COMUNICADO CONJUNTO DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS PARTES DO MERCOSUL 1. Realizou-se na cidade de Buenos Aires, em 30 de junho de 2000, a XVIII Reunião do Conselho do Mercado Comum, com a participação dos Senhores Presidentes da República Argentina, Fernando De la Rúa, da República Federativa do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, da República do Paraguai, Luis González Macchi, e da República Oriental do Uruguai, Jorge Batlle. 2. Os Presidentes expressaram sua satisfação pela presença do Senhor Presidente da República do Chile, Ricardo Lagos Escobar, e do Senhor Chanceler da República da Bolívia, Javier Murillo de la Rocha. Do mesmo modo, salientaram a presença do Senhor Secretário Geral do Conselho Europeu e Representante Especial para a Política Exterior e de Segurança da União Europeia, Javier Solana. 3. Reafirmaram sua adesão aos princípios e instituições democráticas, como um dos alicerces em que se sustenta o processo iniciado com o Tratado de Assunção, juntamente com a estabilidade econômica e o respeito aos direitos humanos. Neste sentido, realçam a transcendência e permanente atualidade da Cláusula Democrática do Protocolo de Ushuaia e da Declaração emitida nessa cidade em 24 de julho de 1998, pela qual se declarou o MERCOSUL, Bolívia e Chile como Zona de Paz e livre de armas de destruição em massa e manifestou-se que a paz constitui um elemento essencial para a continuidade e o desenvolvimento do processo de integração do MERCOSUL. 4. Sublinharam a importância dos acordos alcançados no âmbito do Relançamento do MERCOSUL, que reflete o grau de compromisso dos Estados Partes com o processo de integração e mostra o grau de maturidade atingido no relacionamento entre os Estados Partes. A esse respeito, manifestaram a firme decisão de realizar todos os esforços necessários para dar cumprimento ao acordado e atingir os objetivos estabelecidos no Tratado de Assunção. 5. Em tal sentido, destacaram o papel central da convergência e coordenação macroeconômica, congratulando-se pelos avanços realizados na reunião de Ministros de Economia e Presidentes de Bancos Centrais, que levarão no curto prazo ao estabelecimento de metas fiscais, de dívida pública e de preços acordadas em forma conjunta. 6. Salientaram a importância de assegurar a livre circulação de bens no MERCOSUL. Em tal sentido, destacaram o compromisso de não adotar nenhuma medida que restrinja o comércio recíproco. 7. Coincidiram em que a Tarifa Externa Comum deve levar em conta a necessidade de incentivar a competitividade externa da produção regional. 8. Manifestaram a necessidade de continuar avançando na simplificação de trâmites de comércio exterior e de fronteira entre os Estados Partes e, em tal sentido, reafirmaram a importância deste tipo de medidas para a facilitação do comércio intrarregional. 9. Destacaram a importância de estabelecer disciplinas comuns em matéria de incentivos aos investimentos, à produção e à exportação intrazona, a fim de evitar a existência daqueles tratamentos diferenciais que alterem as condições de concorrência na região. 10. Assinalaram a relevância do acordado em matéria de regimes especiais de importação para a plena vigência da Tarifa Externa Comum. 11. Concordaram em que para o bom funcionamento do Mercado Comum é importante tratar em forma interrelacionada os aspectos relativos à defesa comercial intrazona e à defesa da concorrência. 12. Congratularam-se pela aprovação do “Marco Normativo do Regulamento Comum de Defesa contra Subvenções Concedidas por Países não Membros do MERCOSUL”, que permitirá assegurar um tratamento harmonizado das importações provenientes de terceiros países em matéria de defesa comercial. 13. Destacaram a decisão de aperfeiçoar o sistema de solução de controvérsias e o compromisso de assegurar a plena incorporação da normativa MERCOSUL aos ordenamentos jurídicos dos Estados Partes nos prazos acordados, a fim de garantir a aplicação efetiva dos compromissos. 14. Assinalaram a importância dos avanços registrados nas negociações tendentes ao estabelecimento da Política Automotiva do MERCOSUL, através da qual se favorece o desenvolvimento desta indústria sobre bases sólidas e sua consolidação, complementação e especialização produtiva na região, conforme as vantagens competitivas genuínas com que conta cada parte. 15. Destacaram que assim como foi possível realizar avanços no setor automotivo, é necessário definir um regime para a incorporação do setor açucareiro no MERCOSUL, visando a conseguir uma transição ordenada para o livre comércio pleno e a aplicação de uma tarifa externa comum, de acordo a normativa MERCOSUL. Para tal fim, os Estados Partes elevarão uma proposta à próxima Reunião Ordinária do Conselho do Mercado Comum. 16. Destacaram a importância do compromisso de negociar em forma conjunta os acordos de natureza comercial com terceiros países. Em tal sentido sublinharam a decisão de reiniciar negociações com a Comunidade Andina de Nações, e de iniciar negociações com os Estados Unidos Mexicanos e com a República da África do Sul. 17. Congratularam-se pela conclusão da Primeira Rodada de Negociações para a liberalização do comércio de serviços no MERCOSUL, realçando a importância de cumprir com o cronograma previsto no Protocolo de Montevidéu para a plena liberalização do comércio de serviços na região. 18. Salientaram a importância de que reveste a conclusão do Marco Normativo para as Compras Governamentais a fim de incrementar as oportunidades comerciais para bens e serviços no MERCOSUL. Destacaram a necessidade de que a lista de entidades governamentais que ficarem cobertas pelo mencionado Marco Normativo, a qual será negociada durante o segundo semestre de 2000, permita um acesso preferencial aos fornecedores da região de bens e serviços incluídas as obras públicas. 19. Manifestaram sua satisfação pela criação do Grupo Ad-Hoc de Concessões com o mandato de elaborar um Protocolo que assegure às empresas da região um tratamento não discriminatório nas licitações de concessões de serviços e obras públicas. 20. Salientaram que a nova economia digital que está se desenvolvendo no mundo vem introduzindo conceitos tecnológicos e informáticos inovadores e obrigando a repensar as políticas comerciais, jurídicas e tributárias dos países. Neste contexto, sublinharam a criação do Grupo Ad-Hoc sobre Comércio Eletrônico no MERCOSUL, incorporando desta forma um dos novos temas da agenda internacional no âmbito quadripartito. 21. Destacaram o papel fundamental da Comissão Parlamentar Conjunta no processo de integração como órgão representativo dos Parlamentos dos Estados Partes do MERCOSUL. 22. Sublinharam os consensos atingidos no âmbito das Reuniões de Ministros do MERCOSUL, foros que coadjuvaram na mais ampla projeção do processo de integração. 23. Destacaram a importância que para o processo de integração reveste a opinião da sociedade civil canalizada através do Foro Consultivo Econômico e Social. 24. Consideraram a situação das negociações entre o MERCOSUL e a União Europeia, levando em conta as recentes reuniões de Buenos Aires e Bruxelas, tendentes a atingir um Acordo de Associação Interregional entre ambos os agrupamentos. 25. Destacaram os resultados atingidos na Quinta Reunião do Comité de Negociações Comerciais da ALCA, celebrada recentemente em Guatemala. Destacaram particularmente os avanços na implementação de medidas de facilitação de negócios, os progressos atingidos na elaboração de minutas de texto para os temas substantivos de negociação e o consenso atingido sobre a necessidade de atender às diferenças nos níveis de desenvolvimento e tamanho das economias do Hemisfério. 26. Reafirmaram o compromisso de continuar os esforços para conseguir a plena liberalização do comércio mundial no âmbito da Organização Mundial do Comércio e, em particular, a eliminação dos subsídios agrícolas. 27. Realçaram a importância da iniciativa dos Ministros da Educação do MERCOSUL de incluir nos calendários escolares dos Estados Partes o dia 26 de março, data da assinatura do Tratado de Assunção, como dia do MERCOSUL. 28. Congratularam-se com a Complementação dos Planos de Cooperação e Coordenação Recíproca para a Segurança Regional em matéria de tráfico de menores; de delitos econômico-financeiros; de ilícitos ambientais e de tráfico ilícito de material nuclear e/ou radiativo atingidos nas Reuniões de Ministros de Interior do MERCOSUL, Bolívia e Chile. 29. Ainda, expressaram sua satisfação pelos avanços no Regime de Trânsito Vicinal Fronteiriço e a aprovação do Cartão Vicinal Fronteiriço entre o MERCOSUL, Bolívia e Chile, salientando que a fluidez no relacionamento das comunidades fronteiriças constitui um dos aspectos mais relevantes para o desenvolvimento das economias regionais dos Estados Partes do MERCOSUL, Bolívia e Chile. 30. Destacaram a importância Especializada da Mulher. dos trabalhos realizados pela Reunião 31. Finalmente os Presidentes coincidiram em manifestar a relevância do MERCOSUL como efetivo instrumento para o progresso econômico e social dos povos da região e para enfrentar os crescentes desafios do sistema internacional através de uma adequada inserção internacional no contexto de uma estratégia de regionalismo aberto. Buenos Aires, 30 de junho de 2000 ______________________ Pelo Governo da República Argentina FERNANDO DE LA RUA __________________________ Pelo Governo da República do Paraguai LUIS ANGEL GONZÁLEZ MACCHI ______________________ Pelo Governo da República Federativa do Brasil FERNANDO HENRIQUE CARDOSO __________________________ Pelo Governo da República Oriental do Uruguai JORGE BATLLE IBÁÑEZ