JOSÉ MIGUEL SARDICA TERMINAR A REVOLUÇÃO. A POLÍTICA PORTUGUESA DE NAPOLEÃO A SALAZAR (Lisboa, Temas e Debates / Círculo de Leitores, 2016) Sinopse As revoluções foram uma característica estruturante da história contemporânea internacional. Também Portugal se integrou nesta tendência, tanto pelas motivações e ritmos específicos que por cá fizeram nascer desejos de mudança ao longo dos séculos XIX e XX, como pelas influências estrangeiras que atravessavam fronteiras. Se lá fora se fala hoje do regresso das revoluções, vale a pena igualmente estudar, no caso português, como é que ela surgiu, há 200 anos, como evoluiu e durou, ao longo do século XIX, e como desapareceu, na sua face liberal-radical, entre o final da I República e o triunfo do Estado Novo salazarista. O objetivo deste livro é assim o de explorar um dos eixos fundamentais da realidade nacional ao longo de mais de um século – o da revolução em Portugal, e o das dificuldades que a sua dinâmica suscitou sempre que se pretendeu terminar essa mesma revolução, consensualizando um regime que garantisse tranquilidade política, paz social e desenvolvimento económico, e evitando os ódios e lutas cujo impacto negativo, nas instituições, na sociedade ou na economia, tanto custou (e custa) ao país. Para tal, oferece-se nestas páginas uma narrativa do que foi o século XIX e ainda parte do século XX portugueses, ao longo dos cerca de 125 anos que mediaram entre as agruras de D. João VI perante Napoleão e a consolidação de Salazar no poder. Cruzando diferentes regimes políticos, este tempo longo foi em grande parte a história de como, quando e porquê a revolução se manifestou, encarnando em sucessivas gerações e agentes como uma aspiração a realizar ou a completar, uma força a conter ou a gerir, ou uma ameaça a neutralizar ou a liquidar.