Ministério da A g r i c u l t u r a do Desenvolvimento Rural e das Pescas DRAP Norte Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte ficha técnica BACTERIOSE DA NOGUEIRA Xanthomonas campestris pv juglandis 14 Autores: J. F. Guerner Moreira Engº Agr.º C. Coutinho Ag. Tec. Agrícola Divisão de Protecção e Controlo Fiossanitário Propriedade: D.R.A.P.N. Edição e distribuição: Núcleo de Documentação e Relações Públicas Primeira edição: Novembro 2008 ISBN: 978-989-8201-11-9 A bacteriose da nogueira é provocada pela bactéria Xanthomonas campestris pv juglandis Dye. É a principal doença desta árvore, afectando os gomos em abrolhamento, os raminhos novos, as folhas, as flores e os frutos. A doença aparece em todos os pomares e afecta todas as variedades, embora possa ser mais grave nas de floração precoce. A maior parte das contaminações dá-se no início da estação - do inchamento dos gomos ao fim da floraçãoe apenas em condições húmidas. Mancha de bacteriose em folhas Estas infecções primárias dão origem a mais bactérias que, por tempo chuvoso, se espalham pela infectando gomos em árvore e pelo pomar, desenvolvimento, raminhos, folhas, flores masculinas e femininas e frutos. As infecções secundárias podem suceder-se ao longo da estação. A água da chuva e o pólen transportam a bactéria de umas árvores para as outras. A gravidade da doença depende, em cada ano, da humidade existente, pois a bactéria apenas se desloca e infecta as plantas quando suspensa nas minúsculas gotas de água que circulam na atmosfera humida. Mancha de bacteriose num raminho do ano A protecção contra a bacteriose tem carácter exclusivamente preventivo. Logo que se dê a infecção, nada pode ser feito para impedir o desenvolvimento da doença. Geralmente, as variedades de floração mais temporã são mais sensíveis, pois podem atravessar um período de tempo húmido mais longo, o que favorece a dispersão da bactéria. De qualquer modo, a mais importante medida de prevenção consiste no ajustamento das práticas culturais e na realização de tratamentos à base de cobre. Floração (flores femininas) - fase muito sensível à bacteriose A bactéria passa o Inverno em feridas da casca, nos gomos dormentes e nos amentilhos (“candeios”). Quando se inicia o abrolhamento, na Primavera, a bactéria penetra no interior dos tecidos através de aberturas naturais existentes em todos os órgãos verdes da árvore. Bacteriose nos amentilhos Muito cedo, na Primavera, as flores femininas apresentam uma lesão negra. Normalmente no final da floração, a maior parte destas flores caem da árvore. Muito cedo, na Primavera, as flores femininas apresentam uma lesão negra. Normalmente no final da floração, a maior parte destas flores caem da árvore. Medidas preventivas que podem diminuir a incidência da doença: 4favorecer o arejamento da copa através de uma poda cuidada, de modo a permitir a circulação do ar e a manter a vegetação menos tempo molhada, sobretudo nas árvores jovens em formação; 4não plantar variedades geneticamente muito sensíveis à bacteriose; 4 não regar durante a floração. Se o Inverno decorrer muito seco, uma rega antes da floração tem efeitos benéficos na rebentação das árvore; 4 corrigir a acidez do solo; 4 eliminar os ramos que tenham necroses negras da bacteriose; 4reduzir as adubações azotadas; não aplicar azoto depois do fim de Maio. Tratamentos: Actualmente, e apesar da sua eficácia limitada, a aplicação de produtos à base de cobre continua a ser o único meio directo válido para combater a bacteriose da nogueira. O cobre, embora não mate a bactéria, tem sobre ela um efeito bacteriostático, diminuindo-lhe a actividade e perigosidade. Os tratamentos são preventivos, aplicados antes das chuvas, à base de cobre (calda bordalesa ou outros preparados). Dum modo geral, começam um pouco antes do estado fenológico Cf (inchamento dos gomos) e terminam no estado Gf (estigmas das flores femininas secos), tendo as árvores protegidas sempre que venham as chuvas. Em Primaveras chuvosas é indispensável um programa de aplicação regular destas caldas à base de cobre. Nos períodos frios e húmidos, sobretudo quando as flores femininas estiverem receptivas à bactéria (estados Ff1 e Ff2), devem-se manter todas as parcelas protegidas, aplicando uma calda de boa qualidade. Manchas de bacteriose nas nozes em desenvolvimento.. Mantendo-se o tempo chuvoso, os tratamentos devem ser renovados a intervalos de 7 a 10 dias, se entretanto a vegetação tiver evoluído sensivelmente ou se o último tratamento tiver sido lavado. A lavagem ou lixiviação de um tratamento corresponde a uma acumulação de chuva caída, que justifica novo tratamento. Assim, um tratamento à base de sulfato ou de hidróxido de cobre é lavado pela quedade 25 a 30 mm de chuva, enquanto um tratamento à base de óxido de cobre só é lavado pela queda de 50 mm de chuva. Durante a floração é maior a sensibilidade da nogueira à bacteriose. Neste estado, são preferíveis produtos à base de sulfato de cobre (calda bordalesa), dada a sua maior persistência. O hidróxido de cobre é mais adaptado a situações de chuvas fortes de Verão, pela sua acção breve mas intensa. Em caso de aplicações muito repetidas, o cobre pode ter algum efeito de “queima” sobre as folhas. A adição de um óleo de Verão à calda limita este efeito fitotóxico do cobre sobre as folhas. Em pomares em produção, os tratamentos limitam as necroses nos frutos, que estão na origem de quebras de produção acentuadas. Além disso, o cobre contribui para um melhor estado fitossanitário geral e permite o desenvolvimento de ramos e folhas sãos, o que é da maior importância, sobretudo nos pomares jovens. SENSIBILIDADE À BACTERIOSE DE ALGUMAS VARIEDADES DE NOGUEIRA Variedades pouco sensíveis Adams 10, Waterloo, Tehama, Corne Variedades medianamente sensíveis Rego, Arco, Samil, Franquette, Parisienne, Grandjean, Marbot Variedades sensíveis Mayette, Lara, Serr, Pedro, Payne, Trinta, Eureka, Hartley Variedades muito sensíveis Chico, Amigo, Sunland, Ashley, Gustine, Marchetti Fontes: Charlot, Gérard, Germain, Eric et al, Le Noyer - Nouvelles techniques, CTIFL, Paris e Flint, M. L., Barnett, W.W., et al, Integrated Pest Management for Walnuts, University of California, 1993. Fotos: C. Coutinho