 Os componentes que constituem a variável resposta, na função de sobrevivência, são a censura e o tempo de falha. Censura é a observação na análise de sobrevivência que não cumpriu o seguimento estabelecido, desconhecendo o motivo. Como por exemplo, um paciente recebe um transplante renal e sai da coorte de acompanhamento da hemodiálise, ou abandono devido a efeitos adversos de tratamento. Nesses casos, o tempo de sobrevivência não é medido instantaneamente e independentemente do tamanho da resposta; os maiores valores necessitam de mais tempo e persistência para serem observados, sendo que esses fatos podem comprometer a observação do valor da variável para alguns indivíduos, uma vez que o evento de interesse pode não ocorrer até o final do tempo de estudo (COLOSIMO; GIOLO, 2006). A estimação não paramétrica é realizada sem que se faça qualquer suposição acerca da distribuição de probabilidade do tempo de vida, e assim não possui parâmetros a serem estimados. Quando se tem a presença de censuras, devem-se utilizar outras formas de estimação. Há diversos estimadores não paramétricos para conduzir uma análise, como o método de Kaplan-Meier, atuarial simples e atuarial padrão. O estimador não paramétrico de Kaplan-Meier, proposto por Kaplan e Meier (1958) para estimar a função de sobrevivência, é também conhecido como estimador produto-limite. É um dos estimadores mais utilizados em estudos clínicos. O estimador de Kaplan-Meier utiliza os conceitos de independência de eventos e de probabilidade condicional para desdobrar a condição de sobreviver até o tempo t em uma sequência de elementos independentes que caracterizam a sobrevivência em cada intervalo de tempo anterior a t e cuja probabilidade é condicional aos que estão em risco em cada período. Segundo Carvalho e Andreozzi (2005), a expressão estimador limiteproduto, de Kaplan-Meier, refere-se ao fato de que a probabilidade de sobrevida até a data especificada é estimada considerando-se que a sobrevivência até cada tempo é independente da sobrevivência até outros tempos e, consequentemente, a probabilidade de se chegar até o tempo t é o produto da probabilidade de se chegar até cada um dos tempos anteriores. O método de Kaplan-Meier gera uma função escada que salta em cada tempo onde ocorreu um evento, sendo que o tamanho desse salto depende do número de eventos observados nesse tempo e também do número de observações 48 censuradas antes dele. Essa função é em escada porque o risco se mantém constante até a ocorrência do próximo evento, (CARVALHO; ANDREOZZI, 2005). Em análise de sobrevivência interessa analisar os fatores que contribuem para a ocorrência do evento de interesse, isto é, características como o sexo, a idade, a utilização de determinado fármaco, entre outras, podem ter um papel importante no tempo de sobrevivência, e irão originar curvas de sobrevivência distintas. A estratégia utilizada, com base no estimador de Kaplan-Meier, para comparar as diferentes curvas correspondentes aos vários grupos, é a estratificação, que consiste na divisão do conjunto total de observações em grupos distintos, de acordo com as covariáveis de interesse, e na estimação das funções de sobrevivência, separadamente para cada um dos grupos. As curvas de sobrevivência auxiliam na interpretação dos resultados obtidos pelo estimador de Kaplan-Meier, facilitando a visualização do comportamento dos grupos, de acordo com a estratificação, ou seja, pode-se ter uma ideia visual do que está ocorrendo. Porém, para concluir se essas curvas diferem significativamente, é necessário realizar um dos testes de hipóteses não paramétricos adequados a essa situação. Neste trabalho será utilizado o teste de log-rank para comparar as curvas, com um nível de significância de 5%. O teste log-rank compara a distribuição da ocorrência dos acontecimentos observados em cada grupo, com a distribuição que seria esperada, se a incidência fosse igual em todos os grupos. Se a distribuição observada for equivalente à distribuição esperada, diz-se que a função de sobrevivência dos indivíduos pertencentes ao grupo coincide com a função de sobrevivência dos indivíduos em geral (a covariável não tem efeito na sobrevida) (CARVALHO; ANDREOZZI, 2005). A Modelagem Matemática consiste na arte de transformar problemas da realidade em problemas matemáticos e resolvê-los interpretando suas soluções na linguagem do mundo real. Quando se procura refletir sobre uma porção da realidade, na tentativa de explicar, entender, ou agir sobre ela, o processo usual é selecionar, no sistema, argumentos ou parâmetros considerados essenciais e formalizá-los por meio de um sistema artificial: o modelo. 49 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO O estudo foi realizado com os prontuários médicos de pacientes portadores do vírus HIV/aids entre 1/01/2002 a 31/12/2006, dos hospitais: Universitário (HU), com 71% dos casos, e das Clínicas (HC), com 29% dos casos. A população foi constituída de 497 pacientes, sendo 309 do sexo masculino (62%) e 188 do feminino (38%). As Tabelas de 3 a 7 mostram o perfil dos pacientes diagnosticados e internados no período de estudo com o vírus do HIV/aids. Tabela 3 – Procedência dos pacientes e a proporção em relação à população do município Procedência Londrina Cambé Rolândia Ibiporã Arapongas Jaguapitã Outras Não informou Total * IBGE/2007 N 325 26 11 21 8 42 54 10 497 % 65.39 5.23 2.21 4.23 1.61 8.45 10.87 2.01 100 *População Proporção 497833 0.07 92888 0.03 53437 0.02 45158 0.05 96669 0.01 11782 0.36 - Nota-se que a maioria do pacientes residia no município de Londrina (65%), refletindo no local do estudo. Entretanto, houve um destaque para a cidade de Jaguapitã, com 8,5% dos casos, cidade que possui uma casa de repouso para os pacientes portadores de HIV/aids. Quando necessitam de atendimento hospitalar, são transferidos para o HU de Londrina-PR, pois o mesmo é referência na região para o atendimento da população em estudo. Tabela 4 – Nível de escolaridade dos pacientes Escolaridade Analfabeto Fundamental incompleto Fundamental completo Médio incompleto Médio completo Superior incompleto Superior completo Nao informou Total N 15 275 52 13 42 2 8 90 497 % 3.02 55.33 10.46 2.62 8.45 0.40 1.61 18.11 100 50 No que se refere à educação formal, com baixo nível de escolaridade, 58% os pacientes não completaram o Ensino Fundamental (1.ª a 4.ª séries). O grau de escolaridade é um dado que deve ser considerado, pois a conscientização sobre a enfermidade requer um nível satisfatório de escolaridade do paciente. Tabela 5 – Situação conjugal dos pacientes Situação conjugal Casado (a) no civil União livre Solteiro(a) Divorciado(a) Viúvo (a) Não informou Total N 43 169 199 47 29 10 497 % 8.65 34.00 40.04 9.46 5.84 2.01 100 Em relação à situação conjugal, os solteiros possuem maior incidência, seguidos de união livre, com 40% e 34%, respectivamente. Tal achado coincide com diversos estudos de mesmo cunho, como, por exemplo, o estudo que avaliou o conhecimento de mulheres portadoras do HIV/aids sobre a sua infecção, realizado com uma população de 30 mulheres portadoras de HIV/aids, em um ambulatório especializado da cidade de Fortaleza-CE, o qual detectou que a maioria (60%) “era casada e considerava sua convivência prolongada com o parceiro uma condição segura contra o HIV/AIDS” (CARVALHO et al., 2006). Em sentindo semelhante, estudos mostram que a convivência prolongada faz com que a mulher se sinta imunizada, confiando totalmente em seu companheiro e despreocupando-se com possíveis traições. Acreditam que a fidelidade e a situação conjugal de casadas ou união livre que possuem funcionam como uma imunização natural contra a infecção. Em outras palavras, a convivência com alguém que ama e a confiança no parceiro são facilitadores da negação do risco (ALVES et al., 2002; GALVÃO; CERQUEIRA; MARCONDES-MACHADO, 2004). Tabela 6 – Renda familiar dos pacientes Renda Familiar Até 1 salário mínimo 2 salários mínimos 3 salários mínimos 4 salários mínimos 5 salários mínimos Não informou Total N 206 130 14 2 1 144 497 % 41.45 26.16 2.82 0.40 0.20 28.97 100 51 Quanto à renda, detectou-se que a maioria da população (41,4%) percebia mensalmente um valor equivalente de até um salário mínimo e 26,2% se beneficiavam de dois salários mínimos. Esses índices demonstram que a infecção é predominante nas populações de classe econômica menos favorecida, conforme apontam diversos estudos, que demonstram o crescimento da epidemia em estratos sociais menos favorecidos. Tais estudos prestam informações sobre o predomínio da infecção do HIV/aids em populações de baixa escolaridade, trabalhadores de setores industriais e trabalhadores braçais sem qualificação definida. Segundo Helena, Mafra e Simes (2009, p. 6): “uma das possíveis explicações para esses resultados é de que a população com mais anos de estudo tem maior acesso à informação, métodos de prevenção e consciência do impacto positivo do tratamento na evolução clínica da doença”. Tabela 7 – Profissão dos pacientes Profissão Autônomo (a) Do lar Aposentado(a) Desempregado(a) Diarista/doméstica Pedreiro Presidiário (a) Caminhoneiro/motorista Pintor Cabeleireiro Agricultor Cozinheira Profissional do sexo Garçom/Garçonete Vendedor Comerciante Catador de papel Funcionário publico Operador de máquinas Ajudante de produção Auxiliar de enfermagem Costureira Não informou Outros (incidência < 1%) Total N 101 86 38 33 22 16 15 12 12 9 8 8 8 7 7 6 6 6 6 5 5 5 6 70 497 % 20.32 17.30 7.65 6.64 4.43 3.22 3.02 2.41 2.41 1.81 1.61 1.61 1.61 1.41 1.41 1.21 1.21 1.21 1.21 1.01 1.01 1.01 1.21 14.08 100 Entre as profissões exercidas, as que mais aparecem são: autônomo (20%), do lar (17%), aposentado (7,6%) e os demais com menos de 7% de incidência. Vale ressaltar que as profissões ocupadas pela maioria dos pacientes exigem baixo grau de escolaridade. Em relação à situação conjugal, os solteiros possuem maior incidência, seguidos de união livre, com 40% e 34%, respectivamente. 52 A Tabela 8 apresenta os casos diagnosticados entre os anos de 1985 e 2006, elencando os percentuais relativos à infecção por HIV e aids propriamente dita, ano a ano, considerando o desvio-padrão. Tabela 8 – Ano do diagnóstico de HIV/aids, seguido da média de casos por ano e do desvio-padrão Ano 1985 1986 1987 1988 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Não Informou Total Média de casos por ano Desvio padrão Ano de diagnóstico HIV N % N 2 0.40 2 1 0.20 1 4 0.80 4 1 0.20 1 15 3.02 14 12 2.41 10 12 2.41 11 12 2.41 12 18 3.62 16 22 4.43 21 26 5.23 27 36 7.24 35 37 7.44 38 38 7.65 38 44 8.85 45 21 4.23 21 44 8.85 46 52 10.46 50 35 7.04 39 41 8.25 42 22 4.43 22 2 0.40 2 497 100 497 23.57 16.29 AIDS % 0.40 0.20 0.80 0.20 2.82 2.01 2.21 2.41 3.22 4.23 5.43 7.04 7.65 7.65 9.05 4.23 9.26 10.06 7.85 8.45 4.43 0.40 100 A Figura 2 ilustra a evolução dos casos diagnosticados de HIV /aids, na população objeto do estudo, evidenciando o declínio de incidências. Figura 2 – Evolução dos casos de HIV/AIDS diagnosticados no estudo 53 A partir dos dados elencados na Tabela 8, procedeu-se uma estimativa da ocorrência de novos até o ano de 2012. De acordo com o Modelo Matemático desenvolvido para estimar os futuros casos de HIV/aids, verifica-se que a proporção de casos tende a ser menor nos próximos anos. O Modelo Matemático encontrado tem um coeficiente de correlação igual a 91%, ou seja, a proporção de casos de HIV/aids de acordo com os anos é explicada em 91% pelo modelo desenvolvido, sendo que este pode ser usado para estimar os próximos seis anos, após o período do estudo. Tabela 9 – Proporção de diagnósticos de HIV/aids, seguido do Modelo Matemático M(x), estimando a proporção de casos até 2012 ANO CASOS DE AIDS % ** CASOS DE AIDS (M(x)) 1985 2 0,40 1 1986 1 0,20 2 1987 4 0,81 3 1988 1 0,20 4 1990 15 3,03 7 1991 12 2,42 10 1992 12 2,42 13 1993 12 2,42 16 1994 18 3,64 20 1995 22 4,44 24 1996 26 5,25 28 1997 36 7,27 31 1998 37 7,47 35 1999 38 7,68 38 2000 44 8,89 40 2001 21 4,24 41 2002 44 8,89 40 2003 52 10,51 39 2004 35 7,07 37 2005 41 8,28 34 2006 22 4,44 31 27 2007 23 2008 19 2009 15 2010 12 2011 9 2012 Estimativa para os próximos 6 anos (d.p. = 6,4) % 0,24 0,36 0,54 0,77 1,48 1,97 2,55 3,23 3,97 4,76 5,56 6,33 7,02 7,57 7,97 8,16 8,14 7,92 7,50 6,91 6,21 5,44 4,64 3,85 3,12 2,46 1,89 Na estimativa realizada na Tabela 9, verificou-se que deverá haver uma redução significativa de novos casos de aids nos próximos seis anos, na monta de 27 casos (5,44%) em 2007, para 9 casos (1,89%), em 2012. Segundo os últimos dados do Ministério da Saúde, houve uma redução de 26% no número de casos 54 registrados: de 30 mil novos casos em 1988 para 22 mil em 2003. A Figura 3 ilustra o quadro apresentado. Figura 3 – Proporção de diagnósticos de HIV/aids seguido do modelo Matemático M(x), estimando a proporção de casos até o ano de 2012 Mediante a avaliação da distribuição de internações no período do estudo (cinco anos), conforme ilustrado na Tabela 10, tem-se em média 264,4 internações anuais, sendo que a média de internações por paciente no mesmo período é igual a 2,63 ao ano. O Hospital Universitário, objeto deste estudo, é classificado como referência na região para atendimento aos pacientes portadores de HIV/aids, sendo cadastrado pelo Ministério da Saúde para emissão de AIH com procedimentos aids, possuindo, em seu corpo clínico, especialistas treinados e especializados capazes de desenvolver uma série de ações integradas e especializadas, de diagnóstico e de tratamento, que abrangem, além da internação, consultas ambulatoriais e hospitaldia. Tabela 10 – Quantidade de internações por ano Internações (a.a.) 2002 2003 2004 2005 2006 Total N 286 310 248 238 240 1322 % 21.63 23.45 18.76 18.01 18.15 100 55 Na Tabela 11 é possível observar a média de dias que os pacientes portadores de HIV/aids ficam internados, a cada internação, em decorrência da manifestação de infecções oportunistas. As principais infecções que provocam tais informações são descritas na Tabela 15. Tabela 11 – Média de tempo internado, a cada internação Tempo de internação (em dias) Internação 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª 11ª 12ª 13ª 14ª 15ª 16ª 17ª 18ª 19ª 20ª Média 19.3 8.1 10.7 12.1 10.8 9.0 8.0 7.6 8.9 9.9 14.4 9.2 8.9 6.3 7.5 9.0 17.3 5.0 4.0 2.0 Em média, um paciente fica internado 9,4 dias, a cada internação. É possível observar que a cada internação ocorre uma diminuição na quantidade de dias hospitalizados. Diminuição semelhante foi detectada por Nunes et al. (2009), em um estudo que objetivou analisar o perfil epidemiológico de pacientes com HIV/aids hospitalizadas no Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, entre os anos 2004 e 2005, cujo tempo de internação variou de 1 a 62 dias, com a média de 11,6 dias, em cada internação. Para a análise acerca da sobrevivência, o evento de interesse foi a quantidade de óbitos ocorridos durante o período compreendido entre a data do diagn tico de aids e a data estipulada para o término de coleta de dados para o presente estudo (31/12/2006). Os pacientes que não faleceram foram considerados como observações censuradas (Tabela 12). Tabela 12 – Número de óbitos por ano, seguido da média anual de óbitos e do respectivo desviopadrão Óbitos 2002 2003 2004 2005 2006 Não informou Total Média de óbitos por ano Desvio Padrão N 23 33 21 32 37 2 148 % 15.54 22.30 14.19 21.62 25.00 1.35 100 29.2 6.87 56 Entre os pacientes do sexo masculino, houve 91 óbitos por aids (29,4%) e 218 censuras (70,6%). Já entre os pacientes do sexo feminino, houve 57 óbitos (30,3%) e 131 censuras (69,7%). Observa-se que a proporção de óbitos em ambos os grupos é bem próxima. No total, foram 349 censuras que correspondem a 70,2% dos pacientes com diagnóstico de aids no período em estudo. A Tabela 12 mostra a quantidade de óbitos ocorridos anualmente. As funções de sobrevivência foram estimadas empregando-se o método não paramétrico de Kaplan-Meier, cujas observações foram divididas em dois estratos: feminino e masculino, com as informações referentes à covariáveis de cada um: a curva de sobrevivência foi estimada separadamente para cada estrato. Para avaliar se as curvas obtidas pelo método de Kaplan-Meier diferem significativamente entre categorias de uma mesma variável, foi aplicado o teste de log-rank. As Tabelas 13 e 14 mostram as estimativas da probabilidade de sobrevivência, para o estimador não paramétrico de Kaplan-Meier, dos pacientes infectados pelo vírus HIV/aids, de acordo com o sexo. Pode-se observar, por exemplo, que um paciente do sexo masculino após dez anos, aproximadamente, de ter sido diagnosticado com HIV/aids tem 65,5% de chance de sobrevivência, sendo a probabilidade de uma mulher sobreviver igual a 59,2%, em um mesmo período. Verifica-se que quanto mais precocemente for feito o diagnóstico do vírus HIV/aids maior é a probabilidade de sobrevivência dos pacientes, tanto do sexo feminino quanto do sexo masculino. 57 Tabela 13 – Estimativa da função de sobrevivência para os pacientes do sexo feminino, para o estimador de Kaplan-Meier Tempo (dias) N de cumulativo de Eventos N dos restantes casos Proporção cumulativa Sobrevivendo no momento Desviopadrão 10 19 22 26 29 34 54 57 58 61 67 90 112 127 244 415 883 913 948 1021 1132 1237 1297 1368 1436 1478 1480 1829 1833 1835 1879 1914 2096 2123 2177 2223 2393 2402 2406 2556 2636 2714 2727 2733 2837 2982 2995 3001 3189 3315 3602 3709 3714 4283 4620 1 3 4 5 6 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 187 185 184 183 182 180 179 178 177 176 175 174 173 172 170 163 153 152 147 146 142 139 134 132 127 126 125 111 110 109 108 106 101 100 98 95 87 86 85 73 71 69 68 67 64 60 59 58 55 53 43 37 36 27 22 99.5% 98.4% 97.9% 97.3% 96.8% 95.7% 95.2% 94.7% 94.1% 93.6% 93.1% 92.6% 92.0% 91.5% 91.0% 90.4% 89.8% 89.2% 88.6% 88.0% 87.4% 86.8% 86.1% 85.5% 84.8% 84.2% 83.5% 82.7% 82.0% 81.2% 80.5% 79.8% 79.0% 78.2% 77.4% 76.6% 75.7% 74.9% 74.0% 73.0% 72.0% 70.9% 69.9% 68.9% 67.8% 66.7% 65.6% 64.5% 63.3% 62.2% 60.8% 59.2% 57.6% 55.5% 53.1% 0.5% 0.9% 1.1% 1.2% 1.3% 1.5% 1.6% 1.6% 1.7% 1.8% 1.9% 1.9% 2.0% 2.0% 2.1% 2.2% 2.2% 2.3% 2.3% 2.4% 2.5% 2.5% 2.6% 2.6% 2.7% 2.8% 2.8% 2.9% 3.0% 3.0% 3.1% 3.2% 3.2% 3.3% 3.3% 3.4% 3.5% 3.5% 3.6% 3.7% 3.8% 3.9% 3.9% 4.0% 4.1% 4.2% 4.2% 4.3% 4.4% 4.5% 4.6% 4.7% 4.9% 5.1% 5.4% 58 Para o sexo feminino, ocorreram 57 óbitos correspondendo a 30,33% do total, com probabilidade de sobrevivência de 82,7%. A Figura 4 mostra as curvas de sobrevivência, de acordo com o estimador de Kaplan-Meier para cada sexo. 59 Tabela 14 – Estimativa da função de sobrevivência para os pacientes do sexo masculino, para o estimador de Kaplan-Meier Tempo (dias) 4 8 13 23 27 28 34 40 44 45 47 49 51 79 81 101 127 131 133 341 405 485 775 820 827 990 1003 1101 1163 1353 1378 1395 1397 1447 1497 1521 1676 1797 1818 1839 1895 1941 2044 2072 2146 2226 2246 2352 2379 2569 2583 2650 2684 2741 2742 2876 2882 3089 3116 3152 3196 3232 3299 3342 3448 3493 3695 3830 3961 4000 4028 4037 4039 4086 4156 4350 4363 4760 4930 5925 6056 6698 6875 6943 7689 N de cumulativo N dos casos de Eventos restantes 1 2 4 5 6 7 8 9 11 12 13 14 16 17 18 19 21 22 23 24 25 26 28 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 308 307 305 304 303 302 301 300 298 297 296 295 293 290 289 287 285 284 283 274 270 264 245 240 236 227 224 218 214 205 200 199 198 194 189 187 179 171 170 168 166 165 160 159 156 152 151 147 145 135 134 129 126 122 121 114 113 101 100 99 96 91 87 84 76 75 68 64 57 54 53 52 51 49 47 40 39 31 29 11 9 5 4 3 1 Proporção cumulativa Sobrevivendo no momento Desviopadrão 99.7% 99.4% 98.7% 98.4% 98.1% 97.7% 97.4% 97.1% 96.4% 96.1% 95.8% 95.5% 94.8% 94.5% 94.2% 93.8% 93.2% 92.9% 92.5% 92.2% 91.9% 91.5% 90.8% 90.0% 89.6% 89.2% 88.9% 88.4% 88.0% 87.6% 87.2% 86.7% 86.3% 85.9% 85.4% 85.0% 84.5% 84.0% 83.5% 83.0% 82.5% 82.0% 81.5% 81.0% 80.5% 79.9% 79.4% 78.9% 78.3% 77.8% 77.2% 76.6% 76.0% 75.4% 74.8% 74.1% 73.5% 72.7% 72.0% 71.3% 70.6% 69.8% 69.0% 68.2% 67.3% 66.4% 65.5% 64.5% 63.3% 62.2% 61.0% 59.9% 58.7% 57.6% 56.4% 55.0% 53.6% 51.9% 50.2% 46.0% 41.4% 34.5% 27.6% 20.7% 10.4% 0.3% 0.5% 0.6% 0.7% 0.8% 0.8% 0.9% 1.0% 1.1% 1.1% 1.1% 1.2% 1.3% 1.3% 1.3% 1.4% 1.4% 1.5% 1.5% 1.5% 1.6% 1.6% 1.7% 1.7% 1.8% 1.8% 1.8% 1.9% 1.9% 1.9% 2.0% 2.0% 2.1% 2.1% 2.1% 2.2% 2.2% 2.2% 2.3% 2.3% 2.4% 2.4% 2.4% 2.5% 2.5% 2.6% 2.6% 2.6% 2.7% 2.7% 2.7% 2.8% 2.8% 2.9% 2.9% 3.0% 3.0% 3.1% 3.1% 3.2% 3.2% 3.3% 3.3% 3.4% 3.5% 3.5% 3.6% 3.7% 3.8% 3.9% 4.0% 4.1% 4.2% 4.2% 4.3% 4.4% 4.5% 4.7% 4.8% 6.0% 6.9% 8.5% 9.2% 9.1% 8.6% 60 Para o sexo masculino, S(t) atinge o valor zero, porque o maior tempo observado na amostra (7.689 dias) foi uma falha, por outro lado, para o sexo feminino, S(t) não atinge o valor zero, uma vez que o maior tempo observado (4.620 dias) foi uma censura. Até o quinto ano, aproximadamente, ocorreram 45 óbitos para o sexo masculino, 50% do total de óbitos, com probabilidade de sobrevivência igual a 83,5%. Para o sexo feminino, ocorreram 30 óbitos correspondendo a 52,6% do total, com probabilidade de sobrevivência de 82,7%. sexo 1,0 Feminino Masculino Feminino censurado Masculino censurado Funçao de sobrevida (S(t)) 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,00 2000,00 4000,00 6000,00 8000,00 tempo (dias) Figura 4 – Curvas de sobrevivência (Kaplan-Meier) dos pacientes estratificadas por sexo Os tempos representados por “+” na Figura 4 mostram onde ocorreram as censuras em cada estrato. A curva de sobrevivência estimada, S(t), é uma função escada com saltos somente nos tempos de falha. Comparando as duas curvas por meio do teste de log-rank, obteve-se p − valor = 0 .754 implicando não haver diferença estatisticamente significativa entre as curvas de sobrevivência, considerando o nível de significância de 5%. Dessa forma, a probabilidade de um paciente entrar em óbito é a mesma tanto para os homens quanto para as mulheres, independentemente do tempo de diagnóstico de aids. 61 Pouco tempo após a introdução da HAART, a partir de 1996, vários estudos relataram diminuição da ocorrência de infecções oportunistas e de internações por elas causadas (BRODT et al., 1997; PALELLA et al., 1998; MOCROFT et al., 2004). Foram listadas e ordenadas apenas as doenças que tiveram um índice de incidência acima de 3%, destacando-se: turberculose (28,2%), monilíase/candidíase oral (27,1%), neurotoxoplasmose (22,5%). 62 Tabela 15 – Diagnóstico das doenças: da 1.ª à 10.ª internação n Doenças 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 AIDS TUBERCULOSE MONILIASE NEUROTOXOPLASMOSE PNEUMONIA DIARREIA HEPATITE C HERPES HIV PNEUMOCISTOSE NEUROCRIPTOCOCOSE ITU IRA MENINGITE CANDIDIASE ORAL MAC HISTOPLASMOSE SD CONSUPTIVA CHOQUE SEPTICO HEPATITE B Int. 1 Int. 2 Int. 3 Int. 4 Int. 5 Int. 6 Int. 7 Int. 8 Int. 9 Int. 10 % N % N % N % N % N % N % N % N % N % N 453 140 115 112 78 56 49 47 44 37 30 28 25 25 20 18 17 16 ‐ ‐ 91 28 23 23 16 11 10 9 9 7 6 6 5 5 4 4 3 3 ‐ ‐ 275 60 38 65 44 33 35 20 ‐ 11 23 9 ‐ 10 ‐ 10 9 ‐ ‐ ‐ 100 22 14 24 16 12 13 7 ‐ 4 8 3 ‐ 4 ‐ 4 3 ‐ ‐ ‐ 155 33 27 36 19 19 19 7 ‐ 5 16 7 5 5 ‐ ‐ 10 ‐ ‐ ‐ 100 21 17 23 12 12 12 5 ‐ 3 10 5 3 3 ‐ ‐ 6 ‐ ‐ ‐ 101 23 5 10 12 3 3 10 ‐ 3 ‐ 9 ‐ ‐ ‐ 3 5 ‐ ‐ 5 100 23 5 10 12 3 3 10 ‐ 3 ‐ 9 ‐ ‐ ‐ 3 5 ‐ ‐ 5 75 ‐ 6 10 11 11 6 3 ‐ ‐ 3 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 4 ‐ ‐ ‐ 100 ‐ 8 13 15 15 8 4 ‐ ‐ 4 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 5 ‐ ‐ ‐ 43 11 2 6 5 10 4 2 ‐ 2 4 ‐ 3 ‐ ‐ 2 5 ‐ ‐ ‐ 100 26 5 14 12 23 9 5 ‐ 5 9 ‐ 7 ‐ ‐ 5 12 ‐ ‐ ‐ 32 7 3 4 ‐ 9 4 2 ‐ 1 ‐ 3 2 ‐ ‐ 2 ‐ ‐ ‐ 1 100 22 9 13 ‐ 28 13 6 ‐ 3 ‐ 9 6 ‐ ‐ 6 ‐ ‐ ‐ 3 26 7 3 4 5 9 2 1 ‐ 3 3 1 1 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 1 100 27 12 15 19 35 8 4 ‐ 12 12 4 4 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 4 23 6 2 4 5 5 1 ‐ ‐ 1 3 ‐ 2 ‐ ‐ 1 1 ‐ ‐ ‐ 100 26 9 17 22 22 4 ‐ ‐ 4 13 ‐ 9 ‐ ‐ 4 4 ‐ ‐ ‐ 15 ‐ ‐ 3 5 6 1 1 ‐ ‐ 1 ‐ 2 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 2 ‐ 100 ‐ ‐ 20 33 7 7 7 ‐ ‐ 7 ‐ 7 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 13 ‐ 62 63 Tabela 16 – Diagnóstico das doenças, da 11.ª à 20.ª internação n Doenças 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 AIDS TUBERCULOSE MONILIASE NEUROTOXOPLASMOSE PNEUMONIA DIARREIA HEPATITE C HERPES HIV PNEUMOCISTOSE NEUROCRIPTOCOCOSE ITU IRA MENINGITE CANDIDIASE ORAL MAC HISTOPLASMOSE SD CONSUPTIVA CHOQUE SEPTICO HEPATITE B N Int. 11 % 12 3 1 3 2 6 1 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 2 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 1 100 25 8 25 17 50 8 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 17 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 8 N Int. 12 % 10 3 ‐ ‐ 2 5 1 1 ‐ ‐ ‐ 1 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 1 1 100 30 ‐ ‐ 20 50 10 10 ‐ ‐ ‐ 10 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 10 10 N 6 ‐ ‐ ‐ 1 1 1 1 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 5 Int. 13 % 100 ‐ ‐ ‐ 17 17 17 17 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 83 N 5 ‐ ‐ ‐ ‐ 4 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 1 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ Int. 14 % 100 ‐ ‐ ‐ ‐ 80 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 20 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ N 5 ‐ ‐ ‐ 1 4 1 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 1 1 Int. 15 % 100 ‐ ‐ ‐ 20 80 20 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 20 20 N 2 2 ‐ ‐ 1 ‐ 1 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 1 Int. 16 % 100 100 ‐ ‐ 50 ‐ 50 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 50 N Int. 17 % 2 ‐ ‐ ‐ ‐ 1 1 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 100 100 ‐ ‐ ‐ ‐ 50 50 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 50 N 2 ‐ ‐ ‐ 1 1 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ Int. 18 % 100 ‐ ‐ ‐ 50 50 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ N 1 ‐ ‐ ‐ ‐ 1 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 1 Int. 19 % 100 ‐ ‐ ‐ ‐ 100 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 100 N 1 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 1 ‐ Int. 20 % 100 ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ 100 ‐ 63 64 As causas de letalidade registradas nos prontuários analisados no presente estudo podem ser observadas na Tabela 17. Tabela 17 – Causas de letalidade LETALIDADE Doenças AIDS CHOQUE SÉPTICO DISFUNÇÃO MÚLTIPLA DOS ORGÃOS BRONCOPNEUMONIA HIPERTENSÃO INFECÇÃO CANDIDÍASE HEPATITE C HISTOPLASMOSE OUTRAS N 148 55 32 9 8 8 6 5 5 ‐ % 100.00 37.16 21.62 6.08 5.41 5.41 4.05 3.38 3.38 <3 As causas de letalidade descritas no atestado de óbito destacam-se em 100% aids e como maiores complicações 37,2% choque séptico e 21,6% disfunção múltipla dos órgãos. 65 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste estudo realizado com portadores de HIV/aids, pacientes do Hospital Universitário, entre 1.º de janeiro de 2002 e 31 de dezembro de 2006, a partir da análise de 497 prontuários, verificou-se que 309 eram do sexo masculino e 188 do sexo feminino, cuja maioria residia no município de Londrina. Entretanto, houve um destaque para a cidade de Jaguapitã-PR, que possui um centro de atendimento aos portadores de HIV/aids, os quais são transferidos para o Hospital Universitário, quando necessitam de atendimentos hospitalares. Os dados demográficos demonstraram que os pacientes participantes da pesquisa, predominantemente, possuem baixo nível de escolaridade; situação conjugal por união livre e solteiros; renda familiar oscilante entre menos de um e dois salários mínimos; sem profissão formal, estando este último, compatível com os achados acerca do nível de escolaridade. Em um comparativo dos casos diagnosticados como HIV e aids encontrados no período de 1985 a 2006, verificouse um aumento relevante de casos até o ano de 2005, com declínio considerável em 2006, e projeção para diminuir progressivamente até a estimativa calculada em 2012. Relativamente à quantidade de internações ocorrida por ano, detectou-se um total de 1.322 internações entre os anos de 2002 a 2006, com a média 264,4 internações a cada ano. Nesse mesmo período, ocorreu um total de 148 óbitos, com média de 29,2 ocorrências anual, tendo sido observada que a quantidade de óbitos é relativamente igual entre indivíduos do sexo masculino e feminino, com ligeira predominância deste último, especialmente se forem mantidos os cuidados e a adesão permanente ao uso dos medicamentos, pois o acometimento das infecções teve como predominância as ocorrências de turberculose, monilíase/candidíase oral e neurotoxoplasmose, motivo maior que levam às complicações da saúde e, consequentemente, às internações. Predominantemente, as causas de letalidade relatadas da aids, são choque séptico e disfunção múltipla de órgãos. Não se pretende aqui, com essas reflexões, esgotar o assunto. Muito pelo contrário, a intenção é continuar refletindo sobre o impacto da aids na sociedade. 66 A aids cumpre ainda o papel de denúncia das questões do sistema terapêutico e só será possível lidar melhor com os seus desafios se se propuser a falar de nossos medos, a discutir valores e reconhecer as vulnerabilidades. Assim, é essencial ao profissional de saúde não ser apenas um transmissor de informações técnicas, mas estar disponível para criar contextos de diálogo, de trocas e de construção conjunta de formas de compreensão e enfrentamento das questões suscitadas pela aids. Considerando-se tais aspectos, e baseando-se nos resultados encontrados, deduz-se que há necessidade de manter e intensificar as políticas do Programa Nacional de DST/aids, visando minimizar o impacto econômico e aumentar tanto expectativa quanto qualidade de vida dos portadores. 67 REFERÊNCIAS ALVES, R. N. et al. Fatores psicossociais e a infecção por HIV em mulheres. Rev. 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Para cada internação pode-se ter apresentado mais de uma opção. ANO _________ Período de Internação: ( ) até 01 semana ( ) 02 semanas ( ) 03 semanas ( ) 04 semanas ( ) acima de 04 semanas Motivo: ( ) citomegalovírus ( ) neurocriptococose ( ) histoplasmose ( ) pneumocistose ( ) neurotoxoplasmose ( ) candidíase oro-esofágica ( ) tuberculose ( ) hepatite B ( ) hepatite C ( ) herpes zoster ( ) DSTs ( ) diarréia caquexia Qual: ________________________________ Outras: ____________________ 12) LETALIDADE GERAL ANUAL, COM AS CAUSAS ESPECÍFICAS: AIDS/SIDA, HIV E DOENÇAS OPORTUNISTAS, NO RESPECTIVO PRONTUÁRIO. LETALIDADE POR ANO: ANO DE 2002: ____________________________ ANO DE 2003: ____________________________ ANO DE 2004: ____________________________ ANO DE 2005: ____________________________ ANO DE 2006: ____________________________ 77 CAUSAS ESPECÍFICAS POR ANO: _____________ Motivo: ( ) citomegalovírus ( ) neurocriptococose ( ) histoplasmose ( ) pneumocistose ( ) neurotoxoplasmose ( ) candidíase oro-esofágica ( ) tuberculose ( ) hepatite B ( ) hepatite C ( ) herpes zoster ( ) DSTs ( ) diarréia caquexia Qual: ________________________________ Outras: ____________________ 78 APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DO CLIENTE Título do projeto: Perfil Epidemiológico: Adultos Portadores de HIV/AIDS do Hospital Universitário Prezado Senhor (a), Este termo de consentimento pode conter palavras que você não entenda. Peça ao pesquisador que explique as palavras ou informações não compreendidas completamente Através de um levantamento estatístico obtido no próprio local do estudo, do período compreendido entre os anos de 2002 a 2006, dos pacientes internados na unidade de doenças transmissíveis do Hospital Universitário, com diagnóstico de HIV/AIDS, foram levantados os números de casos, a seguir foram identificados os possíveis sujeitos a participarem da pesquisa. Houve um primeiro contato pelo número de telefone identificado no prontuário e posteriormente um contato direto entre o pesquisador e o sujeito da pesquisa. Convidado(a) a participar de uma pesquisa que estudará o perfil epidemiológico, você foi selecionado porque a pesquisa que será realizada envolve pacientes portadores das referidas patologias mencionadas acima. Sua participação não é obrigatória. Para os números de pacientes falecidos levantados através do setor de estatística, os mesmos terão a participação somente para mensuração da letalidade geral. Para participar deste estudo, solicito sua especial colaboração em fornecer a autorização em manipular seu prontuário, documento esse essencial para a construção da pesquisa. Para a coleta de dados será realizado o levantamento em prontuário, por meio de censo, considerando apenas os documentos com dados em qualidade adequada. Na pesquisa será utilizado questionário, o qual investigará as variáveis relativas à pessoa (demográficas, sociais, estilo de vida), ao tratamento prescrito, manifestações de infecções oportunistas e letalidade. Os dados coletados serão classificados e apresentados em forma de tabelas e gráficos anualmente. Espera-se que, como resultado deste estudo, você possa ter um tratamento de boa qualidade. Se você decidir não participar deste estudo, não implicará seu tratamento. Você não terá nenhum gasto com sua participação no estudo e também não receberá pagamento pelo mesmo. A sua identidade será mantida em sigilo. Para preservar a não-identificação da população entrevistada, durante a apresentação e discussão dos dados, os questionários serão identificados pela denominação “Prontuário AA”, seguida da numeração arábica em ordem crescente. Dessa forma, você não será identificado, seja para propósitos de publicação científica ou educativa. Sua participação neste estudo é muito importante e voluntária. Você tem o direito de não querer participar ou de sair deste estudo a qualquer momento, sem penalidades ou perda de qualquer benefício ou cuidados a quem tem direito nesta instituição. Em caso de você decidir retirar-se do estudo, favor notificar o profissional e/ou pesquisador que esteja atendendo-o. 79 Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Centro Universitário Filadélfia, situado a Rua Goiás, 2000 sala 5, telefone n. 43 3375-7439 – LondrinaPR. O pesquisador responsável pelo estudo poderá fornecer qualquer esclarecimento sobre o estudo, assim como tirar dúvidas, bastando entrar em contato no seguinte endereço e/ou telefone: Nome do pesquisador: Flávia Meneguetti Pieri Endereço: Rua Marco Pólo, 127, Jardim Albatroz – Londrina-PR Telefone: (43) 3321-4084 / 9994-0708 Orientador: Ruy Laurenti Li ou alguém leu para mim as informações contidas neste documento antes de assinar este termo de consentimento. Declaro que toda a linguagem técnica utilizada na descrição deste estudo de pesquisa foi satisfatoriamente explicada e que recebi uma cópia deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Compreendo que sou livre para me retirar do estudo em qualquer momento, sem perda de benefícios ou qualquer outra penalidade. Dou meu consentimento de livre e espontânea vontade para participar deste estudo. NOME DO PARTICIPANTE: _____________________________________ DOCUMENTO DE IDENTIDADE N. _______________________________ ENDEREÇO: ________________________________________________ TELEFONE PARA CONTATO: __________________________________ _______________________________________________________ ASSINATURA DO PARTICIPANTE OU REPRESENTANTE LEGAL NOME DO PESQUISADOR: _______________________________ ASSINATURA DO PESQUISADOR DATA: 80 APÊNDICE C – OFÍCIO PARA AUTORIZAÇÃO DA PESQUISA Londrina, 8 de março 2008. Prezados Senhores: Solicito a autorização para realização da pesquisa, conforme anexo projeto de pesquisa: “Perfil Epidemiológico: Adultos portadores de HIV/AIDS no Hospital Universitário”. Autora: Flávia Meneguetti Pieri, Mestranda do Curso de Pósgraduação da Universidade Sagrado Coração – USC – Bauru-SP. Sendo o que nos apresenta, agradeço. Cordialmente, ________________________________ Flávia Meneguetti Pieri 81 APÊNDICE D – OFÍCIO PARA O COMITÊ DE ÉTICA Londrina, 18 de setembro de 2008. Prezada Prof.ª Dr.ª Lazara Pereira Campos Caramori Coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos Conforme Ofício n.º 48/08, o qual solicitou acrescentar no projeto quais os riscos que a pesquisa oferece ao sujeito de pesquisa, descrevo-os baseado na Resolução n.º 196/96, Artigo III (Aspectos Éticos da Pesquisa Envolvendo Seres Humanos), III.3.i onde os principais riscos estariam relacionados a confidencialidade, privacidade ao manipular os prontuários, proteção da imagem, sigilo, termo de autoestima, de prestígio e/ou econômico financeiro. Danos eventuais que poderão ser imediatos ou tardios. Entretanto, como pesquisadora, conforme Resolução n.196/96, capítulo V (Riscos e Benefícios), V.5, o pesquisador assume a responsabilidade de dar assistência integral às complicações e danos decorrentes dos riscos previstos. Cordialmente, _______________________________ FLÁVIA MENEGUETTI PIERI 82 APÊNDICE E – OFÍCIO PARA A BIOESTATÍSTICA Londrina, 16 de novembro de 2008. AO DEPARTAMENTO DE BIOESTATÍSTICA Solicito autorização para obter informações junto ao setor de bioestatística, uma vez que a própria instituição autorizou previamente a realização desta pesquisa. Segue em anexo a autorização do Comitê de Ética e Pesquisa e ainda os dados do questionário que a autora deseja levantar. Projeto de Pesquisa: “Perfil Epidemiológico: Adultos portadores de HIV/AIDS no Hospital Universitário”. Autora: Flávia Meneguetti Pieri, Mestranda do Curso de Pós-graduação da Universidade Sagrado Coração – USC – Bauru-SP. Sendo o que nos apresenta, agradeço. Cordialmente, ________________________________ Flávia Meneguetti Pieri 83 ANEXO A – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA