1 PERFIL DE CONSUMIDORES E A REPRESENTAÇÃO SOCIAL SOBRE ALIMENTOS ORGÂNICOS, EM FEIRAS LIVRES DOS MUNICÍPIOS DE VILA VELHA E VITÓRIA, ES. Evandro Gomes DORIQUETTO1 Maslowa Matos Gama CURTO1 Ana Maria Bartels REZENDE2 Resumo Introdução Em consonância com a busca por uma alimentação cada vez mais saudável e segura, bem como pela preocupação sobre o impacto da atividade produtiva sobre o meio ambiente, o consumo de alimentos orgânicos vem assumindo novas dimensões. No entanto, persistem dificuldades em se dimensionar o tamanho e a evolução do mercado destes produtos, o que demanda estudos para conhecer melhor o seu consumidor, centro e elo para as estratégias de ampliação e diversificação da produção. Objetivo Identificar e analisar o perfil dos consumidores e o perfil de consumo de alimentos orgânicos, em feiras livres dos Municípios de Vila Velha e Vitória/ES e sua representação social sobre o consumo destes produtos. Metodologia Estudo exploratório de orientação analítico-descritiva, e caráter quali-quantitativo, que utilizou a abordagem teórica das representações sociais para descrever a percepção dos participantes sobre o objeto de estudo. População composta por 42 consumidores de duas feiras de produtos orgânicos (Vila Velha e Vitória, ES), que responderam a uma entrevista semi-estruturada, gravada eletronicamente para posterior transcrição. O perfil dos entrevistados foi descrito por variáveis de gênero, idade, sócio-econômicas e o perfil do consumo pela freqüência, tempo e produtos mais consumidos. A percepção dos indivíduos sobre alimentação saudável, alimentação orgânica, motivos e dificuldades para o consumo foram acessadas e analisadas pela técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Resultado Entre os sujeitos do estudo 56% eram do sexo feminino e 44% masculino, com idade entre 19 e 80 anos (média 51 anos), moradores em sua maioria dos bairros próximos às feiras pesquisadas. A maioria possuía renda familiar mensal acima de 10 SM, curso superior completo ou mais e famílias com até três membros (69%, 74% e 67% dos entrevistados, respectivamente). Cerca de 1/3 (30,9%) se declarou aposentado. Quanto às características do consumo, 71,4% adquirem os produtos orgânicos nas feiras uma vez por semana, 58% faz uso destes há mais de três anos e os alimentos mais consumidos são verduras e legumes. Os DSC revelaram: uma forte associação da alimentação saudável, com o consumo de frutas, hortaliças e grãos com uma dieta considerada “equilibrada”; representação dos alimentos orgânicos como aquele livre de agrotóxicos, que apresenta melhores características sensoriais e que produz saúde e bem estar. As dificuldades para o consumo foram mais atribuídas à falta de divulgação das feiras, a pouca diversidade e ao maior preço dos produtos orgânicos. 2 Conclusão Os resultados apontam para necessidade de se incentivar uma produção mais diversificada, estratégias de marketing que estimulem demanda-oferta e diminuam preços e, assim, ampliem o acesso aos produtos orgânico para parcela maior da população, já que o seu consumo está associado, na representação dos sujeitos, à promoção da saúde e a práticas alimentares saudáveis. Descritores: Alimentos Orgânicos, Perfil de Consumidor; Representações Sociais, Discurso do Sujeito Coletivo. 1 2 Acadêmicos de Nutrição do Centro Universitário Vila Velha. Professora Adjunta do Curso de Nutrição do Centro Universitário Vila Velha. PROFILE OF CONSUMERS AND THE SOCIAL REPRESENTATION ABOUT ORGANIC FOODS IN PUBLIC FAIRS OF THE MUNICIPALS OF VILA VELHA AND VITÓRIA, ES. Abstract Introduction In consonance to the search for a health and secure alimentation, as the concern about the impact of this productive activity on the environment, the consumption of organic foods is assuming news dimensions. However, the difficulties in dimensioning the proportion and the evolution of this products market persist, which lawsuit studies to know better your consumer, core and link to the strategy of amplification and diversifying of production. Objective Identify and analyse the profile of consumers and the profile of organic foods consumers, in public fairs on the Municipal of Vila Velha and Vitória, Espírito Santo (ES) and their social representation about the consumption of this products. Methodology Exploration study of orientation analytic-specification, and character quality-quantity, which use theoretical approach of the social representations to describe the perceptions of the participants about the study objective. Population compound of 42 consumers of two fairs of organic foods (Vila Velha e Vitória, ES), which answered a interview halfstructured, taped record for later transcription. The profile of the interviewed people was report for humankind, age, social-economic variables and the profile of consumptions for the frequency, time and products more consumed. The perception of individuals about the healthy alimentation, organic food, reasons and hardness for consume were accessed and analyzed for the technic of Discourse of Collective Individuals (DCI). Results Between the individuals of the study, 56% were from female sex and 44% from male sex, with age between 19 and 80 years old (average 51 years old), the greater number residents in district next to the study fairs. The majority have monthly gains up to 10 minimum salary, university study complete or more and families with three members (69%, 74% e 67% of the interviewed, respective). About 1/3 (30,9%) declare themselves as retired. For the consumption characteristics, 71,4% acquire they organic products on the fair ones in a week, 58% use this products more than three years and the most consumed products are vegetables. The DSC revealed that a strong association of 3 health alimentation, with the consumption of fruits, vegetables and grains with a diet considered “equilibrate”; representation of organic foods as foods free of agrotoxic, which present better sensorial characteristics and cause health and well-being. The hardness for the consume were attributed to the failure of divulgation of the fairs, a few diversity and bigger cost of the organic foods. Conclusion The results point to the need of stimulate a production more diversifying, marketing strategics in order to stimulated the prosecution-offer and reduce the price and, in this manner, amplify the access to the organic products to bigger portion of the population, ones that the consumption it’s associated, in individuals representations, to health promotion representations and health alimentary practice. Key-words: Organic foods, Consumers Profile, Social Representations, Discourse of Collective Individuals (DCI). INTRODUÇÃO O homem antigo passou de uma vida nômade a viver em comunidade, onde a caça, as ingestões aleatórias de frutos selvagens e grãos se transformaram em pecuária e agricultura. Estes homens tinham uma relação instintiva e harmoniosa com o ambiente, escolhendo o alimento que era apto para responder suas necessidades de vida. As diferentes formas de nutrição desses povos deram bons resultados porque quase sempre conservava a forma natural do alimento, a biodiversidade e estavam enquadradas dentro da cultura local (DAROLT, 2002). É possível acompanhar o início das primeiras civilizações até o início do Império Romano e perceber que à medida que o homem foi se agrupando em sociedades e se desenvolvendo sua alimentação foi se modificando, e ele foi se distanciando da natureza e do modo instintivo e empírico de obtenção de conhecimento. Sendo que na época da Renascença houve várias transformações levando o homem a Revolução Científica, na qual os pilares da ciência moderna foram implantados (ORMOND et al., 2002). O século XVIII e a Revolução Industrial trouxeram grandes avanços dentro da pesquisa científica e também dentro da ciência da Nutrição e Agronomia, ou seja, a situação atual da dietética é um reflexo da evolução científica da humanidade, que ao se 4 distanciar da natureza, foi perdendo seu instinto natural de se alimentar e desenvolvendo teorias científicas do que e como comer (FREITAG, 1990). A busca por qualidade em produtos agroindustriais está mostrando um crescimento constante desde a última década, fruto de mudanças nas preferências dos consumidores, motivados principalmente por preocupações com a saúde pessoal e da família (NEVES et al., 2000). É cada vez maior o número de pessoas que estão em busca de uma alimentação mais saudável, na tentativa de resgatar um tempo que ainda era possível ter á mesa mantimentos de boa qualidade e livre de agrotóxicos, sendo que, atualmente os alimentos passam por uma série de processos até chegarem ao consumidor, que acabam provocando uma mudança de hábitos alimentares e um distanciamento entre ele e o agricultor (DAROLT, 2003). Nos últimos anos, com a polêmica dos alimentos transgênicos e o mal da ‘‘vaca louca’’, os temas relacionados com a questão agroambiental têm obtido espaço na mídia. Apesar de crescente, este espaço ainda é insuficiente para sensibilizar o consumidor sobre os problemas relacionados ao agrotóxico (DAROLT, 2002). Concebidos a partir da década de 20 do século passado, ganhando espaço, apesar de ainda marginalizados, a partir dos anos 70, diversos movimentos reuniam-se sob a denominação genérica de agricultura alternativa, que apesar das especificidades, ficaram conhecidas no mercado Brasileiro, como sinônimos de agricultura orgânica, na medida em que esta se tornou a corrente mais difundida (NEVES, et.al., 2000). Entre a década de 80 e 90 esse movimento cresce e explode, onde cada vez mais surgem produtores orgânicos (GUIVANT, 1995). Assim, de acordo com a Instrução Normativa de 07/99 do Ministério da Agricultura e do Abastecimento (MAPA), publicada pelo Diário Oficial da União em 17 5 de maio de 1999, a agricultura orgânica passa a ser definida como (BRASIL, 1999, p.11-14). [...] sistema agropecuário em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo à sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não-renovável, empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, e a proteção do meio ambiente [...] Esta definição contempla alguns elementos do conceito de Segurança Alimentar e Nutricional: Todo mundo tem direito a uma alimentação saudável, acessível, de qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente. Isso é que chamamos de Segurança Alimentar e Nutricional. Ela deve ser totalmente baseada em práticas alimentares promotoras da saúde, sem nunca comprometer o acesso a outras necessidades essenciais (CONSEA, 2004, p.410). Embora Shiarinelli (2006) e outros autores considerem o alimento orgânico como mais nutritivo, com teores de vitaminas e antioxidantes maiores, não há nenhuma evidência conclusiva de que os produtos orgânicos sejam mais nutritivos que os convencionais. No estudo de Foster e Lampkin, (apud VILELA, 2002), realizado na Itália encontrou-se controvérsias como: em pêssegos orgânicos o teor de beta caroteno maior do que nos convencionais; de outra forma, a análise da ameixa evidenciou diferença de 50% a menos deste componente quando comparados à convencional. A produção orgânica, ao contrário do que afirmam seus opositores, não é uma simples volta ao passado, mas a experiência daqueles que trabalham em ecossistemas tratando o solo como um elemento viável e não apenas como substrato. A agricultura familiar apresenta-se como elemento insubstituível na promoção desta produção, pois mesmo com o processo de Revolução Verde, conseguiu sobreviver à transição tecnológica do campo (CONTAG, 1999; FARIA et al., 2000). 6 Esse tipo de produção é um segmento de reconhecida importância no mundo inteiro. No caso do Brasil, a agricultura familiar é responsável por 37,9% da produção nacional de agricultura (PIRES, et al., 2002). Considerando o mercado interno, apesar da baixa renda per capita, um número crescente de consumidores tem se preocupado cada vez mais com temas como: segurança alimentar, meio ambiente, bem-estar social e saúde, mostrando-se dispostos a pagar mais caro por ‘‘alimentos naturais’’, que não contêm produtos químicos e outras fontes de contaminação (NASCIMENTO, et al., 2006). À medida que a produção e o mercado de alimentos orgânicos foram se expandindo durante os anos 90, tanto no contexto internacional quanto no Brasil, as feiras passaram a ter um papel dominante de comercialização (GUIVANT, 2003). As feiras livres existem no Brasil desde o tempo da colônia. Apesar dos tempos modernos, elas não desapareceram, sendo que desempenham funções muito importantes na consolidação econômica e social, sendo capaz de provocar mudanças e reconversão no setor de pequenos e médios agricultores (GODOY; ANJOS, 2007). De acordo com Guivant (2003), a presença destacada das feiras livres ecológicas no segmento de orgânicos insere-se dentro do processo de transformação que aquelas têm ocasionado na esfera do consumo alimentar, ao fornecer novas opções com iniciativas no que diz respeito às inovações e a qualidade dos alimentos. O produto orgânico, por ser, obtido em sistema alternativo ao dominante, necessita ser diferenciado, e de forma positiva. Justifica-se, assim, a inclusão de um selo em sua embalagem que dê garantia ao consumidor das suas características (DIAS, 2001). Quando se fala de orgânico, já vem em mente alimentos livres de insumos químicos. Porém, o Brasil encontra-se entre os maiores consumidores mundiais de 7 agrotóxicos. Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Defensivos Agrícolas (Sindag), o país consome um quinto do total utilizado no Terceiro Mundo (GUIVANT, 2000). Por outro lado, o Estado do Espírito Santo é um dos maiores produtores de orgânicos do Brasil, sendo as cidades de Domingos Martins, Venda Nova do Imigrante, Irupi, Santa Maria de Jetibá, Piúma e Santa Tereza as maiores produtoras. Dentre os alimentos produzidos se destacam: hortaliças, frutas, café e avicultura (BELLO, 2006). A produção orgânica corresponde a cerca de 5% do total no mercado capixaba de alimentos, porém, a comercialização tem se mostrado como um desafio para os agricultores familiares e para as associações destes produtos no Brasil. O confronto entre o grande circuito (o de supermercados) e os circuitos curtos (o de feiras e vendas livres) ainda é um problema, necessitando então, da diversificação dos circuitos, visto que, nas feiras livres o consumidor já vai sensibilizado para a compra desses alimentos. (GUIVANT, 2003). Existem nos Municípios de Vila Velha e Vitória /ES uma variedade de feiras, porém, as que comercializam exclusivamente produtos orgânicos, são apenas duas, uma em cada município supracitado (BELLO, 2006). Neste mesmo Estado, quem realiza a certificação destes produtos é a empresa Chão Vivo, localizada no Município de Santa Maria de Jetibá. Segundo dados desta empresa, quase 400 produtores estão em busca do selo de certificação no Estado, e a empresa Bom Fruto é considerada a principal distribuidora nesta região (AZEVEDO, 2005). No entanto, nas feiras livres não é exigida a certificação. A legislação brasileira de 2007, que regulamenta a Lei nº. 10.831 de 2003 permite que o produtor ofereça seu produto como orgânico, com base em critérios próprios. No final, vale mesmo é a 8 relação de confiança entre o consumidor e o feirante. Uma alternativa encontrada pelos moradores de Vila Velha e Vitória /ES (AZEVEDO, 2008). Observa-se que o consumo de alimentos orgânicos tem crescido em diversas partes do mundo. Segundo o MAPA (BRASIL, 2008), existem hoje 15 mil produtores atuando na agricultura orgânica brasileira, sendo que esse número deve evoluir seguindo as mudanças no perfil do consumidor e o aumento crescente da demanda por produtos ‘‘saudáveis’’. Apesar da importância de consumo no mercado regional, ainda há uma grande dificuldade de dimensionar o tamanho e a evolução desse mercado, bem como conhecer seu consumidor (GUIVANT, 2003; SOARES et al., 2007). Desta forma, o conhecimento do perfil dos consumidores é importante, pois permite orientar trabalho de produção, direcionar o processo de marketing e comercialização destes produtos. Neste sentido, o objetivo deste estudo foi conhecer o perfil dos consumidores e o perfil de consumo de produtos orgânicos, em feiras livres dos municípios de Vila Velha e Vitória/ES e a representação social dos mesmos sobre o consumo destes produtos. Estudos semelhantes a este foram realizados no Rio de Janeiro, São Paulo, Pelotas, Florianópolis, Recife, Rio Grande Norte, Curitiba, entre outros, sendo então de grande importância, identificar o perfil dos consumidores orgânicos dos Municípios analisados (SOARES et al., 2007; CERVEIRA e CASTRO, 1998; BRAUCH, LOPEZ e RUTZ, 2006; CUENCA et al., 2007; RUCINSKI e BRANDENBURGUER, 2005). METODOLOGIA Realizou-se um estudo exploratório, de orientação analítico-descritiva e caráter quali-quantitativo, com 42 consumidores de duas feiras de produtos orgânicos, uma no município de Vila Velha e outra no município de Vitória, ES. 9 Os critérios de inclusão foram indivíduos de ambos os sexos, idade superior a 18 anos, sendo esses compradores e/ou consumidores dos produtos orgânicos nas citadas feiras, que concordassem voluntariamente a participar do estudo e os de exclusão, menores de 18 anos e indivíduos que, quando abordados, não se mostrassem receptivo a responder à entrevista. Os dados foram coletados nos dias 05, 12 e 19 de setembro de 2008, por meio de entrevistas semi-estruturadas, gravadas eletronicamente, pelas quais se obteve um registro integral das falas dos participantes para posterior transcrição. Foram utilizadas como variáveis descritivas do Perfil dos Consumidores: gênero; idade (em anos completos); bairro de residência; renda familiar mensal do respondente (coletada em reais/mês e posteriormente distribuída em salários mínimos, utilizando-se como referência o salário vigente de R$ 415,00); grau de escolaridade (nenhum a superior completo ou mais); tamanho da família (expresso em número de membros da família residentes no domicílio), ocupação e percepção sobre o seu estado de saúde (muito saudável, saudável ou pouco saudável). Para traçar o perfil do consumo foram levantados a freqüência de compra; o tempo de consumo ( em anos) e os produtos mais adquiridos/consumidos. As variáveis descritivas do perfil dos consumidores e do consumo foram tabuladas e processadas no Microsoft Office Excel 2007 e apresentadas na forma de gráficos para ilustrar a descrição e discussão dos resultados. Para acessar a representação social dos consumidores de produtos orgânicos foram elaboradas quatro questões amplas de estudo: representação do consumidor (1) sobre alimentação saudável, (2) sobre alimentos orgânicos, (3) sobre motivos para o consumo e (4) sobre dificuldades encontradas para o consumo. Estas questões foram incorporadas às perguntas da entrevista semi-estruturada. Para tanto, utilizou-se como 10 referência a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), preconizada por LÉFREVE; LÉFREVE (2003), como um recurso destinado a favorecer a fala direta dos sujeitos sobre o objeto do estudo, ou seja, quando se deseja saber o que um conjunto de indivíduos pensa sobre um determinado tema. Para estes autores isto só é possível de se realizar por uma pesquisa qualitativa, de base indutiva, na qual se pergunta (em entrevista semi-estruturada): o que o senhor (a) pensa ou acha ou tem a dizer sobre (o tema)? Fale sobre (tal assunto). As respostas que se obtém vão gerar um número variado de discursos individuais, que após literalmente transcritos serão processados a partir da construção das seguintes figuras metodológicas: expressões chaves (ECH), idéias centrais (IC) e ancoragem (A). Nesta técnica, as ECH são pedaços, trechos ou transcrições literais do discurso que devem ser destacados pelo pesquisador para revelar a essência do depoimento. As IC são nomes ou expressões lingüísticas que mostram e descrevem da maneira mais sintética, precisa e fidedigna possível o sentido de cada um dos discursos analisados. Na seqüência para se constituir o DSC as ECH semelhantes são agrupadas, e redige-se uma síntese das mesmas, na primeira pessoa do singular, de tal forma a produzir um DSC composto pelas ECH que tem a mesma idéia central (LEFEVRE e LEFEVRE 2003). ASPECTOS ÉTICOS O presente Projeto de Pesquisa, embora não tenha sido submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Vila Velha – UVV, procurou observar o estabelecido na Resolução CONEP Nº. 196/96 e suas complementares, no que se refere à participação livre e esclarecida na pesquisa, condicionada à autorização dos sujeitos no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Antes de se iniciar a pesquisa, os indivíduos recebiam todas as informações a respeito dos objetivos e procedimentos do estudo, em abordagem e linguagem de fácil 11 compreensão, além da leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), de tal forma que a divulgação dos dados desta pesquisa foram autorizados por seus respondentes pela assinatura do TCLE. RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir dos dados adquiridos pelas entrevistas, tornou-se possível conhecer o consumidor de alimentos orgânicos, cujos dados levantados estão dispostos a seguir: Nem todos os sujeitos abordados se dispuseram a responder as entrevistas de tal forma que, ao final de processo de coleta de dados acessou-se o discurso de 42 dos 60 sujeitos pretendidos. Destes, 13 eram consumidores da feira de Vitória e 29 da de Vila Velha. O menor número de respondentes naquele município foi devido a uma resistência maior, demonstrada pelas pessoas, em participar da pesquisa. PERFIL DOS CONSUMIDORES DE ALIMENTOS ORGÂNICOS Gênero Em relação ao gênero, entre os consumidores pesquisados, percebeu-se que as mulheres predominaram tanto no município de Vila Velha (51%), quanto no de Vitória (61%). Percentagens similares foram verificadas por Cerveira e Castro (1998) para São Paulo, por Darolt (2004) para Curitiba e por Cunningham, 2001 (apud Vilela 2002), para o Canadá. O ato de fazer compras para a família sempre foi mais freqüente entre mulheres, no entanto, nas sociedades modernas cada vez mais se observa o público masculino assumindo esta função. Isto ficou mais evidente em Vila Velha, onde a diferença entre homens e mulheres foi menos expressiva. 12 Idade A idade média dos participantes do estudo foi de 51 anos, variando entre 19 e 80 anos. Quando distribuídos por faixa etária percebeu-se que 19 (30,95%) encontravam-se entre 50 a 59 anos. Faixa - Etária Gráfico 1 - Distribuição dos consumidores entrevistados em relação à idade, 2008. Este resultado é semelhante ao do estudo de Cunningham, 2001 (apud Vilela 2002), que registrou 38,2% nesta faixa (idade acima de 55 anos). Por outro lado Rucinski e Brandenburg, (2005), identificaram que os consumidores orgânicos em Curitiba encontravam-se mais concentrados na faixa etária de 31 a 40 anos. O fato da freqüência de consumidores com menos de 30 anos ter sido menor que daqueles com idade mais avançada (9,52% para menos de 30 anos contra 26,2% para os maiores de 60 anos) sugere que, quanto maior a idade há uma modificação das perspectivas do consumidor em relação a uma alimentação mais saudável, constituindo uma opção pelo produto orgânico. Para os autores supracitados esta perspectiva, possivelmente esteja vinculada ao que ‘‘costumeiramente’’ ocorre nas idades mais avançadas em termos das manifestações de doenças e agravo como as dislipidemias, o diabetes, a hipertensão, dentre outros, e que quando identificados clinicamente motiva 13 os indivíduos a optarem por práticas alimentares mais saudáveis, muitas vezes alternativas (RUCINSKI; BRANDENBURG, 2005). Bairro de residência No que diz respeito ao local onde os consumidores residem, o bairro Praia da Costa foi o mais citado em Vila Velha (por 23 dos 29 entrevistados), enquanto em Vitória foram os bairros Barro Vermelho e Jardim da Penha (5 dos 13 entrevistados). No total da população 28 (69,7%) dos 42 consumidores entrevistados moravam no mesmo bairro ou em bairros próximos aos locais das feiras, fato este análogo ao relatado por Brauch, Lopes e Rutz (2006), no estudo realizado em Pelotas. A proximidade do local de venda dos produtos parece ser um dos fatores facilitadores e de estímulo para seu consumo, sendo esta condição relatada na fala de alguns entrevistados. Outra consideração que se pode fazer sobre esta característica é que estes são bairros de classe média alta, o que vincula o maior poder aquisitivo a um acesso maior aos produtos orgânicos. Tamanho da família O número de membros das famílias variou entre 1 a 6 indivíduos, sendo que famílias com até 3 indivíduos somaram 67% da população estudada (Gráfico 2). Os pesquisados relataram o consumo de alimentos orgânicos por todos os membros da família, embora não de forma exclusiva. 14 7% 2% 10% 1 Membro 2 Membros 24% 31% 3 Membros 4 membros 5 Membros 6 Membros 26% Gráfico 2 - Distribuição dos consumidores de produtos orgânicos entrevistados em relação ao número de membros da família, 2008. (Renda Familiar) A renda familiar informada pelos entrevistados variou de oitocentos a quinze mil reais entre os consumidores de Vila Velha e de três a doze mil reais entre os de Vitória. O Gráfico 3 demonstra que cerca de um terço (31%) da população do estudo relatou renda familiar mensal acima de 20 SM, sendo que a maioria (69%) tinham renda acima de 10 SM por mês. 14% 31% < 5 Salários 17% > 5 e < 10 > 10 e < 15 > 15 e < 20 > 20 14% 24% Gráfico 3 - Distribuição dos consumidores entrevistados em relação à renda familiar, 2008. 15 A constatação de que os consumidores de alimentos orgânicos geralmente possuem renda mais elevada foi apontada por vários outros estudos, como o de Rucinski e Brandenburg, (2005), em Curitiba, em que 45,1% relataram renda familiar acima de 12 SM; o de Cerveira e Castro, (1998), de São Paulo, em que 52% relataram renda superior a 10 SM e o de Guivant e Moro, (2005), de Florianópolis, em que 50% relataram rendas superiores a 11 SM. Escolaridade Quanto ao grau de escolaridade como, apresentado no Gráfico 4, a maior parte dos entrevistados (74%) declarou escolaridade elevada: ensino superior completo e/ou mais, incluindo os que têm pós-graduação. Nenhum 0% 7% 7% Fundamental Incompleto 7% 5% Fundamental completo Médio Completo Superior Incompleto 74% Superior Completo e mais Gráfico 4 - Distribuição dos consumidores entrevistados em relação ao grau de escolaridade, 2008 Este perfil se assemelha ao de outros estudos, como o realizado em São Paulo, por Cerveira e Castro, (1998), em que 60% dos consumidores ecológicos (termo utilizado pelo autor para se referir aos consumidores orgânicos) possuíam curso superior e ao de Guivant e Moro, (2005), em Florianópolis, em que 53,3% também possuíam o ensino superior completo. 16 Ocupação Cerca de 1/3 (30,9%) dos entrevistados se declararam aposentados, 14,3% do lar 9,52% administradores e 7,14% engenheiros. Advogados, funcionários públicos e comerciantes somaram 4,76% dos entrevistados. Percepção sobre o estado de saúde Identificou-se que 27 (67%) dos consumidores entrevistados percebiam-se saudáveis, enquanto 19 (30%) consideravam-se muito saudáveis, ou seja, apenas 3% manifestaram uma percepção negativa sobre sua saúde (Gráfico 5). 3% 30% Muito Saudável Saudável Pouco Saudável 67% Gráfico 5 - Distribuição dos consumidores entrevistados quanto a percepção sobre seu estado de saúde, 2008. PERFIL DO CONSUMO DE ALIMENTOS ORGÂNICOS (Freqüência de compra) A maioria (72,4%) dos consumidores obtém esses alimentos todos os sábados (uma vez por semana, devido ao fato das feiras só funcionarem aos sábados) dados esses compatíveis com o de Guivant e Moro, (2005), em Florianópolis, que obtiveram 73% de freqüência de compra uma vez por semana nos supermercados. Em contrapartida, 19,6% compram esses produtos três vezes por semana tanto em feiras 17 quanto nos supermercados/hortifrutis, e em menor freqüência (8%) relataram adquirir produtos orgânicos todos os dias. Tempo de Consumo No Gráfico 6 é demonstrado o tempo de consumo de alimentos orgânicos entre os entrevistados. A maioria (58%) afirmou consumir estes produtos há mais de três anos, enquanto o restante não se recordava do tempo ou consumiam a menos de três anos (ambos com 21% dos entrevistados). 21% 21% Não Sabe < 3 anos > 3 - 6 anos 10% > 6 - 8 anos 21% > 8 anos 27% Gráfico 6 - Distribuição dos consumidores entrevistados em relação ao tempo de consumo de orgânicos, 2008. Produtos mais consumidos No que se diz respeito aos produtos apontados como mais consumidos, as verduras estão entre as preferidas desta população (para 59%), realçando-se a alface cujo consumo foi apontado por quase todos os consumidores. Em seguida o vieram os legumes (para 37%) e as frutas (para 15%). Esse último com índice pequeno devido à falta de diversificação das mesmas no local, segundo comentários de alguns consumidores (Gráfico 7). 18 4% 3% 5% 3% 15% Frutas Verduras Legumes, raizes 37% Cereais Carnes Leguminosas Outros 59% Gráfico 7 - Distribuição dos consumidores entrevistados em relação aos produtos mais consumidos, 2008. Além dos entrevistados indicarem o consumo de frutas, verduras e legumes (FLV), também o fizeram acerca dos produtos orgânicos de outros grupos alimentares. Embora os números não sejam tão elevados, 15% dos entrevistados afirmaram comprar outros tipos de alimentos orgânicos nas feiras pesquisadas, tendo ressaltado itens como arroz, azeite, mel, feijão, carnes, ovos, entre outros (Gráfico 7). REPRESENTAÇÃO SOCIAL SOBRE O CONSUMO DE ALIMENTOS ORGÂNICOS Para obter a representação social da população do estudo sobre alimentos orgânicos as quatro questões de estudo foram processadas como categorias de análise, obtendo-se a percepção que os sujeitos revelaram sobre a alimentação saudável, sobre o conceito de alimento orgânico (o que este representava para ele/ela), os motivos manifestados para o consumo destes produtos e as dificuldades para aquisição e consumo dos mesmos. Para cada uma destas categorias processou-se os DSC das IC mais prevalentes, apresentadas a seguir. 19 Representação social sobre alimentação saudável Sobre a percepção dos sujeitos em relação à alimentação saudável, apresentou-se no Quadro 1 as idéias centrais mais prevalentes, que foram as associadas ao maior consumo de frutas, hortaliças e grãos (por 66,6% dos respondentes) e a uma alimentação equilibrada (por 57,1% deles). Apenas entre os respondentes de Vitória, a associação da alimentação saudável com a ausência de agrotóxico foi mais prevalente que as demais (para 53,8%). QUADRO 1 - Freqüência absoluta (FA) e relativa (FR) de idéias centrais sobre a representação da alimentação saudável. IDÉIAS CENTRAIS: “alimentação saudável é...” FA Vitória ... rica em frutas, hortaliças e grãos. ...equilibrada. FA Vila Velha 4:13 FR Vitoria (%) 30,8 FR Total 24:29 FR Vila Velha (%) 82,7 28:42 FA Total (%) 66,6 6:13 46,1 18:29 62,1 24:42 57,1 ... sem agrotóxicos. 7:13 53,8 7:29 24,1 14:42 33,3 ...“natural” (não industrializado). ... que promove bem estar e saúde. ... não ingerir carnes. ... ingerir peixes. 6:13 46,1 4:29 13,8 10:42 23,8 4:13 30,8 3:29 10,3 7:42 16,6 1: 13 - 7,7 - 1:29 3,4 1:42 1:42 2,3 2,38 DSC: Alimentação saudável é alimentação rica em frutas e hortaliças e grãos. “Tem que ter um pouquinho de tudo, mais com uma alimentação rica em muitas verduras e frutas e pouco carboidrato e carne vermelha. Eu sou do interior e lá sempre é de costume ter produtos que tem bastante qualidade, pra ficar nutrido. Tem que ter variedades na mesa, prato colorido, com amarelo, verde, laranja, comer muitas frutas, folhas, verduras e legume e grãos. É, uma alimentação que não vai prejudicar a saúde da gente.” DSC: Alimentação saudável é ter uma alimentação equilibrada. “Eu acredito que seja na parte de uma alimentação equilibrada, balanceada, tem que ter um pouquinho de tudo, fazendo uma reeducação alimentar. Rica em vitaminas 20 essenciais, cereais integrais, minerais, pouca gordura, porcarias, colesterol e açúcar. É comer pouca fritura utilizando pouco óleo e sal, sem carne gordurosa. É uma alimentação sem produto que vai prejudicar a saúde da gente.” DSC: Alimentação saudável é sem agrotóxicos “Procuro alimentação sem remédio, que não tenha resíduos de venenos e nem adubo, que é acumulativo. Tento fazer o máximo pra comprar só orgânico, venho aqui à feira orgânica, aonde não tem agrotóxicos e loto a geladeira. A banana você vê que não tem remédio porque a casca dela é fininha, você vai ao supermercado e vê a diferença. Não adianta comprar um tomate e lavar com cloro para tirar o agrotóxico que não sai.” Os discursos coletivos revelaram que a percepção dos consumidores de orgânicos sobre a alimentação saudável coincide com alguns dos preconizados pela OMS e pelo Ministério da Saúde como fundamentais para a promoção da saúde. No Guia Alimentar da População Brasileira, entre os Dez Passos para Alimentação Saudável encontra-se o que incentiva o incremento no consumo de frutas, hortaliças e grãos integrais (BRASIL, 2006). Esta é também considerada uma prática alimentar fundamental para a prevenção de doenças e agravos não transmissíveis. Importante perceber que a fala dos sujeitos sobre alimentação equilibrada ou balanceada identifica-se com o conceito que os estudiosos utilizam que é aquela que fornece todos os nutrientes, em quantidades suficientes e harmônicas, adequada para cada ser humano, tanto em relação às exigências fisiológicas das diferentes etapas do ciclo vital, quanto às suas peculiaridades sócio-psico-culturais (MARTINS; CAVALCANTI; MAZILLI, 1997). Representação social sobre alimento orgânico e os motivos de seu consumo Quando perguntado aos sujeitos “o que representa para você o alimento orgânico?”, a representação mais freqüente foi a que relacionou alimento orgânico 21 como aquele livre de agrotóxicos (61,9% da população total), conforme demonstrado no Quadro 2. QUADRO 2 - Freqüência absoluta (FA) e relativa (FR) de idéias centrais sobre o conceito do que é alimentação orgânica. IDÉIAS CENTRAIS: “alimento orgânico é ...” FA Vitória FA Vila Velha 6:13 FR Vitoria (%) 46,1 FR Total 20:29 FR Vila Velha (%) 69 26:42 FA Total (%) 61,9 ... sem agrotóxicos, livre de qualquer produto químico. ...“natural”(não industrializado). ... que não agride o meio 6:13 46,1 6:29 20,7 12:42 28,6 3:13 23,1 8:29 27,6 11:42 26,2 - - 1:29 3,4 1:42 2,4 ambiente. ... produto de qualidade. DSC: Alimento orgânico é aquele livre de agrotóxicos, ou qualquer produto químico. “Alimento orgânico é tudo, é aquele livre de toxinas. É o alimento saudável, que faz bem pra saúde, porque a química não faz bem pro corpo. É aquele cultivado na própria terra, ele não tem remédio nenhum, não tem nenhum produto químico e não utiliza agrotóxico, nem artifício, não tem resíduos de venenos e nem adubo, que é acumulativo. A banana você vê que não tem remédio porque a casca dela é fininha, você vai ao supermercado e vê a diferença. Não adianta comprar um tomate e lavar com cloro, para tirar o agrotóxico, que não sai. Tento fazer o máximo pra comprar só orgânico!” Percepção semelhante foi encontrada por Vilela (2002), em estudo realizado no Canadá, que identificou que 83% dos consumidores pesquisados relacionaram alimentos orgânicos com o uso de agrotóxicos. Segundo Cerveira e Castro, (1998), o fato do alimento orgânico ser relacionado à ausência de agrotóxicos é uma reação às informações passadas pela mídia e pelos meios informais de comunicação de que o produto orgânico tem essas características. Desse modo, um dos pilares que justificam a agricultura orgânica, que é o mínimo impacto sobre o meio ambiente, não apareceu de forma significante nos DSC. 22 Por outro lado, os consumidores de produtos orgânicos entrevistados percebem a relação que estes produtos têm com a promoção da saúde. Quando perguntados “qual motivo para o consumo dos orgânicos?”, as representações mais freqüentes foram as que relacionaram o alimento orgânico com as características sensorias (66,7%) e com a promoção de saúde/bem estar (52,4%), conforme descrito no Quadro 3. QUADRO 3 - Freqüência absoluta (FA) e relativa (FR) de idéias centrais sobre o motivo que levaram a consumir orgânicos. IDÉIAS CENTRAIS: “consumo orgânico devido...” FA Vitória FA Vila Velha 9:13 FR Vitoria (%) 69,2 ...características sensoriais. ...promoção de saúde/bem 4:13 estar. ... por influência da mídia. ... a maior durabilidade. ... por escolha própria. ... por ter problemas de saúde. ...pelo acesso a feira. ... por hábito familiar. FR Total 29:29 FR Vila Velha (%) 100 28:42 FA Total (%) 66,7 30,8 18:29 62,1 22:42 52,4 6:13 46,1 9:29 31 15:42 35,7 3:13 2:13 23,1 15,4 10:29 6:29 2:29 34,5 20,7 6,9 13:42 6:42 4:42 30,9 14,3 9,5 2:13 - 15,4 - 1:29 3,4 2:42 1:42 4,8 2,4 DSC: As características sensoriais me fizeram optar pelos orgânicos. “Sou muito fascinada por essa questão de alimentação e comendo alimento orgânico eu como mais. Sempre observo a aparência, se tá fresco, a consistência, se o alimento tá murcho. Olho muito a cor, porque sempre sai no jornal que produto de tal cor é bom pra isso. Além da questão saborosa incomparável do dia a dia, eu acho que ele me traz saúde, isso ao longo prazo, de imediato é o sabor. O gostoso é você chupar uma fruta diretamente do pé e sentir o seu sabor bem mais adocicado, comparo isso aos alimentos orgânicos. Experimenta o morango orgânico! É bem melhor. O alface tem gostinho de terra, de natureza, a cebolinha é mais saborosa, a cenoura é mais doce, a beterraba então é excelente. Eu gosto muito de olhar o alimento bem verdinho, a qualidade em ver o produto é demais.” 23 DSC: A promoção de saúde/bem estar fizeram optar pelos orgânicos Consumo orgânico pensando no futuro, ele traz saúde, por isso consumo freqüentemente: verdura, alface, repolho, taioba, chicória, banana. A qualidade do orgânico é bem maior em relação às vitaminas. Consumo orgânicos há quatro anos a procura de uma alimentação saudável e eu tenho certeza que tô comendo um produto que não vai me fazer mal, esses alimentos trazem saúde, porque quando eu como eu me sinto bem, sinto que tenho uma melhor qualidade de vida.” Associando as representações sobre alimentação saudável e motivos para o consumo de orgânicos, pode-se supor que exista uma vinculação direta entre as idéias: alimentos saudáveis-alimentos sem agrotóxicos-promoção da saúde. No estudo de Rucinski e Brandenburguer, (2005), em Curitiba e no de Cuenca et al., (2007), em feiras de municípios do Rio Grande do Norte, demonstraram que 94% e 77,7% dos consumidores entrevistados indicaram a saúde e a ausência de agrotóxicos, respectivamente, como os motivos principais para o consumo de produtos orgânicos. Estes mesmos estudos revelaram uma freqüência bem mais baixa das características sensoriais como motivo pra o consumo (5,9% e 4,5% dos entrevistados, respectivamente), diferentemente dos consumidores do presente estudo em que o motivo de consumo mais evidenciado nas falas foi o das características de aparência, consistência, frescor, cor e sabor. Importante ainda comentar duas idéias centrais menos prevalentes, porém não menos importantes, relacionadas aos motivos do consumo: 30,9% alegaram consumir orgânicos devido a uma durabilidade maior destes alimentos em relação aos convencionais, o que confere com a literatura técnico-científica sobre o assunto. Este é um aspecto que merece ser melhor esclarecido à população tendo em vista que a idéia normalmente veiculada pela mídia dos defensivos agrícolas de que o uso do agrotóxico 24 confere maior “resistência” e, portanto, maior “durabilidade” aos produtos ainda é muito prevalente. A percepção de que a mídia influenciou a opção pelos alimentos orgânicos foi acessada na fala de 35,7% dos sujeitos. Neste caso a mídia representaria um recurso positivo e bastante estratégico para uma maior divulgação dos produtos orgânicos. Representação social sobre os dificultadores do consumo de orgânicos Quando perguntado “quais as dificuldades percebidas para o consumo de orgânicos”, as respostas mais freqüentes foram: a falta de divulgação sobre as feiras, a falta de variedade de produtos e o preço elevado, para 52,4%, 50% e 40,5% dos entrevistados, respectivamente (Quadro 4 e DSC associados). QUADRO 4 - Freqüência absoluta (FA) e relativa (FR) de idéias centrais sobre as dificuldades percebidas para o consumo. IDÉIAS CENTRAIS: “ as dificuldades FA Vitória FR Vitoria (%) FA Vila Velha FR Vila Velha (%) FR Total FA Total (%) ... a falta divulgação sobre 11:13 84,6 11:29 38 22:42 52,4 feira. ... a falta variedade de produtos. 10:13 7,7 11:29 38 21:42 50 ... os preços mais elevados 7:13 53,8 10:29 34,5 17:42 40,5 2:13 15,4 5:29 17,2 7:42 16,7 2:13 3:13 1:13 15,4 23,1 7,7 6:29 1:29 - 20,7 3,4 - 6:42 3:42 3:42 1:42 14,3 7,1 7,1 2,4 encontradas para consumo são:” dos produtos. ... ter a feira somente aos sábados. ...características sensoriais ... o difícil acesso à feira. ... a mídia que atrapalha. ... a durabilidade menor. DSC: Falta divulgação da feira “Comecei a utilizar orgânico quando tive acesso a essa feira, mais tem muita gente que ainda não sabe dessa feira. Pra mim essa feira é conhecida só pra quem mora aos arredores, pra quem conhece alimento orgânico e consome. Como eu moro 25 perto eu já sabia, venho aqui todos os sábados e muitas pessoas no próprio bairro mesmo, não acreditam quando eu falo que comprei alimentos orgânicos. Tem gente aqui de bairros próximos que nem sabem que existe essa feira, que ainda não conhece, e a culpa disso é da prefeitura e dos órgãos públicos. Ainda falta divulgação, nunca vi a mídia divulgar sobre as frutas, legumes orgânicos e, quando tem divulgação, é só pra falar que o alimento orgânico é caro e só serve pra afastar o consumidor. Olha só isso: tem pouca gente hoje, a feira tinha que tomar a rua toda, dos dois lados. Se a feira estivesse mais cheia os produtos seriam mais baratos. Acredito que poderia estar divulgando mais em relação a orgânicos, acho que muitas pessoas conhecem essa feira porque passam de carro, mais não sabem que ela é orgânica.” DSC: Falta variedade dos produtos “Gosto muito das verduras e das frutas orgânicas, mas faltam mercadorias variadas. Todos os sábados estou aqui, e às vezes devido a falta de variedade dos produtos orgânicos, consumo também o convencional, porque no supermercado quando não tem, eles dão um jeito de adquirir de outros estados. Já os orgânicos, eu sei que há uma dificuldade enorme de transporte, incentivo das prefeituras e ainda falta muitos produtos aqui, pois só tem aquilo que eles conseguem produzir, faltam alimentos fora da estação. O tomate se você observar é difícil de achar um bonito e grande e a carne é difícil de encontrar, falta opção. Só encontramos verduras e ainda falta muitos produtos como pêra, abacate, tomate grande e frutas em geral.” DSC: Preços mais elevados dos produtos “O preço é caro, e só comecei a utilizar orgânico quando tive acesso a essa feira, porque o alimento no supermercado é mais caro ainda. Às vezes o custo alto afasta o consumidor, você pode ver que a feira é vazia, se a feira estivesse mais cheia os produtos seriam mais baratos. Procuro utilizar o mínimo possível do convencional, mais é difícil, porque o preço dos orgânicos é muito mais caro e o aspecto visual é muito inferior. Como a feira é só sábado e no supermercado é muito mais caro, quando falta algum alimento, eu tenho que recorrer ao convencional.” 26 Associando as representações sobre as dificuldades encontradas para o consumo de orgânicos, pode-se supor que exista uma vinculação direta entre as idéias: falta divulgação da feira- falta variedade dos produtos – preços mais elevados. Quando comparado ao estudo de Cerveira e Castro, (1998), em São Paulo, Soares et al., (2007), no Rio de Janeiro, demonstraram que 57,9% e 65,8% dos consumidores, respectivamente, entrevistados também indicaram que a falta de variedade é uma das principais dificuldades encontradas, dados esses que comprovam a percepção dos consumidores do presente estudo. Em relação à falta de variedade dos produtos, os estudos supracitados, revelaram que 61% e 75,2% encontraram dificuldades em adquirir exclusivamente produtos orgânicos, pois, a maioria destes consumidores rendem-se ao alimento convencional devido a falta de opção destes produtos, não atendendo a demanda como observado no DSC. Segundo Cuenca et al., (2007), o fator preço é um dos outros agravantes apresentados no setor orgânico, que dificulta o seu crescimento, fazendo com que grande parte da população, em especial nos países em desenvolvimento, opte novamente pela agricultura convencional, dados esses que confirmam a percepção dos consumidores abordados. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conhecer o perfil dos consumidores e do consumo e a representação social de alimentos orgânicos pode contribuir na orientação da cadeia produtiva, desde a produção à elaboração de estratégias de marketing e comercialização que potencializem o consumo destes produtos. 27 A população deste estudo distribuiu-se quanto ao gênero em 56% de mulheres e 44% de homens. A maioria dos sujeitos do estudo tinha mais de 30 anos de idade, (faixa etária mais incidente entre 50 e 59 anos) e residiam em bairros próximos as feiras pesquisadas, sendo este um dos motivos alegados para preferirem equipamento para compra de orgânicos. O padrão sócio-econômico pode ser caracterizado como de médio a alto, representado por rendas mensais superiores a 10 SM para quase 70% e superiores a 20 SM para um terço da mesma, por famílias na sua maioria (67%) pequenas, com até 3 membros, e por grau de escolaridade de superior completo a mais para 74% da população. Quanto à ocupação, uma parcela significativa (30,9%) se declarou aposentado. A compra dos alimentos orgânicos geralmente é realizada uma vez na semana, na própria feira, sendo que 58% fazem uso destes há mais de três anos sendo as verduras e os legumes os alimentos mais consumidos. Os DSC revelaram uma forte associação da alimentação saudável com o consumo de hortaliças, frutas e grãos e de uma dieta considerada “equilibrada” e as representações sobre o alimento orgânico se aproximaram bastante da percepção que demonstraram sobre alimentação saudável. Para a maioria dos sujeitos, os orgânicos são alimentos livres de agrotóxicos ou de outras substâncias químicas (para 61,9%). Parte deles (28,6%) ainda conceituou os orgânicos como alimentos “naturais”, sendo que este termo foi utilizado para se contrapor aos alimentos industrializados, em que se utiliza de aditivos químicos no processamento. As falas destes sujeitos sugerem novamente que, para este consumidor, a não adição de compostos químicos aos alimentos, seja na produção (agrotóxicos) ou 28 no processamento industrial (conservantes) é um importante motivo para sua escolha em relação aos alimentos convencionais. Quando perguntados sobre os motivos que os levavam a optar pelos alimentos orgânicos as IC mais prevalentes foram às relacionadas às características sensoriais de sabor, cor e frescor (66,7%) das hortaliças e frutas e a busca por saúde e bem estar (52,4%), o que mais uma vez remete às IC reveladas na representação que têm da alimentação saudável. A percepção da agricultura orgânica como não agressora ao meio ambiente, idéia explícita na conceituação formal e técnico-científica foi manifestada apenas por 26,2% dos participantes, sugerindo que este também deva ser um aspecto precisa ser mais explorado na divulgação destes produtos. A falta de divulgação maior sobre o produto e principalmente sobre as feiras que os comercializam, somada à falta de variedade e aos preços maiores dos produtos foram ás idéias centrais mais prevalentes para as dificuldades encontradas para o consumo. Esse consumidor consome freqüentemente produtos convencionais por falta de uma oferta mais diversificada de produtos orgânicos. Essa deficiência é mais aguda no caso das frutas, de produtos minimamente processados e industrializados, o que acaba influenciando no preço das mercadorias. O perfil do consumidor e do consumo de alimentos orgânicos e as representações sociais destes produtos, descritas neste estudo, podem ser úteis para orientar produtores a se aprimorem no atendimento à demanda por estes produtos, aumentando sua receita e possibilitando que o nível de satisfação do consumidor alcance patamares ainda mais elevados. Sugere-se que os benefícios destes produtos para a saúde e para a sustentabilidade do ambiente, bem como os equipamentos de comércio (feiras, 29 mercados, supermercados, entre outros) disponíveis em cada município ou região devam ser mais divulgados, melhorando a acessibilidade aos produtos. Como a associação dos alimentos orgânicos com a promoção da saúde e bem estar e com práticas alimentares saudáveis foi bastante significante neste estudo, percebe-se a importância que este tema deva ter na formação e atuação do Nutricionista. Este pode contribuir, de forma crítica, não só na propagação desta “idéia”, como também no desenvolvimento de condutas dietéticas e sanitárias necessárias ao processo de certificação destes produtos e na elaboração de Boas Práticas, principalmente para as fases de processamento, acondicionamento e comercialização. Vinculados ao conceito dos produtos orgânicos já se encontram vários dos preceitos da Segurança Alimentar e Nutricional (alimentação adequada, promoção da saúde, sustentabilidade do ambiente), o que justifica investir em estratégias e políticas que aumentem e diversifique esta produção, diminuindo os preços destes produtos para, assim, ampliar o acesso a maior parcela da população. REFERÊNCIAS AZEVEDO, E. Alimentos orgânicos: ampliando conceito de saúde humana. Tubarão, ed. UNISUL, 2005. Disponível em: <http://www.planetaorganico.com.br/qvbras.htm> Acesso em: 10 Março/2008. AZEVEDO, E. Atuação do nutricionista na área de alimentos orgânicos. Rev. Nutrição Profissional. n-17, ano IV, p.54, Jan/Fev. 2008. BELLO, E. Orgânicos: Mitos e Verdades. Jornal A Gazeta, Vitória, 26, nov., 2006. Caderno Dia a Dia, p. 6-8. BRASIL. Ministério da Saúde, Secretária de Atenção à Saúde, Coordenação – Geral da Política de Alimentação e Nutrição. 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