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CRUZADAS
Autores:
Texto e argumento – Onéas Sales
Pesquisa, Editoração e Fotografia – Fábio Silveira
Consultoria e Apoio – Joaldo Moraes
Resumo:
Segundo a definição tradicional; as Cruzadas foram: expedições principalmente militares,
organizadas pela igreja, com o objetivo de reconquistar o Santo Sepulcro, em Jerusalém, do
domínio mulçumano. Na verdade sabemos que não apenas isso; nesse texto debateremos
alguns aspectos e vertentes de um mesmo e tentaremos entender como ocorreu este
acontecimento histórico que marcou com sangue as páginas da História em especial a história
dos cristãos.
Palavras-chave: Cruzadas, guerra, cristãos, mulçumanos, cruz, religião.
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MOTIVOS, INÍCIO E CONTEXTO HISTÓRICO
Para entendermos melhor as cruzadas é preciso conhecer melhor o que ocorria na
Europa nesse momento e as motivações que impulsionaram os cristãos a se envolverem neste
fato.
* Entre os anos de 638 d.C. e 1071, mesmo com a tomada da Palestina, inclusive
Jerusalém pelos árabes, de fé islâmica este domínio não chegou a causar problemas para os
cristãos, nem para professar sua fé, nem para fazer refrigerações aos seus locais sagrados,
mas,. À partir de 1071 com a tomada da Terra Santa pelos turcos otomanos essa situação
mudou tão rápido como drasticamente, apesar de também serem mulçumanos os turcos
otomanos eram intolerantes com os cristãos e não permitiam nem os cultos, e muito menos as
peregrinações a Terra Santa.
No bom tempo Sua Santidade Urbano II avançou, auxiliado por cardeais e bispos.
Abençoou-se e louvou com o sinal da Cruz. Ergueu suas mãos em sinal de silêncio. A
multidão em reverência calou-se.
Então falou com doçura e eloqüente persuasão.
DISCURSO DO PAPA URBANO II
PARA A CONVOCAÇÃO DAS CRUZADAS:
“Ó Francos, de quantas maneiras Nosso Senhor os abençoou? Vejam quão férteis
são suas terras. Quão verdadeira é sua fé. Quão indisputável é sua coragem. A vocês,
abençoados homens de Deus, dirijo essas palavras. E que não sejam levadas levianamente,
pois são expressas pela Santa Igreja, que, pelo sagrado pacto com Nosso Senhor, é Sua
santíssima voz na terra. Vós que sois justos e bons, vós que brilhais em santa fé escutai. Que
saibam de justa e grave causa que nos reúne hoje aqui, sob o mesmo teto, na piedade de
Nosso Senhor. Relataremos fatos horríveis. Ouvimos sobre uma raça de homens saídos de
presença profana e falta de fé. Turcos, Persas, Árabes, amaldiçoados, estranhos a nosso Deus,
que devastam por fogo ou espada as muralhas de Constantinopla, o Braço de São Jorge. Até
hoje, por misericórdia do Supremo, Constantinopla foi nossa pedra, nosso bastião de fé em
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território infiel. Agora essa sagrada cidade encontra-se desfigurada, ameaçada. Quantas
igrejas esses inimigos de Deus poluíram e destruíram? Ouvimos de altares e relíquias sendo
dessecrados por sujeira produzida por corpos Turcos. Ouvimos sobre verdadeiros crentes
sendo circuncidados e o sangue desse ato sendo vertido em pias batismais. O que podemos
dizer a vocês? Turcos transformam solo sagrado em estábulo e chiqueiro, expelem o conteúdo
de seus fétidos e putrefatos corpos em vestimentas dos emissários da palavra de Nosso
Senhor. Os descrentes forçam Cristãos a ajoelhar sobre essas roupas imundas, curvar as
cabeças e esperar o golpe da espada. Essas vestes, que através da imundície e sangue são
testemunhas de aberrações na falta da verdadeira fé, são exibidas junto com corpos dos
mártires. O que mais devemos lhes dizer, ó fieis? Turcos abusam de mulheres Cristãs. Turcos
abusam de crianças Cristãs. Pensem nos peregrinos da fé que cruzam o mar, obrigados a
pagar passagem em todos os portões e igrejas de todas as cidades. Quão freqüente esses
irmãos no sangue do Cristo passam por humilhações e falsas acusações? Aqueles que crêem
em pobreza, como são recebidos nesses lugares de nenhuma fé? São vasculhados em busca de
moedas escondidas. As calosidades em seus joelhos, causadas pelo ato de fé ao Nosso Senhor,
são abertas por lâminas. Aos fiéis são dadas bebidas de natureza vomitória para que sejam
vasculhadas suas emissões estomacais. Após isso são ainda obrigados a sorver excremento
liquefeito de bodes e cabras de forma a esvaziar suas entranhas. Se nada for encontrado que
satisfaça essas crias infernais, ó fieis, escutem. Turcos abrem com lâmina da espada as
barrigas dos verdadeiros seguidores, em busca de peças de ouro ingeridas e assim escondidas.
Espalham e retalham entranhas mostrando assim o que a natureza manteria secreto. Tudo a
procura de riquezas ou por prazer insano. Turcos perfuram os umbigos dos fiéis, amarram
suas tripas a estacas e afastam os Cristãos, prendendo-os com cordas a outro poste, de forma a
que vejam suas próprias entranhas endurecendo ao sol, apodrecendo e sendo consumidas por
corvos e vermes. Os Turcos perfuram irmãos na fé com setas, fazem dos mais velhos alvos
móveis para seus malditos arcos. Queimam os braços e pernas dos mártires até o negro e
soltam cães famintos para os devorar, ainda vivos. Ó Francos, o que dizer? O que mais deve
ser dito? A quem, pois, deve ser dirigida a tarefa de vingança tão santa quanto a espada de
São Miguel? A quem Nosso Senhor poderia confiar tal tarefa senão aos seus mais abençoados
e fiéis filhos? Ó Francos, vocês não são habilidosos cavaleiros? Poderosos guerreiros na
palavra de Deus? Próximos a São Miguel na habilidade de expurgar o mal pela espada? Dêem
um passo a frente! Não mais levantarão as espadas entre si, ceifando vidas e pecando contra A
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palavra. Aproximem-se guerreiros abençoados. Os que dentre vocês roubaram tornem-se
agora soldados, pois a causa é suprema. Aqueles que cultivam mágoas juntem-se aos seus
causadores, pois a irmandade é essencial ao objetivo. Aproximem-se os que desejam vida
eterna, aproximem-se os que desejam absolvição no sagrado.
Saibam que Nosso Senhor espera seus filhos em lugar abençoado. Na palavra do
Santíssimo seguirão e combaterão, não deixem que obstáculos os parem, creiam Na palavra e
nada os deterá. Deixem todas as controvérsias para trás! Unam-se e acreditem! Não permitam
que posses ou família os detenham. Lembrem-se das palavras de Nosso Salvador, “Aquele
que abandonar sua morada, família, riqueza, títulos, pai ou mãe pelo meu nome, receberá mil
vezes mais e herdará a vida eterna”. Se os Macabeus dos tempos de outrora conquistaram
glória pela sua luta de fé, da mesma forma a chance é ofertada a vocês. Resgatem a Cruz, o
Sangue e a Tumba. Resgatem o Gólgota e santifiquem o local.
No passado vocês não lutaram em perdição? Não levantaram aço contra iguais?
Orgulho, avareza e ganância não foram suas diretivas? Por isso vocês merecem a danação, o
fogo e a morte perpétua. Nosso Senhor em sua infinita sabedoria e bondade oferece aos seus
bravos, porém desvirtuados filhos, a chance de redenção. A recompensa do sagrado
martírio.Ó Francos,ouçam! Deixem a chama sagrada queimar em seus corações! Levem
justiça em nome do Supremo! Francos! A Palestina é lugar de leite e mel fluindo, território
precioso aos olhos de Deus. Um lugar a ser conquistado e mantido apenas pela fé. Pois
chamamos por suas espadas! Lutem contra a amaldiçoada raça que avilta a terra sagrada,
Jerusalém, fértil acima de todas outras. Glorifiquem suas peregrinações para o centro do
mundo, consagrem-se em Sua paixão! Alcancem a redenção pela Sua morte! Glorificado pelo
Seu túmulo! O caminho será longo, a fé no Onipotente tornar-lhe-á possível e frutífera. Não
temam Francos! Não temam tortura, pois nela reside a glória do martírio! Não temam a morte,
pois nela reside a vida eterna! Não temam dor, pois serão resignados!
Os anjos apresentarão suas almas a Deus, o Santíssimo será glorificado pelos atos
de seus filhos! Vejam a sua frente aquele que é voz de Nosso Senhor! Sigam Sua presença e
palavras eternas! Marchem certos da expiação de seus pecados, na certeza da glória imortal.
Deixem as hordas do Cristo Rei se atracar com o inimigo! Os anjos cantarão suas vitórias!
Que os conhecedores Da palavra entrem em Jerusalém portando o estandarte de Nosso Senhor
e salvador! Que o símbolo da fé seja mostrado em vermelho sobre o imaculado branco, pureza
e sofrimento expressados! E que Sua palavra se faça ouvida como retumbante trovão,
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trazendo medo e luz para os infiéis! Que agora o exército do Deus único grite em glória sobre
os Seus inimigos!”
“Louvado seja o Senhor meu Deus!” Gritaram as centenas de cavaleiros Francos
reunidos no campo de Clermont.
E as Cruzadas tiveram início...
Apoiando-se nos escritos de Santo Agostinho que via as guerras como justas e
injustas e essas guerras justas como: “A guerra justa é um mar, mas um mar menor que vista
do triunfo da injustiça” (santo Agostinho) o Papa Urbano II prega a necessidade de se
reconquistar a Terra Santa.
“(...) ouvimos sobre uma raça de homens saídos de presença profana e falta de fé.
Turcos, persas e árabes, amaldiçoados, estranhos a nosso Deus que devastam por fogo ou
espada as muralhas de Constantinopla, (...) nosso bastão de fé em território infiel. (...) os
descrentes forçam cristãos a ajoelhar sobre roupas imundas, curvam as cabeças e esperar o
golpe da espada (...) turcos abusam de mulheres cristãs. Turcos abusam de crianças cristãs. Ó
Francos deixem a chama sagrada queimar, lutem contra os amaldiçoados, raça que avilta a
terra sagrada. Não temam tortura pois nela reside a glória do martírio! Não temam a morte,
pois nela reside a vida eterna! Não temam a dor, pois serão resignados!”
* Fragmento do discurso de Urbano II no Concílio de Clemont, 1095.
Após este discurso inflamado e dado início as Cruzadas, nome este recebido, não
como alguns pensam, Cruzadas porque cruzam o mundo para libertar a Terra Santa, mas
porque os nobres envolvidos no conflito escolheram a cruz como símbolo de sua guerra
sagrada, ou pintada nas suas armaduras ou bordadas nas suas vestes.
* Apesar de tudo que foi dito precisamos ressaltar um outro lado das Cruzadas.
Segundo James Bure (pesquisador de História Medieval da Universidade de Ohio – EUA),
além do cunho religioso os nobres tinham como objetivo o de escoar o excesso de mão-deobra ociosa na Europa.
* Para entendermos isso é preciso salientar que a Europa especificamente
naquele momento entrava no seu período de crise do modo de produção feudal, ao passo que
a produção estagnava ou decaía a população aumentava, este fenômeno ocorria
principalmente por causa do esgotamento do solo, no que se refere a produção agrícola, e a
diminuição das guerras dentro da própria Europa para justificar o crescimento populacional
em poucos séculos.
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Ou seja, podemos concluir que vários aspectos influenciaram o início das
Cruzadas – o fator religioso, o político e o econômico. Este último transfigurado em dar vazão
a mão-de-obra, principalmente com o objetivo de reabrir as rotas comerciais fechadas com o
domínio dos turcos otomanos. Por tudo isso à partir do século XI os cruzados ou guerreiros da
cruz atenderam ao chamado do papa e iniciaram séculos de guerras, daí por diante, com força
nunca vista antes no mundo cristão no que se refere a uma luta em nome da “fé”.
CRONOLOGIA DOS FATOS
1071 – Os turcos vencem o exército bizantino em Manzikert, tomam Jerusalém e proíbem as
peregrinações cristãs.
1095 – Concílio de Clemont. O papa Urbano II prega a Primeira Cruzada.
1096 – Reúne-se a “Cruzada dos Pobres”, massacrada pelos mulçumanos, partida da primeira
Cruzada, a “Cruzada dos Nobres”.
1118 – Fundação da Ordem dos Templários.
1146 – Bernard Clairvaux prega a segunda Cruzada.
1187 – Saladino, Liderando seus exércitos, invade a Terra Santa e conquista Jerusalém.
1192 – Ricardo e Saladino assinam um tratado de paz, Ricardo deixa o Oriente.
1198 – O papa Inocêncio III prega a Quarta Cruzada.
1212 – Cruzada das Crianças.
1217 – Os cruzados reúnem-se em São João D’arce.
1221 – Os cruzados são emboscados no Rio Nilo e forçados a bater em retirada, fim da Quinta
Cruzada.
1228 – Frederico II chega ao Oriente liderando a Sexta Cruzada
1229 – Frederico assina tratado de paz reconquistando Jerusalém e os lugares sagrados.
1244 – Os mulçumanos tomam Jerusalém.
1248 – Luís IX, da França, conduz a Sétima Cruzada
1250 – Luis e seus exércitos são derrotados e aprisionados.
1291 – Queda de São João D’arce. Fim do domínio na Terra Santa.
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AS OITO CRUZADAS
A Cruzada dos Pobres – enquanto os nobres organizavam sua Cruzada,
pregadores itinerantes levam a pregação do papa a pessoas comuns, um desses, Pedro, o
eremita levou a mensagem com tanto entusiasmos que por onde passou a segui-lo em abril de
1096, seus seguidores reuniram-se em Colônia “cidade da atual Alemanha” seu exército era
formado por mendigos e camponeses pobres que em muitos casos levavam sua própria
família.
Sem o mínimo de preparo militar partiram no início do verão cheios de fé, mas,
sem nenhuma provisão pelo caminho atacavam cidades e mendigavam, por exemplo ao
passarem por Constantinopla saquearam os seus subúrbios levando terror e medo as cidades
por onde passavam, enfim encontram o feroz e bem treinado exército turco, como resultado
um total massacre, dos poucos sobreviventes a maioria foi vendida como escravos e uns
poucos conseguiram fugir para contar a história. (1096 – 1099).
A Primeira Cruzada (Cruzada dos Nobres) – Organizada durante o ano de 1096
os nobres partem no outono deste mesmo ano em abril de 1097 estavam as portas de
Constantinopla solicitando o apoio do cesaropapa Aleixo Comneno.
Com o objetivo de alcançar Antioquia, no caminho tomaram a cidade de Nicéia,
sob domínio turco, continuam sua jornada e em outubro de 1097 após um longo e doloroso
combate só em julho de 1098 os cruzados conseguem vencer a batalha e seguem seu caminho
para Jerusalém em julho de 1099 começam seus ataques inicialmente facilmente repelidos
pelos turcos, só no dia 14 deste ano “após jejum e orações” os cruzados partem para o seu
mais impiedoso combate, por volta do meio-dia do dia 15 de julho de 1099 os cruzados
conseguem escalar as muralhas de Jerusalém e impiedosamente após abertos os portões os
cruzados invadem a Terra Santa e massacram os habitantes da cidade tanto judeus, quanto
mulçumanos. Após a vitória chegam ao santo sepulcro e caem de joelhos agradecendo a Deus
pela vitória, indiferentes aos cadáveres de suas vítimas que cobriam as ruas da cidade.
Após a vitória estabeleceram quatro estados cristãos: o Condado de Edis, o
Principado de Antioquia, o Condado de Trípoli e o Reino de Jerusalém, vale ressaltar que os
cristãos jamais viveram em paz com seus vizinhos árabes, trucos, gregos e judeus sendo
constantemente saqueado e sem nunca cosneguir controlar as áreas rurais.
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A Segunda Cruzada (Cruzada dos Reis) (1147 – 1149) – Pregada por Eugênio
III e São Bernardo após a Queda de Edessa encarregou Bernard Clairvaux de convencer Luis
VII (Rei da França) da necessidade da nova expedição e após convencer o imperador
germânico Conrado III, após relutar também resolveu participar das Cruzadas.
Em 1147, os exércitos reunidos partem em direção a Constantinopla. Inimigos
declarados partem cada um por sua conta, no outono deste mesmo ano após atravessar o
bósforo a caminho da Terra Santa em Dorkeu encontra o exército turco que lhe impõe uma
frag orosa derrota, Conrado e alguns poucos sobrevivem e retornam a pé para Constantinopla,
onde os franceses acabam de chegar.
Numa atitude insana o rei Luis VII ousou atravessar o território inimigo em pleno
inverno após perder muitos homens por causa do frio e da fome o exército turco a sua espera
lhe impõe outra derrota.
No verão seguinte finalmente o que sobrou dos dois exércitos se unem e
juntamente com outros cruzados vindos da Europa partem para sitiar Damasco, em mais um
erro de estratégia resolvem sitiar logo uma cidade que via com bons olhos os cristãos. Depois
de cinco dias de ataques e com muitas baixas os exércitos cruzados desistem e retornam a
Europa.
A Terceira Cruzada (nova Cruzada dos Reis) (1189 – 1192) – Inconformados
com a perda de Jerusalém e incitados pelo papa, os principais monarcas europeus decidiram
partir para uma Nova Cruzada, em maio de 1189, parte para a Terra Santa o maior exército
reunido pelos cristãos, mas um desastre muda os rumos da batalha: ao atravessar um rio a
caminho de Jerusalém Frederico I (o “Barba Ruiva”) Imperador da Alemanha morre afogado
e sem sua liderança, o gigantesco exército rapidamente se desintegrou tendo o retorno para a
Alemanha da maior parte do exército e apenas uns poucos decidiram seguir para Jerusalém.
Em 1190, Filipe Augusto (Rei da França) e Ricardo I (Ricardo Coração de Leão)
Rei da Grã Bretanha partem numa cruzada conjunta. Em 1191 partem para socorrer um
exército cristão atacado pelas tropas do sultão Saladino, uma manobra ousada Ricardo desvia
da rota e parte para capturar a ilha de Chipre e só volta a se unir a Filipe em junho.
Em 08 de julho, os cristãos penetram na cidade e Saladino bate em retirada, Felipe
Augusto retorna a França, deixando as suas tropas sob o comando de Ricardo.
Ricardo persegue Saladino em sua batalha para o sul em direção a Jerusalém, sua
batalha seguinte foi em Arsuf onde a infantaria de Saladino ataca com flechas e lanças leves
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os cruzados, sem muito êxito pois não conseguiam perfurar as pesadas armaduras dos
cruzados, em pouco tempo os mulçumanos são vencidos do campo de batalha, vencidos mas
não destruídos, Saladino e seu exército retornam para Jerusalém ao passo que Ricardo já
estava no Porto de Jafa.
Sem sentirem a possibilidade de vitória definitiva e agravada pela doença de
Saladino e o anseio de Ricardo em retornar para a Inglaterra (onde seu irmão João Sem Terra
conspirava contra ele) resolvem os dois soberanos assinam um tratado de paz e em 1192
Ricardo pode regressar finalmente à Inglaterra.
A Quarta Cruzada (1202 – 1204) – em 1198 há a convocação do papa Inocêncio
III para uma nova Cruzada para conquistar Jerusalém. Os nobres estabelecem como primeiro
objetivo conquistar o Egito, o mais rico e menos protegido dos estados mulçumanos, mas para
atacar o Egito era necessário atacá-lo pelo mar e a única alternativa foi alugar os barcos
venezianos, os venezianos concordaram em alugar os barcos, mas exigiram uma mudança de
lugar, ao invés do Egito, o primeiro objetivo seria Constantinopla, pois Meixo (Príncipe
Herdeiro do Trono Bizantino) buscava reconquistar seu trono perdido e propôs aos
mercadores venezianos que em troca de sua ajuda custearia as despesas da viagem e lhes daria
o monopólio do comércio com Constantinopla e mais, pagaria as despesas dos cruzados até
Egito.
Em 1203, os cruzados e a frota veneziana chegam a Constantinopla, após
reconduzirem Meixo ao trono buscam receber as despesas da expedição conforme acordo,
mas o agora imperador não cumpre o acordo e os cruzados decididos atacam e saqueiam a
rica cidade, massacrando boa parte da população da cidade, transformando a expedição no
maior ato de pilhagem de toda a Idade Média, roubando dentre outras coisas relíquias, objetos
de arte e tesouros de inestimável valor.
Após a vitória da invasão, os cruzados e os venezianos formam o Império Latino
de Constantinopla e finalmente dominam o monopólio do comércio e mostram que realmente
as cruzadas eram muito mais que expedições para reconquistar a Terra Santa.
A Cruzada das Crianças – em 1212 organiza-se uma expedição formada
principalmente por crianças francesas e alemãs, pois acreditava-se que só os puros de coração
poderiam reconquistar a Terra Santa e esta pureza só se encontraria nas crianças.
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O grupo francês, em Marselha resolveu aceitar transporte gratuito oferecido por
inescrupulosos mercadores até a Palestina durante o percurso, algumas crianças afogaram-se
numa tempestade e o restante foi vendida como escravas.
As crianças alemãs que chegaram até a Itália, mas sem dinheiro e comida não
conseguiram seguir adiante, e tiveram de mendigar para sobreviver e muito poucas
conseguiram retornar para casa.
A Quinta Cruzada (1217 – 1221) – 12,17, mais uma vez cristãos de muitos países
europeus reúnem-se em São João D’arce para uma nova tentativa de reconquistar Jerusalém,
dentre estes Francisco de Assis. Tinham como objetivo primeiro a conquista do Egito para
isso o porto de entrada era Damieta, situado na Foz do Nilo. Em uma longa batalha os
cruzados levam cerca de um ano para conquistar o Porto e após muitas brigas internas
resolvem acampar as margens do Nilo e os inimigos só precisaram abrir as comportas para
afogá-los, humilhados os cruzados não tem outra alternativa senão aceitar a paz e deixam o
Egito sem conseguir absolutamente nada mais uma vez.
Sexta Cruzada (1228 – 1229) – liderada pelo Imperador Frederico II (Imperador
do sacro Império da Alemanha) que havia sido excomungado pelo papa, parte em 1228 após
deserções e algumas hostilidades das forças cristãs locais devido a excomunhão, mas após
alguma relutância se juntam a ele, para sua sorte os mulçumanos também estavam divididos e
preferiram as negociações à lutar as negociações duram todo o inverno e apenas em 29 de
fevereiro de 1229, chega-se a um acordo de paz, deste acordo os cristãos saem favorecidos
além da paz por dez anos conseguiu as cidades de Jerusalém, Belém e Nazaré e mostrou a
habilidade de Frederico que conseguiu vencer com diplomacia o que outros não conseguiram
com guerra.
Sétima Cruzada (1248 – 1250) – a conquista de Frederico foi breve em 1244 os
mulçumanos expulsam os cristãos de Jerusalém e o Rei Luis IX da França resolve organizar
uma nova Cruzada.
Luis ataca primeiro o Egito; e a cidade de Damieta não lhe oferece muita
resistência, o sultão então lhe oferece Jerusalém como acordo, Luis IX recusa e sobe o rio
Nilo, mas os egípcios cortam-lhe o fluxo d’água e o bloqueiam pela retaguarda, aos poucos os
alimentos vão acabando e enfraquecidos pela fome e por doenças, Luis e todo seu exército é
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cercado e feito prisioneiros. O rei e os nobres pagam pela sua liberdade e as demais cruzadas
foram vendidas como escravos ou mortos na batalha.
Oitava Cruzada (1270) – Após a conquista de vários territórios pelos egípcios
mamelucos entre os anos de (1265 – 1268) o rei francês Luis IX retoma o espírito das
cruzadas, mas desta vez com objetivos diferentes, o objetivo agora era a convenção do Emir
de Tunis, Luís parte inicialmente para o Egito que estava sendo devastado pelo sultão Bibars e
depois para Tunis, na esperança de converter o Emir e o sultão ao cristianismo, mas o sultão
Maomé o recebe de maneira inesperadamente hostil e sua expedição como Qissé, todas
acabam em tragédia, sem haver luta ao chegar em Túnis são acorretidos por uma peste dos
seus cruzados dentre eles Luis IX e seu filho, por fim o filho do Rei Filipe “o audaz” firma
um tratado de paz e põe fim a epopéia das Cruzadas.
UM BREVE HISTÓRICO
Por fim as Cruzadas trouxeram um grande desenvolvimento para o comércio e foi
um dos fatores que ceifaram o fim do modo de produção feudal e iniciando o modo de
produção
capitalista
pelos
séculos seguintes na Europa,
ou seja, aquelas expedições
que seriam supostamente de
caráter religioso na verdade
acabaram preparando o fim da
Idade Média e iniciando a
Idade Moderna.
Mapa das Cruzadas
e da cidade de Jerusalém em
1099 no início das Cruzadas.
Fonte histórica para o ensino médio – História Geral e do Brasil Ed. Scipione
* Mapa da cidade de Jerusalém, pág.33
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ARMAS DA CAVALARIA
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OS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS
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- Ordo Pauperum Commilitonum Christi Templique Salominici
- Ordem dos Pobres Soldados de Cristo do Templo de Salomão
Fundada em 1118 por Hugo Payns (Cavaleiro da Pequena Nobreza Francesa), e
mais oito cavaleiros, os Templários ficam em Jerusalém com o objetivo de defender a Terra
Santa e o Santo Sepulcro dos peregrinos e dos ladrões. Os Templários viviam como monges
obedecendo a votos de pobreza e castidade apoiados pelo novo rei de Jerusalém Balduíno II
em 1118 são instalados na mesquita de Al-Aqisa onde acreditava ter sido anteriormente o
Templo de Salomão, estes cavaleiros se mantêm na completa obscuridade até que em 1127
Payns retorna a Europa com o objetivo de obter recursos para a ordem, suas histórias chegam
aos ouvidos de Bernard Clarvaux homem de confiança do papa e mestre dos monges
cistercienses, Clarvaux fica maravilhado com a idéia de cavaleiros de Cristo e além de
convencer o papa Honório II a aprovar a ordem em 1128 com uma série de isenções e
direitos, “dentre elas o direito de se reportar diretamente com o papa”, Clarvaux também
redige as regras da ordem e no que se refere a por exemplo: monges matarem Clarvaux,
escreve (...) matar é errado. Porém matar o mal em nome de Deus não é homicídio, mas sim
malecídio. Dentre outros motivos além da sua força e organização os Templários se tornaram
os cristãos mais temidos pelos mulçumanos por seu destemor e desapego até a própria vida
para defender o cristianismo.
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Contudo em 1305 o papa Clemente V, decide acabar com a ordem com o objetivo
de apoiar o rei da França Felipe “o belo”, que vivia em cativeiro, após sessões de torturas são
arrancadas confissões forjadas e a ordem é supostamente extinta. Mas, segundo alguns
estudiosos ela segue forte até hoje nos rituais da Maçonaria.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Dicionário da Idade Média – Org. por H.R.Loyn
Jorge Zahar
Editora Rio de Janeiro – 1997 2ª edição
Dicionário Temático do Ocidente Medieval
Jacques Lê Coff e Jean-Claude Schmitt
Editora Edisc 2006
Nascidos Pelo Sangue – Os Segredos Perdidos da Maçonaria
John J. Robinson
Editora Madras
Os cavaleiros de Cristo
Alain Demurger
Editora Jorge Zahar
A idade Média em Recortes (artigo)
James Bure
Revista Aventuras na História – Edição Especial Cruzadas
Revista Aventuras na História – Edição 38 – Outubro de 2006
Foto da cidade de Jerusalém
As Bases da Religião Cristã (artigo)
Jorge Neves: Citação de Santo Agostinho
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