Uma década combatendo e vencendo o câncer infanto

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FECHAMENTO AUTORIZADO
Pode ser aberto pela E.C.T
Informativo do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAACC) – Ano 4 – Janeiro/Fevereiro/Março – nº 14
Uma década combatendo e
vencendo o câncer infanto-juvenil
Médicos do
GRAACC ganham
prêmio internacional
após mudança de
procedimento
no tratamento de
câncer cerebral
Vem aí a 8ª Corrida e
Caminhada do GRAACC!
humanização
entre nós
agenda
voluntária da Brinquedoteca conta
sua experiência em ensinar para
crianças e acompanhantes como fazer o quilling, técnica de trabalho com
papel. Em Nosso Orgulho, a história
da menina Beatriz, que foi curada de
uma leucemia pelo GRAACC. Conheça
ainda as novidades da casa Ronald
McDonald, um novo espaço em São
Paulo que recebe pacientes de várias
cidades e estados, e fique por dentro
do mais recente procedimento para a
cura do câncer cerebral, desenvolvido
no GRAACC e que está servindo de
exemplo para diversos países.
Boa leitura!
O que vem por aí... anote!
Corrida e Caminhada
do GRAACC
Já estão
abertas as
inscrições para
a 8ª edição
da Corrida e
Caminhada do
GRAACC – Combatendo e Vencendo o Câncer Infantil, que acontecerá no dia 11 de maio, em São
Paulo. O evento tem como objetivo mobilizar e conscientizar a
sociedade sobre a importância do
diagnóstico precoce e da necessidade do tratamento adequado
para crianças e adolescentes com
câncer. A apresentadora Daniella
Cicarelli é a madrinha do evento
e as inscrições podem ser feitas
pelo site www.graacc.org.br.
Nesta iniciativa o GRAACC conta,
pelo segundo ano consecutivo, com
a parceria da Corpore - maior
clube de corredores da América
Latina. A Comexport é a patrocinadora master da 8ª Corrida e
Caminhada do GRAACC e
Elevadores Atlas Shindler e
Frigorífico Marba, co-patrocinadores.
São apoiadores do evento Central
Nacional Unimed, Construtora
Even, Natural da Terra – Hortifruti,
Pullmann – Plus Vitta e Rádio
Transamérica.
Bazar do Dia das Mães
Reserve sua agenda! O Bazar do
Dia das Mães do GRAACC acontece
nos dias 6 e 7 de maio. É uma ótima
oportunidade para encontrar diversos
produtos para presentear a mamãe.
São roupas, bolsas, artigos de lã, jóias,
sabonetes e enfeites de madeira. Há
também produtos artesanais confeccionados pelas voluntárias do GRAACC,
como panos de prato, de chão, colchas,
jogos de toalha e toalhas de mesa. O
bazar será realizado na Rua Pedro de
Toledo, 572, das 9h30 às 16h. Os produtos custam a partir de R$ 1,00. Mais
informações podem ser obtidas pelo
telefone (11) 5080-8429.
Circuito de Malhas
Acontece
entre os dias 1
e 11 de maio,
no Centro de
Exposições
Imigrantes,
em São Paulo,
a tradicional
Feira do Circuito das Malhas. Este ano,
a madrinha do evento é a atriz Elaine
Mickely. O ingresso custa R$ 4,00 e,
como em todas as edições anteriores,
parte da verba obtida com a venda dos
ingressos será doada ao GRAACC.
Para mais informações visite o site
www.feiradocircuitodasmalhas.com.br.
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estamos com o
Clínica da Dor
GRAACC
Grupo de Apoio ao Adolescente e
à Criança com Câncer
Rua Botucatu, 743 – Vila Clementino
São Paulo – SP – CEP 04023-062
Tel.: (11) 5908- 9100 Fax: (11) 5908- 9110
No GRAACC, a dor é acompanhada constantemente
para garantir a qualidade de vida dos pequenos pacientes
Site: www.graacc.org.br
e-mail: [email protected]
Presidente:
Sérgio Antônio Garcia Amoroso
Vice-presidente:
Fernando de Castro Marques
Diretores: Sérgio Antônio Garcia Amoroso,
Fernando de Castro Marques
Paulo Anthero Soares Barbosa
Maria Helena Farinha Veríssimo
Conselheiros: Sérgio Antônio Garcia Amoroso
(presidente), João Inácio Puga (vice),
André Guper, Celso do Carmo Jatene,
Julio Bierrenbach, Jacinto Guidolin, Ronaldo
Ribas Marques
Conselheiros Fiscais: Carlos Eduardo
Pecoraro, Gilberto Antônio Giuzio,
Gilberto Cipullo
Superintendente Geral: Antonio Sérgio Petrilli
Superintendente do Voluntariado: Lea Della
Casa Mingione
Diretora Clínica: Dra. Nasjla Saba da Silva
Diagramação: pris_hlodan mídia impressa
Jornalista responsável: Amanda Kartanas
Torres (Mtb 27.851)
Formada por um grupo multidisciplinar, composto de enfermeiras, fisioterapeutas, voluntários, médicos
oncologistas e assistentes sociais,
a Clínica da Dor tem um papel fundamental no GRAACC e no tratamento das crianças e adolescentes:
o departamento é o responsável
pelo acompanhamento da evolução
da dor durante o tratamento.
Este jornal é uma publicação trimestral do
GRAACC, realizado com o apoio e doação
das seguintes empresas e profissionais
voluntários:
Impressão:
Papel:
Escala
A primeira edição do Estou com o
GRAACC de 2008 chega com muitas
notícias boas e informações interessantes. E o ano já começa com festa
no GRAACC: o Instituto de Oncologia
Pediátrica (IOP), hospital da instituição, comemora 10 anos de muito
trabalho, diversas realizações e um
grande sucesso. Na matéria especial
desta edição, você poderá conhecer
um pouco mais sobre a história do
hospital e as metas para o futuro.
A Clínica da Dor também abre suas
portas para mostrar o que há por
trás da equipe de profissionais que
lá trabalha. Em Gente do Bem, uma
Desde o momento em que o
paciente chega
ao hospital do
GRAACC, a
equipe faz, constantemente, uma
avaliação da
dor de cada um.
“Verificamos o
tipo, a intensidade e o que
causa a dor
e, com base
nestes dados, o paciente é medicado”, explica Dra. Eliana Caran,
médica oncologista e responsável
pela clínica. O paciente é atendido
pelos diversos profissionais, cada
um verificando e analisando um
aspecto. Semanalmente, há uma
reunião para discussão e avaliação
dos casos. Ou seja, todos trabalham conjuntamente. Para a equipe
da enfermagem a dor é um sinal
A dor é mensurada por meio de uma escala, que
difere de acordo com a idade do paciente. Os
pais ou quem cuida de crianças lactentes (menores de 3 anos), são os responsáveis por caracterizar e localizar a dor. Para os mais velhos, há
um diagrama do corpo, com o desenho de um
boneco, em que as crianças apontam em que
local do corpo do boneco ele sente dor. Há até
bonecos amputados, possibilitando que crianças e adolescentes apontem a dor fantasma.
Os pacientes que estão na pré-escola utilizam
a Mônica e o Cebolinha, da Turma da Mônica,
para mensurar a dor. Nas ilustrações dos personagens, há uma escala, que vai desde um rosto
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vital e é avaliada rotineiramente,
assim como qualquer exame. Os
médicos explicam como tomar os
medicamentos. Já os fisioterapeutas ajudam na movimentação do
membro atingido pelo tumor e, em
caso de necessidade de amputação, preparam o corpo para um
maior controle da dor e realizam
estímulos elétricos no coto, também
visando melhorar a situação. Os
psicólogos, além de avaliarem a dor
que não responde aos medicamentos, também são os responsáveis
por falar com as crianças e adolescentes sobre a dor fantasma, ou
seja, aquela no membro amputado
que, de acordo com a Dra. Eliana,
acontece com 50% dos pacientes
que passam por isso. “Quem tem
dor no tumor, tem maior chance
de ter a dor fantasma em caso de
amputação. Por isso, psicóloga e
fisioterapeuta trabalham juntas para
tentar minimizar este problema”.
sorrindo, sem dor, até um com lágrimas. Crianças em idade escolar e adolescentes recebem
uma escala numérica. Desta forma, cada paciente recebe uma folha com uma escala diária, em
que pode fazer as anotações de onde se localiza
sua dor. E é com base neste documento que os
médicos avaliam a dor de cada paciente. “Este
método nos ajuda a passar a medicação adequada para cada pessoa e avaliar a efetividade
dos medicamentos, possibilitando um bom controle da dor. Sem ela, o paciente pode voltar às
suas atividades normais, como dormir, comer e
conviver com a família e, claro, sua qualidade de
vida estará assegurada”, comenta a Dra Eliana.
capa
GRAACC em festa:
seu hospital comemora 10 anos
Neste ano o hospital do GRAACC
está fazendo aniversário. São
10 anos de trabalho e muito a
comemorar. Ao longo deste
período, mais de quatro mil
pacientes já passaram pelo Instituto
de Oncologia Pediátrica (IOP),
o hospital da instituição.
Contando com profissionais
altamente qualificados e pesquisa
de ponta, o hospital é referência
para diversos outros estabelecimentos de saúde do Brasil e do mundo
no tratamento de crianças e
adolescentes com câncer.
Parcerias de sucesso
Grande parte do sucesso do
hospital deve-se à aliança entre
universidade pública, as instituições
privadas e a comunidade que, juntas, lutam contra o câncer pediátrico no país, sem deixar de lado a
qualidade de vida dos pacientes. À
universidade, cabe o investimento
em pesquisas de novas técnicas
e melhores tratamentos; já o setor
privado é responsável pela gestão
eficiente, com foco no resultado e
em aplicar corretamente os recursos e, por fim, o voluntariado,
representado pela comunidade,
tem como missão cuidar da humanização do atendimento. “No tripé
empresa/universidade/comunidade,
todos saem ganhando. O empresário tem o reconhecimento de sua
responsabilidade social; o volunta-
riado consegue ser o porta-voz dos
direitos e desejos da sociedade e a
universidade pública, por meio da
escola de medicina, busca a cura
do câncer com a manutenção da
qualidade de vida dos pacientes”,
afirma Dr. Sérgio Petrilli, superintendente geral do GRAACC, que
participou da formação da instituição. “Depois de dez anos estamos
amadurecendo as idéias de tudo
o que aconteceu. Nosso interesse
é num processo ganha-ganha, em
que todos ganham com a parceria”.
Segundo ele, as alianças foram
começando pouco a pouco, com
empresas como Mc Donald’s, Grupo
Orsa, Grupo Castro Marques,
Instituto Ayrton Senna e dezenas
de outras, que tornaram o modelo uma referência nacional neste
sentido. “A comunidade passou a
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acreditar na imagem do GRAACC
e a instituição saiu fortalecida”.
“Nosso sistema de parcerias é
um modelo inovador e desafiador
que está mostrando, por meio
do sucesso do GRAACC, que o
caminho está correto e deve ser
aprofundado. Também acho que
podemos pensar em uma ampla
aplicação desse modelo de gestão
em outros setores da sociedade.
Em minha opinião, o modelo do
hospital é o responsável pelo
sucesso. Ou seja, é um hospital
quase universitário, quase público
com 95% de atendimentos pelo
SUS e com uma gestão privada.
Estrategicamente é o grande
destaque desta equação”, afirma
Sérgio Antônio Garcia Amoroso,
presidente do Grupo Orsa e diretor presidente do GRAACC
Futuro
Ao longo dos anos, o hospital foi se
especializando em tratamentos complexos como transplante de medula e
cirurgias de tumor ósseo, cerebral e
nos olhos, serviços dificilmente encontrados em outros estabelecimentos de
saúde no Brasil. Por isso, o hospital do
GRAACC recebe pacientes do país inteiro, resultando numa taxa elevada de
ocupação. A solução já está a caminho:
a ampliação do hospital, que está prevista para acontecer em quatro anos. O
objetivo é aumentar o número de leitos,
além das áreas de ensino, pesquisa e
atendimento ambulatorial. “O hospital
é referência nacional e deve atender a
todos. A ampliação virá para recebermos mais pacientes e buscarmos, cada
vez mais, a cura do câncer”, diz Sérgio
Petrilli. “E logo mais teremos ensino a
distância, com conferência e transmissão de imagens para todo País”.
Para o presidente do GRAACC, as
metas para o futuro são: tornar o tornar
o hospital referência em tecnologia de
resultados na cura do câncer, transformando-o em mediador do conhecimento para todo o Brasil. “O GRAACC não
é um negócio na sociedade e sim uma
solução para a mesma, pois alia modelo de gestão na saúde, com uma dose
elevadíssima de humanidade”, finaliza
Sergio Amoroso.
Em 1993, o
GRAACC
inaugura a
Casa de Apoio
para pacientes
de outros
estados
A demolição
da ‘casinha’
deu lugar ao
hospital de
11 andares
do GRAACC
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A opinião de quem
ajudou a fazer a história
do GRAACC
“A parceria é fundamental para se manter
uma ONG como o GRAACC, sem isso seria
impossível atingir e manter o serviço que
temos hoje”, afirma Fernando de Castro
Marques, vice-presidente da instituição.
“Sinto-me muito feliz por podermos oferecer
um serviço de primeiro mundo às crianças de
baixa renda deste país”.
Léa Della Casa Mingione, uma das fundadoras do GRAACC e superintendente geral
do voluntariado, também sente orgulho desta
década de hospital. “Desenvolvemos um
trabalho de credibilidade e transparência. As
pessoas que estão lá dentro vestem a camisa.
E, realmente, o povo brasileiro é muito bom.
É impressionante como as pessoas querem
ajudar. Eu tinha certeza que o projeto iria para
frente. A gente sempre acreditou na força e
tinha boa vontade para trabalhar. Fico muito
feliz de ver como tudo aconteceu e como o
GRAACC está hoje”.
“Se eu soubesse o que estava fazendo naquela época, com certeza correria de medo.
Nesses 10 anos de hospital do GRAACC houve um crescimento muito grande. A instituição
é reconhecida nacional e internacionalmente
como um modelo de gestão que dá certo. E,
por fazer parte desta história, me sinto muito
orgulhoso.”, diz Jacinto Guidolin, um dos
fundadores e conselheiro do GRAACC.
“O tripé empresa/universidade/comunidade é
uma fórmula de sucesso por envolver recursos
e conhecimentos empresariais junto ao mundo
da pesquisa, formação e desenvolvimento
universitário com a vontade da comunidade
em ajudar uns ao outros. Esta combinação
favorece a transparência do uso dos recursos
arrecadados e dá credibilidade à instituição, levando ao seu crescimento e reconhecimento.
Apesar de estar na diretoria há pouco tempo,
considero o balanço muito positivo, uma vez
que os atendimentos vêm crescendo muito
durante estes últimos anos, permitindo que
mais e mais pacientes sejam acompanhados
adequada e dignamente”
Maria Helena Farinha Veríssimo, diretora
do GRAACC
Em 1991, quando o GRAAC começou suas atividades, a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca)
era o aparecimento de 11 mil novos casos de câncer
por ano no país, em crianças e adultos. Para o sucesso
do tratamento e, conseqüentemente, da cura, estas
pessoas precisariam de um diagnóstico preciso e o início imediato das medicações adequadas. E, foi também
graças ao trabalho desenvolvido pelo GRAACC, com
suas pesquisas científicas de ponta que possibilitou o
aumento do índice de cura da doença. Com um tratamento eficaz, o hospital do GRAACC aumentou consideravelmente as chances de crianças e adolescentes
se livrarem do câncer, sempre preocupando-se em
manter a qualidade de vida. Após 10 anos de existência, o hospital do GRAACC conta com 11 andares, uma
equipe de profissionais altamente qualificados e equipamentos de última geração, possibilitando reais chances
de vida aos seus pacientes e sendo um exemplo a ser
seguido, dentro e fora do país.
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nosso orgulho
gente do bem
Dedicação extrema
Uma doação que faz bem para alma e para o coração
Uma lição de vida
Beatriz é uma, das muitas crianças e adolescentes,
que são curadas pelo GRAACC
Com apenas 15 anos, Beatriz
Souza Cavalheiro traz consigo
uma lição de vida. Aos 7, teve uma
experiência marcante quando,
numa viagem com a família para
a praia no final do ano, começou
a ter uma dor na mão. Foi ao
médico, tomou remédio e a mão
melhorou. Depois de um tempo,
a dor passou para o cotovelo e o
calcanhar. E ninguém descobria
o que estava acontecendo. Até
que um médico percebeu que sua
resistência estava baixa e indicou
um exame de sangue. O resultado veio pelo mielograma, exame
que analisa a medula óssea e que
detectou a leucemia.
Com o diagnóstico, a menina
foi encaminhada ao GRAACC,
onde já foi internada e começou o
tratamento assim que chegou. Ao
todo foram 2 anos e sete meses
de quimioterapia, que no início do
tratamento era realizada diaria-
mente e, após aproximadamente
dois anos, foi se espaçando cada
vez mais. “Logo no primeiro mês
de tratamento a médica disse que
a leucemia tinha sumido, mas seria
preciso dar continuidade por mais
um tempo para ter uma maior segurança”, diz ela, que está curada e feliz. No ano passado, Beatriz completou cinco anos sem tratamento mas
segue fazendo, pelo menos uma
vez por ano, um acompanhamento
no GRAACC.
“Foi uma fase muito difícil, não
gosto de lembrar. Minha mente
criou um bloqueio e as imagens
foram deletadas. São poucos os
momentos que eu lembro”, conta
ela. “Não tinha nenhum caso de
câncer na minha família e foi um
baque muito grande para meus
pais, que foram fortes e sempre me
apoiaram”. E o GRAACC fez, e ainda faz, parte da sua vida. “Mais do
que um hospital, o GRAACC é uma
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família. Os médicos te acolhem e
os voluntários são muito amorosos. Me lembro que eu gostava
de freqüentar a brinquedoteca e
também aprendi a fazer bordado
com os voluntários”.
Depois do susto, Beatriz é
uma menina que leva uma vida
normal. Hoje cursa o primeiro ano
do ensino médio e já programa
começar um curso técnico de
administração. Também pensa em
fazer uma faculdade. “Quero algo
na área de exatas”, avisa. Nas
horas vagas, gosta de ler livros
e de navegar na internet. E aos
finais de semana, sai para andar
de bicicleta com o pai. “Tive uma
experiência de vida diferente. Passei por um problema, lutei e venci.
E com isso aprendi a ser mais humilde, a não reclamar de qualquer
imprevisto que surge. Hoje sei que
consigo ser feliz com as pequenas
coisas da vida”.
“Sempre quis
fazer algum trabalho voluntário,
mas não sabia
que iria me dar
tão bem com
as crianças”.
A confissão
é de Eunice
Kitano, que há
quase dois anos é
voluntária da Brinquedoteca Terapêutica
Senninha do hospital do
GRAACC. Toda segunda-feira Eunice ensina, para os
pequenos pacientes e seus acompanhantes, o passoa-passo do quilling, artesanato criado a partir de tiras
de papel que vão formando figuras. “Minha irmã fez
o curso, eu gostei, aprendi e comecei a fazer para
vender. Quando me aposentei decidi ensinar como
voluntária”.
Eunice ensina a técnica como uma forma de
distração, enquanto as crianças e adolescentes
aguardam serem atendidas. “É tão gratificante, que
sinto falta quando não venho. Eu aprendo muito com
eles também. As mães sentam, querem conversar,
desabafar. Fico muito admirada com a força que elas
têm”, afirma Eunice. “E na aula de quilling elas são
persistentes e ficam muito contentes quando conseguem fazer. Ficam felizes porque, naquele momento,
conseguem se esquecer dos problemas”.
Grande parte das pessoas que chegam para
aprender a manusear os papéis ainda não conhecem
a técnica. Mas ficam olhando e tentam fazer. E dá
certo. Para aprender a confeccionar todos os formatos bastam cerca de três horas de aula. E qualquer
pessoa consegue. “Existem crianças de cinco anos
que fazem. E aí falam que é para dar para a professora. Fico muito feliz”. Eunice diz que as crianças são
criativas e gostam de inventar vários modelos. Ou
seja, além de distrair, é uma atividade que desenvolve
a imaginação e a coordenação motora.
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Do hobby
para o comércio
Foi numa destas aulas que a menina
Gleicyellen Alves Vieira, 10 anos, aprendeu o quilling. “Gostei tanto que cheguei
em casa, fui comprar o material e já comecei a fazer sozinha”, conta ela, que ensinou mãe, pai e irmãos a confeccionarem
objetos como cartões e quadrinhos para
pendurar com as tiras de papel. “Aí minha
mãe teve a idéia de vender o que a gente
estava fazendo e as pessoas começaram
a fazer pedidos. Tem muita gente que encomenda”. Os modelos mais vendidos são
os de flor e de bichinho. E o que ela mais
aprecia fazer é o de peixinho. Com o dinheiro, Gleicyellen gosta de comprar doce,
material para a escola e mais papel para
fazer outros cartões. A mãe e os irmãos
também vendem e cada um fica com o seu
dinheiro. “Eu adoro fazer quilling”, diz ela.
“Todo mês vou até o GRAACC e gosto de
conversar com a Eunice. Ela é muito legal”.
De acordo com Patrícia Pecoraro,
coordenadora da Brinquedoteca Terapêutica Seninha do GRAACC, o local é o
único, dentro do hospital, em que a criança
pode escolher o que quer fazer. Por isso,
é importante oferecer aulas e oficinas,
tanto para os pacientes como para os
acompanhantes. “As crianças adoram as
voluntárias. Sabem que, quando vêm para
cá, sempre tem alguém esperando por
elas. E acabam criando um vínculo com as
pessoas que dão aula”.
pesquisa e ensino
dia feliz
Uma casa longe de casa
Relações fortalecidas garantem que crianças e adolescentes dos
mais variados estados não abandonem o tratamento
Uma grande família. Assim é
conhecida a Casa Ronald McDonald
São Paulo, o local que recebe pacientes provenientes de outras cidades e
estados fora de São Paulo que estão
em tratamento no hospital do GRAACC. Inaugurada em abril de 2007, a
Casa é gerenciada pelo GRAACC e
faz parte do programa mundial Casa
Ronald McDonald, coordenado no
Brasil pelo Instituto Ronald McDonald. A Casa é a terceira unidade do
Brasil (já existe no Rio de Janeiro e
em Santo André) e a 265ª do mundo.
Desde sua inauguração, mais de 160
crianças e adolescentes já passaram
por lá. Atualmente, a casa conta com
cerca de 25 pacientes, que recebem
todo o apoio durante o tempo que
durar o tratamento.
Com 2.200 m2 de área construída, a Casa Ronald McDonald possui
30 suítes, sendo seis delas com
quarto, cozinha e banheiro, destinadas para pacientes que passaram
por transplante de medula óssea.
Cada uma atende o paciente e um
acompanhante. Ainda há sala de
estar, refeitório, cozinha, lavanderia,
brinquedoteca, horta e área para
oficinas oferecidas para as mães. “O
projeto da casa de apoio consiste
na desospitalização das crianças.
Ou seja, durante o dia elas fazem o
tratamento no hospital e à tarde ou
à noite, aqueles que não são de São
Paulo, vêm para a casa, onde ficam
morando durante o tratamento,
que pode demorar até 18 meses”,
conta Léa Della Casa Mingione,
superintendente do voluntariado
do GRAACC.
Suporte e acompanhamento
No local, crianças e adolescentes recebem todo o suporte de
que necessitam como, por exemplo,
acesso a psicólogas do GRAACC,
que fazem um trabalho em grupo
com os pacientes. Há também uma
escola móvel, em que professores de
universidades públicas de São Paulo
dão aulas e oferecem um trabalho individualizado. Para que estes pacientes continuem inseridos no programa
escolar de sua cidade natal, os
professores entram em contato com
a escola de origem de cada criança
e adolescente para conhecerem a
grade curricular. A cada dois ou três
meses, os trabalhos dos pacientes
são enviados para suas respectivas
escolas, garantindo a regularidade
dos estudos.
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A Casa Ronald McDonald
mantém 56 voluntários, além de
três funcionários do GRAACC
e outros terceirizados que são
responsáveis pela cozinha, limpeza e segurança. Uma perua da
instituição transporta, diariamente,
os pacientes para o tratamento
no hospital e o retorno para casa.
Os voluntários da brinquedoteca
propõem jogos e brincadeiras e
uma vez por mês são organizados
passeios externos como idas a
teatro, cinema e parque, proporcionando aos pacientes uma vida
social ativa. Neste ambiente, crianças, adolescentes e mães fazem
amizades e se ajudam mutuamente. “Na casa não há enfermagem
e nada lembra, nem de longe, um
hospital. Queremos que todos se
sintam como se estivessem na
casa delas”, diz Marta Mingione,
coordenadora da Casa Ronald
McDonald São Paulo. “Com o
término do tratamento, eles vão
embora mas sempre nos mandam notícias. E, a cada retorno
ao hospital, eles voltam para cá. É
muito gratificante poder ajudar a
melhorar o dia-a-dia e a qualidade
de vida destas pessoas”.
Pesquisa de ponta no GRAACC
Médico do GRAACC muda procedimento para tratamento
de câncer cerebral e ganha prêmio internacional
Desenvolvido no GRAACC e
pioneiro no mundo, um novo procedimento para tratamento de um tipo
de câncer cerebral – craniofaringioma – já faz sucesso no Brasil e no
exterior. Tanto é assim que a publicação do trabalho foi vencedora do
prêmio da International Society for
Pediatric Neurosurgery, a principal
sociedade internacional de neurocirurgia, em Liverpool, na Inglaterra.
O responsável pelo procedimento
é o Dr. Sérgio Cavalheiro, professor
titular e responsável pelo setor de
neurocirurgia pediátrica da disciplina de neurocirurgia da UNIFESP e
médico cirurgião do GRAACC.
O novo método consiste em fazer
uma cirurgia no local do tumor
para a introdução de um cateter,
utilizando técnicas neuroendoscópicas, consideradas menos
invasivas. Por meio de uma bombinha, denominada reservatório
de Ommaya, retira-se o líquido do
tumor e aplica-se a droga interferon-alfa, capaz de matar algumas
células e que também é utilizada
no tratamento de outros tumores.
A inovação do procedimento está
na aplicação deste medicamento,
pois na técnica utilizada anteriormente era usado um medicamento
tóxico para as células do sistema
nervoso central. “O tumor é benigno
histologicamente, ou seja, não gera
metástase (crescimento de massa
tumoral de mesma origem em uma
região diferente do corpo), mas
sua localização e o comportamento são malignos, pois se localiza
numa região do cérebro que afeta
muitas estruturas. O tumor forma
uma capa de células com líquido
dentro e é preciso chegar nele para
introduzir o medicamento”, afirma
Dra. Daniela Filippini Ierardi, pósdoutoranda da disciplina de neurocirurgia da UNIFESP e do Laboratório de Genética do GRAACC. Ela,
juntamente com a Dra. Silvia R.C.
de Toledo, chefe do Laboratório de
Genética do GRAACC, é responsável por elaborar a publicação e
por realizar as análises bioquímicas
que iniciaram a busca por uma
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explicação biológica para o sucesso
deste tratamento.
Desde o ano 2000 o novo procedimento está sendo realizado com
os pacientes da instituição. Também
foi adotado em diversos países
como Itália, Inglaterra, Venezuela e
Canadá e, no Brasil, já é realizado
em vários estados. “No trabalho publicado verificamos uma redução de
60% a 97% dos tumores tratados”,
afirma Dra. Daniela. “Os resultados hoje ainda são considerados
pequenos diante do que é preciso
comprovar. Porém, já conseguimos
constatar que realmente há uma
resposta biológica do tumor ao
tratamento”.
Centro de referência em estudos
de tratamento para o câncer, o
GRAACC conta com profissionais
altamente qualificados que fazem
pesquisas de ponta e cujo trabalho
serve de exemplo para diversos
países do mundo. “Foi emocionante
receber o prêmio com o prof. Sérgio
Cavalheiro. É um reconhecimento
maravilhoso”, conta.
notinhas
Festa de Natal do GRAACC
Jogadores do Corinthians
visitam o GRAACC
Um mês repleto de festas e presentes
para seus pacientes e acompanhantes.
Foi assim que o GRAACC comemorou a
chegada do Natal. Os eventos aconteceram
na Brinquedoteca Terapêutica Senninha
e contaram com o patrocínio de diversas
empresas parceiras da instituição. Cada
companhia organizou uma festa, levando alimentação, oferecendo um show e
distribuindo presentes para as crianças.
Todos adoraram a novidade e as empresas
participantes tiveram a oportunidade de
conhecer de perto o trabalho desenvolvido
pelo GRAACC.
Homenagem
O GRAACC, junto com outras oito instituições
de assistência à criança e ao adolescente com
câncer, foi homenageado em evento que aconteceu no dia 26 de novembro, às 19 horas, no
Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo.
A homenagem foi uma iniciativa da Universo
– União Sul, Sudeste e Centro-Oeste das Instituições de Assistência à Criança e ao Adolescente
com Câncer em comemoração ao Dia Nacional
de Combate ao Câncer Infanto-Juvenil.
A Páscoa foi celebrada no GRAACC
de uma maneira muito especial. O
Corinthians, em parceria com a Arcor,
distribuiu 168 ovos de Páscoa aos
pacientes do GRAACC. Os representantes do clube foram ninguém
menos que os jogadores, aqueles
que fazem as crianças sonhar. Chicão, Héverton, Bruno Octávio, Lima e
Renato, além do auxiliar de preparação física Marcos Lima, participaram
pessoalmente do evento.
Todos, sem exceção, emocionaramse com a receptividade das crianças.
“Não tenho palavras para te dizer o
que significa estar aqui. Essas crianças dão uma lição de vida para nós”,
disse Bruno Octávio.
O GRAACC também foi um dos finalistas do
Prêmio Dr. Cidadão. Promovido pela Associação
Paulista de Medicina, o prêmio é um reconhecimento para o melhor projeto social desenvolvido
por médicos em todo o Brasil.
Doação
A Tokio Marine Seguradora
doou, em 2007, o seguro
do hospital do GRAACC,
no valor de aproximadamente R$ 12 mil. A empresa tem como política
dedicar atenção e recursos
para ações sociais e relacionadas ao meio ambiente. Devido à importância
que o GRAACC representa
no contexto sócio-econômico brasileiro, desde maio
de 2002 a Tokio vem contribuindo com a instituição.
Revista Sorria*
Já está à venda, nas mais de 200 lojas da rede
DrogaRaia de todo país, a revista Sorria. O recurso
obtido com a venda da publicação, descontados os
impostos, será 100% revertido para o GRAACC. O
lançamento da publicação aconteceu no dia 17 de
março, com a presença da apresentadora Daniella
Cicarelli e show da banda Funk Como Le Gusta.
A revista Sorria* é resultado de um projeto inovador,
que tem como objetivo multiplicar os recursos destinados ao GRAACC. A publicação pode ser adquirida por R$ 2,50 nas lojas da Droga
Raia nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande
do Sul. Os patrocinadores, União Química e Biolab Farmacêutica, custeiam a produção, e o valor é multiplicado nas vendas da revista. Em um ano, a Editora MOL pretende gerar mais de R$ 1 milhão para o GRAACC, que serão usados para aumentar
a capacidade de atendimento gratuito a crianças e jovens pacientes de câncer.
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