CLASSES DE PALAVRAS Classes de palavras são agrupamentos de palavras que mantêm características comuns. Na Língua Portuguesa existem 10 classes de palavras: 1. Adjetivo; 2. Advérbio; 3. Artigo; 4. Conjunção; 5. Interjeição; 6. Numeral; 7. Preposição; 8. Pronome; 9. Substantivo 10. Verbo. Além dessas 10 classes definidas, existem algumas palavras que se aproximam tanto do advérbio, mas ainda diferem dele e não se assemelham a nenhuma outra: são as palavras denotativas. ADJETIVO É palavra variável – sofre flexões em gênero, número e grau – e que tem por função caracterizar o substantivo atribuindo-lhe qualidade, estado, modo de ser ou aspecto. Classificam-se os adjetivos conforme o gênero: a) uniformes – aqueles que possuem a mesma forma para o masculino ou feminino: inteligente, simples, feliz, urgente, capaz, etc. b) biformes – aqueles que apresentam formas diferentes para o masculino e feminino: simpático (a), alto (a), estudioso (a), belo (a), feio (a), etc. Quanto ao número e salvo exceções, o adjetivo recebe flexão no plural: homem honesto, homens honestos, sapatos marrom-escuros, blusas azul-marinho. Para o estudo de análise sintática é importante também identificar os adjetivos pátrios e as locuções adjetivas. Adjetivos Pátrio Locução Adjetiva acreano do Acre afegão do Afeganistão capixaba do Espírito Santo Há ainda outras locuções adjetivas: Adjetivo Locução Adjetiva abdominal de abdômen vulturino de abutre discente de aluno plúmbleo de chumbo materno de mãe pueril de criança ADVÉRBIO É a palavra que designa alguma circunstância relativa ao verbo. O advérbio, excepcionalmente, pode designar a intensidade do adjetivo e do próprio advérbio. Explicando melhor: o advérbio tem como função principal, esclarecer as circunstâncias que envolvem a conduta verbal. Só por exceção – e na forma de intensidade – é que o advérbio modifica o adjetivo ou o próprio advérbio. Ex.: Maria comeu depressa. (advérbio de modo) Maria ficou bem bonita. (advérbio de intensidade) Maria chegou muito cedo. (advérbio de intensidade) O advérbio pode aparecer como advérbio propriamente dito – uma palavra apenas – ou sob a forma de locução – formado por duas ou mais palavras. Ex.: Pedrita mora aqui. (advérbio) Pedrita mora à beira mar. (locução adverbial) Circunstâncias que o advérbio pode indicar: a) afirmação: sim, certamente, deveras, realmente Locução adverbial: com certeza, por certo, sem dúvida, de fato, na verdade. b) dúvida: talvez, acaso, porventura, provavelmente, decerto. Locução adverbial: por certo, quem sabe, com certeza. c) intensidade: bastante, bem, demais, mais, menos, muito, pouco, quase, quanto, tanto, tão, demasiado, meio, todo, completamente, inteiramente, demasiadamente, excessivamente, apenas. Locução adverbial: de muito, de pouco, de todo, em demasia, em excesso, por completo. d) lugar: abaixo, acima, adiante, aí, aqui, além, ali, aquém, cá, acolá, atrás, através, dentro, fora, perto, longe, junto, onde, defronte, detrás, aonde, donde, alhures, nenhures, algures. Locução adverbial: à direita, à esquerda, à distância, ao lado, de longe, de perto, para dentro, por aqui, em cima, por fora, para onde, por ali, por dentro, de onde. e) modo: assim, bem, mal, depressa, devagar, pior, melhor, como, alerta, suavemente, calmamente (e quase todos os derivados de adjetivo terminados em mente). Locução adverbial: às cegas, às claras, à toa, à vontade, às pressas, a pé, ao léu, às escondidas, em geral, em vão, passo a passo, de cor, frente a frente, lado a lado. f) negação: não, absolutamente Locução adverbial: de forma alguma, de jeito nenhum, de modo algum, de jeito algum. g) tempo: hoje, ontem, amanhã, agora, depois, antes, já, anteontem, sempre, nunca, tarde, jamais, outrora, raramente, sucessivamente, presentemente. Locução adverbial: à noite, à tarde, às vezes, de repente, de manhã, de vez em quando, de súbito, de quando em quando, em breve, de tempos em tempos, vez por outra, hoje em dia. h) assunto: sobre, acerca de. i) causa: de fome, por causa de j) companhia: com, na companhia de k) concessão: mesmo que, apesar de, embora l) condição: sem, com m) finalidade: para, com o fim de, n) conformidade: de acordo com, conforme PALAVRAS DENOTATIVAS São aquelas que não se encaixam em nenhuma outra classe, mas por serem muito semelhantes aos advérbios são aqui estudadas. Tais palavras não possuem efeito sintático. São observadas apenas no seu efeito semântico. São elas: a) de inclusão – também, até, mesmo, inclusive, ademais, além disso, de mais a mais b) de exclusão – só, somente, salvo, exceto, senão, apenas, fora, tirante, sequer c) de situação – mas, então, afinal, agora d) de designação – eis e) de retificação – aliás, isto é, ou melhor, ou antes, f) de realce – cá, lá, só, é que, ainda, mas, sobretudo, embora. g) de valor expletivo – ora, que h) de valor explicativo – a saber, por exemplo, isto é, ou seja i) de afetividade – felizmente ADVÉRBIOS INTERROGATIVOS São os usados nas interrogativas diretas ou indiretas: a) modo – como b) lugar – onde, aonde, donde c) causa – por que d) tempo – quando e) valor/intensidade – quanto f) finalidade – por que, para que ARTIGO É palavra que precede o substantivo com o fim de determiná-lo. Os artigos se dividem em definidos (o, a, os, as) e indefinidos (um, uns, uma, umas). Em análise sintática exercem a função de adjunto adnominal. CONJUNÇÃO É palavra invariável usada (a) para ligar duas orações ou (b) ligar na mesma oração termos independentes: - ligando orações: Ela chorou porque perdeu o namorado. - ligando termos: Quero que você compre um livro ou (e) um caderno. Quando ligam orações, as conjunções se classificam como coordenativas se unirem orações formando períodos coordenados. Serão subordinativas quando unirem orações formando período formado por subordinação, conforme veremos no final deste estudo. Conjunção coordenativa: é aquela que liga duas orações num período de coordenação de idéias, podendo ser: - Aditiva: e, nem, (não só)...mas também, (não somente)...senão ainda, também, que, tanto...como, assim...como, assim...quanto, assim...que, não só...(como, porém sim, que também, senão que, senão também, também). - Adversativa: mas, porém, todavia, contudo, senão, aliás, no entanto, entretanto, ainda sim, não obstante. - Alternativa: ou, ou...ou, já...já, seja...seja, ora...ora, quer...quer, agora...agora, quando...quando. - Conclusivas: logo, pois (após o verbo), então, portanto, assim, por isso, enfim, por fim, por conseguinte, donde, por onde, por consequência. - Explicativa: ou, pois bem, ora, na verdade, depois, alem disso, com efeito, outrossim, demais, ademais, ao demais, de mais a mais, demais disso, porque, que. Conjunção Subordinativa: é aquela que liga duas orações num período formado por subordinação (onde uma oração exerce função sintática em outra) podendo ser classificada em: - Integrantes: ligam orações substantivas às suas principais: que, se. Observação: as abaixo classificadas introduzem orações adverbiais. - Causais: porque, que, pois que, porquanto, já que, por isso que, uma vez que, sendo que, dado que, desde que, como, visto que. - Comparativas: que, do que, como, tal qual, tanto quanto, tão quão, tanto como, menos ... do que, mais .... do que. - Concessivas: embora, quando mesmo, mesmo que, ainda que, por mais que, por menos que, por muito que, por pouco que, se bem que, posto que, com/sem + infinitivo, conquanto, suposto que. - Condicionais: se, salvo se, exceto se, contanto que, com tal que, caso, a não ser que, a menos que, sem que, suposto que. - Consecutiva: de maneira que, de forma que, de sorte que, de molde que, de jeito que, de modo que. - Finais: para que, que, afim de que, porque. - Temporais: apenas/mal, desde que, logo que, até que, antes que, depois que, assim que, sempre que, quando, enquanto, senão quando, ao tempo que, ao passo que. - Proporcionais: quanto (mais, menos, maior, menor, melhor, pior - subordinada), tanto (mais, menos, maior, menor, melhor, pior - principal), à medida que, à proporção que. Observação: o primeiro elemento “tanto” pode ser omitido. -Conformativa: como, conforme, consoante, segundo, da mesma maneira que. INTERJEIÇÃO É palavra que representa alguma emoção súbita. Não possui função sintática. Podem expressar: alegria - ah!, oh!, oba!, eh!, viva! dor – ai!, ui!, ah!, oh!, ai de mim!, meu Deus! advertência - cuidado!, atenção!, devagar!, olha lá!, calma! afugentamento - fora!, rua!, passa!, xô! alívio - ufa!, arre! animação - coragem!, avante!, eia! aplauso - bravo!, bis!, mais um! chamamento - alô!, olá!, psit!, ô!, ó! desejo - oxalá!, tomara! / dor - ai!, ui! espanto - puxa!, oh!, chi!, ué!, céus!, quê!, upa! impaciência - hum!, hem!, diabo!, irra! silêncio - silêncio!, psiu!, quieto!, pst!, bico! desagrado – chi!, ora bolas!, que nada!, francamente! aprovação – muito bem!, boa!, apoiado!, bravo!, hurra! terror – uh!, credo!, cruzes!, Jesus!, ui! saudação – salve!, viva!, ora viva!, ave! indignação – fora!, morra!, abaixo!, São locuções interjetivas: puxa vida!, não diga!, que horror!, graças a Deus!, ora bolas!, cruz credo!, ai de mim!, quem me dera!, valhame Deus!, ô de casa!, bem feito!, etc. NUMERAL É palavra usada para determinar uma certa quantidade de seres (substantivos) ou colocá-los em determinada ordem ou designar suas partes (fração) ou múltiplos. São classificados em: a) cardinal – indica quantidade determinada de seres. Ex.: um, dois, três. b) ordinal – indica a ordem que o ser ocupa numa série. Ex.: primeiro, segundo, terceiro. c) multiplicativo – expressa a idéia de que um número é múltiplo de outro. Ex.: dobro, duplo, triplo, quádruplo. d) fracionário – indica que um número representa parte (fração) de outro. Ex.: meio, terço, quarto, quinto, inteiro. PREPOSIÇÃO É a palavra invariável que liga dois termos entre si estabelecendo que o segundo depende do primeiro. A preposição pode estabelecer as mais variadas relações não sendo único o sentido em que possa ser empregado. Ex: Preposição DE: - posse: casa de Pedro. - parte: ponta da mesa - pertença: parafuso da fechadura - classificação: piano de cauda - finalidade: caixa de jóia - lugar: acontecimento do Brasil - tempo: prazo de um ano - matéria: copo de vidro - conteúdo: copo de leite - preço: bolsa de mil reais - origem: ele veio de marte Preposição A: - lugar: ir à cidade - tempo: ir à noite - finalidade: tocar à missa - contigüidade: estar à janela - preço: vender à cem reais - medida: comida a quilo Preposição ATÉ: - fim de movimento: caminhar até o mar - quantidade de tempo: descansar até dez horas por dia - tempo: ficar até ele chegar Preposição COM: - companhia – voltar com a esposa - modo – trabalhar com capricho - oposição – lutar com os inimigos Preposição EM: - lugar – estar no escritório - modo – viver em paz - preço – avaliar em reais - tempo – chegar em duas horas - finalidade – pedir em casamento - causa – ser feliz e não morrer Preposição PARA: - lugar – ir para o norte - finalidade – trabalhar para vencer - tempo – deixar para amanhã Preposição POR: - lugar – ele anda por aí - meio – comunicar por gestos - troca – comer gato por lebre - preço – vender por cem reais - em favor de – lutar por você - duração – ficar rico por muitos anos - ordem – ele veio por último Preposição SOBRE: - posição superior – colocar um livro sobre o outro - assunto – falar sobre dinheiro As preposições acima são chamadas de essenciais pois essa é a função originária dessas palavras. Existem ainda as chamadas acidentais que são palavras oriundas de outras classes que funcionam como preposição. Ex: Conforme, como, consoante, segundo, mediante, durante, exceto, feito, salvo, fora. Contração de preposição com outra palavra As preposições “a”, “de”, “em”, “por” podem se unir a outras palavras como artigos, pronomes ou advérbios. Ex: - Preposição + artigo: ao, aos, à, às, do, dos, dum, dumas, no, nos, num, numas, pelo, pelas. - Preposição + pronomes: àquele, àquelas, àquilo, deste, dessas, daqueles, dos, das, doutros, nestes, naquelas, naquilo, nas, no, dele, delas. - Preposição + advérbio: daqui, daí, dali, dalém. Locuções Prepositivas Existem também alguns grupos de palavras que exercem função de preposição como por exemplo, abaixo de, cerca de, acima de, afim de, em cima de, antes de, através de, ao lado de, ao longo de, a par com, à roda de, a respeito de, dentro de, dentro em, em favor de, à frente de, junto a, até a, detrás de, para com, de conformidade com, na conta de, de acordo com, por meio de, diante de, em vez de. Importante: o que difere uma locução prepositiva de uma locução conjuntiva é que naquela (prepositiva) o grupo de palavras termina com preposição e nesta, com conjunção. PRONOME É a palavra que substitui um substantivo ou o determina, relacionando esse substantivo a uma das três pessoas gramaticais (eu/nós, tu/vós, ele/eles). Diante dessas duas funções principais, os pronomes podem ser classificados como: a) pronome substantivo – é aquele que substitui o substantivo. Ex.: Maria saiu cedo ou Ela saiu cedo. Os cães morderam seu tio ou Eles morderam seu tio. b) pronome adjetivo – é aquele que acompanha o substantivo determinando-o, seja indicando a pessoa gramatical ou diferenciando de outro. Ex.: Tua voz é boa. Aquela mulher é minha tia. Os pronomes podem ainda ser classificados como pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos e relativos. Pronomes Pessoais – aqueles que indicam as três pessoas gramaticais (do singular e do plural): PESSOA RETOS OBLÍQUOS me, mim,contigo EU te ti, contigo TU se, lhe, o, a si, consigo ELE conosco NÓS nos convosco VÓS vos se,lhes,os,as si, consigo ELES Tais pronomes vão ser sempre pronomes substantivos. Ainda entre os pronomes pessoais encontram-se os pronomes de tratamento. Há momentos em que não se permite informalidade, intimidade no trato com certas pessoas, nesse caso, em vez de se dirigir a alguém se utilizando de tu ou você, deve-se preferir Vossa Senhoria, Vossa Excelência, Vossa Majestade etc. 1ª 2ª 3ª 1ª 2ª 3ª Pronomes Possessivos – aqueles que indicam aquilo que pertencem a cada uma das pessoas gramaticais. Tais pronomes podem ser pronomes substantivos ou adjetivos, dependendo de sua função. Ex.: A sua mãe não virá pronome adjetivo. A sua não virá pronome substantivo. São pronomes possessivos: meu, minha, teu, tua, seu, sua, nosso, nossa, vosso, vossa, seus, suas. Pronomes Demonstrativos – são aqueles que identificam os substantivos em razão da sua localização no espaço e relacionando-os com as pessoas gramaticais. 1ª pessoa (singular ou plural): este, esta, isto, estes, estas – denotam que o ser está próximo do falante. 2ª pessoa (singular ou plural): essa, essa, isso, esses, essas – denotam que o ser está próximo da pessoa com que se fala. 3ª pessoa (singular ou plural): aquele, aquela, aquilo, aqueles, aquelas – denotam que o ser encontra-se distante tanto do falante quanto do ouvinte. Há também os pronomes demonstrativos de reforço que são o o, mesmo, próprio, semelhante, tal e suas variações. São também pronomes de tratamento: senhor, senhora, senhorita, você, vocês. Pronomes Indefinidos – são aqueles que sempre se referem à 3ª pessoa do discurso de modo vago, impreciso, indeterminado. Serão sempre substantivos (e indefinidos) os pronomes alguém, ninguém, algo, outrem, quem, tudo, nada. Os demais poderão ser substantivos ou adjetivos: algum, nenhum, qualquer, qual, um, todo, pouco, outro, demais, tal, que, quanto, vários, mais, menos, muito, certo, tanto, cada. Obs.: as palavras mais e menos só serão pronomes indefinidos quando se relacionarem com substantivos. Relacionando-se com verbo, advérbio e adjetivo serão advérbios. Há ainda locuções pronominais indefinidas como: cada qual, quem quer que, qualquer um, cada um, seja quem for, seja qual for, todo aquele que, tal qual, tal e qual, um ou outro. Pronomes Relativos – são aqueles que representam uma palavra que já apareceu na oração anterior – sempre representa um antecedente. Ex.: Essa é a mulher que amo. São pronomes relativos: o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas, que, quem, onde, aonde, donde. Pronomes Interrogativos – são o que, quem, qual, quanto (que são indefinidos) quando usados em frases interrogativas diretas e indiretas. SUBSTANTIVO É a classe de palavras que dá nome aos seres, às coisas, a tudo que existe ou que pensamos que existe. Os substantivos são classificados como próprios ou comuns. - Comuns: são aqueles que dão nomes aos seres da mesma espécie. Ex.: menino, coelho, cidade, mulher, cachorro, país. - Próprios: são aqueles que dão nome a um ser entre todos os outros de uma mesma espécie. Ex.: João, Pernalonga, Guaratinguetá, Maria, Rex, Brasil. Podem ainda ser classificados como concretos e abstratos. São concretos os que: a) possuem existência física como parede, pedra, ar, ondas eletromagnéticas, som, voz, homem. b) possuem existência no imaginário das pessoas como Deus, anjo, fantasma. São abstratos os que: a) dão nomes aos sentimentos: medo, alegria, tristeza, etc. b) dão nomes às ações: corrida, luta, mergulho, competição, casamento, etc. c) dão nomes aos estados: riqueza, pobreza, acidez, esperteza, etc. d) dão nomes aos conceitos: verdade, mentira, certo, errado, etc. Podem ser coletivos ou compostos: - Coletivos: são aqueles que dão nomes a grupos específicos de seres: matilha, manada, penca, turma, tripulação etc. - Compostos: são aqueles formados por dois ou mais elementos morfológicos: salário-família, péde-moleque, sofá-cama, etc. VERBO É palavra que exprime ação, estado, mudança de estado e fenômeno natural, situando essas ocorrências no tempo. Apenas para viabilizar o estudo de análise sintática, vamos fazer uma diferenciação entre verbos de significação e verbos de ligação. Verbos de significação: são todos aqueles que trazem em si próprios alguma mensagem, alguma ação, algum fenômeno. Ex.: - Choveu muito. (indica que um fenômeno ocorreu) - O Juiz condenou o réu. (ação de condenar alguém) - Vanessa chorou pouco pelo marido. (indica que alguém chorou por outrem) - Jesus nasceu. (indica a conduta de alguém) Verbos de ligação: são aqueles que não trazem em si qualquer significado, ou os que não indicam qualquer conduta ou fenômeno. Tais verbos se prestam apenas para unir um estado ou qualidade a um outro termo. Esse estado ou qualidade pode ser representado por um adjetivo, substantivo ou particípio. Sua função é apenas ligar um termo a outro. O verbo de ligação, por excelência, é o verbo ser. Ex.: João é homem. (substantivo) João é feio. (adjetivo) Porém, pode haver uma infinidade de verbos que são acidentalmente de ligação como, estar, ficar, permanecer, tornar-se, virar, continuar, aparentar, andar, viver. Tais verbos exigem atenção, pois somente quanto tiverem a função e o sentido do verbo ser é que serão de ligação. Observem: - Maria foi à São Paulo com você? - Não, ela ficou. (nesse caso o verbo ficar não é de ligação, pois além de não ter o sentido do verbo ser, não liga o termo ela a adjetivo, substantivo ou particípio). É verbo de significação. Observem ainda: - Onde está João? - Ele está aqui. (nesse caso também o verbo estar não é de ligação, pois não une termos e também não possui o significado do verbo ser). Note-se que só será de ligação se ligar um termo (substantivo) a outro que pode ser adjetivo, substantivo ou particípio. No caso, aqui é advérbio de lugar. Outra questão importante é saber que o verbo ser pode às vezes se ligar a particípio. Nesse caso não será verbo de ligação, pois esta união o torna auxiliar da formação de voz passiva. Ex.: Maria é/foi bonita. (adjetivo-verbo de ligação) Maria é/foi secretária. (substantivo-verbo de ligação) Maria é/foi enganada. (particípio-voz passiva) Tal fato só se dá com o verbo ser, pois com os demais (acidentais) isso não acontecerá. Ex.: Maria está bonita/cansada. (adjetivo/particípio). Maria continua bonita/enganada. (adjetivo/ particípio)