A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO PLANEJAMENTO DA PAISAGEM NA PARTE LESTE DA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA GURUPÍ PIRIÁ, (VISEU - PA): SUBSÍDIOS AO PLANO DE MANEJO. TABILLA VERENA DA SILVA LEITE1 MARCIA APARECIDA DA SILVA PIMENTEL2 Resumo: As Reserva Extrativistas tem o objetivo proteger os meios de vida e a cultura de suas populações extrativistas tradicionais e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais (BRASIL, 2000) Nesse sentido a pesquisa de identificar unidades básicas da paisagem da parte leste da Resex Gurupí-Piriá, nordeste do Pará. O conhecimento das características físicas/ambientais da área torna-se subsídio importante um futuro diagnóstico e zoneamento. O trabalho foi desenvolvido com o ARCGIS 10.1 e imagens Landsat7 e SPOT 5 de 2010. A identificação das unidades de paisagem teve como base Monteiro (2000) e Bertrand (1972). Palavras-chave: Unidade de Conservação, Geotecnologias e Unidades de Paisagem. Abstract: Extractive Reserve aims to protect the livelihoods and culture of their traditional extractive populations and ensure sustainable use of natural resources ( BRAZIL , 2000) In this sense the research to identify basic units of the landscape of the eastern part of Resex Gurupí - Piriá , northeast of Pará. the knowledge of the physical / environmental characteristics of the area becomes important benefit a future diagnosis and zoning. The work was developed with ArcGIS 10.1 and Landsat7 and SPOT 5 images of 2010. The identification of landscape units was based on Monteiro (2000) and Bertrand (1972). Key-words: protected areas, geotechnologies, Landscape units. 1 - Docente do programa da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará - Unifesspa. E-mail de contato: [email protected] 2 Docente do programa de pós-graduação da Universidade Federal do Pará. E-mail de contato: [email protected] 5838 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Introdução A pesquisa tem por tema o estudo da Paisagem, e o objetivo de identificar as unidades básicas da paisagem da parte leste da Resex Gurupí Piriá – Viseu, Pará. Nesse sentido, o conhecimento das características da UC assim como a delimitação dessas características torna-se subsídio importante para uma essencial ferramenta de gestão da UC, o diagnóstico e zoneamento, itens exigidos por lei para a construção do Plano de Manejo (PM) da mesma, é importante ressaltar que essa Unidade ainda não possui seu plano de manejo elaborado, assim a presente pesquisa vem a contribuir como uma proposta de metodologia a ser utilizada para a elaboração do PM. As unidades de paisagem (UP) da parte leste da Resex Gurupí-Piriá na perspectiva do ordenamento territorial. Para isso, destaca-se a discussão sobre paisagem e suas diferentes abordagens no decorrer da evolução do Pensamento Geográfico. Nesse sentido, partiu-se das leituras de geografia física aplicada que foca o estudo da Paisagem, Geossistemas e Mapeamento. Nessa perspectiva Bertrand considera que o estudo da paisagem e de fundamental importância para os estudos geográficos, contudo para o autor a “paisagem” vem a ser um termo obsoleto, mediante suas diferentes definições ao longo das correntes geográficas. Nesse sentido ele afirma que “o problema é de ordem epistemológica e de carência metodológica na abordagem deste conceito” (BERTRAND, 1972, p.5). Durante anos não se via a preocupação em uma definição única e um método que a caracteriza-se para análise do meio ambiente. Para AB´SÁBER, (1977) A paisagem é sempre uma herança, herança de processos fisiográficos e biológicos e, patrimônio coletivo dos povos que historicamente as herdaram como território de atuação de suas comunidades. Quando tratamos de análise da paisagem as contribuições de TRICART (1977) é de muita importância para entendermos a como ocorre o funcionamento dos elementos da paisagem, para o referido autor a paisagem é uma porção perceptível a um observador onde se inscreve uma combinação de fatos visíveis e invisíveis e interações as quais, num dado momento, não percebemos senão o resultado global. 5839 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Para a análise da paisagem proposta pelos autores citados procuramos aplicar suas ideias a umas áreas onde a paisagem está diretamente ligada a vida dos habitantes, onde todas as suas atividades, seja econômica, cultural, lazer e etc. estão diretamente ligadas a paisagem existente, e forma racional de utilização dos recursos que a paisagem oferece são de muita importância para o modo vida e subsistência dessa população. A área em estudo é a parte leste da Resex Gurupí-Piriá (figura 01), encontrase nos limites do município de Viseu, situado na costa nordeste do Estado do Pará, mesorregião Nordeste paraense, microrregião do Guamá, Criada por meio no Decreto no S/N, de 20 de maio de 2005 (BRASIL, 2005), essa Unidade de Conservação de uso sustentável, categoria Reserva extrativista marinha, possui uma área total de aproximadamente 74.081 hectares, encontra-se nas coordenadas geográficas aproximadas 46°04'18.00" W e 1°07'30.01" S, localizada no limite da Área de Proteção Ambiental Jabotitiua-Jatium, com o município de Carutapera no Maranhão por meio do leito do Rio Gurupí e com município de Augusto Corrêa no Estado do Pará (BRASIL, 2005). Figura 01 – Localização da área de estudo (2013). 5840 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO A UC em questão ainda não possui um plano de manejo estipulado, assim a ausência do PM pode acarretar problemas para gestão da unidade, com isso o principal problema identificado na presente pesquisa, a falta do mesmo, visto segundo a legislação o PM é um dos principais instrumentos de gestão. De acordo com o Capítulo I, Art. 2º - XVII da Lei Nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que estabelece o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC): o PM é um dos principais instrumentos de gestão, consiste em um documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma Unidade de Conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da Unidade. 2 – Desenvolvimento A pesquisa é embasada no conceito qualitativo-descritivo, uma vez que contém variáveis ambientais, sociais e econômicas. Leva em consideração a abordagem sistêmica e a visão holística, visto que sua aplicação possibilitará uma abordagem integrada dos processos socioeconômicos e ambientais na analise a nível geossistêmico, visto que tal problemática, por possuir caráter interdisciplinar, dispensa tratamentos setoriais. O trabalho foi desenvolvido integralmente com o programa ARCGIS v.10, com a utilização de duas imagens de satélite, uma imagem TM Landsat-7 de 2013 e outra SPOT 5 do ano de 2010. A técnica de segmentação de imagens utilizadas foi aplicada nas composições multiespectrais selecionadas de acordo com o fenômeno a classificar as unidades de paisagem como parte perceptível num sistema de relações subjacentes que expressam distintos processos nos quais intervieram componentes naturais e sociais. A segmentação de imagens, segundo Gonzales e Wintz (1987) apud Nascimento e Filho, 1996, é um processo que permite subdividir uma imagem em diversas partes ou regiões significativas. Segundo INPE. (1996), o processo gera 5841 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO regiões descritas pelas suas características espaciais e espectrais, e a medida que cada região é adquirida, ela é rotulada e seus atributos estatísticos são extraídos. Em geral, a segmentação é baseada em duas características dos tons de cinza de uma imagem: a descontinuidade e a similaridade. O método da descontinuidade baseia-se na mudança abrupta dos valores de cinza e o método da similaridade fundamenta-se pela agregação de pixels em função da sua semelhança com os pixels vizinhos (Gonzales e Wintz, 1987 apud Nascimento e Filho, 1996). Utilizou-se da proposta de Monteiro (1987), que estabeleceu uma metodologia para delimitar estas unidades de paisagem Para Monteiro (1987) as unidades de paisagem são: (...) as correlações básicas estabelecidas entre os elementos do quadro natural o suporte (geologia, geomorfologia, hidrologia) a cobertura (vegetação e solo) e o envoltório climático – dinamizado por aqueles de ocupação antrópica, com suas derivações sucessivas, sugerem padrões de organização espacial que induzem a definição de conjuntos ambientalmente solidários. (MONTEIRO, 1987, p. 19). Portanto para o autor a análise das unidades de paisagem deve partir do princípio geosistêmico, sendo que o resultado desta é o produto da correlação entre sociedade e natureza. Assim nossa abordagem no que diz respeito a unidades de paisagem abrange um aspecto importante que deve ser considerado e que é comum nos trabalhados que tratam do assunto que é a escala, e na delimitação da unidade de paisagem deve sempre vir acompanhada com a definição da escala cartográfica. Para delimitar as unidades de Paisagem, as características já trabalhadas não deve não deve ser analisada isoladamente, para Bertrand (1971) a análise da Paisagem não é a simples adição de elementos geográficos disparatados no espaço. É numa determinada porção do espaço, o resultado da combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos. Assim com as foi analisado as principais características da paisagem da área e a partir dessa caracterização foi possível a identificação das unidades básicas de paisagem, com a proposta de Monteiro (1987) e o uso de recursos de Geoprocessamento para a delimitação dessas unidades, que tiveram por critérios o uso do solo, as características da vegetação e os recursos naturais. 5842 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Conforme demonstrado no mapa 02, obteve-se como resultados a identificação e delimitação de nove unidades básicas de paisagem presentes no município: (i) UP 01 - Unidade urbanizada com forte ação antrópica, relativa influência flúvio-marinha, solos mais firmes, gleisolo sálico, presença de espécie do ecossistema manguezal, (ii) UP 02 - Unidade com presença de floresta ombrófila densa aluvial, predomina espécies de palmeira, com relevo plano a ondulado, presença de argisolo vermelho amarelo, ocorre principalmente ao longo dos cursos d’água, (iii) UP 03 - Unidade com presença de vegetação secundária (capoeira), predomina vegetais resultantes da ação antrópica, com relevo plano a ondulado, presença de argisolo vermelho amarelo, forte ação antrópica (agricultura), (iv) UP 04 - Unidade com presença de floresta ombrófila densa de terras baixas, predomina espécies de porte alto, com relevo plano a ondulado, presença de argisolo vermelho amarelo, pouca ação antrópica (extrativismo vegetal), (v) UP 05 - Unidade com baixa influência flúvio-marinha, pouca influência salina, características mistas estre o ecossistema manguezal e o terrestre, terreno mais alto, pouca influência de marés, área de transição entre o gleisolo sálico e latosolo vermelho amarelo, baixa ação antrópica, (vi) UP 06 - Unidade com influência flúvio-marinha, presença do ecossistema manguezal, presença de gleisolo sálico, vegetação de porte pequeno porte e relativa ação antrópica (vii) UP 07: Unidade com forte influência flúviomarinha, influência salina, presença do ecossistema manguezal, presença de gleisolo sálico, vegetação de médio pequeno porte e forte ação antrópica, (viii) UP 08: Unidade com forte influência flúvio-marinha, forte influência salina, presença do ecossistema manguezal, presença de gleisolo sálico, vegetação de porte alto e raízes aéreas porte e relativa ação antrópica, (ix) UP 09: Unidade com forte ação antrópica, existência atividade garimpeira (extração de ouro), forte influência flúviomarinha, forte influência salina, presença do ecossistema manguezal, presença de gleisolo sálico, vegetação de porte alto. Diante do que foi exposto indica-se que a discussão e mapeamento de unidades de paisagem podem subsidiar o plano de manejo da unidade, que ainda não existe até o momento, a partir da espacialização dos elementos naturais e uso do solo, para que possa gerir os recursos de forma mais racional, e assim obedecer 5843 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO o objetivo de criação da Unidade que é usar de forma sustentável os recursos naturais, principalmente o ecossistema manguezal. Mapa 2 - Mapa das Unidades de Paisagem da parte Leste da Resex Gurupí-Piriá Considerações Finais A identificação das unidades de paisagem da parte leste da Resex através do mapeamento mostrou-se um instrumento importante e valioso na análise e futuro 5844 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO zoneamento, e assim gerar condições de se elaborar um plano de manejo de forma que todos os elementos sejam abordados de forma integrada, e se tornar uma ferramenta que leve em consideração não somente as características naturais, mas também os usos e suas formas dentro do território da Resex vestem a análise foi feita em apenas uma parte da Resex, mas que pode sim ser expandida para a unidade como um todo. Assim esse processo de zoneamento é essencial a participação da comunidade, assim a proposta de Unidades de Paisagem apresentado nesse trabalho pode ser ferramenta e Planejamento e Gestão facilitando a compreensão de forma integrada dos temas pela população das comunidades, ao invés de apresentar diversos estudos temáticos em separado, essa proposta de Unidades de Paisagem também pode se tornar uma forma inicial de criação dessa proposta de zoneamento. Referências Bibliográficas Livros AB’SÁBER, A. N. Os domínios morfoclimáticos na América do Sul: primeira aproximação.Geomorfologia, São Paulo, 1977. GUERRA, A. T.; GUERRA, A. J. T. Novo dicionário geológico-geomorfológico. 7.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011. GUERRA, A.J.T ;COELHO, M.C.N. Unidades de conservação: abordagens e características geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009. MONTEIRO, C. A. F. Qualidade ambiental: recôncavo e regiões limítrofes.Salvador: CEI, 1987. MONTEIRO, C.A.F. 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