mitologia grega

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MITOLOGIA GREGA
Afrodite
Deusa grega da beleza, da fertilidade e do amor, correspondente
à romana Vênus, porém, ao contrário da última, não
representava apenas o amor sexual, mas também a afeição que
sustenta a vida social. É uma deusa de origem provavelmente
oriental, sendo primordialmente identificada como Astarte
(Ishtar babilônica sumeriana). O epíteto "Cipriota" talvez
indique que os gregos tomaram conhecimento da divindade em
Chipre. É certo que ela recebia um maior culto nessa e em outras
ilhas gregas. Pode-se inferir que seu culto chegou à Grécia por
mar.
De acordo com Hesíodo, ela nasceu dos genitais cortados de
Urano, enquanto Homero nos relata ser ela filha de Zeus e Dione,
e esposa de Hefesto.
Era comumente separada por escritores e filósofos em Afrodite
Celestial (Urânia, nascida de Urano) e Afrodite mundana
(Aphrodite Pandemus). Seu caráter celestial é ligado à origem
descrita em Hesíodo, e ressalta o seu aspecto de divindade
oriental, de fertilidade (veja abaixo a passagem que ilustra o
nascimento de grama sob seus pés). Já seu caráter mundano
aparece mais ligado a Homero, que a mostra como deusa volúvel
do amor sexual e mesquinho.
Ainda ressaltando seu caráter como deusa da fertilidade, ela
recebia em Creta o epíteto de Antheia, deusa das flores, o que
revela sua conexão com a mágica das plantas. Também era a
responsável pelo orvalho da manhã.
Conta-nos Hesíodo, em seu poema "Teogonia", que Urano estava
banindo seus filhos para o Tártaro, e Gaia, sua esposa, incitou
seu filho mais poderoso, Cronos, a enfrentar o pai e tomar o seu
poder. Cronos destronou seu pai, Urano, e na luta cortou seus
genitais com uma pequena foice.
"Quanto aos genitais, tão logo ele os cortou com seu adamantino
instrumento e os atirou da terra ao mar oscilante, eles foram
carregados nas ondas por um longo tempo. Em torno deles uma
espuma branca surgiu da carne imortal, e nela uma garota se
formou. Primeiramente, ela se aproximou de Cítera, então de lá
ela veio à Chipre envolta pela água. E da espuma saiu uma deusa
modesta e bela, e a grama começou a brotar por baixo do seu
delgado pé. Deuses e homens chamam-na Afrodite, porque ela se
formou da espuma, e Citereia, porque ela se aproximou de
Cítera, e nascida-de-Chipre, porque ela nasceu na Chipre lavada
pelo mar, e "genial", porque ela apareceu de genitais. Eros e o
belo Desejo assistiram seu nascimento e acompanharam-na
quando ela juntou-se à família dos deuses. E esse tem sido a
província a ela partilhada desde o começo entre homens e
deuses imortais:
"O sussurro das garotas; sorrisos; desilusões; doces prazeres,
intimidade, e suavidade."
Homero abre sua Ilíada contando a história de um concurso de
beleza entre as deusas Afrodite, Hera e Atena. Não sendo
possível aos deuses decidir essa disputa, foi deixado à cargo de
um mortal, Páris, filho de Príamo, rei de Tróia. Páris então deu o
prêmio, uma maçã de ouro, à Afrodite, que em troca prometeulhe a mão da mulher mais bonita do mundo. Foi assim que
ocorreu o rapto de Helena de Tróia por Páris, fato que
desencadeou uma guerra.
Ainda segundo Homero, Afrodite era a esposa de Hefesto. Essa
união, porém, estava longe de ser estável, pois apesar de muito
bela, Afrodite apresentava um caráter vulgar. Tomando
conhecimento do caso, Hefesto armou uma armadilha e prendeu
Ares e Afrodite em uma rede, expondo-os à vergonha frente aos
outros deuses.
A vida era nova e frágil quando Afrodite chegou com o suspiro da
renovação. Nascidas de ventos gentis no mar oriental, ela
chegou na ilha de Chipre. Tão graciosa e sedutora era a deusa
que as Estações correram para recebê-la, implorando para que
ficasse para sempre. Afrodite sorriu. Sua estada seria
interminável, seu trabalho nunca completo. Ela atravessou a
praia cristalina e caminhou por sobre as montanhas e vales,
procurando por todas as criaturas viventes. Magicamente as
tocou com desejo e as mandou embora em alegres pares. Ela
abençoou o útero das mulheres, guardando-os enquanto
cresciam, e aliviou as dores do parto. Em todos os lugares ela
espalhou a promessa escondida da vida. Todos os dias beijava a
terra com o orvalho da manhã.
As andanças da deusa a levaram para longe, mas todo inverno
ela retornava à Chipre com suas pombas para seu banho sagrado
em Paphos. Lá era atendida por suas Graças: Florescência,
Crescimento, Beleza, Alegria e Resplendor. Elas a coroavam com
mirto e espalhavam pétalas de rosas a seus pés. Afrodite
caminhava para o mar, para os ritmos lunares da maré. Quando
emergia, com seu espírito renovado, a primavera florescia
plenamente, e todos os seres sentiam sua alegria. Através de
estações, anos, eras, os mistérios de Afrodite permaneciam
invioláveis, pois apenas ela entendia o amor que gera a vida.
Apolo
Divindade que recebeu grande reverência desde os tempos dos
gregos primitivos até os romanos, Apolo era o filho de Zeus e da
titã Leto, e irmão gêmeo de Artemis.
Leto foi seduzida por Zeus e foi obrigada a se esconder da
ciumenta Hera que a perseguiu através de toda a Terra. Ela
conseguiu refúgio na ilha de Asteria (Delos), onde deu à luz
Artemis e logo depois ao gêmeo Apolo. Existe porém uma versão
que diz que Apolo nasceu em Delos enquanto Artemis nasceu em
Ortygia.
Na realidade, nem seu nome nem sua origem podem ser
definitivamente explicados. De qualquer modo, parece certo que
ele não era um deus originalmente grego, tendo derivado dos
hiperbóreos no norte longínquo ou dos habitantes da Ásia Menor
(provavelmente da Lícia)*.
Na Grécia seu culto expandiu principalmente a partir de Delos e
Delfos. De acordo com a lenda, logo após seu nascimento Apolo
matou Python, o guardião do Oráculo de Delfos, e tomou o lugar
de Temis, tornando-se o senhor do oráculo. Para celebrar seu
feito ele organizou os Jogos Pítios. Apolo, porém, teve de pagar
penitência na Tessália pelo assassínio de Phyton. Em seus mitos,
Zeus por duas vezes forçou Apolo a ser escravo de um mortal
para pagar pelos seus crimes. **
Suas numerosas características e funções, assim como seus
muitos epítetos (algumas vezes não traduzíveis), indicam que os
atributos de diversas divindades locais foram gradualmente
transferidos para ele e para sua irmã. Provavelmente muito
desses atributos não correspondiam à suas naturezas originais, o
que deu origem ao caráter multifacetado desses deuses.
Apolo tinha uma natureza intrinsicamente dual, podendo, por um
lado, trazer a boa fortuna e afastar o mal, enquanto por outro
lado ele podia dar origem a desastres. Foi Apolo quem fez o
acampamento dos gregos nas planícies de Troia sofrer com a
peste, guiou a flecha mortal de Páris que atingiu Aquiles, matou
os filhos de Niobe, e após derrotar Marsyas em um concurso,
esfolou-o vivo.
Ainda assim ele era louvado como o deus da agricultura e dos
rebanhos, a quem os camponeses oravam por ajuda, deus da
expiação e cura, guardião dos portões, protetor da lei e da
ordem, e deus das artes (sobretudo da música) e das ciências.
Como Febo, ele era o próprio deus-Sol, comparado a Hélio.
Devido à sua inspiração musical, ele era chamado Musagetes
(Líder das Musas).
Apolo desempenhava seu mais importante papel dentro e fora da
Grécia como o senhor de muitos oráculos, dos quais os mais
famosos eram Delos e Delfos, que ajudaram a unificar os gregos
politicamente.
Já no 5. século a.C., os romanos o adotaram como divindade,
associando-o com o Sybilem Cumae e adorando-o como o deus
da medicina. Logo após a batalha de Actium (31 a.C.) o
imperador Augusto ergueu um templo magnífico em sua honra
no Palatino. Outro templo foi erguido em sua homenagem no ano
de 433 a.C. como tentativa de conter de uma praga. Através da
atenção da família real, Apolo se tornou objeto de especial
veneração entre os cidadãos de Roma.
Existem diversas representações de Apolo feitas na antiguidade.
Inicialmente, e até cerca do sexto século a.C., ele era
representado como um homem barbado, mas a partir desta
época ele passou a personificar o ideal de beleza masculina, na
forma de um jovem desnudo. Ele também era comumente
representado como um jovem tocador de cítara.
Apolo e Dafne
Apolo perseguiu Dafne que se transformou em um loureiro na
fuga.
Apolo e Jacinto
Apolo estava apaixonado por um jovem chamado Jacinto.
Acompanhava-o em suas diversões, levava a rede quando ele
pescava, conduzia os cães quando ele caçava, seguia-o pelas
montanhas e chegava a esquecer-se do arco e da lira por sua
causa. Certo dia os dois se divertiam com um jogo de discos e
Apolo, impulsionando o disco com força e agilidade, lançou-o
muito alto no ar. Jacinto, excitado com o jogo, observou o disco
e correu para apanhá-lo. Zéfiro (o Vento Oeste), que também
tinha uma grande admiração pelo jovem, porém tinha ciúme de
sua preferência por Apolo, fez o disco desviar seu rumo e atingir
o jovem bem na testa.
Jacinto caiu no chão desacordado, e nem com todas as suas
habilidades de cura, Apolo conseguiu conservar sua vida. Do
sangue que escorreu nasceu uma bela flor, semelhante ao
lírio.***
Apolo e Marsyas
Apolo foi desafiado pelo sátiro Marsyas, que tendo inventado a
flauta (ou encontrado a flauta que pertencia à Atena), ficou
muito orgulhoso do seu talento musical.
Os dois contendores acordaram que aquele que fosse o vencedor
poderia estipular o castigo ao perdedor. Havendo vencido a
disputa com sua lira, Apolo matou Marsyas, pendurando-o em
uma árvore e tirando sua pele.
Apolo e Marpessa
Apolo perseguiu Marpessa, mas ela foi salva por Idas em uma
carruagem alada que este havia recebido de Poseidon. Apolo
então enfrentou Idas, e os combatentes foram separado por
Zeus, que permitiu Marpessa escolher seu esposo dentre os dois.
Marpessa escolheu Idas (segundo uma interpretação, por temer
que Apolo o abandonasse quando ela ficasse velha).
Apolo e Coronis
Apolo apaixonou-se por Coronis, e ela ficou grávida do deus.
Apolo, porém, ouviu de um corvo que Coronis o estava traindo
com Ischys e matou-a com uma flecha.
Enquanto o corpo da moça estava queimando na pira funeral,
Apolo retirou Asclépio, seu filho, do corpo inerte e entregou para
ser criado pelo centauro Quiron.
Apolo e Niobe
Niobe, a esposa do rei Amphion de Tebas, se vangloriou de ser
mais abençoada que Leto, por possuir maior número de filhos e
de filhas. Irada, Leto pediu punição à mortal orgulhosa, e
Artemis matou todas as filhas enquanto Apolo matou os filhos de
Niobe****.
Apolo e os Cíclopes
Quando Zeus matou Asclépio com um relâmpago, Apolo se
vingou matando os Cíclopes, os quais haviam fabricado para
Zeus os relâmpagos. Zeus puniu Apolo, condenando-o a servir ao
rei Admetus como pastor por um ano.
Apolo e as Muralhas de Tróia
Apolo e Poseidon resolveram colocar o rei Laomedon de Tróia à
prova, e assumiram a aparência de homens e construíram as
muralhas de Tróia em troca de um pagamento combinado. Porém
o rei não cumpriu sua parte, e Apolo mandou uma peste e
Poseidon um monstro marinho contra a cidade.
Apolo e Crisei
Capturada durante a Guerra de Tróia, Crisei foi mantida cativa
por Agamemnon e os Aqueus, que se recusaram a devolvê-la ao
seu pai, um sacerdote de Apolo. Por causa disto, Apolo enviou
uma peste ao acampamento dos gregos, e assim convenceu-o a
libertar sua prisioneira após um longo período.
Apolo e Páris
Apolo guiou a flecha de Páris que atingiu o guerreiro Aquiles em
seu ponto vulnerável.
Apolo e Laoconte
Apolo foi responsável pela morte de Laoconte, que, durante uma
oferenda à Poseidon foi atacado por serpentes. Laoconte havia
falado aos seus compatriotas contra o Cavalo de Tróia, deixado
pelos exércitos gregos em partida.
Apolo e Cassandra
Apolo ensinou à Cassandra a arte da profecia, porém esta
recusou seus favores ao deus. Apolo então condenou-a a nunca
ter crédito em suas profecias
Athenas
"Salve, Deusa, e nos dê boa fortuna com felicidade!"
Hinos Homéricos
Deusa virginal da vitória e do combate, mas também da
sabedoria, protetora da vida política, das ciências e artes, e
também da habilidade manual.
Atena foi gerada da cabeça de Zeus, após este haver engolido a
deusa Metis grávida, apesar dos líbios a listarem como filha de
Poseidon e do lago Tritonis. Esta última versão era sustentada
pelo fato de em muitas representações, ou nas suas descrições,
ela aparecer com olhos azuis, iguais aos de Poseidon.
Na Ilíada aparece como divindade tutelar dos gregos, e traz
normalmente o epíteto de Pallas (Donzela). Sua imagem, o
Palladium - que foi atirado dos céus por Zeus - era tido como
garantia da proteção das cidades. Apenas se fossem roubadas
podiam os inimigos tomarem a cidade.
A evolução das cidades gregas refletiu na deusa, e quando a
monarquia terminou em Atenas, passou a deusa a ser a
protetora das cidades livres.
O animal consagrado a ela era a coruja, símbolo de sabedoria, e
a árvore, a oliveira.
Era representada como uma virgem totalmente armada,
portando o Aegis de seu pai. Não era imaginada, porém, como
tendo a paixão irracional pela guerra que caracterizava o deus da
guerra Ares. Ela intercedia pela luta ordenada pela defesa da
terra natal de um povo. Neste sentido ela deu valiosa ajuda a
alguns heróis, como Ulisses, Hércules e Aquiles.
Originalmente, Atena era uma deusa pacífica no período da Creta
minoana. Era a deusa das casas e do palácio, apresentando um
caráter de protetora das artes e ciências. A ela eram
consagrados a coruja e a serpente, e também o galho da oliveira.
Identificada nas tábuas de Knossos, Creta, datadas de 1400 a.C.,
como Atana Potinija ("A Senhora de Atenas"), era uma deusa
serpente, como a apresentada na figura abaixo.
Provavelmente as invasões que colocaram um fim na civilização
minoana, também levaram o culto à deusa para o continente, e
no período belicoso de Micenas, ela adquiriu seu aspecto
guerreiro, tornando-se uma divindade tutelar de governantes
com suas cidades e domínios. A deusa do Palácio de Creta era a
protetora do rei, e o mesmo é o papel assumido por Atena - a
guardiã dos heróis.
Já na mitologia Clássica, Atena perde todo o seu caráter
matrifocal e se torna a filha de Zeus, sozinho, sem intervenção
feminina. Ela nasceu da cabeça do grande deus, totalmente
armada, pois seguindo-se o que deve ter sido o pensamento dos
criadores do mito, se a mulher gera através da barriga, é da
cabeça dos homens que saem suas criações.
"Ouçam-me, todos os deuses e deusas, como o ajuntador de
nuvens Zeus começou a desonrar-me temerariamente, quando
ele me fez sua esposa verdadeira. Vejam agora: sem mim ele deu
à luz a Atena, a de olhos claros, que tem primazia entre todos os
deuses abençoados..."
Sua ligação com a antiga deusa cretense permanece tanto na
manutenção da coruja e da oliveira como atributos sagrados de
Atena, bem como com a posse do seu escudo, que traz cravado
em seu centro a efígie da Medusa - também uma antiga deusa
serpente.
Céu e Terra já estavam criados. E reinava supremo Zeus no
Olimpo, após destronar seu pai, Cronos(Saturno), colocando fim
à antiga dinastia dos deuses titânicos e abrindo a era dos deuses
olímpicos.
Pois Zeus tomou como sua primeira esposa a deusa Métis, filha
de Oceano e Tétis. E como filha do casal primevo, Métis era
infinitamente sábia. Sua sabedoria sobrepujava a de todos os
outros deuses, e, conhecendo arte de mudar sua forma, usava tal
artifício sempre que Zeus tentava aproximar-se dela - até o dia
em que ela, por sua vontade, compartilhou sua presença e
engravidou do deus.
Porém o segundo filho desta união seria aquele que superaria as
forças de seu pai e decretaria seu fim. E Zeus ficou sabendo
disso, e engoliu Métis que estava grávida.
Foi depois, quando estava passeando por um lago, que Zeus
sentiu uma dor de cabeça, cuja intensidade aumentava até que
se tornou insuportável. Então Zeus gritou de dor, e Hefaísto,
ouvindo o grito, pegou um machado duplo e partiu a cabeça do
deus.
Da sua cabeça golpeada saiu Atenas, totalmente armada,
lançando um grito de guerra. Apesar de portar uma lança e estar
revestida por uma armadura, Atenas não é uma divindade de
fúria guerreira, como Ares, mas sim da guerra estratégica e
defensiva, protetora de homens inteligentes e corajosos.
Atenas é sua cidade, seu santuário, que lhe foi oferecida como
prêmio pela vitória na disputa com Poseidon, que também
almejava tal glória.
Como deusa da paz, em relação ao seu caráter original como
deusa da casa e do palácio, Atena Ergane instruiu a humanidade
em muitas artes manuais, como a tecelagem e a feitura de
cerâmica. Ocasionalmente era relacionada também à agricultura,
e conta a lenda que ela trouxe não apenas a roca e o tear, mas
também o arado e o ancinho para a humanidade. Como deusa da
paz doméstica, ela estabeleceu as cortes de justiça nas cidades.
Como deusa da sabedoria, ela era venerada especialmente por
filósofos e poetas.
O Paternon, "A Casa da Deusa Virgem", um dos templos mais
esplêndidos da Grécia foi erigido em sua homenagem na
Acrópole de Atenas. Seu projeto começou no ano de 447 a.C. foi
erigido com os fundos das contribuições da Liga de Delos, cujo
líder era a cidade de Atenas, bem como com o dinheiro do culto
da própria deusa. O principal objetivo do templo era honrar
Atena em seu aspecto como guerreira servindo como campeã
divina do poder militar de Atenas. Uma estátua de marfim e
ouro, esculpida por Fídias, ficava dentro do Paternon. O templo
anterior, Atenas Polias ("A Guardiã da Cidade") havia sido
destruído em 480 a.C. pelos Persas, e tinha como principal altar
uma oliveira.
A Panatenaia, o festival em homenagem à deusa, era celebrada
anualmente pelo nascimento da deusa (Pequena Panatenaia), e,
após 565 a.C., passou a ser celebrado com especial pompa de
quatro em quatro anos, como a Grande Panatenaia. O ritual era
ricamente desenvolvido. Iniciava-se ao escurecer com música e
dança na Acrópole, e, ao amanhecer, ocorria uma procissão para
presentear a Atena, em seu altar, um manto especialmente
tecido por garotas atenienses cuidadosamente selecionadas.
Essa procisão estava representada nos frisos do Paternon,
mostrando homens e mulheres (cidadãos de Atenas) em
procisão, assistidos pelos próprios deusas. Além do caráter
religioso, este festival tinha o objetivo de mostrar a grandeza e a
importância da cidade de Atenas. A Grande Panatenaia servia
também como competição de música e atletismo, no qual os
principais prêmios eram as ânforas panatenaicas, cheias de óleo.
-
Minerva - Antiga divindade italiana, protetora de Roma, dos
artesãos, poetas, professores e médicos (Minerva Medica). A
partir do terceiro século a.C. passou a ser identificada com a
deusa Atena.
-
Atena Nike - Um pequeno templo na Acrópole de Atenas,
dedicado ao seu aspecto como deusa da Vitória.
-
Aegis - O escudo de Zeus. Fabricado pelo renomado ferreiro
Hefesto, trazia a cabeça da Medusa entalhado ao centro.
Simbolizava a proteção dos deuses (os quais também o tomavam
emprestado), daí a expressão "estar sob o aegis de alguém".
Más interpretações etimológicas levaram à crença pós-homérica
de que o escudo era recoberto pela pele da cabra de Amalthea.
No reinado de Cécrope, Atenas competiu com Poseidon sobre o
domínio da Ática, e sagrou-se vencedora, pois os deuses
preferiram seu presente - a oliveira - à fonte que Poseidon fez
jorrar na Acrópole.
Um relato diz que Hefesto tentou ter relações com a deusa, que
fugiu para manter sua virgindade. O sêmen do deus, entretanto,
caiu sobre a perna de Atenas, que removeu desgostosa o sêmem
que caiu no chão. Daí nasceu Erichtonus, que foi criado por
Atenas escondido dos outros deuses. Atenas colocou-o em uma
arca, que deu às filhas de Cécrope para guardar, mas as garotas
abriram a arca e viram Erichtonus. Atenas as enlouqueceu e elas
se atiraram ao mar. Erichtonus, mais tarde, tornou-se o rei de
Atenas.
É dito que Tirésias foi feito cego por Atenas por tê-la visto
despida.
Aracne, que havia ganhado fama nas cidades Lídias devido à sua
habilidade na arte de fiar e tecer roupas, competiu com Atena
nesta arte e, sendo vencida, foi transformada em uma aranha
por Atenas.
Asclepius, o deus curador, recebeu de Atenas o sangue que fluia
das veias da Medusa, e enquanto Asclepius usava o sangue que
havia sido retirado do lado esquerdo da górgona para a ruína da
humanidade, o sangue do lado direito era usado para sua
salvação, sendo capaz até mesmo de levantar os mortos.
Um de seus mortais favoritos era Ulisses, quem ela ajudou em
suas jornadas.
Durante o julgamento de Páris, Atenas prometeu a ele a vitória
em qualquer guerra, mas ele preferiu a mão de Helena,
declarando Afrodite a vencedora. Por haver sido desta forma
preterida, e por ser a protetora dos gregos, Atenas postou-se
contrária à causa troiana.
Em uma ocasião durante a Guerra de Tróia, Atena tomou a forma
de um valente lanceiro e procurou por Pandarus para fazê-lo
quebrar a trégua entre Troianos e Aqueus. Em outra ocasião
tomou a forma de Deiphobus, irmão de Heitor, para iludí-lo e
fazê-lo enfrentar Aquiles. Em uma das inúmeras batalhas
durante a Guerra, Atena e Diomedes feriram Ares.
Atenas também foi ferida; Téthis que havia se juntado aos
exércitos contra Tróia, teve uma disputa com Agamemnon em
Aulis, razão pela qual retornou à sua casa, porém deixando
ferida Atenas no pulso, que tentava convencê-lo a ir para a
guerra.
"De Palas Atena, guardiã da cidade, eu começo a cantar.
Poderosa é ela, e com Ares ela ama os feitos de guerra, o saque
de cidades, e os clamores da batalha. É ela quem salva as
pessoas quando elas vão à guerra e retornam.
Demeter
Contam-nos as lendas, que Perséfone, também conhecida como
Core - a donzela, estava brincando em um belo prado perto de
Hena, na Sicília, juntamente com as filhas de Oceano, o deus mar
todo-abrangente e pai de todos os rios.
Enquanto brincava distraída, percebeu uma bela planta com
centenas de flores, que espalhavam um suave perfume por todo
o lugar. Esta planta, porém, tinha sido enviada à terra
justamente para seduzir a jovem, pela deusa-mãe Gaia a pedido
de Hades, o senhor do mundo inferior.
Quando ela se abaixou para colher as flores, abriu-se uma fenda
na terra, e dela surgiu um poderoso deus, montado em uma
carruagem de ouro, tendo negros cavalos a conduzí-la. Esse deus
era Hades, e, diante dele tanto a luta quanto os gritos de
Perséfone se mostraram inúteis. A jovem foi raptada e
rapidamente levada para o reino subterrâneo.
Os gritos de Perséfone foram ouvidos apenas por sua mãe,
Deméter, a deusa cretense da fertilidade e da agricultura, e por
Hécate, uma divindade da Lua. Deméter ficou desesperada ao
notar o desaparecimento da filha, e tentou em vão seguir suas
pegadas. Por acidente, no exato momento em que Hades levou
Perséfone à força, passava por aquele local uma manada de
porcos, tendo as pegadas da donzela se misturado às pegadas
dos porcos. Ainda, no exato momento em que a terra se abriu
para receber Hades e Perséfone, a manada de porcos também
caiu no abismo.
Deméter vasculhou a terra em busca de algum sinal. Vagou
desesperada por nove dias e nove noites, levando à mão apenas
uma tocha em forma de longo bastão. No décimo dia encontrou
Hécate, e juntas foram até o deus sol Febo, que tudo vê, e assim
souberam o que havia ocorrido com a jovem raptada. Deméter
ficou tão desolada que fugiu da companhia dos deuses. Afinal,
por que o grande Zeus, pai de Perséfone, havia permitido que
sua filha fosse levada ao mundo dos mortos? Irada, privou a
terra de toda a fertilidade - a terra não daria mais nenhum fruto,
nem para deuses nem para homens. Uma grande fome ameaçava
toda a humanidade.
Tomou a forma de uma mulher idosa e passou a vagar entre os
homens como uma mendiga. Permaneceu por dias sentada junto
a um poço, denominado Poço da Virgem. Serviu também de
governanta em um palácio real perto de Elêusis, cidade na qual
foi reconhecida e muito bem recebida. Em Elêusis foi construído
um templo em sua homenagem, no qual ela passou a morar, e a
cidade tornou-se o maior santuário da deusa na Grécia.
E todo um ano se passou sem que na terra nascesse uma planta
sequer. De nada havia adiantado as súplicas de todos os deuses mesmo os pedidos do poderoso Zeus. Até que, por fim, Zeus
ordenou que a jovem Perséfone, agora esposa de Hades e deusa
dos ínferos, fosse libertada.
Abraçada e acompanhada de sua mãe e de Hécate, a deusa
retornou ao Olimpo. Neste momento os campos e pastagens
novamente floresceram e a vida retornou à terra. Mas que
surpresa! - a jovem não podia mais abandonar o Reino de Hades
para sempre, pois quem come da comida do mundo dos mortos,
fica preso a ele, e Perséfone havia comido uma semente de romã
na mansão de seu marido.
Zeus estabeleceu então, que a jovem deveria passar um terço de
cada ano com Hades. Assim, toda vez que ela retornava aos
Ínferos, a terra parava de produzir frutos e chegava o inverno, e
quando ela retornava à casa de sua mãe a terra se cobria com os
grãos vivificadores.
Todos os anos as divindades eram honradas no templo de sua
cidade, e eram celebrados os mistérios de Elêusis, onde o
sofrimento de Deméter e a descida (Cátodos) e subida (Ánodos)
de Perséfone eram representados aos iniciados neste rito
religioso.
Artemis
A mais popular das deusas do panteão grego, Artemis era a filha
de Zeus e Leto, e irmã gêmea de Apolo. A etimologia do seu
nome permanece desconhecida. Como uma deusa virginal da
caça, ela gradualmente assimilou diversas características que
eram transferidas para ela a partir de deusas locais.
Acompanhada de ninfas, ela vagava por bosques e prados com
seu arco e flechas em sua representação como protetora dos
caçadores e Senhora dos Animais.*
A tradição formal relata que Leto deu à luz Artemis e Apolo em
Delos, que anteriormente era chamada Asteria ou Ortygia. Porém
no Hino Homérico dedicado à Apolo, o autor distingue Ortygia de
Delos, afirmando que enquanto Apolo nasceu em Delos, sua irmã
nasceu em Ortygia. Nesta versão, Ortygia é provavelmente
identificada com Rhenia, uma ilha desabitada próxima a Delos,
onde eram localizadas as grutas dos Delios.
Narrada por Apolodorus, a lenda conta que imediatamente após
o seu nascimento, Artemis ajudou o seu irmão mais novo a
nascer, sendo esta a razão pela qual a donzela Artemis era
invocada para auxiliar no trabalho de parto das mulheres.
Qualquer um que a ofendesse era severamente punido. Assim ela
matou as filhas de Niobe e os filhos de Aloades. Matou (ou fez os
cães matarem) Acteon, porque a viu banhando-se nua e Orion,
porque a desafiou para uma competição de arremesso de disco.
Entre diversos exemplos, o de Agamemnon é especialmente
notável: porque ele havia matado um cervo consagrado à deusa,
ela exigiu o sacrifício de sua filha Ifigênia. Este fato é usado para
justificar o argumento que sacrifícios humanos eram parte do
culto à deusa em tempos primordiais.
"Eu sou a mãe sem esposo, a Mãe Original; todos são meus
filhos, e portanto ninguém jamais ousou se aproximar de mim; o
imprudente que tentar, envergonhará a Mãe - e é esta a razão
para a maldição"***
Oeneus, Rei de Calidon, ao sacrificar os primeiros frutos da terra
na colheita anual dos campos à todos os deuses, esqueceu-se
apenas de Artemis. Furiosa, ela enviou um javali de tamanho e
força descomunais, que impedia que a terra fosse semeada e
atacava o gado e os moradores do lugar. Para atacar o javali,
Oeneus convocou os guerreiros mais nobres da Grécia, e
prometeu a pele do animal ao homem que o matasse. Esse javali
foi caçado e morto por um grupo de heróis famosos, que incluía
os Dioscuri, Jasão, Teseu, Atalanta e outros.
"Eu canto a Artemis, cujas setas são de ouro, que se alegra com
os cães de caça, a pura donzela, caçadora de veados, que se
deleita com a arte de atirar flechas, irmã de Apolo com a espada
dourada. Sobre os morros sombreados e picos batidos pelo vento
ela saca seu arco dourado, alegrando-se na perseguição, e lança
severas setas.
Os cumes das altas montanhas tremem, e pela floresta em
sombras ecoa os gritos assustados das feras dos bosques; a
Terra treme, assim como o faz o mar, cheio de peixes. Mas a
deusa de valente coração se vira para todos os lados destruindo
a raça das feras selvagens: e quando está satisfeita e alegrou
seu coração, esta caçadora solta seu arco e parte para a grande
casa do seu querido irmão Apolo Febo, para a rica terra de
Delfos, para lá comandar a dança das Musas e das Graças."
"Para Artemis" - Hinos Homéricos
Se em uma mão ela trazia a ruína, na outra ela protegia a vida.
Em seu papel como Eileithyia, ela ajudava as mulheres grávidas
a darem à luz sem dor. Se uma mulher morresse no trabalho de
parto, acreditava-se que ela havia sido atingida por uma flecha
de Artemis; ainda assim, as roupas da mulher falecida eram
oferecidas à deusa. Noivas e noivos, principalmente jovens
donzelas, pediam sua proteção fazendo sacrifícios à deusa antes
do casamento.*
Artemis também aparece na mitologia como deusa da vegetação
e da fertilidade. Era a deusa da natureza intocada. Em conexão
com o culto de árvores, sua imagem era pendurada em galhos e
arbustos. "Aonde não dançou Artemis?" - era um ditado popular
na Grécia Antiga.** Importantes em seu culto eram a dança e o
ramo sagrado - muito provavelmente derivados do culto antigo
da árvore da lua, fonte de imortalidade, conhecimento secreto e
inspiração.** A dança mascarada realizada por jovens e
donzelas em sua honra (muitas vezes com máscaras de urso),
que possuía um caráter fálico, apontava para Artemis em sua
manifestação como deusa da vegetação, assim como o fazem
suas imagens de culto adornadas com muitos seios.*
Apesar de Artemis ser venerada por toda a Grécia, seu culto era
especialmente forte na Arcádia. Lá ela vivia afastada nos
bosques selvagens e intocados, e era a mais virginal das deusas.
Outro centro importante de adoração era Éfeso, na Anatólia,
onde eram enfatizadas suas qualidades de Grande Mãe.** Os
moradores de Éfeso acreditavam que uma imagem da deusa com
vários seios havia caído do céu.
Em um estágio bastante posterior, Artemis passou a ser
identificada com a deusa da lua Selene, em cujo caráter ela
visitava seu amante Edymion noite após noite. *
Sua participação na Guerra de Tróia não foi muito gloriosa, e ela
finalmente se refugiou ao lado de seu pai Zeus*. Homero deu à
Artemis um caráter fraco e até mesmo ridículo na Ilíada.
Originalmente, a deusa era representada flanqueada por dois
leões ou em posição de dança, com um veado. Um pouco mais
tarde, ela passou a ser representada montada em um leão.
Finalmente a deusa foi retratada com seu arco e flechas,
segurando um veado morto em ambas as mãos. **
A deusa era associada pelos romanos com Diana.
Dionísio
Divindade grega da natureza, especificamente deus do vinho e
mais amplamente da vegetação, que desempenhou um papel de
excepcional importância entre os gregos. Suas características
separadas são tão iridescentes que apenas com muita
dificuldade podem ser juntadas para compor uma figura única.
Onde surgiu Dionísio e quando seu culto se disseminou na Grécia
são perguntas que não possuem respostas seguras. De qualquer
maneira, a primeira parte de seu nome apresenta o genitivo do
nome de Zeus, e foi como filho de Zeus e Sêmele, filha de Cadmo
e Harmonia, que ele entrou para os escritos mitológicos.
Na imaginação da antigüidade, o culto de Dionísio veio da Trácia,
Lídia (o nome Baco provavelmente é derivação lídia) ou Frígia
para a Grécia aproximadamente no oitavo século a.C. Ele é
marcado com um tipo de entusiasmo e e êxtase até então
desconhecido dos gregos. Por isso o culto do deus se
estabeleceu
contra
muita
oposição,
principalmente
da
aristocracia. Significantemente, Homero não reconhece Dionísio
como um dos grandes deuses olímpicos.
Nos festivais realizados em sua homenagem, que eram
basicamente festas da primavera e do vinho, o deus em forma de
touro freqüentemente liderava as Maenads barulhentas ,
bacantes, sátiros, ninfas e outras figuras disfarçadas para os
bosques. Eles dançavam, desmembravam animais e comiam suas
carnes cruas, e alcançavam um estado de êxtase que
originalmente nada tinha a ver com o vinho. Apenas
gradualmente é que foram os componentes licensiosos e fálicos
do culto moderados, de forma que Dionísio veio a ocupar um
lugar seguro na religião dos gregos.
Mais tarde, seu culto se tornou tão difundido que Dionísio veio a
ser cultuado em um momento histórico particular, até mesmo em
Delfos, o santuário-chefe de Apolo.
Nos
festivais
de
Dionísio,
especialmente
em
Atenas,
performances dramáticas eram representadas, de forma que o
culto de Dionísio pode ser visto ligado ao gênero dramático.
Entre os romanos, já em uma época bem antiga, Dionísio foi
identificado com o deus Liber, e eventualmente aceito com o
nome de Baco. Quando as bacanálias, celebradas em sua honra,
degeneraram, o estado interveio para regulá-las, sem nunca,
porém, impedir a continuação do culto. A bacanália era o culto
secreto romano, celebrado com excessos sexuais. Em 186 a.C. o
Senado proibiu sua realização, devido à onda de criminalidade
que foi introduzida devido ao festival. Mesmo com a proibição, o
culto não desapareceu naquele tempo.
As representações mais antigas do deus mostram-no como um
velho de barbas, enquanto que as mais recentes o representam
como um belo jovem.
As histórias sobre as andanças de Dionísio, e em particular sua
viagem à Índia, são provavelmente surgidas da simples
observação da difusão geográfica da videira. Onde essa planta
era cultivada, e o vinho extraído, acreditava-se que o deus por lá
havia passado, dando aos mortais sua benção ou maldições.
Assim que soube que Sêmele estava esperando um filho do seu
marido, Zeus, ela ficou demasiadamente furiosa. Sabendo que as
suas reprovações aos atos de Zeus não surtiam nenhum efeito,
resolveu vingar-se da jovem e destruí-la. Para Hera, Sêmele era
culpada, e carregava em seu ventre a prova de seu ato ilícito.
"Não me chamem mais de de filha de Saturno, se ela não descerá
às águas do Estígio, para lá enviado pelo seu Zeus!"
Com essas palavras ela se levantou de seu trono, e envolvida por
uma nuvem dourada, aproximou-se da morada de Sêmele. Hera,
então, transformou-se em uma velha senhora, seus cabelos
tornando-se brancos, e rugas surgindo em sua pele. Ela andava
com as costas arqueadas e passos cambaleantes. Sua voz
dobrou-se à idade, e ela tornou-se a cópia exata de Beroe, a ama
de Sêmele.
Alcançando Sêmele, ela iniciou uma longa conversa, na qual
mencionou o nome de Zeus. Então Hera disse que ela deveria
pedir uma prova de que seu amante era realmente Zeus, e ainda
mais; que, sendo Zeus, aparecesse em sua forma gloriosa, a
mesma que ele aparecia perante Hera, e só assim a abraçasse.
"Eu rezo para que seja mesmo Zeus! Mas tudo isso perturba-me:
muitas vezes um homem usou deste artifício para penetrar no
quarto de uma mulher honesta, fazendo-se passar por um deus."
Assim dizendo, Hera conseguiu colocar a suspeita no coração da
jovem, e ela dirigiu-se à Zeus, pedindo uma prova de seu amor.
Ele respondeu dizendo que qualquer coisa que ela pedisse lhe
seria atendido. Ainda mais, para reforçar seu juramento, chamou
o nome do deus do rio Estígio para ser sua testemunha.
Sêmele, feliz com o juramento, selou seu destino com o seu
pedido: "Mostre-se a mim. Da mesma maneira como você se
apresenta a Hera quando você troca abraços amorosos com ela!"
O deus tentou em vão impedir que ela falasse tamanho desatino,
mas as palavras já haviam deixado sua boca - e seu juramento
não podia ser alterado.
Lamentando muito a tarefa que estava prestes a realizar, Zeus
lançou-se ao alto, juntou as névoas obedientes e as nuvens de
tempestade, relâmpagos, ventos e trovões. Tentou ao máximo
reduzir ao máximo a sua ostentação de glória. Mas a estrutura
mortal de Sêmele não podia suportar a visão do visitante
celestial, e ela foi queimada até as cinzas pelo seu presente de
casamento.
Seu bebê, ainda incompletamente formado, saiu do útero de sua
mãe, e alojou-se na coxa de Zeus, até que se completasse a sua
gestação. Zeus entregou o bebê a Hermes, que o confiou ao casal
Ino e Athamas, advertindo-os a cuidar de Dionísio como se ele
fosse uma menina. Entretanto, Hera descobriu que o bebê havia
nascido e que estava sendo criado escondido dela. Indignada,
levou Ino e Athamas à loucura. Athamas caçou o próprio filho,
Learcus, como se fosse um veado, matando-o, e Ino, para livrar
seu outro filho, Melicertes, da loucura do pai, o atirou ao mar,
onde foi transformado no deus do mar Palaemon (em
homenagem a quem Sísifo instituiu os jogos do Istmo).
Finalmente, Zeus iludiu Hera transformando Dionísio em um
cabrito, e Hermes o levou para ser criado pelas ninfas de Nysa,
na Ásia, quem Zeus posteriormente transformou em estrelas,
dando-lhes o nome de Híades. Mais tarde Dionísio resgatou
Sêmele dos ínferos e a levou ao Olimpo, onde Zeus a
transformou em deusa.
Quando Dionísio cresceu, ele descobriu a videira, e também a
maneira de extrair da fruta o seu suco e transforma-lo em vinho.
O deus então vagou pela Ásia e foi até a Índia, onde ficou
diversos anos, para ensinar os povos a cultivar a vinha. Em seu
caminho, chegou até Cibela, na Frígia, onde a deusa Réia, mãe
dos deuses, o purificou e o ensinou os ritos de iniciação.
Ele então se dirigiu à Trácia, onde Licurgo era o rei dos
Edonianos, que viviam ao lado do rio Strymon. Licurgo foi o
primeiro a insultar Dionísio e expulsá-lo. Doinísio soube da
intenção de Licurgo através de Carope, pai de Orfeu. Dionísio se
refugiou no mar, com Tétis, enquanto qua as maenads foram
feitas prisioneiras, juntamente com os sátiros. Mas Dionísio
enlouqueceu o rei, e ele matou seu filho com um machado,
pensando estar cortando uma videira. Quando acabara de cortar
os membros do filho, desfez-se o encanto do deus. O deus tornou
a terra improdutiva, causando a revolta dos seus súditos,que o
ataram a cavalos que o despedaçaram, pois haviam ouvido que
"Enquanto Licurgo estivesse vivo, a terra não mais daria frutos".
Dionísio recompensou a ajuda de Carope dando-lhe o reino dos
trácios e instruíndo-lhe nos ritos secretos ligados aos seus
mistérios.
Ao voltar a Grécia, instituiu seu próprio culto, porém encontrou
oposição dos reis devido a desordem e a loucura que o mesmo
provocava nos seguidores.
Quando Dionísio se encaminhou à Tebas, ele forçou as mulheres
a abandonarem suas casas e segui-lo, em uma espécie de transe.
O Rei Penteus tentou por um fim à desordem causada pelo deus,
tentando prende-lo. Sua tentativa foi infrutífera, pois os
seguidores de Dionísio impediam a prisão do deus. Penteus
tentou espionar o culto de Dionísio, mas foi avistado pela sua
mãe, Agave, que participava junto com as maenads. Cega pelo
deus, Agave pensou estar vendo um javali gigante, e chamou as
demais mulheres para correrem atrás dele. Assim que o
alcançaram, despedaçaram-no. Sua mãe percebeu horrorizada
que não era um javali que haviam desmembrado, mas sim seu
filho. Após o seu enterro, Agave, juntamente com seus parentes
deixou Tebas, em exílio.
Depois de Tebas, Dionísio foi para Argos, e por que eles não
quiseram honrá-lo, ele fez as mulheres ficarem loucas, e elas
carregaram seus filhos no colo até uma montanha e os
devoraram.
Dionísio era também um deus das árvores, e os antigos gregos
faziam sacrifícios para "Dionísio das Árvores". Sua imagem,
muitas vezes, era meramente um poste ereto, sem braços, mas
enrolado em um manto, com uma mascara barbada para
representar o rosto, e com arbustos projetando da cabeça ou do
corpo, para indicar o caráter do deus. Ele era o patrono das
árvores cultivadas, a ele eram endereçadas preces para que
fizesse as árvores crescerem, e ele era especialmente venerado
por fruticultores, que faziam uma imagem dele em seus
pomares.
Entre as árvores especialmente dedicadas à ele estava, além da
videira, o pinheiro,e em diversas imagens artísticas o deus, ou
seus seguidores, aparecem portando um bastão com um cone de
pinha em cima.
Assim como os demais deuses da vegetação, acreditava-se que
Dionísio havia morrido uma morte violenta, mas que havia sido
trazido novamente à vida; e sua morte, ressurreição e
sofrimentos eram representados em ritos sagrados.
Um dia, narra a lenda, a grande deusa Deméter chegou à Sicília,
vinda de Creta. Trazia consigo sua filha, a deusa Perséfone, filha
de Zeus. Deméter planejava chamar a atenção do grande deus,
para que ele percebesse a presença de sua filha.
Deméter descobriu, próximo à fonte de Kyane, uma caverna,
onde escondeu a donzela. Pediu-lhe, então, que fizesse com um
tecido de lã, um belo manto, bordando nele o desenho do
universo. Desatrelou de sua carruagem as duas serpentes e
colocou-as na porta da caverna para proteger sua filha.
Neste momento Zeus aproximou-se da caverna e, para entrar
sem despertar desconfiança na deusa, disfarçou-se de serpente.
E na presença da serpente, a deusa Perséfone concebeu do deus.
Depois da gestação, Perséfone deu luz a Dionísio na caverna,
onde ele foi amamentado e cresceu. Também na caverna o
pequeno deus passava o tempo com seus brinquedos: uma bola,
um pião, dados, algumas maçãs de ouro, um pouco de lã e um
zunidor. Mas entre seus brinquedos havia também um espelho,
que o deus gostou de fitar, encantado.
Entretanto, o menino foi descoberto por Hera, a esposa de Zeus,
que queria vingar-se da nova aventura do esposo. Assim, quando
o deus estava olhando-se distraído no espelho, dois titãs
enviados por Hera, horrendamente pintados com argila branca,
aproximaram-se de Dionísio pelas costas e, aproveitando a
ausência de Perséfone, mataram-no.
Continuando sua obra deplorável, os titãs cortaram o corpo do
menino em sete pedaços e ferveram as porções em um caldeirão
apoiado sobre um tripé e as assaram em sete espetos. Atenas
viu a cena e, mesmo não podendo salvar o menino, resgatou o
coração do deus.
Mal tinham acabado de consumar o assassínio divino, Zeus
apareceu na entrada da caverna, atraído pelo odor de carne
assada. O grande deus viu a cena e entendeu o que havia se
passado. Pegou um de seus raios e atirou contra os titãs
canibais, matando-os.
Zeus estava desolado com a morte do filho, quando a deusa
Atenas apareceu e entregou-lhe o coração do deus assassinado.
Zeus, então, efetuou a ressurreição, engolindo o coração e
dando, ele próprio, à luz seu filho.
E essa é a origem do deus morto e renascido, relatada pelos
antigos e celebrada nos mistérios...
Muitas vezes Dionísio era representado na forma animal,
principalmente na forma de um touro (ou pelo menos com os
seus chifres. Assim, ele era conhecido como "Com Face de
Touro", "Com Forma de Touro", "Com Chifres de Touro",
"Chifrudo", "Touro". Em seus festivais, acreditava-se que ele
aparecia como um touro.
"Venha aqui, Dionísio, ao seu templo sagrado junto ao mar;
Venha com as Graças ao seu templo, correndo com seus pés de
touro, Oh bom touro, Oh bom touro!"
De acordo com uma versão do mito da morte e renascimento de
Dionísio, foi como touro que ele foi despedaçado pelos Titãs, e os
habitantes de Creta representavam os sofrimentos e morte de
Dionísio despedaçando um touro. Aliás, o ato de matar
ritualmente um touro e devorar sua carne era comum aos ritos
do deus, e não há dúvidas que quando os seus adoradores
faziam esses sacrifícios, acreditavam estar comendo a carne do
deus e bebendo seu sangue.
Outro animal cuja forma era assumida por Dionísio era o cabrito.
Isso porque para salvá-lo do ódio de Hera, seu pai, Zeus, o
transformou nesse animal. E quando os deuses fugiram para o
Egito para escapar da fúria de Tifon, Dionísio foi transformado
em um bode. Assim, seus adoradores cortavam em pedaços um
bode vivo e o devoravam cru, acreditando estar comendo a carne
e bebendo o sangue do deus.
No caso do cabrito e do bode, quando o deus passou a ter sua
forma humana mais valorizada, a explicação para se sacrificar o
animal veio de um mito que narrava que uma vez esse animal
havia despedaçado uma vinha, objeto de cuidados especiais do
deus. Note que neste caso perdeu-se o sentido de sacrificar o
próprio deus, tornando-se um sacrifício para o deus.
Uma vez, quando Dionísio quis navegar de Icaria para Naxos, ele
entrou em um navio pirata tirreano. Os piratas, entretanto,
ignoravam a identidade do deus, e tencionavam vendê-lo como
escravo na Ásia. Quando percebeu que estavam indo para outra
direção, Dionísio fez brotar heras pelo navio e transformou o
mastro em uma grande serpente. Ouvia-se o som de flautas, e o
doce aroma do vinho podia ser sentido por toda a embarcação.
Os piratas enlouqueceram, e atirando-se ao mar foram
transformados em golfinhos.
Quando Teseu chegou em Creta, contou com a ajuda de Ariadne,
filha do rei Minos, que estava apaixonada por ele. Ela concordou
em revelar o caminho de saída do labirinto se Teseu a levasse
como esposa para Atenas. Ela porém foi abandonada em Naxos
por Teseu. Dionísio a encontrou naquela ilha e a tomou como
esposa. Após sua morte, Dionísio a conduziu ao Olímpo, e
colocou no céu, como estrelas, a guirlanda que Hefesto havia
preparado para seu casamento.
Aura, filha do Titã Lelantus e da Oceainida Periboea, era uma
caçadora Frígia, aversa ao amor. Um dia quando estava
dormindo em um bosque, foi violentada pelo deus, e deu à luz
dois gêmeos. Sendo indesejados, assim que seus filhos
nasceram, ela matou um deles, e em desespero se atirou no rio
Sangarius, sendo transformada por Zeus em uma fonte.
Nicaea era uma ninfa de Astacia, e também era uma caçadora.
Hymnus se apaixonou pela ninfa, mas ela ficou furiosa e matouo. Um dia ela bebeu vinho, e se embebedou, e Dionísio
aproveitou a oportunidade para tirar sua virgindade.
Aristaeus descobriu o mel, e muito orgulhoso do seu feito,
competiu com Dionísio, dizendo ser o mel maior benção que o
vinho. Zeus julgou entre os dois e deu o prêmio à Dionísio.
Hera, certa vez, enlouqueceu Dionísio, e ele chegou a um grande
pântano, que não conseguia cruzar. Ele então foi ajudado por
dois jumentos, um dos quais o carregou pela água, levando-o ao
templo de Zeus. Quando o deus chegou ao santuário foi libertado
da loucura, e, sentindo-se grato aos jumentos, os colocou entre
as estrelas (Asellus Borealis e Asellus Australis em Câncer).
Hefesto
Deus grego do fogo, depois também da forja e dos artífices, e
finalmente das artes e da própria perícia manual. Sua origem é
provavelmente a Ásia Menor, sendo Lemnos seu principal centro
de culto. A partir do VI séc. a.C. passou a ser venerado também
em Atenas, onde foi erigido um templo em sua homenagem, o
Theseum, que servia de centro do seu principal festival, a
Hephaestia. Além destes, poucos indícios temos de culto a
Hefesto na Grécia.
Hefesto é descrito como filho de Zeus e Hera ou como filho
unicamente de Hera, que o teria gerado sem intercurso com o
sexo masculino (Teogonia, Hesíodo).
A causa da sua imperfeição física (o deus era coxo) também
possui duas versões: A primeira diz que Hera, furiosa pela
imperfeição do filho, expulsou-o do Olímpo, lançando-o ao mar,
onde foi socorrido e criado pela Nereida Tétis. Na segunda,
Homero (Ilíada) conta que quando Zeus, irritado com sua esposa
Hera por haver lançado uma tempestade contra Heracles que
estava ao mar após tomar Tróia, prendeu-a para fora do Olímpo,
este partiu em defesa de sua mãe, sendo lançado por Zeus para
fora dos limites de seu reino. Hefestos caiu por três dias,
aterrisando em Lemnos quase sem vida, onde foi ajudado pela
deusa Tétis e por Eurynome, a mãe das Graças. As duas
protegeram-no, escondendo-o em uma caverna da ira de sua
mãe, que havia ficado profundamente envergonhada ao ver sua
mangueira. Hefesto trabalhou por nove anos na caverna,
aperfeiçoando sua arte, para retornar ao seu lugar de direito no
Olímpo.
"Uma vez antes disso, Quando eu estava lutando para salvar
você, ele me pegou pelos pés e me lançou para além dos limites
celestiais; O dia inteiro eu fui levado, e ao pôr do sol eu caí em
Lemnos, e pouca vida restava em mim."
Ilíada - Homero
Certa vez, Hera viu uma das jóias criadas por Hefesto e admirouse da mestria empregada e quis saber quem havia feito tais
criações. Hera descobriu que eram obras de seu filho e o mandou
chamar de volta ao Olímpo, convite que foi recusado pelo deus.
Conta-se então que Hera pediu que Dionísio o convencesse a
voltar, o que só foi possível após o deus do vinho embriagá-lo.
Hefesto retornou ao olímpo montado em uma mula, precedido
por Dionísio que vinha a pé. No Olímpo ele criou obras
magníficas, e sua habilidade o fez aceito por todos os deuses.
Seu retorno ao Olímpo era tema comum entre artistas e poetas.
De Hera, recebeu a mão da bela Afrodite como reparação pelos
anos de exílio.
Essa união estava longe de ser estável, pois apesar de muito
bela, Afrodite apresentava um caráter vulgar. Afrodite mantinha
um caso com o deus da guerra Ares, do que Hefesto tomou
conhecimento. Armou então uma armadilha para ambos, e,
durante sua ausência, os dois deitaram-se na sua cama e ficaram
presos em uma rede, expostos à vergonha em frente dos outros
deuses.
Existe também o relato de que logo que voltou ao Olímpo
fabricou tronos para todas as divindades do Olímpo, sendo que
para Hera fabricou um trono que a prendeu assim que sentou-se.
Para libertá-la Dionísio foi chamado e embebedou Hefesto, que
assim libertou-a. Esse me parece uma recorrência do mito de
retorno de Hefesto. Essa vingança não corresponde ao
tratamento dispensado à Hera na Ilíada.
Em sua forja, que ficava sob o monte Etna, ou segundo outros na
ilha de Lemno, trabalhava habilmente diversas criações, ajudado
pelos ciclopes ou por dois auxiliares por ele criados (dourados,
em forma de mulheres, inteligentes e com capacidade de fala). E
quando estava executando mais uma de suas obras, as faíscas e
a fumaça resultantes podiam ser vistas por todos através da
saída do vulcão.
Prometeu Acorrentado , Ésquilo: Ao limite mais remoto da Terra,
viemos, às terras Cíticas, uma solidão não explorada. E agora,
Hefesto, tua é a obrigação de observar o mandato a ti imposto
pelo Pai - para prender esse infame nas altas pedras escarpadas
em inflexíveis grilhões de amarras inquebráveis. Ver mito de
Prometeu.
Partiu a cabeça de Zeus, quando este estava com uma grande
dor de cabeça, libertando Atena. Essa versão do nascimento de
Atena contradiz o mito que Hera gerou Hefesto sozinha por
inveja do fato de Zeus haver gerado Atenas sozinho. Ver mito do
nascimento de Atenas.
Matou o gigante Mimas com misséis de metal quente.
Gigantomaquia. Marido de Aglaé (Teogonia) e Afrodite
(Odisséia). Na Ilíada a referência a Charis (singular de Charites,
as Graças das quais Aglaé faz parte), parece reforçar a citação à
Aglaé, apesar de não especificar seu nome.
Uma vez quando Atena procurou Hefesto para que este
fabricasse uma nova armadura para ele, ele tentou forçar a
deusa a amá-lo, mas esta resistiu. Porém ele derramou uma gota
de sêmem na perna de Atenas, que caiu no chão quando a deusa
fugia, dando nascimento à Erichthonius. Outra versão diz que a
gota de sêmem caiu sobre Gaia que estava passando, dando ela
origem a Erichthonius.
Eros
Eros é o deus grego do amor, também conhecido como Cupido
(Amor, em latim).
Apesar de sua excepcional beleza ser altamente valorizada pelos
gregos, seu culto tinha modesta importância. Na Beócia, um dos
seus poucos locais de culto, ele era venerado na forma de uma
pedra comum, indicando sua conexão com a origem do mundo.
Depois, uma estátua esculpida por Praxiteles tomou o lugar
desta pedra*.
As primeiras representações artísticas de Eros o mostram como
um belo jovem alado, com traços de menino, normalmente
despido, e portando arco e flecha. Eventualmente ele aparece
nos mitos como um simples garoto brincalhão, lançando suas
flechas em deuses e humanos, enquanto gradualmente vai
perdendo seu status entre os deuses*.
Na Teogonia, de Hesíodo, Eros era uma das quatro divindades
nomeadas como originais. As outras três eram o Caos, Gaia (a
mãe-terra) e o Tártaro (o poço negro sob a terra).
"Aquele que é o amor, o mais belo entre os imortais, que tira a
força dos membros: aquele que, em todos os deuses, em todos
os seres mortais, sobrepuja a inteligência em seus peitos e todo
os seus planos retalhados."**
Hesíodo nada mais fala desse deus, e tampouco ele aparece em
Homero.
Posteriormente, foi associado firmemente à Afrodite, como seu
filho, tendo como pai o deus Ares, aparecendo em diversas
alegorias mitológicas.
Com o tempo ocorreu um favorecimento de sua representação na
forma plural dos Erotes (Eros, Pothos e Himeros) em lugar da
sua forma única, enquanto ele passava do ambiente mitológico
para a esfera das artes.
Entre os gregos Himeros era a personificação divina do desejo,
enquanto Pothos representava a saudade. Como companheiros
de Eros (o Amor), aparecem frequentemente no séquito de
Afrodite.
Psique era a mais nova de três filhas de um rei de Mileto e era
extremamente bela. Sua beleza era tanta que pessoas de várias
regiões iam admirá-la, assombrados, rendendo-lhe homenagens
que só eram devidas à própria Afrodite. E, de fato, os altares da
deusa começavam a esvaziar-se pois o povo negligenciava seu
culto para ir ver Psique.
Profundamente ofendida e enciumada, Afrodite enviou seu filho,
Eros, para fazê-la apaixonar-se pelo homem mais feio e vil de
toda a terra. Porém, ao ver a beleza da jovem, Eros apaixonou-se
profundamente por ela. As irmãs de Psique facilmente
encontraram maridos, pois também eram belas, mas Psique
permaneceu sozinha, pois apesar de ser admirada por todos,
havia despertado a ira de Afrodite.
Seu pai suspeitou que inadvertidamente havia ofendido os
deuses, e resolveu consultar o oráculo de Apolo. Através desse
oráculo, o próprio Eros ordenou ao rei que enviasse sua filha ao
topo de uma solitária montanha, onde seria desposada por uma
terrível serpente.
"A virgem não se destina a ser esposa de um amante mortal. Seu
futuro marido a espera no alto de uma montanha. É um monstro
a quem nem os deuses nem os homens podem resistir."
A jovem aterrorizada foi levada ao pé do monte e abandonada
por seu pesarosos parentes e amigos, sendo conduzida com os
ritos de um funeral. Conformada com seu destino, Psique foi
tomada por um profundo sono, e a brisa gentil de Zéfiro a
conduziu através do ar a um lindo vale.
Quando ela acordou, caminhou por entre as flores do vale e
chegou até um castelo magnífico. Notou que aquele castelo
deveria ser a morada de um deus, tal a perfeição que podia ver
em cada um dos seus detalhes. Tomou coragem e entrou no
deslumbrante palácio, onde todos os seus desejos eram
satisfeitos por ajudantes invisíveis, dos quais só podia ouvir a
voz. Quando chegou a escuridão, foi conduzida pelos criados a
um quarto de dormir, e lá deitou-se, certa de que ali encontraria
finalmente o seu terrível esposo.
Começou a tremer quando sentiu que alguém entrara no quarto,
mas uma voz maravilhosa a acalmou, e mãos humanas
acariciaram seu corpo. Assim, a esse amante misterioso, ela se
entregou.
"Porque queres me ver? Podes duvidar de meu amor? Tens
algum desejo que não foi satisfeito? Se me visses, talves iria
temer-me, talvez adorar-me, mas a única coisa que peço é que
me ames. Prefiro que me ames como igual que me adores como
deus."
Quando acordou, já havia chegado o dia, e seu amante havia
desaparecido. Porém essa mesma cena se repetiu por diversas
noites. Enquanto isso, suas irmãs continuavam a sua procura,
mas seu esposo misterioso a alertou para não responder aos
seus chamados. Porém Psique sentia-se solitária em seu casteloprisão, e continuamente implorava ao seu amante para deixá-la
ver suas irmãs, e compartilhar com elas as maravilhas daquele
castelo. Ele finalmente aceitou, mas impôs a condição que, não
importando o que suas irmãs disessem, ela nunca tentaria
conhecer sua verdadeira identidade.
Quando suas irmãs entraram no castelo e viram aquela
abundância de beleza e maravilhas, foram tomadas de inveja, e
notando que o esposo de Psique nunca aparecia, perguntaram
maliciosamente sobre sua identidade. Psique sempre respondia
que ele estava atarefado, mas que era um jovem muito belo.
Suas irmãs retornaram para casa, mas a dúvida e a curiosidade
tomavam conta de seu ser, aguçadas pelos comentários de suas
irmãs. Seu esposo alertou-a que suas irmãs estavam tentando
fazer com que ela olhasse seu rosto, mas se assim ela fizesse,
ela nunca mais o veria novamente. Além disso, ele contou-lhe
que ela estava grávida, e se ela conseguisse manter o segredo
ele seria divino, porém se ela falhasse, ele seria mortal. No
entanto, concedeu a ela o direito de receber novamente suas
irmãs.
Em resposta a suas questões, Psique contou-lhes que estava
grávida, e que sua criança seria de origem divina. Suas irmãs
ficaram ainda mais enciumadas com a situação de Psique, pois
além de todas aquelas riquezas, ela era a esposa de um lindo
deus. Assim, trataram de convecer a jovem a olhar a identidade
do esposo, pois se ele estava escondendo seu rosto era porque
havia algo de errado com ele. Ele realmente deveria ser uma
horrível serpente e não um deus maravilhoso.
Psique ficou realmente assustada com o que suas irmãs
disseram a ela, que quando suas irmãs partiram, ela escondeu
uma faca e uma lâmpada próximo a sua cama, decidida a
conhecer a identidade de seu marido, e se ele fosse realmente
um monstro terrível, matá-lo. Ela havia esquecido dos avisos de
seu amante, de não dar ouvidos a suas irmãs.
Quando Eros chegou naquela noite, ele fez amor com ela como
normalmente fazia, e virou-se para descansar ao seu lado.
Psique tomou coragem e aproximou a lâmpada do rosto de seu
marido, esperando ver uma horrenda criatura. O que viu porém
deixou-a maravilhada. Um jovem de extrema beleza estava
repousando com tamanha quietude e doçura que ela pensou em
tirar a própria vida por haver dele duvidado. Enfeitiçada por sua
beleza, demorou-se admirando o deus alado. Não percebeu que
havia inclinado de tal maneira a lâmpada que uma gota de olho
quente caiu sobre o ombro direito de Eros, acordando-o. Eros
olhou-a assustado, e tentou voar através da janela do quarto.
Psique inultimente tentou agarrá-lo pelas pernas, mas ele
escapou.
"Tola Psique! É assim que retribuis meu amor? Depois de haver
desobedecido as ordens de minha mãe e te tornado minha
esposa, tu me julgavas um monstro e estavas disposta a cortar
minha cabeça? Vai. Volta para junto de tuas irmãs, cujos
conselhos pareces preferir ao meu. Não lhe imponho outro
castigo, além de deixar-te para sempre. O amor não pode
conviver com a suspeita."
Quando se recompôs, notou que o lindo castelo a sua volta
desaparecera, e que se encontrava bem próxima da casa de seus
pais. Psique ficou inconsolável. Tentou suicidar-se atirando-se
em um rio próximo, mas suas águas a trouxeram gentilmente
para sua margem. Foi então alertada por Pan para esquecer o
que se passou e procurar novamente ganhar o amor de Eros.
Quando suas irmãs souberam do acontecido, figiram pesar, mas
pensaram que talvez agora ele escolhesse uma delas como
esposa. Partiram então para o topo da montanha na qual sua
irmã havia sido deixada há muito tempo, e chamaram o vento
Zéfiro, para que as sustentasse no ar e as levasse até Eros, pois
era assim que sempe haviam alcançado o castelo de sua irmã.
Zéfiro desta vez não as ergueram no céu, e elas caíram no
despenhadeiro, morrendo.
Psique continuava sua busca por todos os lugares da terra, dia e
noite, até que chegou a um templo no alto de uma montanha.
Com esperança de lá encontrar o amado, entrou no templo e viu
uma grande bagunça de grãos de trigo e cevada, ancinhos e
foices espalhados por todo o recinto. Convencida que não devia
negligenciar o culto a nenhuma divindade, pôs-se a arrumar
aquela desordem, colocando cada coisa em seu lugar. Deméter,
para quem aquele templo era destinado, ficou profundamente
grata por ver a jovem tão ocupada em ordenar seu santuário.
"Ó Psique, embora não possa livrá-la da ira de Afrodite, posso
ensiná-la a fazê-lo com suas próprias forças: vá ao seu templo e
renda a ela as homenagens que ela, como deusa, merece."
Afrodite a recebeu em seu templo com a raiva estampada em sua
fronte, e sabendo de como seu filho havia desobedecido suas
ordens por causa daquela jovem, e ainda, que agora ele se
encontrava em um leito, recuperando-se da ferida causada pelo
óleo quente que fora derramado em seu ombro, recusou-se a
perdoar Psique. A deusa impôs, então, sobre ela uma série de
tarefas que deveria realizar, tarefas tão difíceis que poderiam
causar sua morte.
Primeiramente, deveria, antes do anoitecer, separar uma grande
quantidade de grãos misturados de trigo, aveia, cevada, feijões e
lentilhas. Psique ficou assustada diante de tanto trabalho, porém
uma formiga que estava próxima a Psique ficou comovida com a
tristeza da jovem e convocou seu exército a isolar cada uma das
qualidades de grão.
No dia seguinte, Afrodite ordenou que fosse até as margens de
um rio onde ovelhas de lã dourada pastavam e trouxesse um
pouco da lã de cada carneiro. Psique estava disposta a cruzar o
rio quando ouviu um junco dizer que não atravessasse as águas
do rio até que os carneiros se pusessem a descansar sob o sol
quente, quando ela poderia aproveitar e cortar sua lã. De outro
modo, seria atacada e morta pelos carneiros. Assim feito, Psique
esperou até o sol ficar bem alto no horizonte, atravessou o rio e
levou a Afrodite uma grande quantidade de lã dourada.
Ainda não satisfeita, Afrodite ordenou que ela fosse ao topo de
uma alta montanha e trouxesse uma jarra cheia com um pouco
da água escura que jorrava de seu cume. Dentre os perigos que
Psique enfrentou, estava um dragão que guardava a fonte. Ela
foi ajudada nessa tarefa por uma grande águia, que voou baixo
próximo a fonte e encheu a jarra com a negra água.
Afrodite ficou muito irada com o sucesso da jovem, e planejou
uma última, porém fatal, tarefa. Psique deveria descer ao mundo
inferior, o Hades, e pedir a Perséfone, que lhe desse um pouco
de sua própria beleza, que deveria guardar em uma caixa.
Desesperada, subiu ao topo de uma elevada torre e quis atirarse, para assim poder alcançar o Hades. A torre porém
murmurrou instruções de como entrar em uma particular
caverna e através dela descer aos Ínferos. Ensinou ainda como
driblar os diversos perigos da jornada, como passar pelo cão
Cérbero e recebeu uma moeda, para pagar a Caronte pela
travessia do Estige.
"Quando Perséfone lhe der a caixa com sua beleza, toma o
cuidado, maior que todas as outras coisas, de não olhar dentro
da caixa, pois a beleza dos deuses não cabe a olhos mortais."
Seguindo essas palavras, conseguiu chegar até Perséfone, que
estava sentada imponente em seu trono, e recebeu dela a caixa
com o precioso tesouro. Tomada porém pela curiosidade em seu
retorno, abriu a caixa para espiar, e ao invés de beleza havia
apenas um sono terrível que dela se apossou. Eros, curado de
sua ferida, voou ao socorro de Psique, e conseguiu colocar o
sono novamente na caixa, assim salvando Psique.
Lembrou novamente à jovem que sua curiosidade havia
novamente sido sua grande falta, mas que agora podia
apresentar-se à Afrodite e cumprir a tarefa. Enquanto isso, Eros
foi ao encontro de Zeus, e implorou a ele que apaziguasse
Afrodite e ratificasse o seu casamento com Psique. O grande
deus ordenou que Hermes conduzisse a jovem à assembléia dos
deuses, e a ela foi oferecida uma taça de ambrosia. Então com
toda a cerimônia, Eros casou-se com Psique, e no devido tempo
nasceu seu filho, chamado Voluptas (Prazer).
Gaia
Livre de nascimento ou destruição, de tempo e espaço, de forma
ou condição, é o Vazio. Do Vazio eterno, Gaia surgiu dançando e
girando sobre si como uma esfera em rotação. Ela moldou as
montanhas ao longo de Sua espinha e vales nos buracos de Sua
pele. Um ritmo de morros e planícies seguia Seus contornos. De
Sua quente umidade, Ela fez nascer um fluxo de chuva que
alimentou a Sua superfície e trouxe vida.
Criaturas sinuosas desovaram nas correntezas das piscinas
naturais, enquanto pequenos filhotes verdes se lançaram através
de seus poros. Ela encheu os oceanos e lagoas e fez os rios
correrem através de profundos sulcos. Gaia observava suas
plantas e animais crescerem. Então Ela trouxe à luz de Seu útero
seis mulheres e seis homens.
Os mortais prosperaram ao longo do tempo, mas estavam
continuamente preocupados com seu futuro. No início, Gaia
pensou que era uma espantosa excentricidade de sua parte,
contudo, vendo que sua preocupação com o futuro consumia
algumas de suas crianças, Ela inaugurou entre eles um oráculo.
Nos morros do local chamado Delfos, Gaia fez brotar vapores de
Seu mundo interior. Eles subiram por uma fenda nas rochas,
envolvendo uma sacerdotisa. Gaia instruiu-a a entrar em transe
e interpretar as mensagens que surgiam da escuridão de sua
terra-útero. Os mortais viajavam longas distâncias para
consultar o oráculo: Será o nascimento do meu filho auspicioso?
Será nossa colheita recompensadora? Trará a caça suficiente
comida? Conseguirá minha mãe sobreviver a sua doença? Gaia
estava tão comovida com sua torrente de ansiedades, que trouxe
outros prodígios ao futuro para Atenas e o Egeu.
Incessantemente, a Mãe-Terra manifestou presentes em sua
superfície e aceitou os mortos em seu corpo. Em retribuição ela
era reverenciada por todos os mortais. Oferendas a Gaia de bolos
e mel e cevada, eram deixados em pequenos buracos no chão à
frente dos locais onde eram realizadas as colheitas. Muitos dos
seus templos eram construídos próximo a pequenas fendas,
onde anualmente os mortais ofereciam bolos doces através de
seu útero, e do interior da escuridão do seu segredo, Gaia
aceitava seus presentes.
Hyperion
Filho de Gaia e Urano, e quarto titã a nascer, Hyperion casou-se
com sua irmã Theia sendo pai de Hélios, Selene e Eos Tanto
Hyperion era identificado com Hélios quanto Hélios com
Hyperion.
"E, se algum dia alcançarmos Ítaca, nossa terra nativa, nos
iremos construir um rico templo para Hélios Hyperion e colocar
muitas oferendas..."*
Divindade
solar
predominante
de
povos
primitivos,
desempenhou papel secundário na era clássica.
Poseidon
Deus grego do mar, era o filho de Cronos e Reia e um dos doze
deuses olímpicos. Normalmente representado como um homem
de barba portando um tridente, o qual era usado para bater o
mar e para separar pedaços de rocha. Ele também era imaginado
em forma eqüina, e acreditava-se haver sido o primeiro a
domesticar o cavalo. Ele vivia sob o mar e conduzia uma
carruagem puxada por cavalos, que se assemelhavam às ondas
do mar. Sua esposa, a ninfa do mar (nereida ou oceanida)
Anfitrite, deu à luz diversos filhos seus, incluindo Tritão - metade
homem e metade peixe. Além disso, possuía um grande número
de outros filhos ilegítimos, incluindo monstros e gigantes, de
seus numerosos casos extraconjugais. Neste aspecto ele se
equiparava à Zeus. Poseidon engravidou a górgona Medusa, e ela
gerou Crisaor e Pégasus. Do rapto de Aethra resultou o
nascimento de Teseu. Ele também raptou Amymone quando ela
tentava escapar de um sátiro. Outros de seus filhos são: Sinis,
Polifemo, o ciclope, Órion, o rei Amycus, Proteus, Agenor e Belus
(de Lybia), Pélias e o rei do Egito, Busiris (filho de Lysianassa).
Um de seus casos amorosos mais conhecidos envolveu sua irmã,
Deméter. Poseidon perseguiu-a, e para evitá-lo, ela se
transformou em uma égua. Em seu desejo por ela, ele se
transformou em um garanhão e copulou com a égua. Deste
encontro nasceu um esplêndido cavalo, Arion. Esta associação
possivelmente vem do fato de, assim como Deméter, Poseidon
também era primitivamente um deus da fertilidade. Poseidon era
venerado pelos marinheiros e navegantes, que buscavam nele
proteção para suas viagens marítimas. Muitos sacrificavam
cavalos em sua honra para assegurar suas bençãos. Devido
possivelmente ao seu caráter como mar tempestuoso, Poseidon
era visto como um deus indomável, e de seu temperamento
muitas vezes resultavam ações violentas. Quando ele estava
bem humorado, havia um mar calmo e condições propícias. Mas
quando estava irritado, ele lançava seu tridente ao chão com
força, criando terríveis terremotos, naufrágios ou afogamentos.
Quando Cronos foi derrotado, Poseidon recebeu por sorteio o
domínio sobre os mares, sendo dados os demais reinos aos seus
dois irmãos: o céu ficou sob o domínio de Zeus e o mundo
inferior sob o de Hades. A terra era dominada pelos três, apesar
de haver uma consciência da superioridade de Zeus.
"Eu,
verdadeiramente digo, quando a sorte foi tirada, ganhei para
mim o grande mar cinzento como minha habitação para toda a
eternidade, e Hades ganhou as trevas e a escuridão, enquanto
Zeus ganhou o imenso céu, em meio ao ar e às nuvens; mas a
terra e o alto Olímpo permaneceram comum a todos nós." Ilíada
- Homero É incerto se Poseidon foi sempre o mais proeminente
deus do mar, mas seu culto se espalhou por toda a Grécia desde
tempos remotos, e famílias abastadas gostavam de chamá-lo de
"Pai Ancestral". Poseidon disputou algumas vezes, e com
diferentes deuses, o domínio sobre algumas cidades da Grécia.
Poseidon entrou em disputa com Hélio sobre as terras ao redor
de Corinto. O Hecatoncheire Briareus, que havia ajudado Zeus
contra a conspiração dos deuses a qual Poseidon tomou parte,
serviu como juiz da disputa. Briareus atribuiu a Poseidon o Istmo
de Corinto e as terras circunvizinhas, e deu à Helio as alturas
sobre a cidade. Uma disputa similar ocorreu com Hera, sobre o
patronado de Argos. Um tribunal de três deuses-rio: Inachus,
Cephisus e Asterion, decidiram que Argolis iria pertencer a Hera
e não a Poseidon. Irado com tal resultado, o deus fez as águas
dos rios desaparecerem e eles só apresentavam alguma água
quando havia chuva. Poseidon também inundou diversos
distritos em Argolis como punição. Outra discórdia em relação ao
direto do patronado sobre terras surgiu entre Poseidon e Atena
em relação a Troezen. Mas Zeus decidiu que os dois deviam
repartir a cidade, e assim os dois fizeram. A disputa mais
conhecida se deu com a mesma deusa Atena, pela cidade de
Atenas. Com um golpe de seu tridente na Acrópole, ele fez surgir
uma fonte de água salgada que do local podia ser vista. Mas
Atena veio após ele e fez brotar uma oliveira. Eles então lutaram
pelo domínio da cidade, até que Zeus os separou e outorgou aos
deuses olímpicos a arbitragem da disputa. Eles entregaram a
cidade à Atenas por que consideraram seu benefício maior que o
de Poseidon. No altar da Acrópole foi preservada durante muito
tempo uma oliveira e uma piscina de água salgada, testemunhas
da disputa entre os deuses. Como de costume, Poseidon inundou
os campos de Atenas até que Zeus resolveu a disputa: O templo
de Atenas foi erigido na Acrópole e o de Poseidon no Cabo
Sunium, que majestosamente avançava sobre o Mar Egeu. Os
Arcádios diziam que quando Poseidon nasceu, sua mãe declarou
a Cronos que ela havia dado à luz um cavalo, e deu ao titã um
potro para ele engolir. Um artifício parecido teria sido usado
também quando Zeus nasceu, e Reia deu uma pedra para Cronos
engolir no lugar do filho. Quando Poseidon resolveu se casar com
a oceanida Anfitrite, ela escapou e fugiu para se esconder.
Poseidon então enviou diversos seres para procurá-la, entre os
quais um golfinho. Depois de muito procurar, o golfinho
encontrou Anfitrite e convenceu-a a aceitar a proposta de
Poseidon. Por esse motivo, o deus colocou o golfinho entre as
constelações. Uma lenda famosa conta como ele e Apolo foram
obrigados por Zeus, como castigo por uma conspiração, a
construir as muralhas de Tróia, mediante pagamento acertado
previamente com o rei troiano Laomedon. Porém, após concluído
o serviço, foram trapaceados no pagamento, e Apolo afligiu a
cidade com uma praga, enquanto Poseidon enviou um monstro
do mar. Laomedon consultou um oráculo que determinou que
para aplacar o monstro, o rei deveria entregar sua filha como
sacrifício a ele. O rei então estabeleceu que quem salvasse
Hesione de seu destino, receberia como prêmio os cavalos
divinos, que foram presente de Zeus ao seu avô, Tros. Herácles
salvou Hesione, mas novamente o rei não manteve a sua palavra
e trapaceou o Herói. Héracles então atacou Tróia e matou o rei e
a maioria dos seus filhos. Héracles levou Hesione cativa, e deu-a
como esposa ao seu companheiro Telamon. Príamo, o único dos
filhos do rei a escapar com vida, reconstruiu a cidade. A trapaça
do rei foi uma das razões para a oposição de Poseidon aos
troianos e seu suporte aos gregos durante a Guerra de Tróia. Em
outra ocasião, Poseidon enviou um monstro do mar quando
Cassiopéia gabou-se de ser mais bonita que as Nereidas. Elas
ficaram furiosas e convenceram o deus a enviar o monstro
contra os Teucrianos. Após consultar um oráculo, entregaram
Andrômeda ao monstro como sacrifício para poupar a cidade,
mas esta foi salva por Perseu, que transformou o monstro em
pedra usando a cabeça da Medusa. Outro soberano que ofendeu
Poseidon foi o rei de Creta. Quando o rei Minos pediu por um
sinal, Poseidon enviou um touro branco das águas. O costume
religioso mandava que Minos sacrificasse o animal, mas ao invés
disso, Minos resolveu sacrificar outro animal. Como resultado, a
sua própria esposa se tornou apaixonada pelo touro, dando à luz
o Minotauro.Prometeu
Céu e terra já estavam criados. A parte ígnea, mais leve, havia
se espalhado e formado o firmamento. O ar colocou-se em
seguida. A terra, sendo a mais pesada, ficou para baixo e a água
ocupou o ponto inferior, fazendo flutuar a terra. E neste mundo
assim criado, habitavam as plantas e os animais. Mas faltava a
criatura na qual pudesse habitar o espírito divino.
Foi então que chegou à terra o titã Prometeu, descendente da
antiga raça de deuses destronada por Zeus. O gigante sabia que
na terra estava adormecida a semente dos céus. Por isso
apanhou um bocado de argila e molhou com um pouco de água
de um rio. Com essa matéria fez o homem, à semelhança dos
deuses, para que fosse o senhor da terra. Apanhou das almas
dos animais características boas e más, animando sua criatura. E
Atena, deusa da sabedoria, admirou a criação do filho dos titãs e
insuflou naquela imagem de argila o espírito, o sopro divino.
Foi assim que surgiram os primeiros seres humanos, que logo
povoaram a terra. Mas faltavam-lhes os conhecimentos sobre os
assuntos da terra e do céu. Vagavam sem saber a arte da
construção, da agricultura, da filosofia. Não sabiam caçar ou
pescar - e nada sabiam da sua origem divina.
Prometeu se aproximou e ensinou às suas criaturas todos esses
segredos. Iventou o arado para que o homem plantasse, a
cunhagem das moedas para que houvesse o comércio, a escrita e
a mineração. Ensinou-lhes a arte da profecia e da astronomia,
enfim todas as artes necessárias ao desenvolvimento da
humanidade.
Ainda faltava-lhes um último dom para que pudessem manter-se
vivos: o fogo. Este dom, entretanto, havia sido negado à
humanidade pelo grande Zeus. Porém, Prometeu apanhou um
caule do nártex, aproximou-se da carruagem de Febo (o Sol) e
incendiou o caule. Com esta tocha, Prometeu entregou o fogo
para a humanidade, o que dava a ela a possibilidade de dominar
o mundo e seus habitantes.
Zeus, porém, se irritou ao ver que o homem possuíra o fogo e
que sua vontade fora contrariada. Por isso tramou no Olimpo a
sua vingança. Mandou que Hefaístos fizesse uma estátua de uma
linda donzela, e chamou-a Pandora - "a que possui todos os
dons", pois cada um dos deuses deu à donzela um dom. Afrodite
deu-lhe a beleza, Hermes o dom da fala, Apolo, a música. Ainda
vários outros encantos foram colocados na criatura pelos deuses.
Zeus pediu ainda que cada imortal reservasse um malefício para
a humanidade. Esses presentes maléficos foram guardados numa
caixa, que a donzela levava às mãos. Pandora, então, desceu à
terra, conduzida por Hermes, e aproximou-se de Epimeteu - "o
que pensa depois", o irmão de Prometeu - "aquele que pensa
antes" e diante dele abriu a tampa do presente de Zeus. Foi
então que a humanidade, que até aquele momento havia
habitado um mundo sem doenças ou sofrimentos, se viu
assaltada por inúmeros malefícios. Pandora tornou a fechar a
caixa rapidamente, antes que o único benefício que havia na
caixa escapasse: a esperança.
Zeus dirigiu então sua fúria contra o próprio Prometeu,
mandando que Hefesto e seus serviçais Crato e Bia (o poder e a
violência) acorrentassem o titã à um despenhadeiro do monte
Cáucaso. Mandou ainda uma águia para devorar diariamente o
seu fígado que, por ser ele um titã, sempre se regenerava. Seu
sofrimento durou por inúmeras eras, até que Héracles passou
por ali e viu o sofrimento do gigante. Abateu a gigantesca águia
com uma flecha certeira e libertou o cativo das suas correntes.
Entretanto, para que Zeus tivesse sua vontade cumprida, o
gigante passou a usar um anel com uma pedra retirada do
monte. Assim, Zeus poderia sempre afirmar que Prometeu
mantinha-se preso ao Cáucaso.
Pandora
a Caixa de Pandora...
O mito mais conhecido sobre Pandora é o que conta a história da
sua criação pelos deuses, e de seu maléfico presente para a
humanidade, escondido em uma caixa. Esse mito pode ser lido
na página sobre Prometeu. O mito abaixo mostra a visão que os
povos pré-helênicos tinham de Pandora, que é diametralmente
oposta da que citamos acima. Esta é a mitologia de um povo
agrícola, com seu culto à deusa-mãe...
A Deusa-Mãe deu aos homens vida. Isso os deixava
demasiadamente intrigados. Eles olhavam-se curiosos e
admirados, e então partiam para buscar por comida. Lentamente
descobriram que a fome poderia ter muitas formas.
Certa manhã os homens seguiram um filhote de urso
extraordinariamente gordo até uma colina coberta de arbustos
que balançavam pesadamente com frutos vermelhos. Eles
começaram a banquetear imediatamente, pouco atentos aos
tremores
que
iniciavam
sobre
seus
pés.
Devido
ao
estremecimento, uma fenda abriu-se no topo do morro, e dela
emergiu Pandora, com suas serpentes terrenas. Os mortais
estavam paralisados de medo, mas a deusa arrastou-os para Sua
aura.
"Eu sou Pandora, a Doadora de todos os Presentes. Ela retirou a
tampa de seu grande jarro. Dele tirou uma romã, que tornou-se
uma maçã, que tornou-se um limão, que tornou-se uma pera.
"Eu trago árvores cheias de flores que dão muitos frutos, árvores
retorcidas com olivas penduradas e essa videira que irá
sustentar vocês". A deusa pegou no jarro uma porção de
sementes as quais espalhou pela colina. "Eu trago a vocês
plantas para matar a fome e para curar a doença, para tecelagem
e tinturaria. Sob a minha superfície vocês encontrarão minerais e
argilas de inúmeras formas". Ela pegou do jarro duas pedras
achatadas. "Atentem ao meu presente: Eu trago pederneiras".
Então Pandora virou seu jarro de lado, inundando por toda a
colina a sua graça. Os mortais banhavam-se nas cores de Sua
aura. "Eu trago maravilhas, curiosidade e memória. Eu trago
sabedoria. Eu trago justiça com misericórdia. Eu trago laços de
cuidadeo e de comunhão. Eu trago coragem, força e persistência.
Eu trago amabilidade para todos os seres. Eu trago as sementes
da paz".
Tânatos
Tânatos, na mitologia grega, personificava a morte. Era filho de
Nyx (a Noite), e era representado como um jovem alado
portando uma tocha apagada. Apesar de ser bastante utilizado
na arte e poesia, ele tinha um papel apenas secundário no culto
oficial, com exceção de Esparta onde era alvo do culto popular.
Existe uma lenda que narra como o jovem Sísifo <sisifo.html>
(fundador e primeiro rei de Corinto) sobrepujou Tânatos,
impossibilitando as pessoas de morrerem, até que Ares
<ares.html> libertou a Morte.
Nike
Deusa da vitória e filha do titã Pallas e de Styx. Ela não era a
criadora da vitória, mas sim a responsável por entregá-la ao
vitorioso.
Normalmente era representada com outros deuses portadores da
vitória, principalmente Zeus e Atena. Nike era representada em
uma forma alada, portando atributos como um ramo de palmeira
ou uma guirlanda.
Era identificada com a deusa Victoria romana.
Themis
Themis era filha de Urano e Gaia, e, portanto, uma titã.
Considerada a personificação da Ordem e do Direito divinos,
ratificados pelo Costume e pela Lei, Themis era freqüentemente
invocada por pessoas que faziam juramentos. Era considerada a
deusa da Justiça. Ela era representada como uma divindade de
olhar austero, tendo os olhos vendados e segurando uma
balança e uma cornucópia. Os romanos a chamavam Justitia.
Themis foi a segunda esposa de Zeus, após este desposar Métis e
antes de se casar com Hera. Com Zeus, ela deu à luz as Horas e
as Moiras. Sua outra filha com Zeus, Astraea também era uma
deusa da justiça. Conta-se que ela deixou a Terra no fim da
Idade do Ouro para não presenciar as aflições e sofrimentos da
humanidade durante as idades do Bronze e do Ferro. No céu ela
tornou-se a constelação de Virgo.* Também Themis foi
transformada em uma constelação, Librae (apesar desta
representar apenas a sua balança). Prometeu algumas vezes
chamava Themis de mãe, mas outras vezes chamava assim à
Gaia, e desta forma surgiu uma espécie de identidade entre
ambas as deusas, que fez muitos pensarem serem elas a mesma
deusa. Themis advertiu Prometeu a não se unir aos titãs em sua
luta contra os deuses olímpicos, pois segundo sua profecia
seriam os mais espertos, e não os mais brutos, que iriam ganhar
a supremacia. Quando o titã Prometeu foi acorrentado ao Monte
Cáucaso, Themis profetizou que ele seria libertado pelo
descendente de uma Danaide. Sua profecia se concretizou
quando Héracles, salvou-o do seu castigo. "Muitas vezes minha
mãe Themis, ou Terra (apesar de apenas uma forma, ela tinha
muitos nomes), predisse a maneira como o futuro estava
destinado a ocorrer. Que não seria por força bruta nem por
violência, mas por astúcia que aqueles que ganhariam a
ascendência iriam prevalecer." *** Prometeu A este respeito,
podemos considerar a deusa como uma das muitas emanações
da Mãe-Terra, sendo Themis "a força que une as pessoas, sendo
a consciência coletiva, o imperativo social, a ordem
social".***** Ainda neste raciocínio, pode-se inferir a relação
dos costumes e direitos antigos com os caminhos da própria
terra. Era também uma deusa de profecias, e após Gaia, ocupou
o trono do Oraculo de Delfos até que Apolo matou a serpente
Píton e tomou posse do assento. * "Primeiramente, nesta minha
oração, eu dou o lugar de mais alta honra entre os deuses à
profetisa primordial, Terra (Gaia); e depois dela à Themis, pois
ela foi a segunda a tomar este assento oracular de sua mãe,
como nos conta a lenda."**** Sacerdotisa Pítia Foi Themis quem
alertou Zeus que o filho de Tétis seria uma ameça à seu pai (ver
" O Nascimento de Atena"). Ajudou Deucalião e Pirra a formar a
humanidade após o dilúvio enviado como castigo por Zeus,
profetizando que ambos deveriam "jogar os ossos de sua mãe
para trás das costas". Pirra ficou temerosa de cometer algum
sacrilégio ao profanar os ossos de sua mãe, não captando o
sentido da profecia. Deucalião, porém, entendeu tratar-se de
pedras os ossos da deusa-Terra, mãe de todos os seres. Assim
ele atirou pedras para trás e delas surgiram homens.**
A
ilustração acima representa Deucalião e Pirra no altar de Themis.
No sistema olímpico, Themis possui duas funções principais: Ela
convoca e dissolve a Agora no Monte Olimpo (Zeus não pode
formar sua própria assembléia, ele deve pedir a Themis que o
faça), e preside sobre os banquetes.
FIM
REI SALOMÃO – Artigos Maçônicos
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