1 LINUX: HISTÓRICO E VISÃO GERAL DE UM SISTEMA EMERGENTE CHASTINET, Carlos André1 MOREIRA, Albert Menezes2 RESUMO: Este artigo descreve a trajetória do sistema operacional GNU/Linux, abordando assuntos que vão desde o histórico até o seu lugar no mercado como ferramenta de educação e trabalho. Serão discutidos aspectos como kernel, distribuições, licenças e utilização em servidores, além dos pontos que influenciam e atrapalham a disseminação deste sistema operacional tais como: pirataria, winmodems e interface. PALAVRAS-CHAVE: Sistemas operacionais, software livre, kernel, Linux. ___________________________________________________________________________ O homem sempre procurou o melhoramento das suas ferramentas através do aprimoramento da tecnologia. A história dos computadores tem antecedentes bastante interessantes. Era descomunal a complexidade relacionada à operação de um “computador”, seja na parte física, seja na lógica. Cientistas extremamente capacitados eram selecionados para designar tarefas que, em suma, obtinham resultados simples em comparação ao poder de processamento de nossas máquinas atuais. Obviamente, é uma comparação sem nexo, todavia é interessante analisar o crescimento da tecnologia e a disseminação do conhecimento ao longo dos anos. O grande impacto acontece com a criação da linguagem Beginner's All Purpose Symbolic Instruction Code - BASIC, possibilitando a criação de uma gama de aplicativos cujas funcionalidades poderiam cobrir também os interesses do usuário comum. A partir daí, são fabricados os primeiros microcomputadores, facilitando a vida das pessoas e aumentando o número de integrantes na comunidade da informática, sobretudo nas universidades. O objetivo deste artigo é fazer uma abordagem holística. Para tal, será apresentada a história deste sistema operacional, passando também por conceitos. Logo em seguida são abordadas aplicações em servidores, além de problemas que podem levar os usuários a não usarem Linux. HISTÓRICO Em 1984 foi lançado um sistema operacional totalmente gratuito – livre das restrições impostas pelos fabricantes em licenças de uso, para ser aberto de modo que qualquer um pudesse modificá-lo e passá-lo adiante em prol da comunidade. Esse sistema foi batizado de GNU. O projeto foi criado para ajudar o conhecimento a circular livremente, propiciando uma evolução real da informática. O grande precursor foi Richard Stallman, criador da Free Software Foundation (Fundação de Software Livre), em 1980. Segundo Nemeth (2004), estava quase tudo pronto no novo Sistema Operacional Livre, mas ainda faltava uma parte muito importante: o kernel. Em 1991, mais especificamente em Helsinki, na Finlândia, surge o nome de Linus Torvalds, o qual criou o Kernel Minix (o núcleo do sistema), cujo nome é mudado posteriormente para Linux. Com o conhecimento 1 2 Carlos André de B. Azevedo Chastinet é especialista em Redes pela UNIFACS / UFPB. Albert Menezes Moreira é graduando do Curso de Sistemas de Informação da Faculdade Ruy Barbosa 2 que possuíam, programadores e hackers3 do mundo inteiro juntaram-se para o aperfeiçoamento técnico e portabilidade deste kernel, que também era gratuito, de código aberto e já tinha suporte aos softwares mais básicos, como Gnu Compiler Collection – GCC4, Bourne Again Shell – BASH5 e compressão de arquivos. Daí, restava apenas o aperfeiçoamento. Este projeto passou a ser chamado de GNU/Linux, já que era a soma dos aplicativos da Free Software Foundation – FSF com o kernel Linux. No entanto, é geralmente denominado de “Linux”. E assim o será ao longo deste artigo. No tópico seguinte será mostrado de maneira mais abrangente o principal componente do sistema operacional, o kernel. KERNEL Depois de tanto citar esta palavra, é mais do que justo fazer uma explicação mais específica sobre seu significado e utilização. Traduzindo o conteúdo que consta a respeito da palavra kernel na Webopedia6 (2006): “O módulo central de um sistema operacional. É a parte do sistema que carrega primeiro e permanece na memória principal. Por permanecer na memória, é importante para o kernel ser o menor possível enquanto ainda estiver provendo os serviços essenciais requeridos por outras partes do sistema operacional e aplicações. Tipicamente, é responsável pela gerência de memória, processos, tarefas e disco.” Como diz a explicação presente na Webopedia (2006), kernel é a parte principal do Sistema Operacional – SO; é o elemento que proporciona um vínculo estreito entre o hardware e o software, dando suporte a várias tecnologias e arquiteturas. Os módulos7 completam esse elo. O Linux possui dois tipos de versão de kernel: na primeira, voltada para os usuários, o segundo número é obrigatoriamente par. Segundo as informações contidas no site kernel.org (2006), a versão atual é a “2.6”. A outra versão é para os desenvolvedores, cujo segundo número é ímpar, como na nova versão para esse grupo (2.5). Na verdade, as duas versões têm um nome maior por conta das atualizações constantes, no entanto esta regra é válida. Um ponto interessante do kernel do Linux é a possibilidade de aumentar o desempenho através da recompilação, ou seja, a remoção dos itens que não são úteis. Isso é um processo de nível de intermediário a avançado, por ser personalizado. Além disso, o conhecimento acerca da configuração da máquina também é importante, porque sem isso não será possível saber o que poderá ser removido. No momento em que a máquina é reiniciada, há possibilidade de travamento do kernel, também chamado de kernel panic8, caso esteja mal configurado. É um fato comum porque são muitos itens a serem removidos (ou não). À medida que se conhece mais a respeito do hardware em questão, isso deixa de acontecer (MORIMOTO, 2006). Ao 3 Segundo a Webopedia (2006), significa “Um termo para um entusiasta de computação, uma pessoa que gosta de linguagens de programação e sistemas de computadores e pode ser considerado como um expert no(s) assunto(s). (...)”. 4 Compilador para a linguagem de programação C. 5 Interpretador de comandos presente no GNU/Linux, no qual é utilizado geralmente como padrão. 6 Trata-se de uma “Enciclopédia eletrônica” de informática. O endereço é webopedia.com 7 Segundo o Guia Foca GNU/Linux, o conceito para módulo é: “São partes do kernel que são carregadas somente quando são solicitadas por algum aplicativo ou dispositivo e descarregadas da memória quando não são mais usadas”. 8 Pane do kernel. 3 contrário do que se pode pensar, o Linux possui diversos tipos de kernel, adaptados a um perfil de usuário ou determinada função. Para se criar um “kernel novo”, basta assinalar as opções que sejam consideradas interessantes e executar a recompilação. Cada tipo de Linux possui características (dentre estas, o kernel) que o tornam único e aplicável em determinadas situações. DISTRIBUIÇÕES Pelo fato de o Linux ser um software livre, pessoas e empresas empenham-se em organizar o kernel e mais uma gama de aplicativos e manuais para que o sistema fique cada vez mais amigável. A esse conjunto de aplicativos mais o kernel dá-se o nome de distribuição Linux ou simplesmente “distro”, como é intitulada pela comunidade Linux. A finalidade é bastante variada. Existem algumas voltadas para iniciantes como o Kurumin, do brasileiro Carlos Morimoto ou a SuSE, muito utilizada na Alemanha. Há a Gentoo, peculiar pela instalação um pouco complexa e necessidade de conexão com a internet para baixar os componentes necessários. Slackware é outro exemplo de distro, mais voltado para a área acadêmica, principalmente porque a maior parte da configuração é baseada na edição dos arquivos de configuração por meio de um editor de texto ou assistentes, às vezes não muito amigáveis, obrigando o usuário a pesquisar mais para obter as soluções. Segundo as informações obtidas no texto “Afinal, qual o melhor Linux para um iniciante?”, contido no site infowester.com (2006): “Após ter alguns conhecimentos teóricos sobre Linux, a dica é usar uma distribuição popular e reconhecidamente tida como "de fácil manipulação” (considere o fato de que facilidade é um aspecto relativo, varia de pessoa para pessoa). As mais freqüentemente indicadas para isso são as distribuições Fedora (fedora.redhat.com), Mandriva (mandriva.com) e SuSE (suse.com). (...) Existem algumas distribuições que são conhecidas e respeitadas, mas não muito indicadas ao usuário iniciante. Isso porque podem exigir alguns conceitos que novatos não têm. As mais famosas dessas distribuições são Debian (debian.org), Slackware (slackware.org) e, mais recentemente, Gentoo (gentoo.org). Essas distribuições são bastante diferentes entre si, mas são conhecidas por serem usadas por usuários experientes.” O tamanho da distribuição é aspecto peculiar. Existem distribuições que cabem até num disquete de 1.44MB. As “minidistribuições”, como são chamadas, têm como objetivo desde a recuperação de um sistema danificado, um firewall9, até o monitoramento de uma rede de computadores. É possível encontrar também pequenas distros com o único objetivo de reproduzir filmes, gravar CDs ou distribuições grandes a ponto de ocupar vários CDs, como o pacote completo Debian. As empresas incluem livros, guias de instalação e CDs adicionais em seus pacotes, a fim de aumentar sua lucratividade. Mesmo que seja considerada uma distribuição Linux, com livro e guia de instalação, o Windows continua sendo o mais caro. O usuário pode fazer também o download de várias distribuições gratuitamente pela internet10, caso já tenha o conhecimento da instalação ou disponha de suporte para fazê-lo. Se mesmo assim o usuário não quiser instalar, este pode utilizar os Live CDs, uma tecnologia que permite executar o sistema operacional por intermédio de um CD-ROM ou disquete de forma temporal, em modo de demonstração. 9 Segundo a UFBA (2006), significa “um hardware ou software que funciona em um ambiente de rede para evitar comunicações proibidas pelas normas de segurança.” 10 O download das distros gratuitas pode ser feito no site www.superdownloads.com.br/linux 4 O Kurumin, por exemplo, funciona somente colocando o CD no leitor. Ele carrega os arquivos de configuração necessários e entra na interface gráfica pronto para o uso. Vale ressaltar que o modo de demonstração não permite gravações de informações nas unidades de disco. Pode-se constatar, então, que existe uma gama de possibilidades para todo tipo de usuário e finalidade. Vale ressaltar, também, que o Linux e seus aplicativos são em sua maioria gratuitos e as empresas distribuidoras do sistema normalmente não cobram pelos softwares contidos em seus CD-ROMs. Por outro lado, a empresa Red Hat lançou no mercado uma versão paga de GNU/Linux, denominada Red Hat Enterprise que, atualmente, encontra-se na versão 4.0. Trata-se de um exemplo de distribuição com um foco voltado para servidores. Para tal, possui funcionalidades que proporcionam maior desempenho e produtividade. SERVIDORES LINUX Servidor é um computador que guarda e faz o controle da informação, agindo como um conector entre outras estações cliente e dispositivos diversos. Por meio de um servidor, podese compartilhar, com segurança, arquivos e recursos, como impressoras e faxes. Um servidor oferece, além disso, suporte ao armazenamento de dados, assim como e-mail e acesso à internet (MICROSOFT, 2006). No que diz respeito à área de servidores, o sistema operacional Linux também se destaca, oferecendo diversos serviços, mostrados a seguir. Apache é um servidor de hospedagem robusto, de alto desempenho e de fácil configuração. Desenvolvido por um grupo de voluntários, visa a criação de um servidor web com diversas funcionalidades e código fonte disponibilizado na internet. De acordo com a Netcraft, o Apache é mais utilizado que todos os outros tipos de servidores de hospedagem juntos (APACHE, 2006). ProFTPd é um software que oferece o serviço de transferência de arquivos de maneira eficiente, com segurança e flexibilidade. Entre as principais vantagens, estão: fácil configuração e leitura de arquivos de histórico; simples administração, no que diz respeito a restrições e acesso aos arquivos disponibilizados; limita o número de processos, reduzindo, desta maneira, as vulnerabilidades do sistema (PROFTPD, 2006). CUPS é um servidor de impressão que possui diversas funcionalidades, dentre estas, inserir, remover, modificar e configurar impressoras, além de administrar a fila de impressão de uma ou mais impressoras compartilhadas na rede. Pode ser utilizado também via web (CUPS, 2006). O Squid é um servidor proxy de internet e transferência de arquivos, o qual se pode fazer com que máquinas clientes, usando Linux, Windows ou outro sistema operacional, acessem a internet partindo do acesso de um servidor Linux. Isto quer dizer que elas não precisam, necessariamente, dessa maneira, ter acesso direto à conexão direta com a internet. Tudo que é preciso é o acesso ao servidor onde está rodando o Squid (SQUID, 2006). Como foi mostrado, o Linux não traz benefícios a seus usuários somente como um Sistema Operacional. Os softwares que o compõe, sendo estes voltados para os mais diversos fins, 5 trazem inúmeras vantagens, seja para o analista, desenvolvedor ou empresário, que os utiliza a fim de reduzir custos. A gratuidade do Linux se dá devido às licenças que ditam regras relacionadas a diversos aspectos, dentre os quais: cópia, desenvolvimento e distribuição. SOFTWARE LIVRE E LICENÇAS Software livre é aquele que está disponível com a permissão de uso, cópia e distribuição para qualquer pessoa. Pode ser repassado da forma original, modificado ou até mesmo com custo. Em especial, a possibilidade de modificações implica que o código fonte esteja disponível. Se um programa é livre, este possui grandes chances de ser incluído em um sistema operacional também livre. É importante não confundir software livre com software grátis, porque a liberdade associada ao software livre de copiar, modificar e redistribuir independe de gratuidade. Existem programas que podem ser obtidos de graça, mas que não podem ser editados, e nem redistribuídos. Ainda existe a possibilidade de uso não-gratuito em todas as categorias. Pode-se concluir que apesar de o Linux ser um “software livre”, não quer dizer que ele não tenha restrições que servem para protegê-lo. No seu caso, é a licença General Public Licence – GPL, desenvolvida pela Free Software Foundation – FSF, que incentiva a distribuição e desenvolvimento aberto do software (GNU, 2006). A licença GPL permite que qualquer um redistribua software, mesmo que cobrando uma taxa, desde que na distribuição os termos ainda estejam em vigor. Sendo assim, qualquer um pode obter um software GPL, a fim de alterá-lo e redistribuí-lo, mas não pode impedir que alguém que adquira seu software faça o mesmo e o redistribua em seguida. É por isso que tantas empresas produzem distribuições gratuitas ou pagas. Uma vez que o software é GPL, os desenvolvedores possuem os direitos sobre ele, mas o que há de interessante é que o “livre arbítrio” encoraja o desenvolvimento das aplicações por várias pessoas, cada uma fazendo as alterações com o conhecimento que possuem e que julguem interessantes para usar e repassar. Ao contrário do software comercial, o GPL possui o código-fonte aberto. Esta importante iniciativa ainda é usada no kernel do Linux, o que resulta no seu aperfeiçoamento. Isto encoraja os usuários interessados e capazes de fazê-lo. Em suma, as vantagens de desenvolver em GPL é que o programador pode utilizar bibliotecas de outros programas para desenvolver o seu, o que poupa bastante tempo, principalmente quando o funcionário é contratado para desenvolver. A única restrição é a de manter os créditos do(s) autor(es) da biblioteca no seu programa. POR QUE AS PESSOAS GERALMENTE NÃO USAM LINUX? Diante de tantas vantagens, por que ainda as pessoas têm um “bloqueio” contra o Linux? O bom usuário, nos dias atuais, é alguém que estuda tutoriais, lê livros, está atualizado. Mas nem todos têm tempo ou estão preocupados em aprender, sobretudo aqueles que não têm vínculo direto com software livre. De fato, é mais cômodo utilizar aquele sistema operacional que é comumente utilizado. O que falta para que o indivíduo, sem vínculo acadêmico com a informática, comece a usar Linux? Segundo Moreira (2006), todo o sucesso desse sistema está relacionado às redes de comunicações. Agradece-se ao trabalho de muitos voluntários que tomam partido de projetos 6 complexos e demorados com o simples objetivo de torná-lo cada vez mais acessível. Evidentemente, esta premissa, não necessariamente, alveja os mais variados níveis de usuários: a atenção deve ser concentrada nos operadores que não têm facilidades com comandos de terminal, que sentam na frente do computador e limitam-se a resolver problemas simples e esporádicos. Seria muito bom instalar o Linux com um disco apenas, escolher o idioma, os tipos de programas para usar, autodetectar todo o hardware e tudo estar funcionando bem. Com a evolução dos sistemas, o suporte aos mais diferentes tipos de hardwares tornou-se mais simplificado. Embora os winmodems sejam ainda um grande problema, estes dispositivos vêm entrando em gradativo desuso, destituindo, assim, mais um fator que impedia a disseminação do GNU/Linux. Fabricantes de hardware e software: de que lado eles estão? Os winmodems11 são um grande problema. Embora ter um hardware desse tipo não signifique que ele só funcionará no Windows, as distribuições que não detectam estes modems devem ser ligadas à internet para executar o download do driver correspondente, e então instalá-lo e configurá-lo. Os modems externos são detectados facilmente. Mesmo assim ainda existem muitas dificuldades. Por que alguns fabricantes fazem modems tão baratos e problemáticos para os sistemas não-Windows? Em aplicações de escritório, os níveis dos pacotes do Linux e Windows estão gradativamente se equiparando. Ainda mais agora, com o OpenOffice, que já chega a representar uma ameaça ao caríssimo Microsoft Office, por criar novos recursos e pela qualidade notável dos processadores de texto (Writter), software de planilha de dados e cálculo (Calc), desenho vetorial (Draw), editor de fórmulas matemáticas (Math), apresentação de slides ou transparências similares em capacidades ao PowerPoint (Impress), sistema gestor de base de dados (Base) e editor de páginas HTML (Web). A Faculdade Ruy Barbosa faz uso de software livre em seus laboratórios, entre estes, o próprio OpenOffice. Há um laboratório GNU/Linux na instituição, onde são instaladas distribuições visando disponibilizar programas livres, ou seja, mais uma opção para o educando, sobretudo da área de tecnologia, que precisa estar a par dos vários segmentos nos quais se subdivide a informática. Pirataria, jogos e interface gráfica Segundo a SOCINPRO (2006), pirataria significa: “(...) reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente”. Encontra-se com freqüência pessoas que vendem softwares que são cópias dos originais com um custo por volta de 10 reais. Isto é realmente algo difícil de resolver, visto que o uso de 11 Segundo ModemSite (2006), “WinModems são modems cujas partes do hardware foram removidas e substituídas por software, que executa a mesma função.” 7 programas pagos ainda é hegemônico, aumentando a disparidade devido à pirataria. Apesar deste problema, ainda existem felizes paradoxos. O Photoshop12 antigamente era imbatível, mas o General Image Manipulation Program - GIMP melhora a cada versão, chegando a um patamar competitivo. É também uma pena que assim que um jogo entra no mercado, ele não tenha uma versão para Windows e outra para Linux. No entanto, a Epic Games, BioWare Games e outras companhias têm apostado neste mercado. Doom 313, da BioWare Games, é um exemplo de jogo de ótima qualidade que já possui uma versão Linux. Desde que foi abandonado o modo texto, as pessoas têm se acostumado a utilizar mais o mouse, arrastar janelas, usar menus gráficos. Sem dúvida alguma é muito melhor assim e a tendência é melhorar cada vez mais: as dúvidas e sugestões dos usuários, enfim, o vínculo estreito com os desenvolvedores, por meio de fóruns e e-mail, proporcionará um resultado mais rápido e satisfatório. O servidor X (X-Window) é o responsável pelos recursos gráficos do Linux, que gera a interface gráfica. Antigamente era incluído um servidor X, chamado Xfree86, que foi mudado em seguida para Xorg. Para a instalação do recurso de área de trabalho no computador do usuário, é necessária a instalação de um gerenciador de janelas que utilize a biblioteca do X-Window para gerar as janelas, as aplicações e a aparência no modo gráfico. Como exemplos de gerenciador de janelas existem o Window Maker14 e o Enlightenment15. CONCLUSÃO A evolução do Linux ainda possui alguns empecilhos: a pirataria é uma “saída” para as pessoas que não querem pagar pelo software comercial. Além disso, várias empresas utilizam software que possui versão apenas para Windows, impossibilitando a migração de sistema. O público jovem, que procura jogos de qualidade, ainda não possui muitas opções no ambiente Linux. O Cedega, emulador aplicativo que roda games nativos do Windows em máquinas com Linux, é uma saída, mas o usuário iniciante poderá encontrar dificuldades com a instalação. A interface, apesar de boa, também precisa melhorar bastante. É claro que houve muito avanço desde a fusão do kernel Linux com o projeto GNU. A melhora tem sido numa escala inigualável em relação ao Windows. Não se pode comparar o “mutirão” de desenvolvedores que apóiam o Linux com o seleto grupo de programadores da Microsoft. Apesar disso, a base do Linux é bem-estruturada: oferece desempenho, segurança, estabilidade. Entres os pacotes, encontram-se navegadores, programas de conversação, reprodutores de áudio e vídeo, editores de texto e ferramentas de desenvolvimento. A grande migração já está acontecendo e não é algo que se consolidará da noite para o dia. O desenvolvimento de software livre, com o tempo, superará qualquer projeto fechado. Para tanto, o ponto vital é a educação. E deve acontecer desde cedo. Se fosse ensinado Linux nas aulas de informática das escolas, esses estudantes seriam capazes de usar facilmente qualquer plataforma de hardware ou software. As universidades também deveriam oferecer cursos para 12 Segundo o site da empresa desenvolvedora deste software, Adobe - adobe.com (2006), “o padrão profissional em edição de imagens e líder no mercado de geração de imagens digitais”. 13 Para mais informações sobre o game Doom 3, acessar a página doom3.com. 14 Para mais informações a respeito do Window Maker, a página oficial é windowmaker.org. 15 Para saber mais acerca do Enlightenment, acessar a URL enlightenment.org. 8 seus alunos, visto que o mercado demanda mais indivíduos capacitados na área de suporte e desenvolvimento na área. Na Faculdade Ruy Barbosa, o GNU Ruy representa o grupo de estudo e desenvolvimento em software livre. A equipe já lançou uma distribuição, o Noob. O próximo projeto será ministrar um curso básico de operação do sistema. De certo o Linux tem um ótimo conjunto de softwares para firewall, servidores de hospedagem, impressão, transferência de arquivos, administração de rede, dentre outros. As estações cliente estão também em constante evolução, com o aperfeiçoamento dos aplicativos e melhoramento da interface gráfica como um todo, proporcionando uma maior facilidade para o usuário final. As empresas valorizam o profissional da informática que domina essa área. Segundo Nagel (2006), jornalista voltada para a indústria de tecnologia com quase 10 anos de experiência, a Linux Professional Institute Certification - LPIC, exame que avalia o conhecimento em Linux por meio de provas, foi considerada no site www.certcities.com como uma das dez certificações que mais evoluirão no ano de 2006. Diante desta situação, é um bom momento para ensinar algo mais do que Microsoft. Referências Bibliográficas FERREIRA, R. Linux Guia do Administrador do Sistema. São Paulo: Novatec, 2003. MELHORAMENTOS. Melhoramentos minidicionário da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 1997. MORIMOTO, C. Entendendo e Dominando o Linux. São Paulo: Digerati, 2004. NEMETH, E. et al. 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