Revisão Moduladores seletivos do receptor estrogênico: novas moléculas e aplicações práticas Selective estrogen receptor modulators: new molecules and practical uses Márcia Cristina França Ferreira1 Karla Zanolla Dias de Souza2 Joana Sara Fonseca Dummont3 Alexandre Almeida Barra4 Ana Luiza Lunardi Rocha5 Palavras-chave Moduladores de receptor estrogênico Moduladores seletivos de receptor estrogênico Agentes conservadores da densidade óssea Neoplasias da mama Keywords Estrogen receptor modulators Selective estrogen receptor modulators Bone density conservation agents Resumo Os moduladores seletivos do receptor de estrogênio são moléculas que se ligam ao receptor estrogênico com ações agonistas e antagonistas, em tecidos específicos. Eles apresentam efeitos estrogênicos e antiestrogênicos em vários órgãos, o que lhes permite diferentes atuações clínicas específicas. As diferenças nas estruturas moleculares conferem propriedades diferentes de ligação ao receptor-alvo, resultando em diferenças nos efeitos terapêuticos e adversos. Desde a descoberta dos primeiros compostos, há 50 anos, vários outros têm sido estudados e são usados frequentemente por ginecologistas, oncologistas e mastologistas. O raloxifeno é aprovado para a prevenção e o tratamento de osteoporose na pós-menopausa e para o câncer de mama receptor de estrogênio positivo; o tamoxifeno, para prevenção e tratamento do câncer de mama receptor de estrogênio positivo na pós-menopausa; e o clomifeno, primeiro modulador seletivo com receptor de estrogênio a ser estudado e empregado clinicamente, para infertilidade. Outras moléculas como bazedoxifeno, lasofoxifeno e arzoxifeno vêm sendo estudadas e vêm se mostrando como alternativas eficazes, algumas com menos efeitos colaterais. Breast neoplasms Abstract Selective estrogen receptor modulators are molecules that bind to estrogen receptor with agonistic and antagonistic actions in specific tissues. They exert estrogenic and anti-estrogenic effects in several organs, allowing them to perform differently in specific clinical situations. The differences in molecular structures provide different binding properties to the target receptor, resulting in differences in therapeutic and adverse effects. Since the discovery of the first compounds 50 years ago, several others have been studied and are often used by gynecologists and oncologists., and mastologists. Raloxifene is approved for preventing and treating osteoporosis in postmenopausal women and for treating estrogen receptor-positive breast cancer; tamoxifen is used for preventing and treating estrogen receptor-positive postmenopausal breast cancer; and clomiphene, the first selective estrogen receptor modulator to be studied and clinically employed, is used for infertility treatment. Other molecules such as bazedoxifene, lasofoxifene and arzoxifene have been studied and shown to be effective alternatives, some with fewer side effects. Professora Adjunto do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – Belo Horizonte (MG) e do Departamento de Ciências Médicas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) – Ouro Preto (MG), Brasil. Médica Ginecologista e Obstetra; Residente do quarto ano (Reprodução Humana) de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital das Clínicas da UFMG – Belo Horizonte (MG), Brasil. 3 Médica Ginecologista e Obstetra; Especializanda em Ultrassom gineco-obstétrico do Hospital das Clínicas da UFMG – Belo Horizonte (MG), Brasil. 4 Professor Adjunto do Departamento de Ciências Médicas da UFOP – Ouro Preto (MG), Brasil. 5 Médica Ginecologista e Obstetra; Doutoranda; Professora convidada do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da UFMG – Belo Horizonte (MG), Brasil. Endereço para correspondência: Laboratório de Reprodução Humana Professor Aroldo Fernando Camargos – Márcia Cristina França Ferreira – Avenida Professor Alfredo Balena, 110 – 9º andar – Santa Efigênia – Belo Horizonte (MG), Brasil – E-mail: [email protected] 1 2 Ferreira MCF, Souza KZD, Dummont JSF, Barra AA, Rocha ALL Introdução O termo modulador seletivo do receptor de estrogênio (SERM – selective estrogen receptor modulator) designa moléculas que se ligam ao receptor estrogênico com ações agonistas e antagonistas, em tecidos específicos. Como resultante, estas moléculas apresentam efeitos estrogênicos e antiestrogênicos em vários órgãos. Inicialmente, essas drogas foram pesquisadas e utilizadas por apresentarem efeitos antiestrogênicos, há cerca de 50 anos. Posteriormente, tiveram seus efeitos melhor elucidados e suas aplicações clínicas definidas, sendo o conceito de modulação seletiva introduzido há 15 anos. A combinação dos efeitos agonistas e antagonistas de estrogênio permite que cada um destes moduladores tenha uma utilidade clínica específica. Os efeitos agonistas no tecido ósseo são relevantes no tratamento da osteoporose após a menopausa. Já os efeitos antagonistas centrais ou no tecido mamário tornam estas moléculas úteis no tratamento da infertilidade por anovulação normogonádica e normogonadotrófica e do câncer de mama, respectivamente. A presente revisão objetiva discutir os principais SERMs em uso e em estudos, suas principais aplicações clínicas e efeitos secundários. Métodos A pesquisa bibliográfica foi feita tendo como estratégia principal a pesquisa de trabalhos nos últimos dez anos, os quais contemplassem o uso terapêutico dos SERMs em algumas condições, tais como: câncer de mama, infertilidade, osteoporose, miomatose uterina, entre outras. A pesquisa iniciou-se pelo acesso ao Pubmed e às bases de dados: Lilacs, SciELO, Medline e Biblioteca Cochrane. A estratégia de busca utilizou as palavras-chave “SERM”, “osteoporose”, “câncer de mama”, “infertilidade”, “miomatose”, entre outras, com diferentes combinações, e seus correspondentes em inglês, quando da consulta à Medline e Biblioteca Cochrane. Os resumos dos estudos foram revisados pelos autores para excluir citações irrelevantes. Os revisores trabalharam de forma independente. Qualquer discordância entre os avaliadores foi resolvida por consenso ou pela determinação de um terceiro revisor. Inicialmente, utilizou-se a classificação proposta pela Associação Médica Brasileira (AMB) para classificar os trabalhos, e foram selecionados os mais relevantes (ensaios clínicos e revisões sistemáticas) e mais recentes (últimos dez anos), quando existentes. O grau de recomendação e a força de evidência científica são, assim, definidos: A – estudos experimentais ou observacionais 434 FEMINA | Setembro 2011 | vol 39 | nº 9 de melhor consistência (metanálises ou ensaios clínicos randomi­ zados); B – estudos experimentais ou observacionais de menor consistência (outros ensaios não randomizados, estudo observa­ cional, caso-controle); C – relatos ou séries de casos (estudos não controlados); D – opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisiológicos ou modelos animais. Estrutura e mecanismo de ação dos SERMs Os SERMs são tipicamente variações da molécula de 17-β estradiol e podem ser classificados, de acordo com sua estrutura central, e subclassificados, de acordo com a cadeia lateral na região afetora hélice 12. Os mais conhecidos são os trifeniletilenos, como o tamoxifeno, mas sua aplicação tem sido limitada pela estimulação endometrial. Uma segunda classe é a dos benzotiofenos, que inclui o raloxifeno e o arzoxifeno. Há ainda os SERMs indole-based como o bazedoxifeno e outras duas classes, os benzopiranos e os naftalenos (por exemplo, o lasofoxifeno)1 (B). Essas moléculas se ligam aos receptores de estrogênio (ER) alfa ou beta α ou β e causam mudanças conformacionais, que resultam na dissociação das heat shock proteins (HSP) associadas ao receptor, liberando um receptor monomérico. Ocorrem, então, interações diversas com proteínas coativadoras ou correpceptoras e posterior translocação do ER monomérico do citosol para o núcleo. Segue-se a dimerização dos complexos ER-ligante. É este complexo que se liga a sequências promotoras regulatórias específicas de genes-alvos, levando à iniciação ou supressão da transcrição gênica2 (B). Diferentes SERMs formam complexos distintos com o 3 ER (D). O tamoxifeno e outros SERMs ligam-se ao ER numa conformação de antagonista e bloqueiam o acesso deste receptor aos cofatores nucleares. Há também outros mecanismos modulatórios dos efeitos agonistas ou antagonistas do estrogênio, que não envolvem ligação ao ER. Os SERMs podem atuar, por exemplo, em receptores androgênicos e progestogênicos, quando combinados com metabólitos que não possuem atividade de ligante do ER2 (B). As diferenças moleculares, as mudanças conformacionais específicas induzidas pela ligação de cada SERM e as variadas interações resultantes, com proteínas celulares, entre outros fatores, são responsáveis pela atividade moduladora intrínseca de cada SERM e por suas ações específicas em cada tecido. Entretanto, a mudança conformacional sozinha não explica todas as ações dos SERMs. Variações nos receptores e no repertório de proteínas celulares e cofatores próprios de cada tipo celular também podem promover ações diferentes e, além disto, SERMs podem promover efeitos não genômicos por meio da ligação a receptores de membrana2 (B). Moduladores seletivos do receptor estrogênico: novas moléculas e aplicações práticas Dos vários SERMs desenvolvidos até o momento, o raloxifeno é aprovado para a prevenção e o tratamento de osteoporose na pósmenopausa e para o câncer de mama ER-positivo; o tamoxifeno, para a prevenção e o tratamento do câncer de mama ER-positivo na pós-menopausa; e o clomifeno, primeiro SERM a ser estudado e empregado clinicamente, para infertilidade. A estrutura química das moléculas mais estudadas é mostrada na Figura 1. Tamoxifeno Toremifeno Clomifeno Clomifeno O citrato de clomifeno (CC) é, por sua estrutura química, um cloroetileno. Foi sintetizado em 1956, por Frank Palopoli e colaboradores. Nos anos seguintes, seu espectro de ação estrogênica, sua atuação na secreção gonadotrótica e seu efeito antiinfertilidade foram estudados em animais4 (D). Subsequentemente, foi utilizado em estudos clínicos, para indução de ovulação e foi a terceira droga submetida ao Food and Drug Administration (FDA) para investigação. Foi aprovado em 1967, quando se tornou disponível para prescrição nos Estados Unidos. Desde então, usado para tratamento da infertilidade feminina em mulheres normogonádicas e normogonadotróficas, o clomifeno consiste numa mistura racêmica de isômeros cis- e trans-: enclomifeno e zuclomifeno5 (D). O zuclomifeno, mais potente para a indução de ovulação, tem atividade antiestrogênica e levemente estrogênica, enquanto o enclomifeno é inteiramente antiestrogênico. O metabolismo do clomifeno varia individualmente, em parte devido à variação no peso corporal. O CC age como antagonista competitivo do 17 β-estradiol, ao nível dos receptores citoplasmáticos e nucleares. O bloqueio dos receptores de estrogênio no núcleo arqueado do hipotálamo leva a um aumento da secreção do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH). Adicionalmente, o CC aumenta a sensibilidade hipofisária ao GnRH, numa maneira semelhante ao estradiol. Isto resulta num aumento da secreção das gonadotrofinas hipofisárias (FSH e LH)6 (D). Tamoxifeno O tamoxifeno foi inicialmente sintetizado como contraceptivo nos anos 1960, mas foi evidenciado, em 1971, que ele induzia a ovulação em mulheres anovulatórias inférteis. Liberado para uso nos EUA em 1977, durante os anos 1980, o tamoxifeno se tornou a primeira terapia antiestrogênica direcionada ao ER para tratamento adjuvante do câncer de mama7 (D). É uma das drogas antineoplásicas mais comumente prescritas no mundo, atuando como antagonista do estrogênio na mama e agonista no endométrio. É amplamente utilizado no tratamento e na quimioprevenção em mulheres de alto risco para câncer de mama na pré- e pós-menopausa8 (B). Arzoxifeno Raloxifeno Bazedoxifeno Lasofoxifeno Figura 1 - Estrutura química de alguns SERMs. Raloxifeno O raloxifeno é um composto não esteroide, poli-hidroxilado, pertencente à classe dos benzotiofenos. Tem alta afinidade por ambos os ERs, α e β2. Embora tenha sido inicialmente estudado nos anos 1980 como prevenção do câncer de mama, o raloxifeno é utilizado atualmente como agonista parcial do estrogênio no osso, prevenindo fraturas vertebrais e perda da densidade mineral óssea. Atualmente, cerca de 500.000 mulheres estão em uso de raloxifeno no mundo para o manejo da osteoporose9 (A). Toremifeno Desenvolvido para melhorar o perfil de risco-benefício do tamoxifeno, o toremifeno é também um trifeniletileno que pode ser usado no tratamento do câncer de mama. Ele difere do tamoxifeno apenas na adição de um íon cloreto numa cadeia lateral, resultando em um metabolismo diferente e em um perfil de toxicidade potencialmente mais favorável10 (A). O toremifeno parece inibir a proliferação celular nos tecidos mamário e endometrial, além de induzir apoptose e inibir a entrada de células tumorais da mama em mitose. O toremifeno parece ainda ter menos efeitos genotóxicos e carcinogênicos do que o tamoxifeno, além de diminuir o colesterol total e o LDL e promover um aumento do HDL, sem afetar os triglicérides10 (A). Bazedoxifeno O bazedoxifeno é um SERM indole-based que vem sendo estudado no tratamento de mulheres com osteoporose na pós-menopausa, na tentativa de se encontrar um composto com efeitos favoráveis no osso e no perfil lipídico e estimulação uterina e mamária mínimas. De forma semelhante ao FEMINA | Setembro 2011 | vol 39 | nº 9 435 Ferreira MCF, Souza KZD, Dummont JSF, Barra AA, Rocha ALL raloxifeno, o bazedoxifeno reduz o risco de fraturas vertebrais, mas não influencia significativamente a incidência de fraturas não vertebrais. Não apresenta efeitos estimulatórios no endométrio ou na mama e exibe efeitos benéficos no perfil lipídico, com redução do LDL e aumento do HDL11 (A). Lasofoxifeno Lasofoxifeno é um SERM potente que pertence à classe dos naftalenos. Promove aumento da densidade mineral óssea superior ao obtido com raloxifeno na coluna lombar e em grau semelhante no quadril. Também reduz os marcadores de remodelação óssea e o LDL mais efetivamente que o raloxifeno. Este SERM também promove redução do risco de câncer de mama ER-positivo, mas tem sido associado com incidência aumentada de sangramento vaginal e espessamento endometrial, além de pólipos, embora não tenha sido documentada maior incidência de câncer endometrial. Não parece aumentar o risco cardiovascular, apesar de ser relatado aumento na incidência de trombose venosa profunda (TVP), similar ao observado com outros SERMs2,12 (A). Arzoxifeno O arzoxifeno é outro SERM potente, da classe dos benzotiofenos, sendo investigado para a prevenção e o tratamento da osteoporose e quimioprevenção do câncer de mama. Recentemente, demonstrou-se que o arzoxifeno é menos efetivo do que o tamoxifeno no tratamento do câncer de mama e, apesar de reduzir a incidência de fraturas vertebrais, não promove efeito benéfico na redução das fraturas não vertebrais2. Outros SERMs Pequenos estudos de vários outros SERMs, incluindo ospemifeno, pipendoxifeno, HMR-3339 e fulvestrante, estão sendo delineados ou conduzidos para a prevenção e o tratamento do câncer de mama e da osteoporose da pós-menopausa, além dos benefícios do toremifeno na prevenção de fraturas em homens submetidos à supressão gonadal para o tratamento do câncer de próstata2. SERMs e infertilidade O CC é um SERM indutor da ovulação, que tem sido usado em humanos há mais de 40 anos13,14. Age bloqueando os ERs, particularmente no hipotálamo anterior, e assim inibindo a sinalização de estrogênio circulante, induzindo uma mudança no padrão pulsátil de liberação do GnRH. Este padrão leva a uma descarga de FSH pela hipófise anterior que, na maioria das vezes, é suficiente para iniciar o ciclo de eventos para a ovulação13,15. 436 FEMINA | Setembro 2011 | vol 39 | nº 9 O CC é a primeira escolha na indução da ovulação de paciente com oligo ou amenorreia, porém, com níveis de estrógeno e FSH normais, correspondendo ao grupo II da Organização Mundial de Saúde (OMS)13 (D). A terapia com este medicamento é simples, de baixo custo e possui poucos efeitos colaterais. Pacientes com síndrome de ovários policísticos (SOP) se beneficiam do uso do CC para induzir a ovulação. A SOP é a principal causa de infertilidade anovulatória em pacientes em idade reprodutiva, podendo afetar 4 a 8% das mulheres e, destas, 25% são resistentes ao CC14 (A). A síndrome cursa com infertilidade associada à anovulação, oligo ou amenorreia, hiperandrogenismo, morfologia ovariana alterada à ultrassonografia e, frequentemente, obesidade e aumento da resistência insulínica16,17 (A). Estudos demonstraram um índice de ovulação de 60 a 85% e taxas de gravidez de 30 a 40% após a terapia com CC. A dose comumente utilizada varia entre 50 e 150 mg/dia, iniciados do segundo ao quinto dias do ciclo. O medicamento deve ser mantido por cinco dias, preferencialmente associado ao rastreamento ultrassonográfico da ovulação13,14 (B). Alterações do humor são bastante frequentes com o uso do CC. Aproximadamente 10% das mulheres submetidas a esse tratamento apresentam sintomas vasomotores, que desaparecem juntamente com o término do tratamento13,15 (D). Sintomas visuais não são comuns (aproximadamente 2%). Deve-se interromper a medicação e avaliar outro protocolo de indução, caso a paciente apresente escotomas, diplopia, visão turva, fotossensibilidade ou qualquer outro distúrbio visual13,15 (D). O uso do CC na indução de ovulação tem sido também associado a algumas malformações congênitas, como anencefalia (OR=2,3; IC95% 1,1–4,7); craniossinostose (OR=1,9; IC95% 1,2–3,0); malformação de Dandy–Walker (OR=4,4; IC95% 1,7–11,6); defeitos de septo cardíaco (OR=1,6; IC95% 1,1–2,2); defeito muscular ventricular septal cardíaco (OR=4,9; IC95% 1,4–16,8); coarctação de aorta (OR=1,8; IC95% 1,1–3,0); atresia de esôfago (OR=2,3; IC95% 1,3–4,0); extrofia cloacal (OR=5,4; IC95% 1,6–19,3) e onfalocele (OR=2,2; IC95% 1,1–4,5), segundo o National Birth Defects Prevention Study (NBDPS)18 (C). Outros estudos relacionaram a exposição ao CC a dois tipos de defeitos congênitos: hipospadia e defeitos do tubo neural. Entretanto, deve-se ter cautela ao interpretar estes dados, tendo em vista que estes efeitos parecem se manifestar após ciclos repetidos, e a infertilidade per se e a maior incidência de gestações múltiplas estão associadas a malformações19,20 (C). Outras complicações relatadas em associação com tratamentos de infertilidade incluem intercorrências gestacionais relacionadas à placentação e síndrome de hiperestímulo ovariano. Moduladores seletivos do receptor estrogênico: novas moléculas e aplicações práticas Embora possa ser utilizado no tratamento da infertilidade anovulatória como indutor da ovulação, o tamoxifeno, que possui estrutura molecular semelhante ao do CC, tem sua principal aplicação no tratamento adjuvante do câncer de mama15,21 (A). SERMs e osteoporose A osteoporose é caracterizada por baixa densidade mineral óssea e deterioração estrutural do osso, levando à redução da resistência óssea e ao aumento do risco de fratura22. Trata-se de um problema de saúde pública, uma vez que o risco de fratura acumulado para uma mulher de 50 anos com osteoporose é de até 60%22 (A). A prevenção eficaz de fraturas tem grande impacto sobre a morbimortalidade das mulheres, e a disponibilidade de novos agentes terapêuticos tornou a decisão clínica no tratamento da osteoporose mais complexa. Atualmente, o tratamento farmacológico é recomendado para pacientes pós-menopausadas que tenham tido fraturas osteoporóticas (vértebras, quadril, antebraço), para pós-menopausadas com valores de densidade mineral óssea compatíveis com osteoporose (T-score ≤-2,5 DP) na coluna lombar, colo femoral ou fêmur total e para pacientes pós-menopausadas com T-score entre -1 e -2,5 DP que apresentem risco absoluto em dez anos, baseado nos cálculos do Fracture Risk Assessment Tool (FRAX), de fratura de quadril ≥3% ou de fraturas osteoporóticas ≥20%23,24 (A). No Brasil, está recomendado o tratamento farmacológico da osteoporose em pacientes com osteopenia com T-score abaixo de -1,5 DP na presença de fatores de risco. Os SERMs são considerados como agentes anticatabólicos, uma vez que inibem a atividade osteoclástica e reduzem a remodelação óssea. Este efeito se deve à ação agonista do estrogênio no osso25 (A). O raloxifeno é a droga do grupo dos SERMs mais estudada no tratamento da osteoporose e a única aprovada em todo o mundo para o tratamento desta condição clínica. Na dose de 60 mg/dia, o raloxifeno aumenta a densidade mineral óssea, diminui a remodelação óssea e reduz as fraturas osteoporóticas vertebrais26-28 (A). Apesar de o raloxifeno diminuir significativamente o risco de fraturas vertebrais e em outros seis locais comuns de fratura osteoporótica (clavícula, úmero, pelve, pulso, quadril e perna)29,30 (A), o mesmo efeito não foi demonstrado nas fraturas de fêmur27 (A). Além disso, essa droga mostrou-se tão efetiva quanto o tamoxifeno na redução do risco de câncer de mama invasor31 (A). A terapia com o raloxifeno não aumenta o risco de câncer endometrial, apesar de aumentar a espessura do endométrio32 (A). O uso desta medicação aumenta o risco de TVP (RR=3,1; IC95% 1,5–6,2) e exacerba os sintomas vasomotores da pós-menopausa33 (A). O tamoxifeno também demonstrou efeito benéfico na densidade mineral óssea, apesar dos efeitos na prevenção de fraturas serem controversos. Efeitos indesejáveis do uso do tamoxifeno, como o aumento do risco de câncer endometrial, de tromboembolismo pulmonar, de acidente vascular cerebral, de tromboembolismo venoso e de eventos relacionados à doença cardíaca coronariana, fazem com que não seja indicado para o tratamento da osteoporose na pós-menopausa34 (A). O toremifeno, usado no tratamento de câncer de mama metastático, apresenta efeitos positivos na densidade mineral óssea, melhora o perfil lipídico, mas apresenta os mesmos inconvenientes do tamoxifeno em relação ao potencial trombogênico, não sendo também uma opção no tratamento da osteoporose na pós-menopausa34 (A). Em mulheres pós-menopáusicas com osteoporose, o lasofoxifeno, na dose de 0,5 mg/dia, foi associado com menor risco de fraturas não-vertebrais e vertebrais, câncer de mama ER-positivo, doença coronária e acidente vascular cerebral, porém apresenta também risco aumentado de eventos tromboembólicos venosos12 (A). Em 2009, o lasofoxifeno foi aprovado na Europa para o tratamento da osteoporose em mulheres pós-menopáusicas com risco aumentado de fratura, mas não foi aprovado pelo FDA, enquanto se aguardam dados adicionais da segurança endometrial da droga. Em estudo de fase 3 randomizado, duplo-cego, placebo e ativo controlado, o bazedoxifeno mostrou segurança e boa tolerabilidade em mulheres pós-menopáusicas com osteoporose11 (A). Foi aprovado para o tratamento de osteoporose pós-menopausa em mulheres com risco aumentado de fratura na Europa, em 2009, e está sob revisão da agência reguladora nos Estados Unidos. O ospemifeno, em estudos de fase 2, demonstrou efeito semelhante sobre os marcadores de reabsorção óssea e formação óssea em comparação com o raloxifeno. Esta droga não induz sintomas vasomotores em mulheres pós-menopausadas, mas pode estar associado com o aumento da espessura do endométrio e do volume uterino35 (A). Outros SERMs estão em estudo para uso no tratamento da osteoporose. O SERM ideal para as mulheres na pós-menopausa teria efeito agonista de estrogênio sobre o osso e aliviaria os sintomas vasomotores da menopausa e sintomas de atrofia vaginal, tendo atividade neutra ou antagonista no endométrio e na mama34 (A). SERMs e câncer de mama O papel dos agentes hormonais no tratamento do câncer de mama tem evoluído ao longo dos últimos 30 anos. Não só o FEMINA | Setembro 2011 | vol 39 | nº 9 437 Ferreira MCF, Souza KZD, Dummont JSF, Barra AA, Rocha ALL número de agentes disponíveis aumentou, como a compreensão dos seus mecanismos de ação e dos riscos e benefícios associados à sua utilização tem melhorado36 (B). O tamoxifeno é um SERM utilizado há quase três décadas no tratamento adjuvante do câncer de mama, sendo também eficaz na quimioprofilaxia desta doença. A recente introdução dos inibidores da aromatase – IA (anastrazol, letrozol e exemestano) e outros SERMs (incluindo raloxifeno, toremifeno, arzoxifeno, lasoxifeno e fulvestrano) possibilitou novas abordagens para o tratamento do câncer de mama, sendo importante avaliar a eficácia terapêutica e a toxicidade destes agentes. A hormonioterapia até recentemente era baseada principalmente no uso de tamoxifeno por cinco anos, ficando os demais tratamentos hormonais restritos aos casos de contraindicações ao uso desta medicação. Recentemente, os IA vêm sendo utilizados no tratamento adjuvante das pacientes na pós-menopausa com tumores com receptores hormonais positivos. Os IA atuam inibindo a enzima (aromatase) responsável pela conversão de androstenediona e testosterona em estradiol e estrona. Os IA de terceira geração têm se mostrado superiores ao tamoxifeno na terapia adjuvante para o câncer de mama em estagio inicial37 (A) e, devido à falta de efeito agonista estrogênico, apresentam menos efeitos adversos no útero, não aumentando o risco do carcinoma do endométrio38 (A). Apresentam ainda menor risco de eventos tromboembólicos e isquêmicos cerebrais e menos episódios de sangramentos vaginais e fogachos, quando comparados ao tamoxifeno. Entretanto, os IA estão relacionados à maior incidência de eventos musculoesqueléticos (dores, artralgias e fraturas), osteopenia e osteoporose37 (A). Os fogachos são frequentes em pacientes usando hormonioterapia, e medidas devem ser adotadas para minimizar tais sintomas. Os antidepressivos constituem boa opção terapêutica, uma vez que promovem o alívio eficaz dos fogachos e tratam as desordens depressivas, que acompanham até 25% das pacientes portadoras de câncer de mama39 (A). Os antidepressivos mais estudados para estas finalidades são os inibidores seletivos da recaptação de serotonina e os inibidores da recaptação de serotonina/noradrenalina40 (A). Em pacientes recebendo tratamento com tamoxifeno, recomenda-se evitar o uso concomitante de alguns antidepressivos que podem levar à menor conversão enzimática do tamoxifeno, mediada por CYP2D6, para sua fórmula ativa, o endoxifeno, diminuindo assim seu efeito terapêutico. O uso concomitante de paroxetina e fluoxetina com o tamoxifeno pode diminuir o nível plasmático do endoxifeno, reduzindo a eficácia terapêutica do tamoxifeno. Venlafaxina, citalopram, sertralina, gabapentina e fluvoxamina apresentam mínimo efeito no metabolismo do tamoxifeno. 438 FEMINA | Setembro 2011 | vol 39 | nº 9 A eficácia do tamoxifeno na quimioprevenção do câncer de mama em relação ao placebo, com redução de 49% no risco, já havia sido demonstrada pelo Breast Cancer Prevention Trial (BCPT)31 (A). Esta constatação permitiu sua aprovação pelo FDA americano para prescrição em mulheres de risco elevado para câncer de mama, que foi confirmada em metanálise realizada posteriormente, incluindo cinco estudos em que foi detectada redução de 38% do risco41 (A). Entretanto, a aceitação do tamoxifeno na quimioprevenção apresenta certa resistência, devido à toxidade e aos efeitos colaterais do medicamento. Neste contexto, novos SERMs estão sendo avaliados para esse propósito. O raloxifeno reduz a incidência de malignidade mamária em modelos pré-clínicos, e vários estudos randomizados de prevenção e tratamento da osteoporose sugerem um efeito benéfico do raloxifeno na prevenção do carcinoma invasor da mama, em mulheres na pós-menopausa42 (A). O estudo Multiple Outcome of Raloxifen Evaluation (MORE)43 (A) foi o primeiro a demonstrar queda de 65% no risco de câncer de mama, quando comparado ao placebo, após quatro anos, em mulheres após a menopausa. O estudo MORE prosseguiu por mais quatro anos com o nome de Continuing Outcomes Relevant to Evista (CORE)44 (A), sendo que as participantes usavam 60 mg/dia de raloxifeno, totalizando oito anos. Os resultados mostraram redução de 59% na incidência do câncer de mama invasivo, sem proteção para o carcinoma in situ. Após esses estudos, o National Surgical Adjuvant Breast and Bowel Project (NSABP) iniciou o Study of Raloxifen and Tamoxifen (STAR)9 (A), no qual foram comparados os efeitos e a segurança do raloxifeno (60 mg/dia) e do tamoxifeno (20 mg/dia) sobre o risco de câncer invasivo de mama. Os resultados desse estudo, que incluiu mais de 19.000 mulheres, foram semelhantes com os dois SERMs na prevenção do câncer de mama invasor (RR=1,02; IC95% 0,82–1,28). Ambos promoveram redução de 50%, porém somente o tamoxifeno provocou diminuição de 50% do carcinoma in situ (RR=1,40; IC95% 0,98–2,02), sem significância estatística. A incidência de hiperplasia e câncer de endométrio foi maior nas usuárias de tamoxifeno (RR=0,62; IC95% 0,35–1,08). Tromboembolismo venoso (RR=0,70; IC95% 0,54–0,91) e cataratas (RR=0,79; IC95% 0,68–0,92) foram menos incidentes com o raloxifeno. O número de fraturas osteoporóticas foi similar com os dois SERMs, e nenhuma diferença foi observada quanto à incidência de cardiopatia isquêmica, acidente vascular cerebral, câncer invasivo de outros sítios e no total de mortes observadas. O tratamento do câncer de mama deve ser implementado por equipe interdisciplinar, favorecendo a elaboração de estratégias de intervenção próprias e adequadas a cada mulher. Desta Moduladores seletivos do receptor estrogênico: novas moléculas e aplicações práticas forma, pode-se minimizar os possíveis efeitos colaterais, que são responsáveis por grande parte das taxas de abandono do tratamento. Conhecer esse dado reforça a importância de um programa de orientações e esclarecimentos quanto aos benefícios, riscos e efeitos colaterais da medicação, podendo favorecer a adesão ao tratamento. Outros efeitos dos SERMs O uso de SERMs, como citado, não está isento de efeitos em diversos órgãos e sistemas, muitas vezes não desejados. Efeitos na coagulação sanguínea, nas lipoproteínas plasmáticas, no endométrio, na termorregulação e na visão são bem documentados e serão descritos a seguir, estando resumidamente representados na Tabela 1. No sistema cardiovascular, os SERMs têm efeito favorável no perfil lipídico, reduzem o colesterol total em cerca de 12%, LDL-colesterol em 19%, fibrinogênio em 18% e lipoproteína A, sem, no entanto, alterar a concentração dos triglicérides e do HDL-colesterol45 (A). Apesar disso, os estudos evidenciam que o uso de tamoxifeno na pós-menopausa não altera o risco de doença coronariana aguda46 (B). Um grande número de estudos demonstrou um aumento na taxa de eventos tromboembólicos venosos, principalmente nos dois primeiros anos de uso do tamoxifeno47 (B) e um risco adicional quando associado à quimioterapia48 (A). O risco aumenta cinco vezes nas pacientes com heterozigose para o fator V de Leiden49 (B). Fatores de risco para TVP induzida pelo tamoxifeno incluem idade avançada, obesidade, cirurgia prévia, fratura e imobilização50 (A). Um estudo randomizado mostra, entretanto, que a incidência de tromboembolismo pulmonar e TVP foi menor com o uso de raloxifeno em comparação ao tamoxifeno (RR=0,70; IC95% 0,54–0,91)34 (A). Diferentes SERMs têm ação diferenciada no útero. Tamoxifeno e toremifeno têm ação agonista, enquanto o raloxifeno tem ação antagonista. O uso de tamoxifeno está associado ao aumento do risco de desenvolvimento de hiperplasia, pólipos e tumores endometriais e sarcoma uterino8 (B), o que não foi observado com o uso de raloxifeno51 (A). Nas usuárias de tamoxifeno, o risco de carcinoma de endométrio aumenta em três vezes, embora o risco absoluto seja baixo (1.9 versus 0.6, por 1.000/ano) 39. A maioria das mulheres com carcinoma endometrial associado ao uso de tamoxifeno apresenta sangramento vaginal39 (A). Levando em conta este dado, observa-se que não há benefício comprovado no rastreamento de tumores uterinos e endometriais, com a realização rotineira de ultrassonografia transvaginal e/ou biópsia endometrial para mulheres assintomáticas. Para pacientes Tabela 1 - Efeitos adversos dos SERMs Local de ação Efeito Lipoproteínas plasmáticas Redução do colesterol total; redução do LDL. Sistema de coagulação Aumenta incidência de trombose. aumenta fibrinogênio. Endométrio Aumento da incidência de pólipos, hiperplasia e câncer de endométrio. Sintomas vasomotores Aumenta incidência de fogachos. Visão Desenvolvimento de catarata Repercussões e particularidades Não altera triglicérides e HDL; não altera risco de doença coronariana aguda. Tamoxifeno mais que raloxifeno; efeito maior em pacientes com mutação do fator V de Leiden. Observado com tamoxifeno e toremifeno, não com o raloxifeno; não há evidência que suporte o rastreamento ultrassonográfico rotineiro. Principalmente em mulheres na prémenopausa. Não há aumento do risco de degeneração macular; recomendado exame oftalmológico anual. Evidência A A–B A–B A A em uso de tamoxifeno, indica-se: realizar exame ginecológico anual; monitorar e investigar quaisquer sintomas vaginais considerados anormais, como sangramento vaginal, leucorreia, spotting e limitar o uso do tamoxifeno em cinco anos, pois não foi comprovado benefício após esse tempo. Nos casos de diagnóstico de hiperplasia endometrial atípica, o uso do tamoxifeno deve ser reavaliado e, mantendo-se a indicação, deve-se considerar a realização de histerectomia52 (D). Mais estudos são necessários para determinar a relação do uso de SERMs com o desenvolvimento de tumores extrauterinos. Um aumento discreto, mas significativo, foi identificado para tumores gastrintestinais (RR=1,31; IC95% 1.01–1.69)53 (B), enquanto parece haver um efeito protetor para o ovário54 (A). A incidência de ondas de calor em mulheres em uso de SERMs é superior à daquelas em uso de estrogênio, e este é o efeito colateral mais comum. Acredita-se estar associado à disfunção de termorregulação do sistema nervoso central por um efeito antiestrogênico. Mais de 80% das pacientes que iniciam uso de tamoxifeno queixam-se de fogachos, sendo que 30% os consideram limitantes55 (A). Pacientes na pré-menopausa têm maior chance de apresentar esse sintoma do que aquelas na peri- ou pós-menopausa56 (B). O uso de tamoxifeno está associado ao desenvolvimento de catarata, sem aumento do risco de doenças oculares graves, como degeneração macular. Apesar de raro, recomenda-se o exame oftalmológico anual57 (A). Nos tratamentos de infertilidade com uso de CC, deve-se atentar também para a possibilidade de síndrome de hiperestímulo FEMINA | Setembro 2011 | vol 39 | nº 9 439 Ferreira MCF, Souza KZD, Dummont JSF, Barra AA, Rocha ALL ovariano (SHO), embora tal efeito seja raro com o CC, sendo tipicamente relacionado ao uso de GnRH. Casos leves cursam com náusea, vômitos, desconforto e distensão abdominal, podendo evoluir para quadros mais graves, como ascite, instabilidade hemodinâmica e dificuldade respiratória58 (D). O uso de SERMs está contraindicado nas pacientes com hipersensibilidade a qualquer componente da fórmula, com história de TEP ou TVP ou em uso de warfarina. Conclusão Os SERMs são moléculas que se ligam ao ER com ações agonistas e antagonistas, em tecidos específicos. Os SERMs têm sido amplamente estudados e são utilizados com frequência por ginecologistas, oncologistas e mastologistas. Vários estudos controlados e randomizados já demonstraram que o uso de alguns SERMs pode ser feito com segurança e tranquilidade. O raloxifeno é aprovado para a prevenção e o tratamento de osteoporose na pós-menopausa e para o câncer de mama ER-positivo; o tamoxifeno, para a prevenção e o tratamento do câncer de mama ER-positivo na pós-menopausa; e o clomifeno, primeiro SERM a ser estudado e empregado clinicamente, para infertilidade. Outras drogas como bazedoxifeno, lasofoxifeno e arzoxifeno vêm sendo estudadas e vêm se mostrando como alternativas eficazes, algumas com menos efeitos colaterais. Novos estudos são necessários para aplicação clínica dos novos SERMs. Leituras suplementares 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 440 Silverman SL. New Selective Estrogen Receptor Modulators (SERMs) in development. Curr Osteoporos Rep. 2010;8(3):151-3. Clarke BL, Khosla S. New selective estrogen and androgen receptor modulators. Curr Opin Rheumatol. 2009;21(4):374-9. McDonnell DP, Clemm DL, Hermann T, Goldman ME, Pike JW. Analysis of estrogen receptor function in vitro reveals three distinct classes of antiestrogens. Mol Endocrinol. 1995;9(6):659-69. Holtkamp DE, Greslin JG, Root CA, Lerner LJ. Gonadotropin inhibiting and anti-fecundity effects of chloramiphene. Proc Soc Exp Biol Med. 1960;105:197201. Holtkamp DE. Research and development of clomiphene citrate. In: Asch RH. Recent Advances in Human Reproduction. Stampato d’alla: Fondazione Per Gli Studi Sulla Riproduzione Umana; 1987. Dickey RP, Holtkamp DE. Development, pharmacology and clinical experience with clomiphene citrate. Human Reprod Update. 1996;2(6):483-506. Jordan VC. The Science of Selective Estrogen Receptor Modulators: Concept to Clinical Practice. Clin Cancer Res. 2006;12(17):5010-3. Polin SA, Ascher SM. The effect of tamoxifen on the genital tract. Cancer Imaging. 2008;8:135-45. Vogel VG. The NSABP study of tamoxifen and raloxifene (STAR) trial. Expert Rev Anticancer Ther. 2009;9(1):51-60. Lewis JD, Chagpar AB, Shaughnessy EA, Nurko J, McMasters K, Edwards MJ. Excellent outcomes with adjuvant toremifene or tamoxifen in early stage breast cancer. Cancer. 2010;116(10):2307-15. Christiansen C, Chesnut CH 3rd, Adachi JD, Brown JP, Fernandes CE, Kung AW, et al. Safety of bazedoxifene in a randomized, double-blind, placebo- and active-controlled Phase 3 study of postmenopausal women with osteoporosis. BMC Musculoskelet Disord. 2010;11:130-40. Cummings SR, Ensrud K, Delmas PD, LaCroix AZ, Vukicevic S, Reid DM, Goldstein S, Sriram U, Lee A, Thompson J, Armstrong RA, Thompson DD, Powles T, Zanchetta J, Kendler D, Neven P, Eastell R; PEARL Study Investigators. Lasofoxifene in postmenopausal women with osteoporosis. N Engl J Med. 2010;362(8):686-96. Homburg R. Clomiphene citrate - end of an era? A mini-review. Human Reprod. 2005;20(8):2043-51. Farhi J, Orvieto R, Homburg R. Administration of clomiphene citrate in patients with polycystic ovary syndrome, without inducing withdrawal bleeding, achieves comparable treatment characteristics and outcome. Fertil Steril. 2010;93(6):2077-9. The Practice Committee of the American Society for Reproductive Medicine. Use of clomiphene citrate in women. Fertil Steril. 2006;86(Suppl 4):182-93. Cheng J, Lv J, Li CY, Xue Y, Huang Z, Zheng W. Clinical outcomes of ovulation induction with metformin, clomiphene citrate and human menopausal gonadotrophin in polycystic ovary syndrome. J Int Med Res. 2010;38(4):1250-8. Jungheim ES, Odibo AO. Fertility treatment in women with polycystic ovary syndrome: a decision analysis of different oral ovulation induction agents. Fertil Steril. 2010;94(7):2659-64. FEMINA | Setembro 2011 | vol 39 | nº 9 18. Reefhuis J, Honein MA, Schieve LA, Rasmussen SA, The National Birth Defects Prevention Study. Use of clomiphene citrate and birth defects, National Birth Defects Prevention Study, 1997-2005. Human Reproduct. 2011;26(2):451-7. 19. Meijer WM, de Jong-Van den Berg LT, van den Berg MD, Verheij JB, de Walle HE. Clomiphene and hypospadias on a detailed level: signal or chance. Birth Defects Res A Clin Mol Teratol. 2006;76(4):249-52. 20. Wu YW, Croen LA, Henning L, Najjar DV, Schembri M, Croughan MS. Potential association between infertility and spinal neural tube defects in offspring. Birth Defects Res A Clin Mol Teratol. 2006;76(10):718-22. 21. Boostanfar R, Jain JK, Mishell Jr DR, Paulson RJ. A prospective randomized trial comparing clomiphene citrate with tamoxifen citrate for ovulation induction. Fertil Steril. 2011;75(5):1024-6. 22. Body JJ, Bergmann P, Boonen S, Boutsen Y, Devogelaer JP, Goemaere S, et al. Evidence-based guidelines for the pharmacological treatment of postmenopausal osteoporosis: a consensus document by the Belgian Bone Club. Osteoporos Int. 2010;21(10):1657-80. 23. National Osteoporosis Foundation. Physician’s Guide to Prevention and Treatment of Osteoporosis. Washington, DC: National Osteoporosis Foundation; 2008. 24. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Manual de Orientação Osteoporose. Rio de Janeiro: FEBRASGO; 2010. p. 127. 25. Stygar D, Muravitskaya N, Eriksson B, Eriksson H, Sahlin L. Effects of SERM (selective estrogen receptor modulator) treatment on growth and proliferation in the rat uterus. Reprod Biol Endocrinol. 2003;1:40. 26. Johnston CC Jr, Bjarnason NH, Cohen FJ, Shah A, Lindsay R, Mitlak BH, et al. Long-term effects of raloxifene on bone mineral density, bone turnover, and serum lipid levels in early postmenopausal women: three year data from 2 double-blind, randomized, placebo-controlled trials. Arch Intern Med. 2000;160(22):344450. 27. Ettinger B, Black DM, Mitlak BH, Knickerbocker RK, Nickelsen T, Genant HK, et al. Reduction of vertebral fracture risk in postmenopausal women with osteoporosis treated with raloxifene: results from a 3-year randomized clinical trial. Multiple Outcomes of Raloxifene Evaluation (MORE) Investigators. JAMA. 1999;282(7):637-45. 28. Delmas PD, Ensrud KE, Adachi JD, Harper KD, Sarkar S, Gennari C, et al. Efficacy of raloxifene on vertebral fracture risk reduction in postmenopausal women with osteoporosis: four-year results from a randomized clinical trial. J Clin Endocrinol Metab. 2002;87(8):3609-17. 29. Delmas PD, Genant HK, Crans GG, Stock JL, Wong M, Siris E, et al. Severity of prevalent vertebral fractures and the risk of subsequent vertebral and nonvertebral fractures: results from the MORE trial. Bone. 2003;33(4):522-32. 30. Siris ES, Harris ST, Eastell R, Zanchetta JR, Goemaere S, Diez-Perez A, et al. Skeletal effects of raloxifene after 8 years: results from the continuing outcomes relevant to Evista (CORE) study. J Bone Miner Res. 2005;20(9):1514-24. 31. Vogel VG, Costantino JP, Wickerham DL, Cronin WM, Cecchini RS, Atkins JN, et al. Effects of tamoxifen vs. raloxifene on the risk of developing invasive breast cancer and other disease outcomes: the NSABP Study of Tamoxifen and Raloxifene (STAR) P-2 trial. JAMA. 2006;295(23):2727-41. Moduladores seletivos do receptor estrogênico: novas moléculas e aplicações práticas 32. Cummings SR, Eckert S, Krueger KA, Grady D, Powles TJ, Cauley JA, et al. The effect of raloxifene on risk of breast cancer in postmenopausal women: results from the MORE randomized trial. Multiple Outcomes of Raloxifene Evaluation. JAMA. 1999;281(23):2189-97. 33. Stovall DW, Utian WH, Gass ML, Qu Y, Muram D, Wong M, et al. The effects of combined raloxifene and oral estrogen on vasomotor symptoms and endometrial safety. Menopause. 2007;14(3 Pt 1):510-7. 34. Pickar JH, MacNeil T, Ohleth K. SERMs: progress and future perspectives. Maturitas. 2010;67(2):129-38. 35. Komi J, Heikkinen J, Rutanen EM, Halonen K, Lammintausta R, Ylikorkala O. Effects of ospemifene, a novel SERM, on biochemical markers of bone turnover in healthy postmenopausal women. Gynecol Endocrinol. 2004;18:152-8. 36. Lin NU, Winer EP. Advances in adjuvant endocrine therapy for postmenopausal women. J Clin Oncol. 2008;26(5):798-805. 37. Dowsett M, Cuzick J, Ingle J, Coates A, Forbes J, Bliss J, et al. Meta-Analysis of Breast Cancer Outcomes in Adjuvant Trials of Aromatase Inhibitors Versus Tamoxifen. J Clin Oncol. 2010;28(3):509-18. 38. Bertelli G, Hall E, Ireland CF, Snowdon CF, Jassem J, Drosik K, et al. Longterm endometrial effects in postmenopausal women with early breast cancer participating in the Intergroup Exemestane Study (IES) – a randomised controlled trial of exemestane versus continued tamoxifen after 2-3 years tamoxifen. Annals Oncol. 2010;21(3):498-505. 39. Reich M, Lesur A, Perdrizet-Chevallier C. Depression, quality of life and breast cancer: a review of the literature. Breast Cancer Res Treat. 2008;110(1):9-17. 40. Weitzner MA, Moncello J, Jacobsen PB, Minton S. A pilot trial of paroxetine for the treatment of hot flashes and associated symptoms in women with breast cancer. J Pain Symptom Manage. 2002;23(4):337-45. 41. Fisher B, Costantino JP, Wickerham DL, Redmond CK, Kavanah M, Cronin WM. Tamoxifen for prevention of breast cancer: report of the National Surgical Adjuvant Breast and Bowel Project P-1 Study. J Natl Cancer Inst. 1998;90:1371-88. 42. Cuzick J, Powles T, Veronesi U, Forbes J, Edwards R, Ashley S, et al. Overview of the main outcomes in breast-cancer prevention trials. Lancet. 2003;361(9354):296300. 43. Vogel VG. Raloxifene: a second-generation selective estrogen receptor modulator for reducing the risk of invasive breast cancer in postmenopausal women. Women’s Health. 2007;3:139-53. 44. Martino S, Cauley JA, Barrett-Connor E, Powles TJ, Mershon J, Disch D, et al. Continuing outcomes relevant to Evista: breast cancer incidence in postmenopausal osteoporotic women in a randomized trial of raloxifene. J Natl Cancer Inst. 2004;96(23):1751-61. 45. Hayes DF, Skaar TC, Rae JM, Henry NL, Nguyen AT, Stearns V, et al. Estrogen receptor genotypes, menopausal status, and the effects of tamoxifen on lipid levels: revised and updated results. Clin Pharmacol Ther. 2010;88(5):626-9. 46. Geiger AM, Chen W, Bernstein L. Myocardial infarction risk and tamoxifen therapy for breast cancer. Br J Cancer. 2005;92(9):1614-20. 47. Hernandez RK, Sørensen HT, Pedersen L, Jacobsen J, Lash TL. Tamoxifen treatment and risk of deep venous thrombosis and pulmonary embolism: a Danish population-based cohort study. Cancer. 2009;115(19):4442-9. 48. Early Breast Cancer Trialists’ Collaborative Group (EBCTCG). Effects of chemotherapy and hormonal therapy for early breast cancer on recurrence and 15-year survival: an overview of the randomised trials. Lancet. 2005;365(9472):1687-717. 49. Garber JE, Halabi S, Tolaney SM, Kaplan E, Archer L, Atkins JN, et al. Factor V Leiden mutation and thromboembolism risk in women receiving adjuvant tamoxifen for breast cancer. J Natl Cancer Inst. 2010;102(13):942-9. 50. Cuzick J, Forbes J, Edwards R, Baum M, Cawthorn S, Coates A, et al. First results from the International Breast Cancer Intervention Study (IBIS-I): a randomised prevention trial. Lancet. 2002;360(9336):817-24. 51. Cohen FJ, Watts S, Shah A, Akers R, Plouffe L Jr. Uterine effects of 3-year raloxifene therapy in postmenopausal women younger than age 60. Obstet Gynecol. 2000;95(1):104-10. 52. American College of Obstetricians and Gynecologists. Tamoxifen and endometrial cancer. ACOG Committee Opinion 336. ACOG; Washington, DC; 2006. 53. McGonigle KF, Vasilev SA, Odom-Maryon T, Simpson JF. Ovarian histopathology in breast cancer patients receiving tamoxifen. Gynecol Oncol. 1999;73(3):402-6. 54. Braithwaite RS, Chlebowski RT, Lau J, George S, Hess R, Col NF. Meta-analysis of vascular and neoplastic events associated with tamoxifen. J Gen Intern Med. 2003;18(11):937-47. 55. Day R; National Surgical Adjuvant Breast and Bowel Projet P-1 study (NSABP-1). Quality of life and tamoxifen in a breast cancer prevention trial: a summary of findings from the NSABP P-1 study. National Surgical Adjuvant Breast and Bowel Project. Ann N Y Acad Sci. 2001;949:143-50. 56. Jin Y, Hayes DF, Li L, Robarge JD, Skaar TC, Philips S, et al. Estrogen receptor genotypes influence hot flash prevalence and composite score before and after tamoxifen therapy. J Clin Oncol. 2008;26(36):5849-54. 57. Gianni L, Panzini I, Li S, Gelber RD, Collins J, Holmberg SB, et al. Ocular toxicity during adjuvant chemoendocrine therapy for early breast cancer: results from International Breast Cancer Study Group trials. Cancer. 2006;106(3):505-13. 58. The ASRM Practice Committee. Ovarian Hyperstimulation Syndrome. Fertil Steril. 2006;86(Suppl 4):S178-83. FEMINA | Setembro 2011 | vol 39 | nº 9 441