58 X CURSO DE INVERNO DE GENÉTICA – FCAV/UNESP ADAPTABILIDADE DE MUDAS DE GABIROBA EM VASOS ADAPTATION OF GABIROBA PLANTS IN POTS Michelle Nunes Barcelos(1) Wilson Itamar Maruyama(2) Abstract This study aimed to analyze the performance of gabiroba plants production coming from the field to be grown in pots. Sampling was conducted in two periods in a country estate Cassilândia, and subsequently transplanted into 5 liters pots at the Cassilândia’s University. The plants remained in acclimation for three months in a greenhouse with subsequent exposure to direct sun. However, plants may be sensitive to high or low temperatures and drought, causing stress on the seedlings with effects in the formation of buds, flowering and rooting due to the period of adaptation to the new environment. Keywords: Campesina ssp., Fruitful-Cerrado, native plants. 1 Introdução A gabiroba pertence à família Myrtaceae e ao gênero Campomanesia, e possui característica arbustiva, desenvolvendo moitas, com sementes recalcitrantes, floração entre setembro a novembro com flores pequenas, brancas e hermafroditas, frutificação entre novembro a dezembro, gerando frutos pequenos com 2 a 3 sementes (ASSIS, 2011). No entanto, várias pessoas não conhecem ou nunca consumiram os frutos de gabiroba, mesmo sendo um fruto presente na cadeia alimentar de diversas comunidades sendo necessária a conscientização ambiental para manutenção da diversidade genética da espécie. A região de Cassilândia-MS apresenta diferentes espécies de gabiroba, encontradas em áreas de Preservação Permanente, Reserva Legal e em consorciação natural com pastagens nas propriedades rurais, por serem nativas do bioma Cerrado brasileiro. ___________________________________________________________________________ 1 Acadêmica do Curso de agronomia da UEMS, Unidade Universitária de Cassilândia; E-mail: [email protected]; PIBEX – PROEC/UEMS. 2Doutor do Curso de Agronomia da UEMS, Unidade Universitária de Cassilândia; E-mail: [email protected]. Ciência & Tecnologia: Fatec-JB, Jaboticabal, v. 6, 2014. Número especial. 59 X CURSO DE INVERNO DE GENÉTICA – FCAV/UNESP Porém, parte da população dessas plantas pode ser extintas pelo crescente uso das terras na agricultura, pecuária e silvicultura, devido à expansão de outras atividades agrícolas tais como plantios de eucalipto e seringueira. A obtenção de matrizes de Campomanesia pode viabilizar o estudo de melhoramento e conservação da espécie frutífera, visto o desmatamento do Cerrado coma as perdas de sua biodiversidade, tornando-se possível o seu conhecimento pelas novas gerações, além de favorecer o seu uso pelas indústrias alimentícias, de cosméticos e medicinais, bem como para domesticação da espécie para uso ornamental (LIMA, 2013). O objetivo do trabalho foi coletar plantas de gabiroba da região de Cassilândia (MS) e verificar sua adaptação em vasos. 2 Material e Métodos As plantas de gabiroba utilizadas no experimento, foram coletadas em julho de 2013 o total de 136 plantas no município de Cassilândia- MS. As mudas foram identificadas com etiquetas plásticas. As mudas de gabiroba não receberam tratamento de fungicida nas raízes nem na parte aérea onde foi feito desbaste de alguns ramos. As plantas não receberam nenhum tipo de adubação e tratamento para controle de pragas e doenças. No início das chuvas em outubro, os vasos foram colocados no chão fora da casa de vegetação para desenvolvimento nas condições ambientes, expostas à radiação solar e chuvas. As avaliações foram realizadas semanalmente, avaliando-se os parâmetros: número de brotações novas, início do florescimento, plantas sobreviventes, brotações no caule, brotações na raiz, enraizamento e o número total de plantas em cada data. 3 Resultados e Discussão As plantas coletadas apresentavam altura entre 0,8 a 0,9 m, com folhas amarronzadas com muitas plantas filhas originadas da raiz da planta mãe. Ao serem retiradas do solo apresentavam órgão de reserva de forma tortuosa variando entre 0,3 a 0,5 m de comprimento, com profundidade de aproximadamente de 0,3 a 0,4 m. Ciência & Tecnologia: Fatec-JB, Jaboticabal, v. 6, 2014. Número especial. 60 X CURSO DE INVERNO DE GENÉTICA – FCAV/UNESP O sistema radicular foi dividido em partes menores, mais precisamente nas plantas filhas, para extração das mudas, pois em cada moita havia várias plantas novas numa mesma raiz. A estrutura aérea de algumas plantas que obtiveram brotações novas e floração, ocorreu ao longo do caule que foi feita a poda e desfolha na altura de aproximadamente de 25 cm a 70 cm, onde as plantas-mãe apresentavam altura maior que as plantas-filhas. Observou-se que em algumas plantas surgiram brotos (Figura 1) nas gemas laterais e em outras no ápice. Também, algumas folhas são diferentes devido à variação de espécie, pois umas com características de folhas do tipo oposta cruzada, cor verde claro e outras com folha peluda com coloração verde escuro. Figura 1 - Brotação de plantas de gabiroba transplantadas para vasos. (Cassilândia, MS, 2013) 14 12 10 8 6 4 2 0 29/07/2013 05/08/2013 26/08/2013 02/09/2013 09/09/2013 A floração precoce no período médio de 17 dias ocorreu logo que as plantas brotadas terminaram de desenvolver uma parte aérea vegetativa nova, notada somente nas plantas de folhas lisas. As flores são pequenas e brancas, distribuídas ao longo do caule e galhos, nos mesmos locais que havia folhas. No entanto, as flores não permaneceram até que ocorresse a frutificação e passaram por abscisão. No dia 14 de agosto, algumas plantas apresentavam sintomas de ressecamento a partir das bordas das folhas devido à variação climática com ventos fortes e temperatura fria, até atingir toda a superfície foliar. O fato ocorreu também com as plantas que iniciaram a floração precoce, onde as flores de coloração natural branca ficaram com aspecto amarronzado como o das folhas. Porém, as mais susceptíveis foram as espécies de folhas lisas, que modificaram mais rapidamente do que as espécies de folhas aveludadas, que ocorreu só nas bordas. Neste momento, os pequenos brotos das raízes colocadas nos vasos, secaram e morreram. No início das chuvas em outubro, os vasos foram colocados no chão fora da casa de vegetação para desenvolver nas condições ambientes, expostas à radiação solar e chuvas. Entre novembro e dezembro, algumas plantas que até então havia parte aérea sem nenhum Ciência & Tecnologia: Fatec-JB, Jaboticabal, v. 6, 2014. Número especial. 61 X CURSO DE INVERNO DE GENÉTICA – FCAV/UNESP aparecimento de gemas apicais ou laterais, continuaram a ficar nuas e começou a surgir brotos no solo originados das raízes. No dia 03 de dezembro foram descartadas todas as plantas que não desenvolveram raízes ou brotações novas e apresentavam estrutura aérea seca. Na avaliação de plantas com sinais vitais, havia somente 50 plantas, sendo apenas uma raiz sem estrutura aérea com novo broto abaixo da superfície de solo, 33 plantas com brotos na parte aérea e 16 na raiz no interior do vaso fora da exposição solar. O total de plantas brotadas ou sobreviventes de aproximadamente 37%, dentre elas, 66% com brotações na parte aérea e o restante na parte radicular, como pode ser observado na Figura 2. Figura 2 - Quantidade de plantas coletadas (136 unidades) e brotadas (50 unidades). Representação aproximadamente 37% de plantas sobreviventes. Brotadas Coletadas As plantas não tiveram desenvolvimento de raízes secundárias até o mês de janeiro e o clima estava com temperaturas altas e sem chuvas, provocando a dessecação de folhas. Porém, com a volta das chuvas no início do mês de fevereiro, todas as plantas do vaso desenvolveram raízes ao redor da raiz pivotante, favorecendo a sobrevivência das plantas no vaso, já que as reservas energéticas nessa raiz não foram suficientes para manter a frutificação das mesmas após a floração iniciada no mês de agosto de 2013. 4 Conclusão O trabalho mostrou que mesmo com uma pequena porcentagem de plantas sobreviventes em vaso, é possível domesticar a espécie Campomanesia em vasos, porém são necessários os tratos culturais para manter o vigor das plantas como: irrigação, limpeza das plantas daninhas e adubação. As plantas demonstraram sensibilidade ao calor e frio extremos Ciência & Tecnologia: Fatec-JB, Jaboticabal, v. 6, 2014. Número especial. 62 X CURSO DE INVERNO DE GENÉTICA – FCAV/UNESP nos vasos, diferentemente do ambiente nativo do Cerrado, onde é mais rústica pela tolerância ao pH ácido do solo e longos períodos de seca. 5 Referências ASSIS, E. S. Diversidade genética de gabirobeiras (Campomanesia spp) por meio de caracteres morfológicos e marcadores moleculares RAPD. Universidade Federal de Goiás. Jataí. 2011. Disponível em: < http://posagronomia.jatai.ufg.br/uploads/217/original_Elisvane.pdf?1348170986%20>. Acesso em: junho de 2014. LIMA, J. R. S. Etnobotânica no Cerrado: um estudo no assentamento Santa Rita. Universidade Federal de Goiás. Jataí. 2013. Disponível em: < http://posgeo.jatai.ufg.br/uploads/180/original_Dissertac%C3%A3o__Jordana_Rezende_Souza_Lima.PDF>. Acesso em: junho de 2014. Ciência & Tecnologia: Fatec-JB, Jaboticabal, v. 6, 2014. Número especial.