Se não víssemos a Deus de alguma maneira, não veríamos

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Se não víssemos a Deus de alguma maneira, não veríamos nenhuma coisa
Malebranche e o Ocasionalismo
ARANGUIZ, Marcos Silveira.
[email protected] – Acadêmico do Curso de Filosofia da UERR;
RESUMO: Após os preparativos filosóficos e científicos daqueles que podemos
denominar “os arautos da modernidade”, entre eles, Bacon e Galileu, vemos surgir o
notável sucesso do cartesianismo, sobretudo na Holanda e na França, cravando em
solo extremamente fértil, a bandeira do Racionalismo Moderno. Neste contexto,
existiu um grupo de pensadores que aprofundou a filosofia cartesiana em seus
aspectos metafísicos e gnosiológicos, explicitando de maneira radical o dualismo
existente entre res cogitans e res extensa. Sobre os esforços deste grupo e
sobretudo o pensamento de Nicolas Malebranche, que culminaram na teoria do
Ocasionalismo, este trabalho busca pensar um problema cartesiano mal resolvido.
PALAVRAS-CHAVE:, Malebranche, Cartesianismo, Ocasionalismo,
INTRODUÇÃO: Neste artigo, buscamos partir de um dos problemas deixados sem
solução no cartesianismo, ou pelo menos com uma “pseudo-solução”: como
podemos explicar a ação recíproca entre res cogitans e res extensa? Em outras
palavras, como se dá a relação entre alma e corpo, se ambas são substâncias
distintas? Para este problema, Descartes apontou a “glândula Pineal” como a parte
do homem responsável por ligar as duas substâncias, o que para Reale e Antiseri,
nada mais é, do que uma retirada para um cômodo Asylum ignorantiae1. O
grupo,
anteriormente citado, levou algumas premissas cartesianas ao seu extremo,
radicalizando o dualismo e negando a possibilidade de ação do pensamento sobre a
extensão e vice-versa. A nova abordagem define que se não há como haver esta
interação entre estas duas substâncias, devemos recorrer a Deus (res divina) como
a única solução para o problema cartesiano da relação recíproca. Esta teoria foi
denominada “Ocasionalismo”, e foi preparada por L de La Forge, G. De Cordemoy,
posteriormente foi formulada por Gaulincx e elaborada em maior grau por N. De
Malebranche, que foi o pensador que possibilitou sua maior abrangência.
1
Recurso lógico conhecido como Refúgio da ignorância).
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MATERIAL E MÉTODOS: Os materiais utilizados foram as próprias obras de
Malebranche, assim como os textos e artigos de comentadores, onde os conceitos e
seus contextos foram abstraídos, portanto, puramente bibliográficos. Em relação aos
métodos, optei por uma análise descritiva-explicativa dos conceitos.
RESULTADOS
E
DISCUSSÃO:
Obtivemos
como
resultado,
a
teoria
do
ocasionalismo em sua forma desenvolvida por Malebranche, como a “Doutrina de
que Deus é o único agente causal, e que as criaturas meramente proporcionam a
'ocasião' para a ação divina”. O problema do dualismo é o que dá a ocasião para
Deus correlacionar as nossas sensações e volições, assim como os movimentos do
nosso corpo. Portanto, para Malebranche, é Deus que imprime em nossa alma as
sensações que atingem nosso corpo, ele revela em nós, o que acontece fora, e isto
se dá necessariamente por não haver relação entre corpo e pensamento.
CONCLUSÕES: O Ocasionalismo, da forma como foi introduzida especificamente
por Malebranche, diverge da escolástica e dos outros cartesianos citados. Em
relação ao primeiro (Tomás de Aquino sobretudo) respondendo à crítica de que o
Ocasionalismo torna a explicação científica impossível, afirmando que Deus jamais é
um agente arbitrário, sua sabedoria atua na maioria dos casos de acordo com uma
“vontade geral” e “eficaz”, sendo que tal vontade seria de resultado idêntico a Leis.
Por outro lado, Deus pode também produzir milagres por “volições Particulares”, que
estão além das leis do nosso mundo. Deus mantém se sempre em contínua criação,
participando sempre, mas de forma diversa ao panteísmo proposto por Spinoza. Em
relação aos Cartesianos, Malebranche pensa sem passividade diante do
cartesianismo, para ele, Deus necessariamente produz todas as mudanças reais na
natureza, imprimindo em nossa alma o resultado do movimento, explicando a ação
de Deus por meio de sua vontade Geral e de suas volições particulares.
REFERÊNCIAS:
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia: filosofia pagã antiga. v. 4. Trad.
Ivo Storniolo. São Paulo: Paulus, 2003.
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NICOLA, Ubaldo. Antologia ilustrada de Filosofia: das origens à idade moderna. São Paulo:
Globo, 2005.
MALEBRANCHE, Nicolas. A busca da verdade. Tradução de Plínio J. Smith. São Paulo:
Discurso Editorial; Paulus, 2004.
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