Saúde em Mapas e Números Boletim Informativo. Disponível em www.eurotrials.com 46 Jun’15 . Edição Trimestral Direção Científica Maria João Teixeira de Queiroz Rodrigo Athanazio Corpo Editorial Catarina Alves, Filipa Negreiro, Tiago Silva, Vera Vicente ISSN 2183-2579 Nº de registo ICS 123806 - Distribuição gratuita Editorial AVC O quadragésimo sexto boletim EUROTRIALS, SAÚDE EM MAPAS E NÚMEROS tem como tema o Acidente Vascular Cerebral (AVC). O AVC, doença cerebrovascular, é causado pela interrupção do fornecimento de sangue ao cérebro, normalmente devido à rutura de um vaso sanguíneo ou obstrução causada por coágulo, impedindo a circulação de oxigénio no cérebro e provocando a lesão dos tecidos. O sintoma mais comum do AVC é a fraqueza repentina ou entorpecimento da face, braço ou perna, normalmente apenas num dos lados do corpo. Outros sintomas incluem confusão, dificuldade em falar, dificuldade em ver de um ou ambos os olhos, dificuldade em andar, tonturas, perda de equilíbrio ou coordenação, dor de cabeça intensa sem causa aparente, desmaio ou perda de consciência. Os efeitos causados pelo AVC dependem da gravidade e local da lesão, podendo, em casos muitos graves, levar à morte. (1) De acordo com os dados da PAHO, a taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares em 2014 foi mais prevalente em algumas das pequenas ilhas das Caraíbas/Caribe (Grenada (91,7/100.000 hab), St Lucia, St Kitts e Nevis, St Vincent e Grenadines) e também no Uruguai (83,7/100.000 hab) e Cuba (79,5/100.000 hab), todos com taxas superiores a 75/100.000 habitantes. Taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares, por país da América Latina Elaborado por Eurotrials Fonte: (1) OMS (http://www.who.int/topics/cerebrovascular_accident/en/), 2015. AMÉRICA LATINA Na América Latina, as principais causas de mortalidade em 2010, 2011 e 2012 foram semelhantes em percentagem, com as doenças isquémicas do coração a liderar a tabela (≈9%), seguidas das doenças cerebrovasculares (≈7%) e diabetes mellitus (≈6%). Em 2013, no entanto, verificou-se uma alteração nos valores de mortalidade com uma diminuição significativa das doenças isquémicas do coração para 5,55%, enquanto as condições originadas no período perinatal contabilizaram 15,46% das mortes. A mortalidade associada a diabetes mellitus aumentou nesse ano para cerca de 8% e as doenças cerebrovasculares surgiram em 3º lugar, mantendo-se os valores em cerca de 7% do total de mortes. Principais causas de mortalidade, por ano, na América Latina Elaborado por Eurotrials Taxa de mortalidade por 100.000 hab > 75 50,01-75 25,01-50 ≤ 25 Sem dados Fonte: Pan American Health Organization (PAHO), Health Information and Analysis Unit, 2014 Doenças isquémicas do coração Os países da América Latina com menores taxas de mortalidade (por 100.000 hab) por doenças cerebrovasculares, em 2014, foram as Ilhas Virgens Britânicas (6,7), Montserrat (19,4), Peru (20,5), Guiana Francesa (22,0) e Guatemala (23,4). No México a taxa de mortalidade foi de 25,8/100.000 hab, enquanto, a Argentina, o Brasil e o Chile tiveram valores semelhantes com taxas de 44,5, 50,5 e 51,7/100.000 hab, respectivamente. Doenças cerebrovasculares Diabetes mellitus Influenza (gripe) e pneumonia Homicídio Doenças crónicas das vias aéeas inferiores Doenças hipertensivas Compl. de cardiopatias e d. cardíacas mal definidas Acidentes de transporte terrestre Cirrose e outras d. do fígado Algumas condições originadas no período perinatal Malform. congénitas, deform. e anomalias cromoss. 0 2 4 6 8 10 12 14 16 Percentagem de mortes (%) 2010 2011 2012 2013 Fonte: Regional Health Observatory, Pan American Health Organization (PAHO), 2015. Na América Latina existe um fator de risco associado ao AVC, específico da região, conhecido como doença das Chagas. Esta é causada por um parasita flagelado (Trypanossoma cruzi) e é endémica nos países da América Central e do Sul. Com cerca de 8 milhões de pessoas infectadas (OMS 2008), dos quais 30% desenvolvem cardiomiopatia chagásica, está associada a diversos problemas cardiovasculares, entre os quais o AVC. BRASIL, ARGENTINA, CHILE No Brasil, o AVC representa a primeira causa de morte e incapacidade. Em 2012, registaram-se 42.815 mortes por AVC com uma taxa de internamentos de 8,89/10.000 habitantes. Nos estados de Minas Gerais (11,23/10.000 hab) e Rio Grande do Sul (12,51/10.000 hab) as taxas de internamento foram as mais elevadas, tendo-se observado as taxas mais baixas no Amazonas (2,25/10.000 hab), Sergipe (3,89/10.000 hab) e Acre (4,20/10.000 hab). No ano seguinte (2013) o número de mortes por AVC diminuiu para 41.790, no Brasil. Taxa de internamentos por AVC, por estado do Brasil em 2012 Elaborado por Eurotrials Roraima Em 2012, no Chile 1.659.654 doentes tiveram alta de internamento por qualquer causa (por alta médica, transferência para outro estabelecimento, morte, por abandono voluntário do doente). No mesmo ano, Aisén e Magallanes foram as regiões com menos altas registadas no Chile (149 e 231, respectivamente) e Santiago (10.177), Bíobío (4.105) e Valparaíso (3.811) as regiões com maior número de altas de internamento por doenças cerebrovasculares. Em 2015, até à semana 22, registaram-se 14.789 atendimentos na urgência hospitalar por AVC (cerca de 0,21% do total de urgências). Altas de internamento por doenças cerebrovasculares, por região do Chile em 2012 Elaborado por Eurotrials Amapá Ceará Amazonas Maranhão Pará Rio Grande do Norte Piauí Acre Tocantins Rondonia 1.659.654 altas de internamento Pernambuco (todas as causas) Sergipe Mato Grosso Tarapacá Bahia DF Goiás Mato Grosso do Sul Taxa de internamento por Arica and Parinacota Total Chile: Paraíba Minas Gerais Espírito Santo São Paulo AVC (2012) / 10.000 hab Antofagasta Rio de Janeiro Paraná >10 7,51-10 Rio Grande do Sul 5,01-7,5 Santa Catarina ≤5 Atacama DF - Distrito Federal Fonte: Ministério da Saúde do Brasil/Datasus - Sistema de Informações Hospitalares do SUS; 2012 As sequelas do AVC podem atingir 50% das pessoas que o tiveram e são, muitas vezes, irreversíveis. Entre as mais frequentes estão dificuldade na fala e paralisação de parte do corpo. Pessoas que tiveram um AVC necessitam de acompanhamento a longo prazo e um controlo adequado dos fatores de risco associados. Coquimbo Valparaíso Santiago O’Higgins Distribuição do número de mortes por AVC, por sexo, por ano na Argentina Maule Biobío Elaborado por Eurotrials Araucanía Los Ríos 5000 Número de mortes por AVC 4500 4692 4371 4367 4308 3964 4000 3967 Los Lagos 3500 3000 2500 2000 1500 Aisén 1000 500 0 2010 2011 Homens 2012 Mulheres Fonte: Pan American Health Organization (PAHO) (http://ais.paho.org/phip/viz/mort_chapters_en.asp), Regional Mortality Database, 2015. Magallanes Altas de internamento por doenças cerebrovasculares (n) >3000 Na Argentina, o AVC é uma das principais causas de morte. Os enfartes e os AVC representam, entre outros problemas cardiovasculares, cerca de 32% das mortes que ocorrem por ano no país. Entre 2010 e 2012 verificou-se uma diminuição do número de mortes por AVC tanto nos homens (4371 para 3967) como nas mulheres (4692 para 4308). A mortalidade nas mulheres foi, no entanto sempre superior, com cerca de 0,6% mais mortes em 2012. 1501-3000 501-1500 ≤500 Fonte: Departamento de Estadísticas e Información de Salud (DEIS), Ministerio de Salud de Chile (http://intradeis.minsal.cl/), 2012 EUROPA Em 2011, os AVC foram a causa de cerca de 11% das mortes nos países da UE. No entanto, na última década verificou-se uma diminuição superior a 20%, em média, das taxas de mortalidade por AVC, nesta região. Com elevadas taxas de incapacidade e mortalidade, que variam entre países, também os potenciais anos de vida perdidos por este tipo de doença apresentam valores diferentes consoante o país. Em 2010, a Hungria apresentou o maior número de potenciais anos de vida perdidos por doenças cerebrovasculares – 275/ 100.000 hab (403/100.000 hab nos homens e 163/100.000 nas mulheres) – tendo sido a Suécia o país da Europa a apresentar o menor valor – 62/100.000 hab no total (69/100.000 hab nos homens e 55/100.000 nas mulheres). Portugal posiciona-se em 5º na tabela com 135 potenciais anos de vida perdidos por 100.000 habitantes (184/100.000 hab nos homens e 91/100.000 nas mulheres). Potenciais anos de vida perdidos por doenças cerebrovasculares, na Europa em 2010 Elaborado por Eurotrials Hungria Polónia Eslováquia Estónia Portugal Eslovénia Rep. Checa Grécia Finlândia Dinamarca Reino Unido Alemanha Irlanda Bélgica Áustria Holanda Espanha França Itália Luxembugo Suécia Chipre Letónia Lituânia Malta sem dados sem dados sem dados sem dados 0 50 100 150 200 250 300 Potenciais anos de vida perdidos/100.000 hab Fonte: ©OECD, Health Data (http://stats.oecd.org/index.aspx?DataSetCode=HEALTH_STAT# ), 2015. MUNDO De acordo com a Organização Mundial de Saúde o AVC é um grave problema de saúde pública. Sendo a segunda maior causa de morte cardiovascular estima-se que provoque a morte de mais de 6 milhões de pessoas por ano, em todo o mundo. Em 2012, os AVC representaram 11,7% do total de mortes em todo o mundo, estimando-se que em 2030 este valor seja de 12,2%. Sendo a maior causa de morbilidade, os AVC são também a principal causa de incapacidade no mundo. Ranking de DALYs por AVC no mundo, em 1990 e 2010 Elaborado por Eurotrials 1990 2010 Ranking de DALYS 1-2 3-4 5-6 7-8 9-10 >10 DALY (Disability Adjusted Life Years): Anos de vida ajustados com incapacidade . Fonte: Institute for Health Metrics and Evaluation, Global Burden of Disease – Heatmap (http://vizhub.healthdata.org/irank/heat.php), 2015 Em 1990, a Europa e Ásia Central, o Sudeste Asiático e os países de rendimento elevado do Pacífico tiveram uma classificação entre o primeiro e o segundo lugar no ranking de anos de vida ajustados com incapacidade por AVC. A Austrália e Nova Zelândia classificaram-se entre 3 e 4 e as Américas e os países do Médio Oriente e Norte de África obtiveram classificação de 5 a 6 no ranking de DALYs. Os países da África Subsahariana, Sul da Ásia e ilhas do Pacífico classificaram-se em mais de 10 no mesmo ranking. Em 1990, a classificação mundial de anos de vida ajustados com incapacidade por AVC ocupou o quinto lugar da tabela. Em 2010, a Europa e Ásia Central, o Sudeste Asiático e os países de rendimento elevado do Pacífico mantiveram a classificação de 1 a 2 no ranking de anos de vida ajustados com incapacidade por AVC. Os países do Médio Oriente e Norte de África aumentaram a sua classificação para terceiro ou quarto lugar no ranking de DALYs, no entanto verificou-se uma diminuição na classificação dos países das Américas para 7-8 e da Austrália e Nova Zelândia que passaram para uma classificação entre 5 e 6 no ranking de anos de vida ajustados com incapacidade por AVC. Os países da África Subsahariana, Sul da Ásia e ilhas do Pacífico mantiveram a sua classificação em mais de 10 no mesmo ranking. De um modo global, em todo o mundo houve mais incapacidade por AVC em 2010 (terceiro lugar) do que em 1990 (quinto lugar). Sabia que... 80% dos ataques cardíacos e AVC prematuros podem ser prevenidos. Uma dieta saudável, atividade física regular e a não utilização de produtos tabágicos são a chave para a prevenção. (1) Cerca de um quarto de todas as mortes prematuras por AVC (i.e. aproximadamente 1,4 milhões de mortes, das quais metade em mulheres) podem ser atribuídas à exposição crónica à poluição do ar doméstico causada por inalação de fumos ao cozinhar com combustíveis sólidos. (2) Todos os anos, 15 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem um AVC. Cerca de 6 milhões morrem e 5 milhões ficam permanentemente incapacitados. (3) De um modo geral, o AVC é a segunda principal causa de morte acima dos 60 anos e a quinta causa de morte em pessoas entre 15 e 59 anos de idade. (3) A diabetes aumenta o risco de doença cardíaca e AVC. (4) Fonte: (1) OMS (http://www.who.int/features/qa/27/en/), 2015. (2) OMS (http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs292/en/), 2015. (3) The World Heart Federation (http://www.world-heart-federation.org/cardiovascularhealth/stroke/), 2015. (4) OMS (http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs312/en/), 2015. SERVIÇOS Investigação Clínica Assuntos Regulamentares Actividades de Controlo de Qualidade Consultoria em I&D Pedidos de AIM Auditorias: Consultoria em Metodologia de Investigação Clínica Procedimentos pós AIM GCP Estudos de Prova de Conceito Comunicação com Sistemas Análises de Exequibilidade Autoridades Regulamentares Farmacovigilância Desenho/Concepção de Estudos Preço e Comparticipação Desenvolvimento de Protocolos e Cadernos de Recolha de Dados Cosméticos, Produtos Alimentares Cursos de Formação Implementação e Monitorização de Ensaios Clínicos e Dispositivos Médicos Ensaios Clínicos Estudos de Late Phase Research Testes de Legibilidade Bioestatística Concepção e Implementação de Estudos Observacionais Consultoria Clínica e Pré-clínica Metodologia de Investigação Assuntos Regulamentares Estudos de Investigação Translacional Estudo Farmacoeconómicos Farmacovigilância Auditorias e Inspecções GCP Estudos na Área Alimentar Literatura Epidemiologia Soluções Informáticas e Electronic Data Capture Processamento e Notificação de AA/RAMs Farmacoeconomia Gestão de Dados - de acordo com a norma FDA 21 part 11 Representação da Farmacovigilância Consultoria em Bioestatística Consultoria Gestão de Informação Capacitação de Centros de Investigação Análise Estatística Medical Writing Qualidade Consultoria em Ensaios Clínicos Elaboração de SOPs Saúde em Mapas e Números (ISSN 2183-2579) é publicado quatro vezes por ano. 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