FECHAMENTO AUTORIZADO Pode ser aberto pela E.C.T Informativo do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAACC) – Ano 4 – Janeiro/Fevereiro/Março – nº 14 Uma década combatendo e vencendo o câncer infanto-juvenil Médicos do GRAACC ganham prêmio internacional após mudança de procedimento no tratamento de câncer cerebral Vem aí a 8ª Corrida e Caminhada do GRAACC! humanização entre nós agenda voluntária da Brinquedoteca conta sua experiência em ensinar para crianças e acompanhantes como fazer o quilling, técnica de trabalho com papel. Em Nosso Orgulho, a história da menina Beatriz, que foi curada de uma leucemia pelo GRAACC. Conheça ainda as novidades da casa Ronald McDonald, um novo espaço em São Paulo que recebe pacientes de várias cidades e estados, e fique por dentro do mais recente procedimento para a cura do câncer cerebral, desenvolvido no GRAACC e que está servindo de exemplo para diversos países. Boa leitura! O que vem por aí... anote! Corrida e Caminhada do GRAACC Já estão abertas as inscrições para a 8ª edição da Corrida e Caminhada do GRAACC – Combatendo e Vencendo o Câncer Infantil, que acontecerá no dia 11 de maio, em São Paulo. O evento tem como objetivo mobilizar e conscientizar a sociedade sobre a importância do diagnóstico precoce e da necessidade do tratamento adequado para crianças e adolescentes com câncer. A apresentadora Daniella Cicarelli é a madrinha do evento e as inscrições podem ser feitas pelo site www.graacc.org.br. Nesta iniciativa o GRAACC conta, pelo segundo ano consecutivo, com a parceria da Corpore - maior clube de corredores da América Latina. A Comexport é a patrocinadora master da 8ª Corrida e Caminhada do GRAACC e Elevadores Atlas Shindler e Frigorífico Marba, co-patrocinadores. São apoiadores do evento Central Nacional Unimed, Construtora Even, Natural da Terra – Hortifruti, Pullmann – Plus Vitta e Rádio Transamérica. Bazar do Dia das Mães Reserve sua agenda! O Bazar do Dia das Mães do GRAACC acontece nos dias 6 e 7 de maio. É uma ótima oportunidade para encontrar diversos produtos para presentear a mamãe. São roupas, bolsas, artigos de lã, jóias, sabonetes e enfeites de madeira. Há também produtos artesanais confeccionados pelas voluntárias do GRAACC, como panos de prato, de chão, colchas, jogos de toalha e toalhas de mesa. O bazar será realizado na Rua Pedro de Toledo, 572, das 9h30 às 16h. Os produtos custam a partir de R$ 1,00. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 5080-8429. Circuito de Malhas Acontece entre os dias 1 e 11 de maio, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, a tradicional Feira do Circuito das Malhas. Este ano, a madrinha do evento é a atriz Elaine Mickely. O ingresso custa R$ 4,00 e, como em todas as edições anteriores, parte da verba obtida com a venda dos ingressos será doada ao GRAACC. Para mais informações visite o site www.feiradocircuitodasmalhas.com.br. 2 estamos com o Clínica da Dor GRAACC Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer Rua Botucatu, 743 – Vila Clementino São Paulo – SP – CEP 04023-062 Tel.: (11) 5908- 9100 Fax: (11) 5908- 9110 No GRAACC, a dor é acompanhada constantemente para garantir a qualidade de vida dos pequenos pacientes Site: www.graacc.org.br e-mail: [email protected] Presidente: Sérgio Antônio Garcia Amoroso Vice-presidente: Fernando de Castro Marques Diretores: Sérgio Antônio Garcia Amoroso, Fernando de Castro Marques Paulo Anthero Soares Barbosa Maria Helena Farinha Veríssimo Conselheiros: Sérgio Antônio Garcia Amoroso (presidente), João Inácio Puga (vice), André Guper, Celso do Carmo Jatene, Julio Bierrenbach, Jacinto Guidolin, Ronaldo Ribas Marques Conselheiros Fiscais: Carlos Eduardo Pecoraro, Gilberto Antônio Giuzio, Gilberto Cipullo Superintendente Geral: Antonio Sérgio Petrilli Superintendente do Voluntariado: Lea Della Casa Mingione Diretora Clínica: Dra. Nasjla Saba da Silva Diagramação: pris_hlodan mídia impressa Jornalista responsável: Amanda Kartanas Torres (Mtb 27.851) Formada por um grupo multidisciplinar, composto de enfermeiras, fisioterapeutas, voluntários, médicos oncologistas e assistentes sociais, a Clínica da Dor tem um papel fundamental no GRAACC e no tratamento das crianças e adolescentes: o departamento é o responsável pelo acompanhamento da evolução da dor durante o tratamento. Este jornal é uma publicação trimestral do GRAACC, realizado com o apoio e doação das seguintes empresas e profissionais voluntários: Impressão: Papel: Escala A primeira edição do Estou com o GRAACC de 2008 chega com muitas notícias boas e informações interessantes. E o ano já começa com festa no GRAACC: o Instituto de Oncologia Pediátrica (IOP), hospital da instituição, comemora 10 anos de muito trabalho, diversas realizações e um grande sucesso. Na matéria especial desta edição, você poderá conhecer um pouco mais sobre a história do hospital e as metas para o futuro. A Clínica da Dor também abre suas portas para mostrar o que há por trás da equipe de profissionais que lá trabalha. Em Gente do Bem, uma Desde o momento em que o paciente chega ao hospital do GRAACC, a equipe faz, constantemente, uma avaliação da dor de cada um. “Verificamos o tipo, a intensidade e o que causa a dor e, com base nestes dados, o paciente é medicado”, explica Dra. Eliana Caran, médica oncologista e responsável pela clínica. O paciente é atendido pelos diversos profissionais, cada um verificando e analisando um aspecto. Semanalmente, há uma reunião para discussão e avaliação dos casos. Ou seja, todos trabalham conjuntamente. Para a equipe da enfermagem a dor é um sinal A dor é mensurada por meio de uma escala, que difere de acordo com a idade do paciente. Os pais ou quem cuida de crianças lactentes (menores de 3 anos), são os responsáveis por caracterizar e localizar a dor. Para os mais velhos, há um diagrama do corpo, com o desenho de um boneco, em que as crianças apontam em que local do corpo do boneco ele sente dor. Há até bonecos amputados, possibilitando que crianças e adolescentes apontem a dor fantasma. Os pacientes que estão na pré-escola utilizam a Mônica e o Cebolinha, da Turma da Mônica, para mensurar a dor. Nas ilustrações dos personagens, há uma escala, que vai desde um rosto 3 vital e é avaliada rotineiramente, assim como qualquer exame. Os médicos explicam como tomar os medicamentos. Já os fisioterapeutas ajudam na movimentação do membro atingido pelo tumor e, em caso de necessidade de amputação, preparam o corpo para um maior controle da dor e realizam estímulos elétricos no coto, também visando melhorar a situação. Os psicólogos, além de avaliarem a dor que não responde aos medicamentos, também são os responsáveis por falar com as crianças e adolescentes sobre a dor fantasma, ou seja, aquela no membro amputado que, de acordo com a Dra. Eliana, acontece com 50% dos pacientes que passam por isso. “Quem tem dor no tumor, tem maior chance de ter a dor fantasma em caso de amputação. Por isso, psicóloga e fisioterapeuta trabalham juntas para tentar minimizar este problema”. sorrindo, sem dor, até um com lágrimas. Crianças em idade escolar e adolescentes recebem uma escala numérica. Desta forma, cada paciente recebe uma folha com uma escala diária, em que pode fazer as anotações de onde se localiza sua dor. E é com base neste documento que os médicos avaliam a dor de cada paciente. “Este método nos ajuda a passar a medicação adequada para cada pessoa e avaliar a efetividade dos medicamentos, possibilitando um bom controle da dor. Sem ela, o paciente pode voltar às suas atividades normais, como dormir, comer e conviver com a família e, claro, sua qualidade de vida estará assegurada”, comenta a Dra Eliana. capa GRAACC em festa: seu hospital comemora 10 anos Neste ano o hospital do GRAACC está fazendo aniversário. São 10 anos de trabalho e muito a comemorar. Ao longo deste período, mais de quatro mil pacientes já passaram pelo Instituto de Oncologia Pediátrica (IOP), o hospital da instituição. Contando com profissionais altamente qualificados e pesquisa de ponta, o hospital é referência para diversos outros estabelecimentos de saúde do Brasil e do mundo no tratamento de crianças e adolescentes com câncer. Parcerias de sucesso Grande parte do sucesso do hospital deve-se à aliança entre universidade pública, as instituições privadas e a comunidade que, juntas, lutam contra o câncer pediátrico no país, sem deixar de lado a qualidade de vida dos pacientes. À universidade, cabe o investimento em pesquisas de novas técnicas e melhores tratamentos; já o setor privado é responsável pela gestão eficiente, com foco no resultado e em aplicar corretamente os recursos e, por fim, o voluntariado, representado pela comunidade, tem como missão cuidar da humanização do atendimento. “No tripé empresa/universidade/comunidade, todos saem ganhando. O empresário tem o reconhecimento de sua responsabilidade social; o volunta- riado consegue ser o porta-voz dos direitos e desejos da sociedade e a universidade pública, por meio da escola de medicina, busca a cura do câncer com a manutenção da qualidade de vida dos pacientes”, afirma Dr. Sérgio Petrilli, superintendente geral do GRAACC, que participou da formação da instituição. “Depois de dez anos estamos amadurecendo as idéias de tudo o que aconteceu. Nosso interesse é num processo ganha-ganha, em que todos ganham com a parceria”. Segundo ele, as alianças foram começando pouco a pouco, com empresas como Mc Donald’s, Grupo Orsa, Grupo Castro Marques, Instituto Ayrton Senna e dezenas de outras, que tornaram o modelo uma referência nacional neste sentido. “A comunidade passou a 4 acreditar na imagem do GRAACC e a instituição saiu fortalecida”. “Nosso sistema de parcerias é um modelo inovador e desafiador que está mostrando, por meio do sucesso do GRAACC, que o caminho está correto e deve ser aprofundado. Também acho que podemos pensar em uma ampla aplicação desse modelo de gestão em outros setores da sociedade. Em minha opinião, o modelo do hospital é o responsável pelo sucesso. Ou seja, é um hospital quase universitário, quase público com 95% de atendimentos pelo SUS e com uma gestão privada. Estrategicamente é o grande destaque desta equação”, afirma Sérgio Antônio Garcia Amoroso, presidente do Grupo Orsa e diretor presidente do GRAACC Futuro Ao longo dos anos, o hospital foi se especializando em tratamentos complexos como transplante de medula e cirurgias de tumor ósseo, cerebral e nos olhos, serviços dificilmente encontrados em outros estabelecimentos de saúde no Brasil. Por isso, o hospital do GRAACC recebe pacientes do país inteiro, resultando numa taxa elevada de ocupação. A solução já está a caminho: a ampliação do hospital, que está prevista para acontecer em quatro anos. O objetivo é aumentar o número de leitos, além das áreas de ensino, pesquisa e atendimento ambulatorial. “O hospital é referência nacional e deve atender a todos. A ampliação virá para recebermos mais pacientes e buscarmos, cada vez mais, a cura do câncer”, diz Sérgio Petrilli. “E logo mais teremos ensino a distância, com conferência e transmissão de imagens para todo País”. Para o presidente do GRAACC, as metas para o futuro são: tornar o tornar o hospital referência em tecnologia de resultados na cura do câncer, transformando-o em mediador do conhecimento para todo o Brasil. “O GRAACC não é um negócio na sociedade e sim uma solução para a mesma, pois alia modelo de gestão na saúde, com uma dose elevadíssima de humanidade”, finaliza Sergio Amoroso. Em 1993, o GRAACC inaugura a Casa de Apoio para pacientes de outros estados A demolição da ‘casinha’ deu lugar ao hospital de 11 andares do GRAACC 9 5 A opinião de quem ajudou a fazer a história do GRAACC “A parceria é fundamental para se manter uma ONG como o GRAACC, sem isso seria impossível atingir e manter o serviço que temos hoje”, afirma Fernando de Castro Marques, vice-presidente da instituição. “Sinto-me muito feliz por podermos oferecer um serviço de primeiro mundo às crianças de baixa renda deste país”. Léa Della Casa Mingione, uma das fundadoras do GRAACC e superintendente geral do voluntariado, também sente orgulho desta década de hospital. “Desenvolvemos um trabalho de credibilidade e transparência. As pessoas que estão lá dentro vestem a camisa. E, realmente, o povo brasileiro é muito bom. É impressionante como as pessoas querem ajudar. Eu tinha certeza que o projeto iria para frente. A gente sempre acreditou na força e tinha boa vontade para trabalhar. Fico muito feliz de ver como tudo aconteceu e como o GRAACC está hoje”. “Se eu soubesse o que estava fazendo naquela época, com certeza correria de medo. Nesses 10 anos de hospital do GRAACC houve um crescimento muito grande. A instituição é reconhecida nacional e internacionalmente como um modelo de gestão que dá certo. E, por fazer parte desta história, me sinto muito orgulhoso.”, diz Jacinto Guidolin, um dos fundadores e conselheiro do GRAACC. “O tripé empresa/universidade/comunidade é uma fórmula de sucesso por envolver recursos e conhecimentos empresariais junto ao mundo da pesquisa, formação e desenvolvimento universitário com a vontade da comunidade em ajudar uns ao outros. Esta combinação favorece a transparência do uso dos recursos arrecadados e dá credibilidade à instituição, levando ao seu crescimento e reconhecimento. Apesar de estar na diretoria há pouco tempo, considero o balanço muito positivo, uma vez que os atendimentos vêm crescendo muito durante estes últimos anos, permitindo que mais e mais pacientes sejam acompanhados adequada e dignamente” Maria Helena Farinha Veríssimo, diretora do GRAACC Em 1991, quando o GRAAC começou suas atividades, a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) era o aparecimento de 11 mil novos casos de câncer por ano no país, em crianças e adultos. Para o sucesso do tratamento e, conseqüentemente, da cura, estas pessoas precisariam de um diagnóstico preciso e o início imediato das medicações adequadas. E, foi também graças ao trabalho desenvolvido pelo GRAACC, com suas pesquisas científicas de ponta que possibilitou o aumento do índice de cura da doença. Com um tratamento eficaz, o hospital do GRAACC aumentou consideravelmente as chances de crianças e adolescentes se livrarem do câncer, sempre preocupando-se em manter a qualidade de vida. Após 10 anos de existência, o hospital do GRAACC conta com 11 andares, uma equipe de profissionais altamente qualificados e equipamentos de última geração, possibilitando reais chances de vida aos seus pacientes e sendo um exemplo a ser seguido, dentro e fora do país. 6 7 10 nosso orgulho gente do bem Dedicação extrema Uma doação que faz bem para alma e para o coração Uma lição de vida Beatriz é uma, das muitas crianças e adolescentes, que são curadas pelo GRAACC Com apenas 15 anos, Beatriz Souza Cavalheiro traz consigo uma lição de vida. Aos 7, teve uma experiência marcante quando, numa viagem com a família para a praia no final do ano, começou a ter uma dor na mão. Foi ao médico, tomou remédio e a mão melhorou. Depois de um tempo, a dor passou para o cotovelo e o calcanhar. E ninguém descobria o que estava acontecendo. Até que um médico percebeu que sua resistência estava baixa e indicou um exame de sangue. O resultado veio pelo mielograma, exame que analisa a medula óssea e que detectou a leucemia. Com o diagnóstico, a menina foi encaminhada ao GRAACC, onde já foi internada e começou o tratamento assim que chegou. Ao todo foram 2 anos e sete meses de quimioterapia, que no início do tratamento era realizada diaria- mente e, após aproximadamente dois anos, foi se espaçando cada vez mais. “Logo no primeiro mês de tratamento a médica disse que a leucemia tinha sumido, mas seria preciso dar continuidade por mais um tempo para ter uma maior segurança”, diz ela, que está curada e feliz. No ano passado, Beatriz completou cinco anos sem tratamento mas segue fazendo, pelo menos uma vez por ano, um acompanhamento no GRAACC. “Foi uma fase muito difícil, não gosto de lembrar. Minha mente criou um bloqueio e as imagens foram deletadas. São poucos os momentos que eu lembro”, conta ela. “Não tinha nenhum caso de câncer na minha família e foi um baque muito grande para meus pais, que foram fortes e sempre me apoiaram”. E o GRAACC fez, e ainda faz, parte da sua vida. “Mais do que um hospital, o GRAACC é uma 8 8 família. Os médicos te acolhem e os voluntários são muito amorosos. Me lembro que eu gostava de freqüentar a brinquedoteca e também aprendi a fazer bordado com os voluntários”. Depois do susto, Beatriz é uma menina que leva uma vida normal. Hoje cursa o primeiro ano do ensino médio e já programa começar um curso técnico de administração. Também pensa em fazer uma faculdade. “Quero algo na área de exatas”, avisa. Nas horas vagas, gosta de ler livros e de navegar na internet. E aos finais de semana, sai para andar de bicicleta com o pai. “Tive uma experiência de vida diferente. Passei por um problema, lutei e venci. E com isso aprendi a ser mais humilde, a não reclamar de qualquer imprevisto que surge. Hoje sei que consigo ser feliz com as pequenas coisas da vida”. “Sempre quis fazer algum trabalho voluntário, mas não sabia que iria me dar tão bem com as crianças”. A confissão é de Eunice Kitano, que há quase dois anos é voluntária da Brinquedoteca Terapêutica Senninha do hospital do GRAACC. Toda segunda-feira Eunice ensina, para os pequenos pacientes e seus acompanhantes, o passoa-passo do quilling, artesanato criado a partir de tiras de papel que vão formando figuras. “Minha irmã fez o curso, eu gostei, aprendi e comecei a fazer para vender. Quando me aposentei decidi ensinar como voluntária”. Eunice ensina a técnica como uma forma de distração, enquanto as crianças e adolescentes aguardam serem atendidas. “É tão gratificante, que sinto falta quando não venho. Eu aprendo muito com eles também. As mães sentam, querem conversar, desabafar. Fico muito admirada com a força que elas têm”, afirma Eunice. “E na aula de quilling elas são persistentes e ficam muito contentes quando conseguem fazer. Ficam felizes porque, naquele momento, conseguem se esquecer dos problemas”. Grande parte das pessoas que chegam para aprender a manusear os papéis ainda não conhecem a técnica. Mas ficam olhando e tentam fazer. E dá certo. Para aprender a confeccionar todos os formatos bastam cerca de três horas de aula. E qualquer pessoa consegue. “Existem crianças de cinco anos que fazem. E aí falam que é para dar para a professora. Fico muito feliz”. Eunice diz que as crianças são criativas e gostam de inventar vários modelos. Ou seja, além de distrair, é uma atividade que desenvolve a imaginação e a coordenação motora. 9 Do hobby para o comércio Foi numa destas aulas que a menina Gleicyellen Alves Vieira, 10 anos, aprendeu o quilling. “Gostei tanto que cheguei em casa, fui comprar o material e já comecei a fazer sozinha”, conta ela, que ensinou mãe, pai e irmãos a confeccionarem objetos como cartões e quadrinhos para pendurar com as tiras de papel. “Aí minha mãe teve a idéia de vender o que a gente estava fazendo e as pessoas começaram a fazer pedidos. Tem muita gente que encomenda”. Os modelos mais vendidos são os de flor e de bichinho. E o que ela mais aprecia fazer é o de peixinho. Com o dinheiro, Gleicyellen gosta de comprar doce, material para a escola e mais papel para fazer outros cartões. A mãe e os irmãos também vendem e cada um fica com o seu dinheiro. “Eu adoro fazer quilling”, diz ela. “Todo mês vou até o GRAACC e gosto de conversar com a Eunice. Ela é muito legal”. De acordo com Patrícia Pecoraro, coordenadora da Brinquedoteca Terapêutica Seninha do GRAACC, o local é o único, dentro do hospital, em que a criança pode escolher o que quer fazer. Por isso, é importante oferecer aulas e oficinas, tanto para os pacientes como para os acompanhantes. “As crianças adoram as voluntárias. Sabem que, quando vêm para cá, sempre tem alguém esperando por elas. E acabam criando um vínculo com as pessoas que dão aula”. pesquisa e ensino dia feliz Uma casa longe de casa Relações fortalecidas garantem que crianças e adolescentes dos mais variados estados não abandonem o tratamento Uma grande família. Assim é conhecida a Casa Ronald McDonald São Paulo, o local que recebe pacientes provenientes de outras cidades e estados fora de São Paulo que estão em tratamento no hospital do GRAACC. Inaugurada em abril de 2007, a Casa é gerenciada pelo GRAACC e faz parte do programa mundial Casa Ronald McDonald, coordenado no Brasil pelo Instituto Ronald McDonald. A Casa é a terceira unidade do Brasil (já existe no Rio de Janeiro e em Santo André) e a 265ª do mundo. Desde sua inauguração, mais de 160 crianças e adolescentes já passaram por lá. Atualmente, a casa conta com cerca de 25 pacientes, que recebem todo o apoio durante o tempo que durar o tratamento. Com 2.200 m2 de área construída, a Casa Ronald McDonald possui 30 suítes, sendo seis delas com quarto, cozinha e banheiro, destinadas para pacientes que passaram por transplante de medula óssea. Cada uma atende o paciente e um acompanhante. Ainda há sala de estar, refeitório, cozinha, lavanderia, brinquedoteca, horta e área para oficinas oferecidas para as mães. “O projeto da casa de apoio consiste na desospitalização das crianças. Ou seja, durante o dia elas fazem o tratamento no hospital e à tarde ou à noite, aqueles que não são de São Paulo, vêm para a casa, onde ficam morando durante o tratamento, que pode demorar até 18 meses”, conta Léa Della Casa Mingione, superintendente do voluntariado do GRAACC. Suporte e acompanhamento No local, crianças e adolescentes recebem todo o suporte de que necessitam como, por exemplo, acesso a psicólogas do GRAACC, que fazem um trabalho em grupo com os pacientes. Há também uma escola móvel, em que professores de universidades públicas de São Paulo dão aulas e oferecem um trabalho individualizado. Para que estes pacientes continuem inseridos no programa escolar de sua cidade natal, os professores entram em contato com a escola de origem de cada criança e adolescente para conhecerem a grade curricular. A cada dois ou três meses, os trabalhos dos pacientes são enviados para suas respectivas escolas, garantindo a regularidade dos estudos. 10 A Casa Ronald McDonald mantém 56 voluntários, além de três funcionários do GRAACC e outros terceirizados que são responsáveis pela cozinha, limpeza e segurança. Uma perua da instituição transporta, diariamente, os pacientes para o tratamento no hospital e o retorno para casa. Os voluntários da brinquedoteca propõem jogos e brincadeiras e uma vez por mês são organizados passeios externos como idas a teatro, cinema e parque, proporcionando aos pacientes uma vida social ativa. Neste ambiente, crianças, adolescentes e mães fazem amizades e se ajudam mutuamente. “Na casa não há enfermagem e nada lembra, nem de longe, um hospital. Queremos que todos se sintam como se estivessem na casa delas”, diz Marta Mingione, coordenadora da Casa Ronald McDonald São Paulo. “Com o término do tratamento, eles vão embora mas sempre nos mandam notícias. E, a cada retorno ao hospital, eles voltam para cá. É muito gratificante poder ajudar a melhorar o dia-a-dia e a qualidade de vida destas pessoas”. Pesquisa de ponta no GRAACC Médico do GRAACC muda procedimento para tratamento de câncer cerebral e ganha prêmio internacional Desenvolvido no GRAACC e pioneiro no mundo, um novo procedimento para tratamento de um tipo de câncer cerebral – craniofaringioma – já faz sucesso no Brasil e no exterior. Tanto é assim que a publicação do trabalho foi vencedora do prêmio da International Society for Pediatric Neurosurgery, a principal sociedade internacional de neurocirurgia, em Liverpool, na Inglaterra. O responsável pelo procedimento é o Dr. Sérgio Cavalheiro, professor titular e responsável pelo setor de neurocirurgia pediátrica da disciplina de neurocirurgia da UNIFESP e médico cirurgião do GRAACC. O novo método consiste em fazer uma cirurgia no local do tumor para a introdução de um cateter, utilizando técnicas neuroendoscópicas, consideradas menos invasivas. Por meio de uma bombinha, denominada reservatório de Ommaya, retira-se o líquido do tumor e aplica-se a droga interferon-alfa, capaz de matar algumas células e que também é utilizada no tratamento de outros tumores. A inovação do procedimento está na aplicação deste medicamento, pois na técnica utilizada anteriormente era usado um medicamento tóxico para as células do sistema nervoso central. “O tumor é benigno histologicamente, ou seja, não gera metástase (crescimento de massa tumoral de mesma origem em uma região diferente do corpo), mas sua localização e o comportamento são malignos, pois se localiza numa região do cérebro que afeta muitas estruturas. O tumor forma uma capa de células com líquido dentro e é preciso chegar nele para introduzir o medicamento”, afirma Dra. Daniela Filippini Ierardi, pósdoutoranda da disciplina de neurocirurgia da UNIFESP e do Laboratório de Genética do GRAACC. Ela, juntamente com a Dra. Silvia R.C. de Toledo, chefe do Laboratório de Genética do GRAACC, é responsável por elaborar a publicação e por realizar as análises bioquímicas que iniciaram a busca por uma 11 explicação biológica para o sucesso deste tratamento. Desde o ano 2000 o novo procedimento está sendo realizado com os pacientes da instituição. Também foi adotado em diversos países como Itália, Inglaterra, Venezuela e Canadá e, no Brasil, já é realizado em vários estados. “No trabalho publicado verificamos uma redução de 60% a 97% dos tumores tratados”, afirma Dra. Daniela. “Os resultados hoje ainda são considerados pequenos diante do que é preciso comprovar. Porém, já conseguimos constatar que realmente há uma resposta biológica do tumor ao tratamento”. Centro de referência em estudos de tratamento para o câncer, o GRAACC conta com profissionais altamente qualificados que fazem pesquisas de ponta e cujo trabalho serve de exemplo para diversos países do mundo. “Foi emocionante receber o prêmio com o prof. Sérgio Cavalheiro. É um reconhecimento maravilhoso”, conta. notinhas Festa de Natal do GRAACC Jogadores do Corinthians visitam o GRAACC Um mês repleto de festas e presentes para seus pacientes e acompanhantes. Foi assim que o GRAACC comemorou a chegada do Natal. Os eventos aconteceram na Brinquedoteca Terapêutica Senninha e contaram com o patrocínio de diversas empresas parceiras da instituição. Cada companhia organizou uma festa, levando alimentação, oferecendo um show e distribuindo presentes para as crianças. Todos adoraram a novidade e as empresas participantes tiveram a oportunidade de conhecer de perto o trabalho desenvolvido pelo GRAACC. Homenagem O GRAACC, junto com outras oito instituições de assistência à criança e ao adolescente com câncer, foi homenageado em evento que aconteceu no dia 26 de novembro, às 19 horas, no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo. A homenagem foi uma iniciativa da Universo – União Sul, Sudeste e Centro-Oeste das Instituições de Assistência à Criança e ao Adolescente com Câncer em comemoração ao Dia Nacional de Combate ao Câncer Infanto-Juvenil. A Páscoa foi celebrada no GRAACC de uma maneira muito especial. O Corinthians, em parceria com a Arcor, distribuiu 168 ovos de Páscoa aos pacientes do GRAACC. Os representantes do clube foram ninguém menos que os jogadores, aqueles que fazem as crianças sonhar. Chicão, Héverton, Bruno Octávio, Lima e Renato, além do auxiliar de preparação física Marcos Lima, participaram pessoalmente do evento. Todos, sem exceção, emocionaramse com a receptividade das crianças. “Não tenho palavras para te dizer o que significa estar aqui. Essas crianças dão uma lição de vida para nós”, disse Bruno Octávio. O GRAACC também foi um dos finalistas do Prêmio Dr. Cidadão. Promovido pela Associação Paulista de Medicina, o prêmio é um reconhecimento para o melhor projeto social desenvolvido por médicos em todo o Brasil. Doação A Tokio Marine Seguradora doou, em 2007, o seguro do hospital do GRAACC, no valor de aproximadamente R$ 12 mil. A empresa tem como política dedicar atenção e recursos para ações sociais e relacionadas ao meio ambiente. Devido à importância que o GRAACC representa no contexto sócio-econômico brasileiro, desde maio de 2002 a Tokio vem contribuindo com a instituição. Revista Sorria* Já está à venda, nas mais de 200 lojas da rede DrogaRaia de todo país, a revista Sorria. O recurso obtido com a venda da publicação, descontados os impostos, será 100% revertido para o GRAACC. O lançamento da publicação aconteceu no dia 17 de março, com a presença da apresentadora Daniella Cicarelli e show da banda Funk Como Le Gusta. A revista Sorria* é resultado de um projeto inovador, que tem como objetivo multiplicar os recursos destinados ao GRAACC. A publicação pode ser adquirida por R$ 2,50 nas lojas da Droga Raia nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. Os patrocinadores, União Química e Biolab Farmacêutica, custeiam a produção, e o valor é multiplicado nas vendas da revista. Em um ano, a Editora MOL pretende gerar mais de R$ 1 milhão para o GRAACC, que serão usados para aumentar a capacidade de atendimento gratuito a crianças e jovens pacientes de câncer. 12