1 CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO RIO GRANDE DO NORTE UNIDADE SEDE DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES CURSO SUPERIOR DE LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA ANTÔNIO CARLOS DA ROCHA RAMALHO ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA: UMA ANÁLISE NA ESCOLA ESTADUAL ENÉAS CAVALCANTE EM CEARÁ-MIRIM/RN NATAL-RN 2008 2 ANTÔNIO CARLOS DA ROCHA RAMALHO ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA: UMA ANÁLISE NA ESCOLA ESTADUAL ENÉAS CAVALCANTE EM CEARÁ-MIRIM/RN Monografia apresentada ao Curso Superior de Licenciatura Plena em Geografia, em cumprimento às exigências legais como requisito parcial à obtenção do título de graduação em Licenciatura Plena em Geografia. Orientador: Constatntino. NATAL-RN 2008 Prof Ms. Noel Alves 3 Divisão de Serviços Técnicos. Catalogação da publicação na fonte. CEFET-RN / Biblioteca Sebastião Fernandes R165a Ramalho, Antônio Carlos da Rocha. Alfabetização cartográfica : uma análise na escola estadual Enéas Cavalcante em Ceará-Mirim/RN / Antônio Carlos da Rocha Ramalho. – Natal, 2008. 61 f. Orientador (a): Prof. Ms. Noel Alves Constantino. Monografia (Graduação em Licenciatura Plena em Geografia). Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte. Departamento Acadêmico de Formação de Professores. 1. Cartografia – Monografia. 2. Ensino Fundamental – Monografia. 3. Espaço geográfico – Monografia I. Constantino, Noel Alves II. Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte. III. Título. CEFET-RN/BSF CDU 528.9 4 ANTÔNIO CARLOS DA ROCHA RAMALHO ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA: UMA ANÁLISE NA ESCOLA ESTADUAL ENÉAS CAVALCANTE EM CEARÁ-MIRIM/RN Monografia apresentada ao Curso Superior de Licenciatura Plena em Geografia, em cumprimento às exigências legais como requisito parcial à obtenção do título de graduação em Licenciatura Plena em Geografia. Aprovada em ____ de _________ de 2008. Apresenta à comissão examinadora integrada pelos seguintes professores: ______________________________________________________ Profº Msc. Noel Alves Constantino Orientador – CEFET-RN ______________________________________________________ Profº Msc. Malco Jeiel de Oliveira Alexandre Membro Examinador – CEFET-RN _______________________________________________________ Profº Msc. Luzimar Barbalho da Silva Membro Examinador – CEFET-RN 5 “Se o senhor pensa que educação é cara, tente ignorância.” (Derek Bok) 6 Dedico essa monografia a todas as pessoas que estiveram ao meu lado nos momentos mais marcantes, em especial, a minha família que contribuíram para a realização desse meu grande sonho, pois sem dúvidas irão me apoiar em outros momentos da minha vida. 7 AGRADECIMENTOS Serei em toda minha vida grato, a Deus por estar sempre ao meu lado, aos meus exemplos de vida, que tenho como transparência de luta e persistência: Antônio Cruz Ramalho (meu pai), Maria das Graças da Rocha Ramalho (minha mãe) e meus avós: Pedro Carlos da Rocha e Raimunda Isaura da Rocha que sempre que viam os momentos de dificuldades de meus pais ajudaram com muito amor. Agradeço em particular ao meu orientador Noel Alves Constantino pela sua decisiva participação neste projeto o qual foi fundamental para sua realização. Além de toda a minha família que de alguma forma me ajudaram a chegar aonde cheguei! Também agradeço a todo o corpo docente do CEFET-RN que durante esses anos de convivência na instituição deixaram boas marcas em minha vida. E ainda aos professores da Escola Estadual Enéas Cavalcante que me auxiliaram nos encaminhamentos da elaboração do questionário desse trabalho. A todos o meu muito obrigado e que Deus vos abençoem! 8 RESUMO A cartografia é uma área do conhecimento de extrema importância, visto que está presente não só nas matrizes curriculares, mas também em vôos orbitais de satélites, naves tripuladas, grandes navios dentre outros. Ainda mesmo antes de Cristo já se desenvolvia esta área do conhecimento pelas antigas civilizações, na qual os povos como os gregos, os sumérios, os mesopotâmios e outros mais, já sentiam a necessidade de desenvolvê-la. Vemos assim a necessidade de se trabalhar a cartografia nas escolas, inclusive nas séries iniciais para o desenvolvimento das noções de espaço. Desta maneira, este trabalho tem como objetivo analisar a compreensão cartográfica dos alunos no ensino fundamental, escolhendo assim a Escola Estadual Enéas Cavalcante da cidade de Ceará Mirim/RN, para colher os resultados da pesquisa. A cartografia trabalhada pelos professores do Ensino Fundamental muitas vezes fica fora do planejamento de aula, às vezes pela sua complexidade, até mesmo pelo grande número de assuntos a serem repassados pelo educador. Consideramos de extrema relevância o estudo desse assunto, visto que se fez um questionário para avaliar o desenvolvimento dos estudantes com relação aos assuntos cartográficos nesta escola. Dessa maneira, foi feita uma entrevista com os professores da instituição nas quatro turmas das séries respectivamente do 20, 30, 40 e 50 ano para a pesquisa. Desenvolveu-se, a partir daí uma grande pesquisa bibliográfica, identificando problemas, e criando sugestões que possibilitem um ensino de qualidade em meio as grandes dificuldades de aplicar esta área do conhecimento. A partir do resultado da pesquisa, analisamos como se encontra o trabalho dos professores, além de avaliar a noção cartográfica dos aprendizes. Palavras-chave: Cartografia. Ensino Fundamental. Noções de espaço. 9 ABSTRACT The cartography is a knowledge area of extreme importance, since this is not only the masters’ curriculum, but also in orbital flights of satellites, manned ships, large vessels among others. Yet even before Christ, has been developed this matter by ancient civilizations, in which the people as the Greeks, the Sumerian, the Mesopotamian and more, already felt the need to develop this science. We see the need to work the cartography in schools, including the original series for the development of concepts of space. Thus, this work has the objective to analyze the cartographic understanding of the students respectively of the initial series of 20, 30, 40 and 50 years, so choosing Enéas Cavalcante state school of Ceará Mirim City/ RN, to reap the results of search. The cartography worked by teachers of social studies is often over the planning classroom, sometimes by their complexity, even by the large number of issues to be shared by educator. We consider of utmost importance the study of this matter, since it was made a questionnaire to evaluate the development of boys with regard to the matters cartographic at school. Thus, there was an interview with the teachers of the institution in the four classes of series for the search. There has since then a large literature search, identifying problems, suggestions and creating an enabling environment in quality of teaching the great difficulties of applying this matter. From the result of the search, we can examine how the work goes for teachers, in addition to evaluating the concept cartographic of apprentices. Key words: Cartography. Elementary School. Space Notion. 10 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Andreas Cellarius, Harmonia Macrocosmica, Amsterdam, 1660. O modelo geocêntrico de Ptolomeu............................................................................. 18 Figura 2 – Mapa da língua escrita por sumérios em papiro……………………….. 18 Figura 3 – Mapa mais antigo conhecido. Gravado em uma placa de barro, representa a cidade de Ga-Sur (2400 A.C.).............................................................. 19 Figura 4 – Mapa dos descobrimentos...................................................................... 20 Figura 5 – Mapa com as cidades paulistas servidas pelas principais rodovias da década de 1970...................................................................................................... 21 Figura 6 – Frente da Escola Estadual Enéas Cavalcante....................................... 32 Figura 7 – Pátio interno da Escola Estadual Enéas Cavalcante............................ 33 Figura 8 – Sala de vídeo da Escola Estadual Enéas Cavalcante........................... 34 Figura 9 – Imagem do município de Ceará Mirim/RN pelo método sintético....... 35 Figura 10 – Imagem dos desmembramentos da capitania de São Paulo e Minas de ouro pelo método analítico....................................................................... 38 11 LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT 1 – Associação Brasileira de Normas Técnicas............................................ ACI 2 – Associação Cartográfica Internacional.................................................... BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento....................................... 3 BIRD – Banco Mundial...................................................................................... 4 CEFET-RN – Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte 5 FMI – Fundo Monetário Internacional............................................................ 6 IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.................................... 7 MEC – Ministério da Educação e Cultura........................................................ 8 PCN’s – Parâmetros Curriculares Nacionais..................................................... 9 RN – Rio Grande do Norte.............................................................................. 10 SIG – Sistemas de Informação Geográfica.................................................... 11 12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 12 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA-METODOLÓGICA ……………………………... 15 3 BREVE HISTÓRICO SOBRE A EVOLUÇÃO DA CARTOGRAFIA E CONFECÇÕES DE MAPAS................................................................................ 18 4 A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA............................ 4.1 ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA NOS 2O E 3O ANOS................................. 28 4.2 ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA NOS 4O E 5O ANOS................................. 30 5 ANÁLISE DA CARTOGRAFIA NA ESCOLA ESTADUAL ENÉAS CAVALCANTE EM CEARÁ MIRIM.................................................................... 32 5.1 INFRA-ESTRUTURA DA ESCOLA..................................................................... 5.2 ANÁLISE DO PROFESSOR................................................................................ 35 5.3 O QUE PENSAM OS ALUNOS SOBRE A CARTOGRAFIA............................... 38 5.3.1 Análise dos dados do questionário................................................................. 45 24 32 5.4 PROBLEMAS ENCONTRADOS.......................................................................... 48 5.5 ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO......................................................................... 50 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 56 REFERÊNCIAS.............................................................................................................. 59 APÊNDICE...................................................................................................................... 61 13 1 INTRODUÇÃO A necessidade de representar o espaço em que vive, bem como sua orientação em um âmbito maior, sempre foi e ainda é uma busca de muitos que procuram meios que simbolizem o ambiente em que vivem. É neste paralelo que vão surgir as confecções de mapas como um instrumento importante na representação dos lugares sendo assim, um modelo de comunicação visual. A confecção de mapas é fundamental no campo escolar para o ensino da geografia, uma vez que serve como instrumento de representação do espaço geográfico, ajudando em seu objeto de estudo. Desta forma é importante ressaltar as mudanças ocorridas, principalmente nos últimos anos que vêm seguindo as tendências atuais. Atualmente, os mapas antigos e tradicionais presenciam uma verdadeira revolução, a partir do aparecimento dos computadores e do sensoriamento remoto. Softwares são produzidos periodicamente, como os Sistemas de Informação Geográfica (SIG’s) uma geotecnologia com a capacidade de processar informações digitais georeferenciadas associada ou não a um banco de dados. A tendência atual neste campo é um afastamento dos métodos analógicos de produção e um progressivo uso de mapas interativo de formato digital. Desta forma, se faz necessário que haja mudanças metodológicas no campo escolar para utilização deste instrumento de ensino, que passa por inúmeras transformações devido à onda de mudanças tecnológicas que, inclusive, alcança as escolas de maneira, muitas vezes inusitadas, e que quase sempre atinge o corpo discente sem preparação. No entanto, a área de conhecimento que trata a utilização de mapas no ensino da geografia é a cartografia. Segundo a Associação Cartográfica Internacional (ACI) a cartografia é o “conjunto dos estudos e operações científicas, técnicas e artísticas que intervêm na elaboração dos mapas a partir de resultados das observações diretas ou da exploração da documentação, bem como da sua utilização”. Para Castrogiovanni (1992, p.38), Cartografia é o conjunto de estudos e operações lógico-matemáticas, técnicas e artísticas que, a partir de observações diretas e da investigação 14 de documentos e dados, intervém na construção de mapas, cartas, plantas e outras formas de representação, bem como no seu emprego pelo homem. Assim, a cartografia é uma ciência, uma arte e uma técnica. Hoje a utilização de mapas é uma realidade praticada em sala de aula, pois está incluída como recurso didático desde as séries iniciais através da alfabetização cartográfica que é um sistema semiótico complexo de comunicação, signos, redução e projeção. Com a análise de elementos cartográficos e elaboração de mapas, os educadores podem lecionar suas aulas de forma mais dinâmica e fazer associação destes produtos a diversos temas da geografia. O trabalho de mapas elaborados em sala de aula pelos professores é um importante recurso didático. Na era da memorização e da “decoreba” do ensino tradicional onde os mapas eram utilizados apenas para decorar nomes de rios ou para colorir os países já não é válido para os alunos serem indivíduos críticos, onde os mapas podem trazer tantas informações quanto um texto ou artigo sobre determinado assunto. É importante que o profissional da educação tenha em mente as situações diversas advindas de lugares que trazem alunos com características variadas. Alunos podem vir de famílias com baixo poder aquisitivo, outros esforçados, muitos heterogêneos e também de baixo nível socioeconômico. Neste caso o trabalho é diferenciado para cada situação, o professor tem que produzir métodos que levem os educandos a adquirir o conhecimento através desses, principalmente que levem à realidade de cada um. O ensino da geografia apresenta diferentes metodologias para que se alcance a aprendizagem dos educandos em sala de aula, um dos métodos que é muito utilizado por estes profissionais da educação é justamente a utilização de mapas para propiciar uma melhor assimilação do vasto espaço que a geografia estuda. A busca pela compreensão por parte dos alunos, e meios que viabilizem uma maior interação destes instrumentos da geografia é, para muitos educadores, um desafio para atingir as metas almejadas. Segundo Yoly (1982, p.40), O espaço geográfico se apresenta sob dois aspectos: um empírico e subjetivo que é primeiramente construído mediante operações sensoriais e outro, objetivo e científico, que é medido e explicável racionalmente. O espaço que a cartografia se propõe representar pode ser elaborado de diversos pontos de vistas, porém todos levam a uma noção relativa das 15 relações entro o tempo que se concretiza no problema da projeção de escala. Apesar de sua importância, muitas vezes, por falta de domínio e complexidade, a cartografia é minorada no âmbito escolar utilizada dessa maneira como recurso e não como instrumento auxiliar do ensino de geografia. Daí, o que se pretende é ir de encontro às propostas que atendam aos anseios dos parâmetros recomendados pelo MEC e pelos órgãos competentes na área da educação. Mas para isto, é importante entender o processo da evolução dos mapas e da ciência cartográfica, recorrendo a estudos pretéritos, analisando também sua importância como matéria estudada por grandes nomes e que até hoje é utilizada em sala de aula. Partindo das considerações elaboradas para se garantir uma boa aprendizagem na cartografia, foi desenvolvido neste trabalho abordagens acerca deste assunto além de pesquisa em salas de aula. De início se fez uma breve explanação sobre o histórico da cartografia, desde os primeiros mapas que foram confeccionados até as ultimas novidades tecnológicas disponíveis no mercado. Em seguida foi feito abordagens acerca da importância da cartografia na educação infantil. Neste tópico mostra-se a fundamental necessidade de se trabalhar esta matéria no ensino fundamental, partindo de métodos específicos que sejam viáveis aos alunos em questão. Logo após o trabalho encaminha análises sobre alfabetização cartográfica nas séries que correspondem os 10 e 20 ciclos que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) adotavam. Ou seja, fez-se uma análise sobre os 20 e 30 anos (10 ciclo), e os 40 e 50 anos (20 ciclo) respectivamente. Desta maneira se obtém métodos de trabalho nestas turmas de maneiras diferentes, tendo em vista os trabalhos iniciais do espaço geográfico para os alunos, que nesta fase é comum ser restrita. Para finalizar aplicou-se um questionário na Escola Estadual Enéas Cavalcante Ceará Mirim/RN abordando assuntos cartográficos aos alunos com questionamentos diferenciados. Sendo também questionados os professores da escola, o seu fazer pedagógico para entender desta maneira o crescimento dos aprendizes sobre este assunto. Além também da análise dos alunos que foram questionados, para enfim concluir o que se pretende, buscando assim meios de solução. 16 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA-METODOLÓGICA Para a fundamentação teórica-metodológica no ensino da cartografia, recomenda-se o grande psicólogo David Paul Ausubel, pois em suas obras ele vai sempre buscar condenar o ensino tradicional, que ainda é muito praticado nos dias de hoje. Para ele, “A escola é um cárcere para os meninos. O crime de todos é a pouca idade e por isso os carcereiros lhe dão castigos” (AUSUBEL, 1968, p.31). Esta citação fez parte de sua experiência de vida, pois quando era menino em sua escola, passou por inúmeros constrangimentos e torturas em sala. O referido autor dedica-se à educação no intuito de buscar as melhorias necessárias ao verdadeiro aprendizado. Totalmente contra a aprendizagem puramente mecânica, torna-se um representante do cognitivismo, e propõe uma aprendizagem que tenha uma estrutura cognitivista, de modo a intensificar a aprendizagem como um processo de armazenamento de informações que, ao agrupar-se no âmbito mental do indivíduo, seja manipulada e utilizada adequadamente no futuro, através da organização e integração dos conteúdos apreendidos significativamente. Muitos professores passam aos alunos os assuntos de maneira sistemática, como a leitura de mapas de maneira decoreba, como decorar nomes de capitais, Estados, rios, estradas etc. Segundo Ausubel, a aprendizagem significativa no processo de ensino necessita fazer algum sentido para o aluno e, nesse processo, a informação deverá interagir e ancorar-se nos conceitos relevantes já existentes na estrutura do aluno. O autor entende que a aprendizagem significativa se verifica quando o banco de informações no plano mental do aluno se revela, através da aprendizagem por descoberta e por recepção. O processo utilizado para as crianças menores é o de formação de conceito, envolvendo generalizações de interesses específicos para que, na idade escolar já tenham desenvolvido um conjunto de conceitos, de modo a favorecer o desenvolvimento da aprendizagem significativa. Esses conceitos deverão ser adquiridos através de assimilação, diferenciação progressiva e reconciliação integrativos de conceitos. Para tanto, Ausubel sugere para esse processo, a utilização de organizadores prévios para, de fato, ancorar a nova aprendizagem, levando o aluno ao desenvolvimento de conceitos subsunçores, de modo a facilitar a aprendizagem subseqüente. 17 Mas o que são organizadores prévios? Segundo o autor, são informações e recursos introdutórios, que devem ser apresentados antes dos conteúdos da matriz curricular, uma vez que tem a função de servir de ponte entre o que o aluno já sabe e o que ele deve saber para que o conteúdo possa ser realmente aprendido de forma significativa. Os organizadores se tornarão mais eficazes se forem apresentados no início das tarefas de aprendizagem para que suas propriedades possam integrar-se como elemento atrativo para o aluno, visando provocar o interesse e desejo de aprender. Sua formulação deve contar com um vocabulário bastante familiar ao aluno, de modo que, sua organização, bem como a aprendizagem sejam consideradas como material de valor pedagógico. Foi neste requisito que buscamos elaborar o questionário de maneira que estivesse ao alcançe do entendimento dos alunos. Para que a aprendizagem significativa ocorra, o autor assinala duas condições essenciais : 1) disposição do aluno para aprender; 2) O material didático desenvolvido, que deve ser, sobretudo, significativo para o aluno. Somente dessa forma é que se dará a verdadeira compreensão de conceitos e proposições, o que implica na posse de significados claros e intransferíveis para a avaliação consistente da aprendizagem significativa. O método válido e prático, segundo Ausubel, consiste em buscar soluções de problemas diversos através de testes de compreensão, utilizando-se de recursos diferentes daqueles, utilizados anteriormente no material instrucional para que se possa constatar, de fato, se o aluno desenvolveu ou não, às habilidades necessárias à aquisição da aprendizagem significativa. Com relação a isto é importante que o professor escolha segundo seu entendimento o melhor material para os alunos, inclusive o livro didético, e não o estado, como ocorre nas escolas estaduais, como no Rio Grande do Norte, pois cada turma é uma realidade diferente. Sendo assim, as turmas podem utilizar de materiais didáticos diferentes de acordo com as necessidades de cada uma. A Teoria da aprendizagem de Ausubel objetiva, portanto, facilitar a aprendizagem do aluno, através da psicologia da aprendizagem significativa. Afirma o autor que: Se eu tivesse que reduzir toda a psicologia educacional a um único princípio, diria isto: o fato isolado mais importante que informação na aprendizagem é aquilo que o aprendiz já conhece. Descubra o que ele sabe e baseie isso nos seus ensinamentos (AUSUBEL, 1968, p.75). 18 A aprendizagem significativa é elemento essencial ao processo de aquisição do conhecimento do aluno, fundamental para o novo papel do professor e função social da escola. 19 3 BREVE HISTÓRICO SOBRE CONFECÇÕES DE MAPAS A EVOLUÇÃO DA CARTOGRAFIA E A confecção de mapas é praticada desde tempos pré-históricos, antes mesmo da escrita tendo como função prover a visualização de dados espaciais. Neste período dispomos de mapas feitos em placas de argila sumérias e papiros egípcios. Na antiga Grécia, Hiparco e Aristóteles produziam mapas com latitudes e longitudes. Em Roma, Ptolomeu representou a Terra dentro de um círculo. Figura 1 - Andreas Cellarius, Harmonia Macrocosmica, Amsterdam, 1660. O modelo geocêntrico de Ptolomeu. Fonte: http://www.portaldoastronomo.org/t.php Figura 2 - Mapa da língua escrita por sumérios em papiro Fonte: http://www.bussolaescolar.com.br/historia_geral/sumeria.htm 20 Porém, Oliveira (1988) afirma ser de origem babilônica o mais antigo mapa que o mundo conhece. É um tablete de argila cozida com a representação de duas cadeias de montanhas, e no centro delas um rio que deve ser a representação do Eufrates. Sua idade é calculada como podendo ser de até 3.800 antes da era cristã. Figura 3 - Mapa mais antigo conhecido. Gravado em uma placa de barro, representa a cidade de Ga-Sur (2400 A.C.). Fonte: http://www.algosobre.com.br/geografia/cartografia.html No período medieval, mesmo com uma relativa estagnação na Europa ocidental, foram produzidos os mapas Orbis Terraum (OT). Um T composto pelas águas separando as terras dentro de um O (o mundo). No mundo árabe, desde 827 o califa Al Mamum havia determinado traduzir do grego a obra de Ptolomeu. Os árabes resgataram os conhecimentos greco-romanos, aperfeiçoando-os. Na idade moderna, com a abertura comercial, os mapas ganharam importância renovada entre os árabes que prosseguiram nestes estudos. Em poucos séculos, os mapas passaram a ser grandemente valorizados na região mediterrânea, também por outros países como Portugal e Espanha, representados pela bússola, pelo astrolábio e pela caravela o qual permitiram o processo das grandes navegações, marcando a passagem para a idade moderna. 21 Figura 4 - Mapa dos descobrimentos Fonte: http://www.ancruzeiros.pt/anchistoria-mar001.html Ao longo da história, a cartografia tem apresentado uma série de transformações como, por exemplo, no século XVI, a criação da famosa representação de Mercator, pelo belga Gerhard Kremer. Ele encontra uma projeção em que uma linha reta na carta correspondesse a uma reta de igual rumo no oceano, ajudando os navegadores. No entanto, quanto mais afastado do Equador, maiores são as distorções leste-oeste que a carta representará. A Terra é retratada na forma de um cilindro. O século XVII apresenta grandes contribuições para a cartografia, como por exemplo, a invenção do teodolito pelo inglês Jessé Romsden.em 1851, o francês Aimé Laussedat cria a fotogrametria, visto que, já em 1838, Charles Weheatstone, físico inglês, havia inventado o estetoscópio. Como o surgimento do avião no século XX, a fotogrametria teve um extraordinário desenvolvimento. As rotas aéreas proporcionaram o mapeamento com maior precisão de áreas, as quais eram impossíveis de serem vistas na sua totalidade. Porém, no século XVIII surge uma sistematização da ciência nos estudos geográficos, no qual posteriormente iriam influenciar no estudo dos mapas em sala de aula. Tudo isso seguindo as tendências que estavam vigentes no momento. 22 No Brasil as primeiras tendências da Geografia nasceram com a fundação da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo e do Departamento de Geografia, quando, a partir da década de 40, a disciplina Geografia passa a ser ensinada por professores licenciados, com forte influência da escola francesa de Vidal de La Blanche. Essa tendência da Geografia e as correntes que dela se desdobraram foram chamadas de Geografia Tradicional. No ensino, essa Geografia se traduziu, e muitas vezes ainda se traduz, pelo estudo descritivo das paisagens naturais e humanizadas, de forma dissociada do espaço vivido pela sociedade e das relações contraditórias de produção e organização do espaço. Essa perspectiva marcou também a produção dos livros didáticos até meados da década de 70, e, mesmo hoje em dia muitos ainda apresentam em seu corpo idéias, interpretações ou até mesmo expectativas de aprendizagem defendidas pela Geografia Tradicional. Figura 5 - Mapa com as cidades paulistas servidas pelas principais rodovias eram divulgados em livros escolares de Geografia, no início da década de 1970 Fonte: http://www.novomilenio.inf.br/santos/mapa93.htm No pós-guerra, a realidade tornou-se mais complexa, os métodos e as teorias da Geografia Tradicional tornaram-se insuficientes para apreender essa 23 complexidade. Era preciso realizar estudos voltados para a análise das relações mundiais, análises essas também de ordem econômica, social, política e ideológica. Por outro lado, o meio técnico e científico passou a exercer forte influência nas pesquisas realizadas no campo da Geografia. Para estudar o espaço geográfico globalizado, se começou a recorrer as geotecnologias, entre eles o sensoriamento remoto, as imagens de satélite e o computador como articulador de massa de dados: surgem os SIG’s (Sistemas Geográficos de Informações). A partir dos anos 60, sob influência das teorias marxistas, surge uma tendência crítica à Geografia Tradicional, cujo centro de preocupações passa a ser as relações entre a sociedade, o trabalho e a natureza na produção do espaço geográfico. Essa nova perspectiva considera que não basta explicar o mundo, é preciso transformá-lo. Assim a Geografia ganha conteúdos políticos que são significativos na formação do cidadão influenciadas pela Geografia Marxista. Essas propostas, no entanto, foram centradas em questões referentes a explicações econômicas e a relações de trabalho que se mostraram, no geral, inadequadas para os alunos dessa etapa da escolaridade, devido a sua complexidade. Tanto a Geografia Tradicional quanto a Geografia Marxista ortodoxa negligenciaram a relação do homem e da sociedade com a natureza em sua dimensão sensível de percepção do mundo. Atualmente, a cartografia tem a seu favor os vôos orbitais de satélites e naves tripuladas, assim como computadores para a leitura de imagens e correções de desvios de dados. Para alguns autores, a cartografia, com suas técnicas próprias e inconfundíveis, não pode ser vista como uma ciência, como é concebida, por exemplo, a geografia, tampouco pode ser considerada uma arte de elaboração criativa individual, capaz de produzir diferentes emoções conforme a sensibilidade de cada um. São nestas considerações que vemos a importância do dia-a-dia da cartografia para o funcionamento de vários instrumentos espalhados pelo mundo. Conforme isto se faz necessário o ensino desta matéria nas escolas de maneira que venha a contribuir na evolução de seu ensino. Uma das características fundamentais da produção acadêmica da Geografia desta última década é justamente a definição de abordagens que considerem as dimensões subjetivas e, portanto, singulares que os homens em sociedade estabelecem com a natureza. Uma Geografia que não seja apenas centrada na 24 descrição empírica das paisagens, tampouco pautada exclusivamente na interpretação política e econômica do mundo; que trabalhe tanto as relações socioculturais da paisagem como os elementos físicos e biológicos que dela fazem parte, investigando as múltiplas interações entre eles estabelecidas na constituição de um espaço: o espaço geográfico. 25 4 A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA Abordagens atuais da geografia têm buscado praticas pedagógicas que permitam apresentar aos alunos, os diferentes aspectos de um mesmo fenômeno em diferentes momentos da escolaridade, de modo que os alunos possam construir compreensões novas e mais complexas a seu respeito. Espera-se que, desta forma, eles desenvolvam a capacidade de identificar e refletir sobre diferentes aspectos da realidade, compreendendo a relação sociedade-natureza. Essas práticas envolvem procedimentos de problematização, observação, registro, descrição, documentação, representação e pesquisa dos fenômenos sociais, culturais ou naturais que compõem a paisagem e o espaço geográfico, na busca e formulação de hipóteses e explicações das relações, permanências e transformações que aí se encontram em interação. É fundamental, assim, que o professor crie e planeje situações nas quais os alunos possam conhecer e utilizar esses procedimentos. A observação, descrição, experimentação, analogia e síntese devem ser ensinadas para que os alunos possam aprender a explicar, compreender e até mesmo representar os processos de construção do espaço e dos diferentes tipos de paisagens e territórios. A paisagem local, o espaço vivido pelos alunos deve ser o objeto de estudo ao longo dos primeiros anos. Entretanto, não se deve trabalhar do nível local ao mundial hierarquicamente: o espaço vivido pode não ser o real imediato, pois são muitos e variados os lugares com os quais os alunos têm contato e, sobretudo, que são capazes de pensar sobre. Para Cavalcanti (1998, p.24), o ensino de Geografia deve levar o aluno a compreender a sua realidade sob o ponto de vista de sua espacialidade. “Isso porque se tem convicção de quer a prática da cidadania, sobretudo nesta virada de século, requer uma consciência espacial”. Em outro trabalho, a autora afirma que “A geografia na escola tem a finalidade de formação de modos de pensar geográficos por parte dos alunos” (CAVALCANTI, 2002, p.12). A compreensão de como a realidade local relaciona-se com o contexto global é um trabalho que deve ser desenvolvido durante toda a escolaridade, de modo cada vez mais abrangente, desde as primeiras séries. Estudar a paisagem local ao longo dos primeiros anos de escolaridade é aprender a observar e a reconhecer os fenômenos que definem e suas características; descrever, 26 representar, comparar e construir explicações, mesmo que aproximadas e subjetivas, das relações que aí se encontram impressas e expressas. A geografia utiliza-se da cartografia que procura compreender o espaço utilizado, trabalha com imagens, recorre a diferentes linguagens na busca de informações e como forma de expressar suas interpretações, hipóteses e conceitos. Pede uma cartografia conceitual, apoiada numa fusão de múltiplos tempos e numa linguagem específica, que faça da localização e da espacialização uma referência da leitura das paisagens e seus movimentos. É preciso quer o professor analise as imagens na sua totalidade e procure contextualizá-las em seu processo de produção: por quem foram feitas, quando, com que finalidade, etc. O estudo da linguagem cartográfica, por sua vez, tem cada vez mais reafirmado sua importância, desde o início da escolaridade. Contribui não apenas para que os alunos venham a compreender e utilizar uma ferramenta básica da geografia, os mapas, como também para desenvolver capacidades relativas à concepção do espaço. Para isso é importante que consideremos o ponto de vista dos alunos iniciantes, mesmo que não exista de fato. O conhecimento pode advir das experiências reais, mas todo o aluno tem um conhecimento que vem de casa, e a função da escola e da geografia, podendo também enquadrar a cartografia, é fazer com que ele supere o senso comum, ao fazer confrontação da sua realidade concreta com o conhecimento cientificamente produzido. Segundo Gramsci (1990), apud Mochcovitch (1990), as representações do mundo que o senso comum permite são sempre ocasionais e desagregadas, são formas de um conformismo imposto pelo ambiente exterior (ideologia dominante) e por outros grupos sociais. Por outro lado uma concepção de mundo unitário, coerente e homogêneo é formada de uma maneira crítica e consciente, num processo teóricoprático. E para passar da consciência ocasional e desagregada para a consciência coerente e homogênea é preciso criticar a concepção de mundo que se tem, partindo da consciência daquilo que somos – “conhecete a ti mesmo” e chegando “ao ponto atingido pelo pensamento mundial mais desenvolvido”. (GRAMSCI, 1990 apud MOCHCOVITCH, 1990, p. 12). A cartografia é um conhecimento que vem se desenvolvendo desde a pré-história até os dias de hoje. Por intermédio dessa linguagem é possível sintetizar informações, 27 expressar conhecimentos, estudar situações, entre outras coisas, sempre envolvendo a idéia da produção do espaço: sua organização e distribuição. As formas mais usuais de se trabalhar com a linguagem cartográfica na escola é por meio de situações nas quais os alunos têm de colorir mapas, copiá-los, escrever os nomes de rios ou cidades, memorizar as informações neles representadas. Mas esse tratamento não garante que eles construam os conhecimentos necessários, tanto para ler mapas como para representar o espaço geográfico. Para isso, é preciso partir da idéia de que a linguagem cartográfica é um sistema de símbolos que envolve proporcionalidade, uso de signos ordenados e técnicas de projeção. Também é uma forma de atender a diversas necessidades, das mais cotidianas as mais específicas. A escola deve criar oportunidades para que os alunos construam conhecimentos sobre essa linguagem nos dois sentidos: como pessoas que representam e codificam o espaço e como leitores das informações expressas por ela. Ao agir sobre os objetos e situações, o aluno vai construindo esquemas cognitivos, reconstruindo o mundo, ao mesmo tempo em que constrói sua inteligência, inclusive construindo o seu espaço. Segundo a teoria de Piaget, O sujeito reestrutura o que recebe via transmissões sociais e educativas, acrescentando coordenações e estabelecendo relações que enriquecem o que é abstraído dessas transmissões. Sem essa participação ativa, tornase difícil para o sujeito apropriar-se dos conhecimentos coletivos, visto o entendimento decorrido das possibilidades das reestruturações salientadas. (SEBER, 1997,p. 154) A compreensão do espaço geográfico será trabalhada sempre que se estudar a paisagem, o território e o lugar; por outro, a questão da representação espacial, no contexto dos estudos, é um caminho importante para compreender a espacialidade dos fenômenos, para entender a função social da linguagem cartográfica, bem como os processos histórico-sociais de sua construção. Sendo assim, o professor deve abordar, simultaneamente, dois eixos: a leitura e a produção da linguagem cartográfica. A compreensão desse sistema de representação ocorre quando há sucessivas aproximações dos dois eixos, não sendo a primeira condição para o segundo, isto é, para se fazer mapas não são necessários que se aprenda a lê-los antes. Sem dúvida, essa é uma linguagem complexa que envolve diferentes aspectos e não é possível aos alunos dar conta de todos, principalmente nos 28 primeiros anos, quando ainda têm muita dificuldade em definir outros referenciais espaciais que não sejam vinculados a si mesmos. Com isto, os alunos muitas vezes farão mapas que não respeitarão um sistema único de projeções, não mantendo a proporcionalidade, não sistematizando os símbolos, etc. Sendo assim, cabe ao professor criar diferentes situações nas quais os alunos tenham de priorizar um ou outro aspecto, tanto na produção quanto na leitura, para que, gradualmente, consigam coordená-los, apropriando-se tanto das convenções como do funcionamento dessa linguagem. O professor deve também considerar as idéias que seus alunos têm sobre a representação do espaço. As crianças sabem fazer coisas como descrever os trajetos que percorrem, organizar um cômodo com seus móveis, desenhar um “mapa do tesouro”, entre outras. É importante elaborar o trabalho cartográfico por etapas, como: primeiro o desenvolvimento do percurso, segundo o croqui básico, terceiro o pré-mapa e quarto o mapa básico. A partir desse tipo de conhecimento, o professor pode pensar em problematizações que explicitem a necessidade de se representar o espaço e, ao fazêlo, novas exigências poderão se evidenciar: criar legendas, manter algum tipo de proporcionalidade, respeitar um sistema de projeção, esclarecer orientação, direção e distância entre os fatos representados. Também, ao fazer a leitura de mapas, o professor deve considerar que os alunos são capazes de deduzir muitas informações, principalmente se a leitura estiver contextualizada e eles estiverem em busca de alguma informação. Por exemplo, ler um mapa físico da região em que vivem e tentar descobrir quais são os lugares mais altos, mais baixos, planos ou não planos a partir do conhecimento que têm sobre o lugar e da interpretação das legendas. Não se pode perder de vista que a função social da linguagem cartográfica é de comunicação de informações sobre o espaço, ou seja, deve haver situação comunicativa, para que a atividade seja significativa e ocorra aprendizagem. A situação caracteriza-se dessa forma quando há alguma informação espacial, sendo representada e comunicada para algum interlocutor dentro de um contexto social. Nesse caso, as crianças podem tanto ser os usuários, leitores, quanto os produtores, que comunicam algo de sentido. Desta forma é importante a existência de uma linguagem coerente, pois “Trazer fatos sem uma teoria que cole os pedaços da realidade, sem uma análise crítica é como o saci querer dançar tango. Não dá!” (SEFFNER, 1995, p. 54). 29 Com base no que se é exigido, inúmeros são os questionamentos que procuram uma explicação de como se pode lecionar uma aula de geografia, tendo retornos relevantes por parte dos alunos utilizando mapas como instrumentos. Simultaneamente, como este ensino pode interagir, de maneira eficaz com os anseios didáticos da área geográfica, para alcançar um nível contundente no processo ensino-aprendizagem atendendo aos objetivos dos parâmetros da educação. As sucessivas mudanças e debates em torno do objeto e método da Geografia como ciências, presentes no meio acadêmico, têm repercussões diversas no ensino fundamental. Desta forma, torna-se necessário que o professor procure meios que traga uma visão diferente ao usar ferramentas importantes como é o caso dos mapas geográficos. Mas, para se trabalhar este assunto considerável complexo para alunos iniciantes, é importante uma organização, ou seja, um planejamento para enviar os assuntos por etapas, de acordo com as séries (anos). Isto foi o que o antigo PCN da geografia havia proposto, mas que já houve reformulações, este era dividida em antigos ciclos, que correspondiam da seguinte maneira: 10 ciclo (10 e 20) séries e o 20 ciclo (30 e 40) séries. Desta maneira, o trabalho procura mostrar a metodologia segundo o que era proposto, mas com algumas modificações, pois temos que seguir a tendências e exigências da educação nacional, sendo que nunca abrindo mão daquilo que vivenciamos. Na verdade pouco se modificou, muitos professores ainda usam a antiga metodologia e o que de fato mudou, foram as palavras séries em anos. 4.1 ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA NOS 20 E 30 ANOS O estudo da geografia aborda dentre outros assuntos a construção do espaço geográfico. Para tanto, a paisagem local e o espaço vivido são as referências para o professor organizar seu trabalho. É importante ressaltar que as relações entre a sociedade e a natureza podem modificar a paisagem e assim interferir na construção dos mapas. Nesta etapa é importante que os alunos conheçam alguns procedimentos que fazem parte dos métodos de operar para o desenvolvimento cognitivo da geografia. 30 Capacidade de generalizar, discordar, formar conceitos, raciocinar, observar, descrever, representar e construir explicações são procedimentos que podem aprender a utilizar, mesmo que ainda o façam com pouca autonomia, necessitando da presença e orientação do professor, incluindo o ensino de imagens que auxiliem futuramente o ensino cartográfico. Vale lembrar que esse ciclo é, na maioria das vezes, o momento de ingresso da criança na escola. Ensinar os alunos a ler imagem e a observar uma paisagem irá ser fundamental na construção cartográfica. Há uma grande incapacidade da escola em propiciar situações que levem os alunos a constantes movimentos entre o codificar e o decodificar, o criar e o ler, o interpretar e o imaginar situações, fatos, dados, enfim, a vida. A escola e, portanto a geografia continuam distante da vida. É importante lembrar o que diz George (1978, p.54): Por uma dialética bastante simples, correspondendo a um tipo de progressão do conhecimento, a representação cartográfica significa as formas várias, o ponto de partida e o ponto terminal do conhecimento geográfico. A imagem como representação também pode estar presente. Desenhar é uma maneira de se expressar características desse segmento da escolaridade e um procedimento de registro utilizado pela própria geografia. Além disso, é uma forma interessante de propor que os alunos comecem a utilizar mais objetivamente as noções de proporção, distância e direção, fundamentais para a compreensão e uso da linguagem cartográfica. O trabalho com a construção da linguagem cartográfica, por sua vez, deve ser realizado considerando os referenciais que os alunos já utilizam para se localizar e orientar no espaço. A partir de situações nas quais compartilhem e explicitem seus conhecimentos, o professor pode criar outras nas quais possam esquematizar e ampliar suas idéias de distância, direção e orientação. O início do processo de construção cartográfica acontece mediante o trabalho com a produção e a leitura de mapas simples, em situações significativas de aprendizagem nas quais os alunos tenham questões a resolver, seja para comunicar, seja para obter e interpretar informações. E como na construção de outras linguagens mesmo inicialmente, não se deve caracterizá-la nem na produção, nem na leitura. 31 É importante assim, que o professor nos 20 e 30 anos trabalhe com diferentes tipos de mapas, Atlas, globo terrestre, plantas e maquetes de boa qualidade e atualizados, mediante situações nas quais os alunos possam interagir com eles fazendo uso cada vez mais preciso e adequado deles. O estudo do meio, o trabalho com imagens e a representação dos lugares são recursos didáticos interessantes pelos quais os alunos podem construir, de maneira cada vez mais ampla e estruturada, as imagens e as percepções que têm da paisagem local, conscientizando-se de seus vínculos afetivos e de identidade com o lugar no qual se encontram inseridos. 4.2 ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA NOS 40 E 50 ANOS Nesta etapa, o estudo da geografia aborda principalmente as diferentes relações entre as cidades e o campo. O objetivo central é que os alunos construam conhecimentos a respeito das categorias da paisagem urbana e paisagem rural, como foram constituídas ao longo do tempo e ainda o são, e como sintetizam múltiplos espaços geográficos. Quanto às representações cartográficas, o estudo sobre a representação do espaço segue de modo semelhante aos anos anteriores, embora seja possível abordar de forma mais aprofundada as noções de distância, direção e orientação e iniciar um trabalho mais aprofundado com as noções de proporção e escala. Já se pode esperar que os alunos compreendam que para representar o espaço, é preciso obedecer a certas regras e convenções postuladas pela linguagem cartográfica e comecem a dominá-las na produção de mapas simples, relacionados com o espaço vivido e outros mais distantes. Atividades nas quais os alunos tenham de refletir, questionar, comunicar e compreender informações expressas por meio dessas regras e convenções, e não apenas descrevê-las e memorizá-las, podem ser planejadas pelo professor para que as conheçam e aprendam a utilizá-las. Os referenciais de localização, os pontos cardeais, as divisões e contornos políticos dos mapas, o sistema de cores e legendas podem e devem ser trabalhados. 32 Cabe ao alfabetizador provocar no aluno a sensibilidade, a curiosidade, o desejo, o pensamento divergente, a sistematização dos signos, a atribuição e a construção de significados para que ocorra a constante textualização do mundo (CASTROGIOVANNI, 1998, p.40). Também no que se refere à leitura, a prática do professor deve favorecer uma autonomia crescente na consulta e obtenção das informações por meio de mapas, Atlas, globo terrestre e até mesmo de maquetes, plantas e fotos aéreas. Nesse sentido, os diferentes tipos de mapas, os múltiplos temas que são representados por meio dessa linguagem, e as razões que determinam à relevância do seu mapeamento, podem ser temas de discussão e estudo. Nesta fase estudar conceitos fundamentais, tradicionalmente representados pela linguagem cartográfica, como relevo, vegetação, clima, população, tamanho, distribuição, não só passa a ser pertinente como também fundamental para que os alunos ampliem seus conhecimentos sobre essa linguagem. Nesse momento da escolaridade passa a ser interessante também discutir com os alunos a linguagem cartográfica como uma produção humana, marcada pelos alcances e limites dos recursos técnicos e das intenções dos sujeitos e das épocas que dela se valem para representar o espaço geográfico. Sendo assim, estudar a história da cartografia é uma forma adequada de aproximar a História e a Geografia num estudo sobre, como diferentes sociedades em tempos e espaços distintos percebem e representam seu entorno e o mundo: as técnicas e os conhecimentos, o imaginário, as intenções políticas e econômicas, os medos e desejos. 33 5 ANÁLISE DA CARTOGRAFIA NA ESCOLA ESTADUAL ENÉAS CAVALCANTE EM CEARÁ MIRIM/RN A Escola Estadual Enéas Cavalcante situa-se na travessa Manoel Marques no centro da cidade de Ceará Mirim ao lado da Escola Estadual General João Varela. A escola oferece aulas para alunos do 10 ao 50 ano, do 60 ao 90 ano e para alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Sua autorização para exercício foi na data de 09/12/77, mas seu reconhecimento foi em 20/05/80. A forma de ocupação do prédio é a de estabelecimento privado do Governo do Estado e sua capacidade de matrícula é de 500(quinhentos) alunos nos turnos matutino, vespertino e noturno. Figura 6 - Frente da Escola Estadual Enéas Cavalcante Fonte: Elaborado pelo autor. 5.1 INFRA-ESTRUTURA DA ESCOLA A Escola Estadual Enéas Cavalcante dispõe de nove salas de aula em que estudam alunos do 60 ao 90 ano no turno da manhã com a faixa etária de dez à quinze anos, do 10 ao 50 ano no turno da tarde com faixa etária de cinco anos e seis 34 meses à treze anos, e alunos do EJA no turno da noite divididos em anos iniciais(10 a 40) e anos finais(50 a 80). Quanto à parte administrativa além das salas de aula, a escola também dispõe de uma secretaria agregada ao banheiro dos funcionários, uma sala de vídeo, uma sala de arquivo, sala dos professores e diretoria. No centro da escola há um pátio onde os alunos têm seus momentos de lazer e atividades extra-classe, o qual os professores podem utilizar a área para atividades cartográficas quanto às noções de espaço. Figura 7 - Foto do pátio interno da escola Fonte: Elaborado pelo autor. A escola também é composta de uma cozinha junta com o almoxarife e também de uma sala onde se guarda livros, existe também um auditório relativamente espaçoso onde os alunos têm aulas extra-classe e palestras, além de festas e eventos do quadro da escola. Uma sala foi construída do lado de fora onde ficam as primeiras salas de aula. Quanto aos funcionários: nove compõe o quadro de professores a tarde, nove pela manhã, nove a noite, além de três professores para acompanhar os três turnos. Há também uma diretora e uma vice-diretora. Nos três expedientes a secretaria dispõe de onze pessoas, e na escola de cinco cozinheiras, dois porteiros nos turnos da manhã e da tarde e o vigia a noite. Quanto à coordenação, nos três turnos há seis supervisores, uma coordenadora pedagógica e uma coordenadora financeira. 35 Em relação aos alunos, no turno da manhã há 292 alunos, no turno da tarde são 248 e no turno da noite 387 num total de 927 alunos. As condições da escola são estáveis, uma vez que nunca houve reformas na escola desde sua construção em 09/12/1978, isto mostra de forma visível a ruim conservação do ambiente como mostrado na imagem do pátio interno. Quanto aos materiais cartográficos a escola oferece para os alunos três Globos Mundi. Na sala de vídeo a escola disponibiliza de um aparelho de tv de 20” sendo esta agregada a uma antena parabólica, um vídeo-cassete, um DVD, além de um retro-projetor, todos estes essenciais para elaboração de aulas envolvendo a cartografia. Na sala tem inúmeras fitas de vídeo-cassete a respeito do universo e de diversas cidades brasileiras, mas nenhuma que aborde especificamente assuntos sobre cartografia. Figura 8 - Foto da sala de vídeo Fonte: Elaborado pelo autor. Mais associado ao assunto, a escola oferece diversos Atlas do Rio Grande do Norte (RN) e do Brasil. Quanto aos mapas, há diversos distribuídos assim: a) 1 mapa físico do Brasil; b) 1 mapa da vegetação do Brasil; c) 1 mapa econômico do Brasil; d) 1 mapa político; 36 e) 1 mapa político rodoviário do Brasil; f) 2 mapas climáticos do Brasil; g) 1 mapa político do Nordeste; h) 1 mapa político do RN; i) 1 mapa físico do RN. 5.2 QUANTO A ANÁLISE E METODOLOGIA DO PROFESSOR Quanto a análise e metodologia do professor, se analisou quatro professores do polivalente, que trabalham todas as matérias nos respectivos anos 20, 30, 40 e 50. Todos com total liberdade para falar sobre seus métodos de ensino, sem interferência na entrevista em momento algum. O principal objetivo do trabalho é obter, além de suas explanações pessoais, como que eles trabalham os assuntos cartográficos, neste caso, na geografia do ensino fundamental. Segundo o professor A do 20 ano, ele trabalha a questão do espaço do geral para o particular. Mas o educador se referiu do pequeno(sua casa, sua rua, a escola...) ao grande(sua cidade, seu Estado, seu País) sendo assim o método sintético. Desta forma o professor citou o método de forma errônea, pois se trata do método analítico. Mas, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p.116), fica cada vez mais claro aos educadores que Não se deve mais trabalhar do nível local ao mundial hierarquicamente. [...] a compreensão de como a realidade local relaciona-se com o contexto global é um trabalho que deve ser desenvolvido durante toda a escolaridade de modo cada vez mais abrangente, desde os ciclos iniciais. Figura 9 - Imagem do município de Ceará-Mirim/RN pelo método sintético Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cear%C3%A1-Mirim. 37 O educador trabalha também a questão da “lateralidade” e distância como perto, longe, acima, embaixo, frente, traz. Segundo a análise cartográfica, ele inicia seu trabalho tendo como referência o espaço da escola bem como seu percurso para a casa de cada aluno, neste trabalho os alunos sabem falar, mas não sabem representar ao modo deles. Ele leva em conta também em sala, as referências dos alunos em suas carteiras como quem esta do lado esquerdo, na frente etc. Outro método que o professor acha interessante e utiliza é a representação do corpo humano, como por exemplo, desenhar os traços da própria mão dos alunos. O professor A afirma que utiliza o globo, mas não com freqüência, pois acha complexo para os alunos, porém sugere ser interessante um trabalho desenvolvido em uma feira de ciências. Pois na escola há uma maquete em que a cidade de Ceará Mirim fica no pico do trabalho, o Estado do RN no meio, e o Brasil na base como referência, um em cima do outro. Sendo assim, a maquete serve de base para explorar a projeção dos elementos do espaço vivido para o espaço representado. Para o professor este trabalho é importante, pois os alunos confundem quando é mostrado o mapa de Ceará Mirim, eles já conhecem pelos distritos, mas quando mostra o mapa do RN já não compreendem o porquê que a cidade está ali dentro, ao lado de cidades desconhecidas. A avaliação do educador é contínua e instantânea. Em sua elaboração ela tenta entrar em outras matérias (interdisciplinaridade), mas não chega avaliar a aprendizagem por meio de provas escritas. No 30 ano o educador entrevistado B passa, quando se referi sobre o assunto do trabalho, uma conduta de insegurança, sendo curto nas afirmações e simplista. Segundo ele a escola é precária de materiais e isso prejudica sua metodologia, e que também os alunos só dispõem do livro de matemática para o ano todo. Quanto à geografia e ao uso da cartografia nos estudos sociais ele afirma usar pouco os mapas disponíveis, mas quando usa procura sempre mostrar o município de Ceará Mirim e sua localização no Estado. Afirma que os alunos são ainda presos somente ao município, e que muitos moram no interior. O educador busca falar sempre do meio ambiente de uma forma geral. Desta maneira diz trabalhar do referencial maior para o menor(do geral para o particular), achando interessante utilizar o espaço geográfico que estivesse na realidade deles, e a partir daí, chegar a um referencial maior. 38 Quanto à avaliação ele sugere aos alunos que tragam livros que eles tenham em casa, pois os livros atuais não estão na realidade dos aprendizes. O professor procura trabalhar individualmente, sendo sua avaliação contínua e procurando sempre trabalhar com relatórios. O educador C da turma do 40 ano parecia um pouco espantado e inseguro ao ser feita as interrogações. Ele afirma não ter passado nada ainda sobre cartografia. Mas disse que havia passado assuntos que podem ser relacionados com a cartografia, afirmou trabalhar conceitos de cidades, abordando as diferenças entre a zona rural e urbana, sendo exposta de forma oral. Segundo ele os educandos não sentem muitas dificuldades com os conceitos. Os alunos têm o livro didático, diferentemente das outras turmas, e estão satisfeitos com o material. Ele afirma que pretende utilizar mapas, mas prefere exemplificar diante do quadro, pois fica mais simples de se trabalhar. A avaliação elaborada pelo professor é a prova escrita, abordando tudo que foi passado. O livro trabalhado é da coleção “0 mundo em movimento” de Márcia Cruz, Roberto Filizola e Valéria Edith Gardai Collodel (Geografia- 10 a 40 série – 136 páginas) sendo trabalhada nesta turma o volume 3 com o título “A paisagem da cidade e do campo”.Na parte 4 do livro tem o assunto “Construindo e entendendo os mapas” que ainda não foi trabalhado, mas que o professor pretende passar. O capítulo aborda tudo bem superficial, mostrando os mapas com símbolos simplistas, sendo assim importantes para o entendimento inicial, o que é interessante para os alunos em questão. Para o professor D do 50 ano, o ano letivo começou com muita dificuldade, pois só há livros suficientes de matemática, ciências e português, sendo poucos os exemplares de geografia fazendo com que os alunos revezem o material didático. Mesmo assim, ele trabalha os assuntos cartográficos com os alunos. Ele afirma trabalhar a questão do espaço, pedindo que os alunos façam o trajeto de casa para a escola e que observem as modificações do espaço, observando o que se desfez e o que foi construído pelo homem. Afirma ter utilizado um texto com o título dizendo “o que é espaço”, também trabalhou localização do Brasil e do RN, usou o planisfério, trabalhou os continentes e os oceanos. O educador fala também da importância de se trabalhar partindo do todo para as partes (método analítico). 39 Figura 10 - Desmembramento da Capitania de São Paulo e Minas de ouro pelo método analítico. Fonte:http://br.monografias.com/trabalhos/atlasmunicipaisformacaoprofessores/atlasmunicipaisformacao-professores.shtm Em sala o professor diz usar sempre o mapa como recurso essencial da cartografia, sendo trabalhado superficialmente, pois, segundo ele, os alunos têm dificuldade de compreensão assimilando algumas coisas. Como nas outras turmas, o professor sente muita falta de materiais, principalmente do livro didático. Sua avaliação é na maioria das vezes escrita e com pequenos trabalhos em grupo e individual, utilizando a cartografia, como por exemplo, os gráficos em avaliações. 5.3 O QUE PENSAM OS ALUNOS SOBRE A CARTOGRAFIA Para falar sobre o item 5.3 quanto aos alunos o que pensam sobre a cartografia, foi elaborado um questionário com perguntas simples a respeito do assunto sendo coerentes ao entendimento dos aprendizes. O questionário foi aprovado previamente pelos professores, antes de ser aplicado aos alunos. Para adquirir este questionário de maneira acessível ao entendimento dos aprendizes, fez-se uma pesquisa bibliográfica sobre as teorias de David Paul Ausubel. Para Ausubel, a aprendizagem significativa é adquirida quando a informação interage aos conceitos relevantes já existentes na estrutura mental do aluno. Ele sugere para esse processo, a utilização de organizadores prévios para, de fato, ancorar a nova aprendizagem, levando o aluno ao desenvolvimento de conceitos subsunçores, de modo a facilitar a aprendizagem subseqüente. Para desenvolver os “organizadores prévios”, o autor entende que sua formulação deve contar com um vocabulário bastante familiar ao aluno, de modo 40 que, sua organização, bem como a aprendizagem sejam consideradas como material de valor pedagógico. No questionário, as perguntas levam em consideração os assuntos que tendem para questões quanto à noção de espaço, tempo, da afetividade (grupo), além do interesse com a cartografia. Para isso, os educadores e o pesquisador em sala, explicou as perguntas aos alunos para melhor entendimento, como sugere Ausubel. O questionário é composto de dez perguntas. Em cada sala das quatro séries(10, 20 ,30 e 40) a serem pesquisadas, foram entregues dez questionários para os alunos de forma aleatória. O mesmo trabalho é entregue para todas as quatro salas a serem analisadas, obtendo assim comparações quanto à noção cartográfica dos alunos de cada classe. É importante ressaltar que cada sala tem em média trinta alunos. Mas, devido à desistência e a falta no momento da realização da pesquisa de alguns educandos, as salas tinham em média vinte e cinco estudantes. Quanto à formulação do questionário, a primeira pergunta do trabalho questiona aos alunos sobre a distância do percurso de casa para a escola. Dessa maneira é analisada a concepção de espaço do educando, visto que eles irão dizer se eles acham perto ou longe o caminho, pois o trajeto do percurso geralmente é trabalhado pelos professores. A partir daí, avalia-se a noção de espaço que os alunos têm. A segunda pergunta faz menção da concepção dos alunos quanto ao que eles observam na transformação do espaço, uma vez que afirma haver nos últimos anos modificações ao redor de sua escola. Dessa forma será observado nos aprendizes se eles acompanham o crescimento acelerado, que é algo normal nos dias de hoje, ao redor da escola, analisando aí as transformações do homem. Este item deve ser acompanhado pelas análises dos professores, para o entendimento das modificações ocorridas na atualidade pelos aprendizes. A terceira pergunta interroga se há interesse dos alunos quanto às aulas que envolvem a cartografia, questionando se eles gostam de aulas que usam mapas, instrumento fundamental desta área do conhecimento. A partir daí, se observa os interesses deles sobre o assunto, e se o professor está servindo como incentivador desta matéria, com métodos que estimulem os alunos em sala. 41 A quarta pergunta dá ênfase a questão das modificações do espaço, bem como da afetividade, pois menciona se ultimamente muitas pessoas veio morar próximos de sua casa e de sua escola. Desta forma, se vê a concepção dos alunos se eles observam as mudanças de moradores e de estabelecimentos que surgiram por ali. Sendo assim, a afetividade pode ser observada por meio da convivência, seguido das transformações do espaço. Em seguida, na quinta pergunta, o questionário faz menção de como que os alunos vêem o lugar em que moram, quanto à noção de espaço. Ou seja, como eles entendem o tamanho do bairro que convivem. Nesta pergunta, deve-se levar em consideração a convivência dos alunos em seus bairros, dando ênfase também a família quanto ao grau de liberdade bem como a convivência com a comunidade, pois esta convivência influencia fortemente em sua noção espacial. Sendo assim, o aluno irá entender na sua concepção de mundo, se o lugar em que mora é realmente grande ou pequeno. A sexta pergunta vai mais ao encontro da noção de espaço, além de instigar a cartografia quanto ao lugar em que os alunos vivem, pois a questão indaga ao educando o que ele acha, com relação ao tamanho da cidade em que mora, em área. Esta pergunta pende para várias vertentes, pois aí podem ser levados em consideração, em qual área da cidade ou do município eles se situam. Também a distância para a escola pode influenciar inclusive nos deslocamentos desse aluno em seu município. O professor é fundamental nestes requisitos, pois tem que explanar as diferenças entre cidade e município, além de mostrar sua localização no Estado, e assim por diante. Isto se torna importante, pois vários alunos moram ou já moraram em distritos do município, bem como em outras cidades. A sétima questão trata também da noção de espaço, pois pergunta quanto à distância do trabalho de seus pais em relação à sua residência. Desta maneira, os alunos expõem, de maneira mais clara, a noção de espaço deles. Isto porque muitos nem conhecem o local de trabalho dos pais, não imaginando a distância real que eles percorrem. Com isso, se analisa como o educando avalia a distância do emprego de seu pai, pois muitos trabalham na própria residência ou próximo, e outros tem que se deslocar para exercer a profissão. A oitava questão irá evidenciar a noção da afetividade, algo primordial para o entendimento da espacialidade, pois tudo que existe ao seu redor (espaço) reflete no seu comportamento (afeto). Pergunta-se aos alunos se onde eles moram conhecem 42 muitas pessoas. Neste questionamento pode-se avaliar o quanto os alunos se relacionam com suas comunidades, tendo que dá relevância a função da família que propicia esta aproximação ou não. Inclusive o assunto a ser trabalhado mostra o comportamento dos educandos em sala de aula, pois a maneira de relacionamento em seus ambientes extra-classe, influencia também nos seus comportamentos e rendimentos em salas de aula. A nona pergunta por sua vez retoma um pouco a questão da primeira. Nela sugere se os alunos sabem desenhar o caminho de casa para a escola. Esta maneira de trabalhar é muito utilizada por professores do ensino infantil, como metodologia de se iniciar as noções de espaço dos educandos. Este tipo de mapeamento é uma forma eficaz de começar os trabalhos cartográficos, visto que, a partir daí, os alunos iniciam o crescimento espacial do pequeno para o grande, dando oportunidade para atividades mais complexas, aumentando as escalas por etapas. Por fim, a décima pergunta leva a um questionamento aparentemente simples, mais que tende a respostas bastante ricas para o assunto trabalhado. Nela pergunta-se aos alunos sobre o tamanho da escola, ou seja, se eles acham pequena ou grande. Desta maneira podemos abstrair questões acerca da noção de espaço, afetividade e tempo simultaneamente, a partir da conveniência deles durante o ano letivo. A convivência do aluno durante este período pode influenciar a mente do aprendiz quanto à espacialidade, pois muitas modificações ou não podem ocorrer. A afetividade por sua vez, pode tanto encurtar quanto aumentar os espaços da escola. Há alunos fechados que não fazem questão de sair de sala, e também os que são ativos e participativos nos ambientes escolares. Além disso, existe também o tempo de convivência na escola, que pode durante um ano ou até mesmo em um curto bimestre, mudar a concepção do aluno em vários aspectos. Desta maneira, para melhor entendimento da análise do questionário fez-se uma análise de cada sala (10, 20 ,30 e 40) respectivamente. Com isto podemos parti para um dado maior que é um dos objetivos para a realização deste trabalho, trabalhando do específico para coletar os dados agrupados. A pesquisa feita na sala do 20ano constatou que entre os dez alunos da sala oito deles acham perto o caminho de casa para a escola. Nenhum destes alunos acham que houve modificações ao redor da escola, mostrando que eles não têm 43 ainda um olhar crítico de mudanças que muitas vezes são pouco perceptível mais que acontecem. A grande maioria dos alunos, ou seja, nove deles declaram gostar de trabalhos que utilizam mapas, material cartográfico influenciado em grande parte pelo professor. Quanto à questão quatro, que interroga se nos últimos anos muita gente veio morar próximo a casa deles e da escola, os aprendizes ficaram divididos. Eles também ficaram divididos em relação à pergunta feita sobre o que acham do meio em que vivem em relação ao tamanho, cinco afirmam ser pequeno e os outros cinco acham grande. Quanto à cidade de Ceará-Mirim, seis acham a cidade grande, mostrando aí que, mesmo a cidade sendo considerada de porte pequeno a nível nacional, ainda assim, a maioria dos educandos acham grande em tamanho. Com relação à questão sete, oito educandos afirmam que seus pais trabalham perto de casa, demonstrando uma maior aproximidade, de certa forma, dos pais com a família. A respeito da afetividade dos alunos com a comunidade em que moram, seis deles dizem no questionário conhecerem muitas pessoas. Ainda no trabalho desenvolvido nesta sala, na questão nove, sete dos aprendizes afirmam saber desenhar o trajeto de casa para a escola, demonstrando que o trabalho da professora tem dado resultado. E por fim, na questão dez, apenas três dos que fazem parte da pesquisa acham a escola em que estudam pequena, retratando que os alunos usufruem dos espaços oferecidos pela escola, ou acham de fato o espaço reduzido. Mas vale de fato levar em consideração que, há um longo caminho a ser percorrido para a construção da noção de espaço por estes alunos pois, A construção da noção de espaço pela criança requer uma longa preparação [...] Se faz por etapas, mas sempre associada à descentração e apoiada na coordenação de ações [...] Há um longo caminho a ser percorrido para a construção da noção de espaço, que se inicia pela ação da criança e culmina com a operação mental. (PAGANELLI, 1985, p.21 22). Na sala do 30 ano, segundo o educador, o grande desafio é a falta do livro didático para o melhoramento das aulas. Mas, mesmo desta forma, existe maneiras de sobressair-se e desenvolver aulas que dêem frutos, o mesmo podemos descobrir, em partes, nos resultados obtidos do questionário. 44 Quatro dos dez alunos entrevistados na pesquisa afirmam achar o percurso de casa para a escola perto, mostrando desta forma, a noção de espaço dos aprendizes. Quanto a segunda pergunta, nenhum dos alunos em análise afirmam presenciar modificações ao redor da escola. Já, a respeito da questão três, todos os educandos respondem gostar de aulas em que se utiliza de mapas, demonstrando que as aulas cartográficas ainda são, e pode tornar ainda mais interessante se houver colaboração e desempenho do professor. Sete alunos respondem na quarta pergunta que muitas pessoas vêm surgindo para morarem próximos de sua escola e de suas casas, mostrando aí, que eles vêm observando as mudanças ocorridas nos últimos anos. A respeito da quinta pergunta, quatro dos dez aprendizes em análise acham o lugar em que moram pequeno, mas nove deles, por sua vez, vêem a cidade de Ceará-Mirim de grande porte, vemos aí a noção restrita dos alunos quanto a noção de espaço, se levar-mos em consideração o tamanho da cidade, considerada de fato a nível nacional. A cidade de Ceará-Mirim tem 65.450 hab. segundo o IBGE(2007) a rede urbana caracterizada por : Cidade Pequena: 500 a 100 000 habitantes; Cidade Média: 100 001 a 500 000 habitantes; Cidade Grande: acima de 500 000 habitantes; Metrópole: acima de 1 000 000 habitantes; Megacidade: acima de 10 000 000 habitantes. Para quatro dos alunos, seus pais trabalham perto de onde moram, reforçando aí o vínculo afetivo da família destes alunos. Este número aumenta quando se trata dos laços afetivos deles com a comunidade em que moram, pois sete afirmam conhecer muita gente perto de onde vivem. A nona pergunta diz respeito ao mapeamento de suas casas para a escola, método importante no uso da cartografia, pois seis dos dez alunos afirmam saber desenhar o trajeto. E por fim, por unanimidade todos os alunos respondem achar a escola deles grande, demonstrando aí a noção espacial da maioria. O questionário realizado no quarto ano se passou com a ajuda do professor. Ao contrário do 30 ano em que o professor não disponibiliza do livro didático, no quarto ano os alunos tem este instrumento, no qual, em relação aos assuntos cartográficos o livro dá ênfase às diferenças e relações da cidade e do campo, assunto que muitos alunos têm dificuldade em grande parte com a espacialidade, e as definições. 45 Quanto à primeira pergunta, seis alunos afirmam achar o caminho de casa para a escola perto, possivelmente a maioria mora na parte urbana próximos da escola. Em relação à segunda pergunta, apenas dois alunos acham que poucas modificações foram realizadas nos últimos anos, identificando aí a possível pouca visão crítica, e o não acompanhamento das modificações normais de uma área urbana. Pois sabemos que a reprodução do capital modifica o ambiente, segundo Corrêa (1992, p.54), “O poder político e econômico de que as corporações dispõem garante-lhes importante papel como agentes da gestão do território a partir de práticas espaciais por elas engendradas”. Sobre esta mesma temática o autor também afirma que: A concentração da função de gestão do território, com base na concentração de sedes sociais de poderosas corporações, e muitas vezes do Estado, origina importantes centros de gestão do território, os focos principais de complexos ciclos de reprodução do capital (CORRÊA, 1996, p.23). Todos os alunos afirmam gostar de aulas que envolvem o uso de mapas, reforçando as tendências das demais turmas. Na quarta pergunta seis alunos identificaram a mobilidade de novos moradores em seus meios. Sete dos dez alunos nesta turma acham, por sua vez, o meio em que vive grande, reforçando desta forma, que a maioria tem um convívio mais aberto com a comunidade em que vivem. Para todos eles Ceará Mirim é grande, o que já reforça as respostas da pergunta anterior. Quanto à questão sete, oito respondem que seus pais trabalham longe de casa, e em relação à questão oito, apenas dois alunos dizem não conhecer muita gente onde moram, ou não constroem um meio afetivo. Na nona questão, sete alunos afirmam saber desenhar o percurso de casa para a escola, mostrando, desta maneira a visão espacial dos educandos em sua área urbana. Por fim, todos os alunos concluem achar a escola deles grande, reforçando ainda mais as respostas dos alunos nas demais salas em análise. A pesquisa desenvolvida no quinto ano da foi realizada com alunos mais preparados na teoria, e também com o professor que mais trabalhou o assunto em questão. Segunda a análise, se constata na primeira pergunta que oito dos dez alunos acham perto o caminho de casa para a escola, mostrando aí a visão mais ampla de espaço dos alunos. Quanto à segunda questão oito destes alunos afirmam não 46 presenciar modificações ao redor da escola, um desafio para os professores, quanto à visão crítica dos alunos. Com relação à terceira questão, apenas um aluno não gostou de aulas que envolvem mapas, seguindo a tendência das outras turmas. Já quanto à quarta pergunta a respeito da afetividade, apenas dois alunos respondem que muita gente veio morar nos seus bairros, o que demonstra em parte a falta de relacionamento. A sala ficou dividida com relação à quinta pergunta. Quanto à sexta questão, seis alunos acham Ceará Mirim pequeno, mostrando aí que a visão espacial desses alunos é mais ampla. Na sétima pergunta, seis alunos acham que os pais trabalham longe de casa, o qual diminui o tempo da família com os aprendizes. Isso é normal, pois em cidades que fazem parte de regiões metropolitanas, as migrações pendulares são comuns. Neste sentido o deslocamento pendular: Além de registrar a movimentação cotidiana no espaço metropolitano, é a evidência mais clara de como se constitui o mercado de trabalho na Região Metropolitana e a segmentação dos locais de moradia e de trabalho, que se estabelecem por lógicas distintas neste aglomerado urbano (MONTALI, 1991, p.8). O clima afetivo torna-se mais intenso na resposta da oitava questão, pois oito alunos afirmam conhecer muita gente na comunidade em que vivem. Sete alunos respondem, na nona pergunta saber fazer a trajeto em forma de desenho de casa para a escola. Por fim, reforçando ainda mais as respostas das outras turmas, todos os alunos vêem a escola deles de grande porte, o que já era uma tendência. 5.3.1 Análise dos dados do questionário Após ter passado o questionário nas quatro salas que compreendem o 20, 30, 40 e 50ano, e analisado cada uma destas turmas trabalhadas, se fez uma análise final com a junção de todos os questionários passados em sala. Este método tem a finalidade de mostrar de uma forma geral, a concepção dos alunos que participam do questionário. Desta forma, pode-se vê se há semelhanças ou diferenças de pensamentos, além de avaliar as tendências de cada turma. 47 Desta maneira as conclusões expõem de uma melhor maneira o resultado de todo o trabalho desenvolvido. Pois, para avaliar alunos com intenção de obter resultados de uma pesquisa, é fundamental escolher os educandos das diversas turmas e salas para conseguir resultados mais satisfatórios. Dando inicio a análise geral do questionário, a primeira pergunta que menciona se para os alunos o caminho de casa é perto ou longe, prevaleceu a primeira opção. Das quarenta questões, vinte e seis alunos afirmam achar o caminho perto, vemos ai a concepção de espaço dos educandos, o qual a maioria vêem o percurso perto de maneira geral. Quanto a segunda pergunta, na qual interroga aos alunos se nos últimos anos houve modificações próximo da escola deles. Apenas quatro dos quarenta alunos em análise respondem que poucas transformações aconteceram, visto que nos dias de hoje o crescimento acelerado é enxergado inclusive nos lugares mais remotos. Por sua vez, a terceira pergunta questiona aos alunos quanto ao interesse de aulas que envolve mapas. A grande maioria dos educandos responde no questionário gostar de aulas em que se utiliza o mapa como instrumento de trabalho, vê aí, de cetra forma, o grande interesse dos alunos com os estudos cartográficos. Esta conclusão tendenciosa durante as entrevistas nas quatro turmas pode ser resultado do incentivo por parte do professor que utiliza este instrumento como já declarado, ou até mesmo partindo do interesse e curiosidade do próprio aluno para utilizar este material de certa forma interessante, o mapa. Com relação a quarta pergunta, o questionário interroga os quarenta alunos se muita gente veio morar perto de suas casas e da escola nos últimos anos. Esta questão foi inconstante durante a passagem nas salas trabalhadas, porém o resultado final mostra empate na pesquisa. Ou seja, vinte alunos afirmam que muitas pessoas vieram morar próximo as suas casas e da escola, e vinte afirmam o contrário. Esta pergunta vai avaliar quanto à questão da afetividade dos aprendizes em seus meios de convivência, no qual por meio do convívio eles analisam a chegada e a saída de pessoas em seu meio, além de vê as transformações por meio desta mobilidade. Quanto a quinta pergunta o questionário menciona como que os alunos vêem o lugar que moram com relação à noção de espaço. Ou seja, como eles entendem o tamanho do bairro em que moram. Esta questão, em seu total, fica quase que dividida, sendo que dezessete dos quarenta afirmam achar grande o meio em que 48 vivem. Vemos ai, que no total das turmas, o resultado final da noção de espaço, o qual é influenciado de certa forma pelo grau de convivência, ficou dividido na pesquisa. A sexta pergunta indaga aos educandos o que eles acham, com relação ao tamanho da cidade em que moram. Esta questão vai ao encontro da noção de espaço, além de instigar a cartografia quanto ao lugar em que os alunos vivem. O resultado mostra que a maioria dos alunos em análise acha a cidade de Ceará-Mirim de grande porte, sendo vinte e nove dos quarenta na pesquisa. O educador é fundamental neste requisito quanto ao espaço, pois é ele que mostra as diferenças de cidade e município, visto que muitos alunos confundem esta diferença, isto pode, ou pôde influenciar nas respostas. Um exemplo é que muitos alunos que vêm do interior da cidade confundem seus distritos com a cidade, o qual acham desta forma pequena. Mas, como a escola se localiza na cidade, e a maioria dos alunos mora próximos à escola, o resultado ficou coerente com o que se esperava. Na sétima pergunta a noção de espaço mais uma vez será imprescindível nas conclusões, pois pergunta quanto a distância do trabalho em que os pais dos alunos exercem. Nesta questão tanto o espaço quanto a afetividade são decisivos na conclusão, pois o espaço (distância de casa para o trabalho dos pais) irá interferir ou aproximar o meio afetivo da família. Na pesquisa se verificou que os alunos ficam divididos, sendo dezoito dos alunos afirmando achar perto o exercício dos pais, e vinte e dois alunos, por sua vez, longe. Conclui-se que, além dos pais trabalharem na própria cidade, muitos também se deslocam para outras localidades e até mesmo outras cidades para sustentar a família. A oitava questão trata de perguntar quanto à afetividade, indagando aos alunos se onde eles moram conhecem ou convivem com muitas pessoas. Concluiuse nesta questão que a maioria dos pesquisados confirmam conhecer muitas pessoas, ou seja, vinte e nove dos quarenta em análise. Desta maneira, se pode indagar sobre a importância da família no crescimento afetivo, pois a conduta dos alunos em ambientes não escolares, influenciam em atitudes dentro de sala, inclusive nas respostas do questionário. Por sua vez, a nona pergunta se trata principalmente em relação à noção de espaço. Pergunta-se aos alunos se eles sabem desenhar o percurso de casa para a escola. Este tipo de método é bastante utilizado no ensino fundamental por alguns professores. Desta maneira, vemos a eficiência, de certa forma no trabalho dos 49 professores, ao que eles já têm dito trabalhar este método. Pois dos quarenta alunos da pesquisa, vinte e sete, sendo a maioria afirmam saber desenhar o trajeto. São estes tipos de trabalho que os alunos começam a expandir a noção espacial em longo prazo, pois vários outros métodos propiciam o aprendizado desejado quanto ao assunto. A última questão trata ainda da questão espacial, inclusive de assunto relacionado ao tempo e a afetividade. Pergunta-se aos alunos quanto ao tamanho da escola, ou seja, se eles acham pequena ou grande o ambiente. Conclui-se que, com quase unanimidade os alunos acham grande a escola em que estudam, sendo trinta e sete dos quarenta analisados. A convivência (afeto) durante certo período (tempo) do ano, mostra de certa maneira influenciar na noção de espaço dos educandos, visto que a maioria demonstra ser mais abertos, ativos e participativos nos ambientes escolares. Por sua vez, a conduta dos alunos é decisiva nas conclusões do relatório, por ser um percentual bastante expressivo. 5.4 PROBLEMAS ENCONTRADOS Vários são os problemas encontrados na escola Estadual Enéas Cavalcante, sendo estes problemas comuns em milhares de outras escolas espalhadas pelo Brasil. Pois, sabemos das inúmeras precariedades que o sistema de ensino brasileiro enfrenta, principalmente quando se trata de uma escola vinda da região Nordeste. Podemos até julgar o componente histórico brasileiro que parece ser de comum aceitação, mas aparece também o modelo pedagógico adotado (tradicional). Neste aspecto ocorre uma polarização e até uma divisão tripla se quisermos englobar a escola técnica (anos 70). Ou seja, as posturas mais adotadas em nosso país são justamente a escolas tradicionais (método fonético), os quais encontram ainda bastante enraizados na escola analisada e a escola nova (construtivismo), em que vemos professores, geralmente os mais novos e os que se atualizam, seguindo esta tendência, segundo Xavier: 50 De um lado está a Escola Tradicional, aquela que dirige que modela, que é comprometida, de outro está a Escola Nova, a verdadeira escola, a que não dirige, mas abre ao ser humano todas as suas possibilidades se ser. É, portanto, descomprometida. É o produzir contra o deixar de ser; é a escola escravizadora contra a escola libertadora; é o compromisso dos tradicionais que deve ceder lugar à neutralidade dos jovens educadores esclarecidos (XAVIER,1992, p.13). Um grande problema em questão são as condições físicas da escola Enéas Cavalcante. Pois, desde sua construção nunca houve reforma em lugar algum da escola, mostrando aí as más condições de seu estado, na qual podemos constatar nas fotos da escola. A falta de material didático na maioria das salas torna as condições de ensino ainda mais comprometidas, forçando ao professor encontrar meios de suprir a demanda com outros livros e até mesmo revezar. Quanto aos materiais cartográficos, há uma falta grande de vídeos específicos da cartografia, mapas do município, além também de maquetes, pois, sua construção é importante para a compreensão dos alunos no ensino fundamental. Para Almeida e Passini, A maquete servirá de base para se explorar a projeção dos elementos do espaço vivido (a sala de aula) para o espaço representado (planta); as relações espaciais topológicas desses objetos em função de um ponto de referencia; desses objetos entre si; e dos mesmos em relação aos sujeitos (alunos). Inicialmente em pontos fixos e depois com deslocamentos (ALMEIDA; PASSINI, 2004, p.52) A falta de uma sala de informática também é um grande problema na escola. Pois sem este instrumento nos dias de hoje em que as transformações acontecem em processo acelerado, somente este aparelho pode acompanhar estas mudanças além de favorecer o estudo de mapas nos diversos níveis de sua complexidade. Afinal todos os recursos devem estar disponíveis para atender as necessidades dos alunos, inclusive o computador com todas as suas possibilidades. Pois é um recurso que desperta a curiosidade e o interesse dos alunos, o que vem facilitar o envolvimento deles no processo de construção de seus conhecimentos. Segundo Popert (1994, p.6), As tecnologias de informação, desde a televisão até os computadores e todas as suas combinações, abrem oportunidades sem precedentes para a ação afim de melhorar a qualidade do ambiente de aprendizagem[...]. 51 Nesse contexto, mesmo se houvesse computadores disponíveis aos alunos, a falta de preparo dos professores no manuseio desse equipamento seria o maior problema. Pois, para se trabalhar este aparelho tem que haver instrução capacitada e atualizada para que haja ensino de qualidade, os quais são poucos profissionais da educação que estão preparados para este fim, principalmente para trabalhar assuntos cartográficos utilizando o computador. Outro problema na escola trabalhada, que é também uma deficiência a nível nacional, é o despreparo de alguns professores. Muitos fatores enraízam este despreparo, como o má pagamento, vindo neste caso por parte do governo, gerando desta forma desmotivação nos professores, e conseqüentemente, refletindo no desempenho dos alunos. Agregado a isto, os professores não buscam se especializar e trabalham de forma isolada e monótona, gerando um descontrole estrutural na educação completa dos alunos, pois segundo Mello (2003, p. 13): O professor polivalente de primeira a quarta séries e o professor especialista em uma disciplina de quinta a oitava e do ensino médio dividem a vida escolar dos alunos de forma artificial. Além disto, também há problemas quanto ao nível sócio-econômico dos alunos, pois se trata de uma escola do Estado. Muitos afirmam vir à escola pelo fato de ali servir a merenda, inclusive quando há falta, os diretores afirmam liberar os alunos após o 30 horário. Problema este comum no país, mas que a escola em parceria com a família tem que buscar meios de incentivo à educação. Alguns professores sentem também dificuldade quanto à interdisciplinaridade. Isto sugere a falta das relações que as matérias oferecem, inclusive quanto à cartografia, pois esta pode se relacionar com todas as outras matérias escolares. Desta maneira vemos as dificuldades que a escola, os professores e principalmente o corpo docente irá enfrentar. 5.5 ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO Diante de vários problemas existentes partindo desde a ação de nossos governantes, refletindo desta forma, na má qualidade de ensino brasileiro, cabe aqui 52 explanar meios que viabilizem um ensino de qualidade eficaz, e que dê resultado. Existem várias maneiras que o educador, mesmo diante de grandes dificuldades e desafios pode amenizar e, até mesmo garantir um ensino de qualidade para o fraco sistema educacional brasileiro. É bem verdade que fica difícil que haja uma boa educação se nossos governantes não estimulam o crescimento nesta área. Pois, sabemos que há poucos recursos distribuídos para a educação brasileira, partindo desde a carência de material escolar e estrutural até ao péssimo pagamento dos professores. Na verdade as grandes empresas e entidades submetem os governos ao racionamento dos custos das necessidades fundamentais da população. Esses são, de longe, aqueles que usam a tecnologia, sobretudo a da informação no seu limite máximo e, conseqüentemente, passam a ditar as ordens na economia mundial, chegando suas influências a atingir a educação nos países, principalmente subdesenvolvidos. Não é de outra forma que as grandes entidades símbolos da globalização são agências financeiras ou bancos, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial (BM), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BIRD), entre outros. Desta maneira, os profissionais da educação tornam estrategistas para reverter o quadro precário já existente de ensino. Vemos assim, o educador brasileiro como um herói que luta em meio há grandes desafios por uma educação contundente e de resultados. Um grande problema nacional e que reflete nas escolas como um desafio considerável são as condições sócio-econômicas das famílias. Pois os problemas vindos da casa, muitas vezes sobrecaem para o professor solucionar, fazendo com que o educador exerça um duplo papel, de professor e de pai. Desta maneira, tem que haver uma interação dos pais com a escola, ou seja, uma ligação permanente destes, pois estas são na realidade as duas casas em que os educandos convivem e aprendem a ser cidadãos. Para isso, não só os professores, mas também todo o corpo da escola, desde o porteiro até a diretoria geral têm que se mobilizar, para fazer da escola uma casa em que se aprende a ser cidadão. É neste âmbito que entra a questão da afetividade. A Escola Estadual Enéas Cavalcante, promove todas as quintas reuniões de pais e mestres, como sendo parte do quadro escolar. Mas, não só as reuniões podem melhorar o ensino de 53 qualidade, e sim uma interação permanente dos dois lados, como se os pais se sentissem em casa ao entrarem na escola. Havendo esta interação, conseqüentemente, as condições de aprendizagem, inclusive de assuntos cartográficos serão mais proveitosos. Pois as noções de espaço e tempo acontecem quando damos oportunidades, através do afeto, para os alunos desenvolverem seus conceitos. O mau pagamento dos professores ainda é um grande desafio, pois sem o reconhecimento financeiro do seu trabalho, fica difícil que haja motivação dos educadores. Simultaneamente este fato interfere no processo ensino-aprendizagem, pois compromete o estímulo do professor no seu trabalho, que por sua vez recai no desenvolvimento dos alunos. Com isso, o profissional da educação tem que buscar motivação, como dever de propiciar, acima de tudo uma educação de qualidade e não abrir mão de seus direitos como o valioso profissional, que é o professor. Para isso, o educador tem que arregaçar as mangas e batalhar para que no seu trabalho os frutos venham surgir em longo prazo. É importante que o professor se atualize constantemente para acompanhar as mudanças e exigências do ensino nacional, um trabalho nada simples. Por isso que, ao escolher qualquer curso de licenciatura têm que haver entrega por completo do profissional, pois nos momentos mais difíceis, o orgulho de ser educador sobressai às inúmeras dificuldades que nossa educação enfrenta. É neste contexto que o surge o diferencial do verdadeiro professor. Pois além de buscar a aprendizagem para si e remeter a seus alunos, este profissional procura meios que estimula os jovens aprendizes ao estímulo de aprender, entendendo o assunto e passando seus comportamentos à sociedade. Ou seja, não basta apenas explicar, mais ao passar o conteúdo é importante que o aluno entenda e guarde para si como forma de vivência, sendo o assunto trabalhado tendo significado na vida do aluno. Dando continuação quanto à importância de se haver aprendizagem, um método importante e fundamental no processo ensino-aprendizagem que o professor deve trabalhar, é a interdisciplinaridade. Pois, para se obter êxito com ensino de qualidade numa matéria tão complexa, dinâmica e que abrange os mais diversos assuntos, têm que haver conhecimento do professor especialista nas mais diversas disciplinas. 54 Desta maneira, se faz necessário que o professor tenha conhecimento dos assuntos trabalhados pelos demais professores. Com isso, a geografia no ensino fundamental irá contribuir nas mais diversas matérias, incentivando, de maneira geral os estudos por completo. A exemplo da cartografia, que é um assunto trabalhado na geografia ainda no ensino fundamental, várias matérias podem está envolvidas nela. A interpretação trabalhada no português é fundamental no entendimento de suas questões; a Matemática, por sua vez é importante no trabalho das escalas; na História, cabe ressaltar a criação das mais diversas projeções como as de Mercator, Peters e Lambert. Um método importante de se trabalhar é o explicativo das dimensões escalares totalidade-mundo. Para Santos (1997, p.93), “As partes que formam a totalidade não bastam para explicá-lo. Ao contrário, é a totalidade que explica as partes”. O mesmo afirma que a totalidade-mundo: Não é a soma dos espaços correspondentes a cada sociedade particular existente, tampouco esse espaço social é exclusivamente o habitat dos homens, graças à nova natureza das relações intra-sociais e entre sociedades [...] O espaço social é muito mais que o conjunto de habitats (SANTOS, 1978, p.169). Com isto, vemos a importância da interdisciplinaridade, pois ela oferece uma intercomunicação com outras disciplinas. Trata-se efetivamente de um tema/objeto comum (transversal); busca-se a interação de conteúdos; passa de uma concepção fragmentada para uma concepção unitário do conhecimento. As diretrizes curriculares constantes e as normas que a regulamentam dão maior ênfase as competências do que as disciplinas, fato que abre amplas possibilidades de organização interdisciplinar, de definição dos conteúdos transversalizados que não correspondem a disciplinas tradicionais, de realização de projetos de ensino. Esse paradigma novo rompe com o modelo disciplinarista que repousa sobre a divisão das licenciaturas no ensino superior. Além disto, é importante também que haja coerência nos assuntos elaborados, entre os professores polivalentes, e os professores especialistas. Neste caso é fundamental que os cursos de formação destes professores busquem meios de interagir assuntos pedagógicos (licenciaturas) e específicos de maneira eficaz e de mesmo peso, sem negligenciar um ou valorizar o outro. 55 Também se faz necessário um planejamento da escola que levem os professores a esta interação. Como sugestão, pode–se inclusive fazer ênfase aos alunos sobre os assuntos trabalhados por outros professores nos anos anteriores, para retomar os conceitos trabalhados, reforçando assim a ponte desta interatividade. Quanto a cartografia, vimos no questionário trabalhado a importância de se trabalhar os termos de grupo, espaço e tempo. Pois, através da geografia, na observação da realidade local e da dinâmica que se estabelece nos diversos grupos em que os alunos se inserem, é que vão ser exercitados esses conceitos. Trabalhar conceito de grupo é fundamental na nossa vida, visto que pertencemos a diversos ao mesmo tempo; a família, os amigos, a turma do futebol, a de brincar todo dia, a turma da escola, da igreja, da vizinhança. É no período(no tempo) e no lugar(no espaço) da aula que se pode criar as condições de instrumentalização do aluno para viver essa troca, essas relações sociais fundamentais para a vida. É no grupo que aprendemos esse difícil processo de conviver com as divergências, os conflitos, as diferenças. Tudo isso envolve e significa processo de conhecimento, significa processo de apropriação do saber de cada um para deflagrar o que ainda não se conhece. (FREIRE, 1993, p.162). Outro conceito importante e que facilita ao entendimento de noções cartográficas é o espaço, este espaço real, concreto, que vemos, onde vivemos e no qual ocupamos um lugar para morar e locomover existe em si mesmo. É uma dimensão da realidade, e como tal precisamos nos apropriar intelectualmente dele. É um conceito que precisamos compreender. Esse conceito precisa ser construído no interior do processo de aprendizagem. No trabalho com mapas, o aluno vai aprendendo a noção de espaço – o seu significado – e a sua possibilidade de representação. E da representação do espaço que ele poderá extrair informações da realidade (ao ler e interpretar um mapa), ou colocar nele as informações (no caso de construí-lo). Isto tudo exige um alto grau de abstração e, portanto, é necessária uma série de atividades que precedam o uso do mapa para que o aluno esteja capacitado. Em outras palavras, é necessário que o professor oportunize situações de aprendizagem para o aluno ter instrumentos, para 56 o aluno construir este conceito de espaço, e junto com ele outros conceitos fundamentais para a sua compreensão. Um trabalho com mapa, na sala de aula, deve ser precedido por um período em que a representação se forma – dissociação dos significados e significantes – e em que se constroem lenta e gradativamente as relações espaciais e a própria consciência do mundo físico e social. (PAGANELLI, 1985, p.31). O último conceito para se trabalhar de maneira eficaz a cartografia nas séries iniciais e fechar o conjunto de conceitos referentes à geografia no ensino fundamental, é o tempo. O conceito de tempo que mais interessa em questão é o social, na medida em que a história é precisamente o estudo das mudanças ou permanências. A criança precisa compreender que a sociedade, todo nós, fazemos a história, isto é, ao viver a fazemos dinamicamente. Ninguém, nenhuma sociedade permanece parada, estática. Finalizando, é recomendável especial esforço e cuidado no que diz respeito ao conceito de tempo para que a criança compreenda que o tempo (social) se constitui das mudanças e continuidades de processos que são a própria vida, seja do indivíduo, seja da sociedade. A geografia tem como conteúdo o nosso dia-a-dia e compreendê-los é fundamental, pois: [...] tem como núcleo central de sua programação as relações de identidade e de pertinência, isto é, a fonte de constituição dos grupos e dos cidadãos, no espaço e no tempo. É por isso que eles são formados de geografia e história, mas também de sociologia e antropologia. Porém, não faz o menos sentido estudar abstratamente, temas clássicos dos manuais destas disciplinas, quando fervilham entre os alunos terríveis dificuldades de identidade e pertencimento. (GROSSI; BORDIM, 1993, p.224). É, portanto, da vivencia concreta do dia-a-dia que devem sair os temas da geografia nas séries iniciais, e as atividades realizadas não devem se esgotar em si mesmas, mas estar situadas no contexto do processo de aprendizagem, que se envolve neste período do currículo. 57 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Após ter elaborado todo o trabalho com o auxilio do questionário, no qual viabilizou o entendimento da noção cartográfica dos alunos e de como que os educadores trabalham em sala. Concluímos mediante as considerações apresentadas, como que os jovens aprendizes vêem a cartografia segundo critérios que influenciam de maneira considerável, como o meio afetivo (grupo), o tempo e o próprio espaço. Deve-se levar em consideração a fundamentação teórica para o ensino como um todo do psicólogo David Paul Ausubel, na qual busca condenar o ensino tradicional buscando melhorias necessárias ao verdadeiro aprendizado. Pois, o psicólogo leva como ponto de partida interessante os conceitos pré-estabelecidos pelos educandos, sendo importante no aprendizado principalmente em uma ciência tão complexa como a cartografia. Desta maneira analisamos a postura dos professores da Escola Estadual Enéas Cavalcante quanto à forma de ensino. Constatamos que há alguns professores ainda estagnados ao ensino tradicional, muitos destes nunca sequer buscam alguma forma de atualização. Porém a maioria, principalmente os últimos educadores ingressados no quadro da escola, conduz o ensino pelo método de Ausubel e de outros nomes da pedagogia como também outras ciências. O fato de o professor ter como conduta uma aprendizagem tradicional e ultrapassada pode significar um grande problema para os educandos, visto que eles convivem um ano letivo inteiro, pois se trata de professores polivalentes. Isto mostra o fato dos alunos se adaptarem aos modos dos seus educadores, inclusive com comportamentos semelhantes a eles. A Escola Estadual Enéas Cavalcante como tantas outras espalhadas pelo Brasil, apresentam tantos problemas comuns como em outras escolas a exemplo de uma instituição que busca o aprendizado como objetivo. Porém, nota-se durante as visitas de familiares e também as reuniões de pais e mestres, que o convívio da escola com a família não é tão intensa o suficiente para obter qualidade na aprendizagem dos alunos, visto que a produção intelectual deles depende também de um bom relacionamento em casa. 58 O aspecto afetivo (grupo) é um requisito fundamental para que haja este aprendizado, principalmente quanto aos estudos cartográficos em questão. Percebese que os educandos de uma determinada turma não se interagem com as demais, o qual seria importante a troca entre os grupos para a familiarização. Inclusive a família também deve ter mais aproximação com a escola para que neste aspecto os dois ambientes mais importantes dos aprendizes estejam associados. Concluímos neste requisito que as atividades saudáveis traz bons resultados tanto no aprendizado como na saúde, como acontecem nos trabalhos extra-classe e nas brincadeiras do pátio da escola. É neste momento que os aprendizes demonstram na escola trabalhada maior interação entre eles, através da troca dos grupos como relações sociais fundamentais para a vida. Porém vemos que as atividades em sua maioria são feitas pelos próprios alunos, sentindo assim a necessidade instrucional dos educadores, na qual podem utilizar este ambiente como arma de ensino importante no quadro escolar. São nestes exemplos que temos como referência as propostas obtidas no questionário quanto a afetividade. De um lado, o não aproveitamento de situações em que os professores devem utilizar como métodos de ensino, do outro, o próprio empenho dos alunos na busca de aumentar seus grupos com atividades e brincadeiras, ajudando indiretamente nos seus aprendizados. Quanto às aulas dos professores referentes ao tempo, conclui-se que os professores não trabalham de maneira necessária conteúdos como a operação do calendário, a sucessão dos fatos e os exemplos dos acontecimentos que os alunos vivenciam. São importantes estes conteúdos, pois na cartografia o tempo influencia nas modificações do espaço geográfico, visto que um aluno atento percebe e analisa as transformações do ambiente. Este tipo de conceito é trabalhado de forma eficiente quando o professor associa à algum assunto. Mas devido a maioria dos educadores, inclusive na escola trabalhada deixarem a geografia em segundo plano, esta associação não acontece. Os professores alegam o pouco tempo no ano letivo para se trabalhar muitos capítulos, além das obrigações extra-classe envolvendo inúmeros outros trabalhos, dificultando assim o lecionamento de vários conteúdos. Os educadores afirmam sempre colocar no quadro a data, porém, em momento algum nenhum deles dizem trabalhar métodos importantes, como é o caso da arvore genealógica e a elaboração da linha tempo/linha de vida da criança. 59 Concluímos neste fato a falta de trabalhos mais específicos que podem garantir um melhor entendimento em assuntos agregados à cartografia de uma maneira interdisciplinar. Por outro lado, com relação à questão do espaço, que é o termo mais utilizado nos trabalhos cartográficos, os educadores demonstraram mais interesse em explicar seus trabalhos com este termo. Todos eles citam exemplos e maneiras para os métodos na utilização do espaço. Concluímos neste item que os alunos, nas respostas ao questionário ficaram vulneráveis em algumas questões. Vale ressaltar a insegurança de alguns educadores ao afirmar as maneiras de se trabalhar as questões do espaço na cartografia. Porém concluiu-se na escola como um todo que, mesmo diante das dificuldades dos professores para o trabalho deste item complexo, os alunos sobressaem pelas noções de seus próprios conceitos pré-estabelecidos. O envolvimento dos grupos durante todo o ano letivo, fez com que as noções espaciais dos educandos fossem aceitas pelos seus meios de convívio. 60 REFERÊNCIAS ALMEIDA, R.D. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica na escola. São Paulo: Contexto, 2001. ALMEIDA, R.D. & PASSINI, E.Y. O espaço Geográfico: ensino e representação. São Paulo: Contexto, 1994. ALMEIDA, R. D, SANCHEZ, M. C, PICARELLI, A. Atividades Cartográficas. São Paulo: Atual, 1997, v. 1. ALMEIDA, R. D. de & OLIVEIRA, A. R. O estudo da localidade através de atividades com mapas municipais no ensino de Geografia. Ciência Geográfica, Bauru, ano 6, v. 2, n. 16, p. 71-74, maio/ago. 2000. AUSUBEL, D.P. Educational Psychology: a cognitive view. New York: Holt, Rinehart and Winston, 1968. BRASIL. 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APÊNDICE: Questionário 1) PRA VOCÊ O CAMINHO DE CASA PARA ESCOLA É: ( ) PERTO ( ) LONGE 2) FIZERAM MUITAS COISAS NOS ÚLTIMOS ANOS PERTO DA SUA ESCOLA? _________________________________________________________________ 3) VOCÊ GOSTA DE AULAS QUE USAM MAPAS? _________________________________________________________________ 4) MUITA GENTE VEIO MORAR PERTO DA SUA CASA E DA ESCOLA NOS ÚLTIMOS ANOS? _________________________________________________________________ 5) VOCÊ ACHA O LUGAR EM QUE MORA: ( ) PEQUENO ( ) GRANDE 6) CEARÁ-MIRIM VOCÊ ACHA QUE É: 63 ( ) PEQUENO ( ) GRANDE 7) SEUS PAIS TRABALHAM: (NOÇÃO DE ESPAÇO) ( ) AQUI PERTO 8) ONDE ( VOCÊ MORA ) FORA (LONGE) CONHECE MUITA GENTE? (QUESTÃO DA AFETIVIDADE) _________________________________________________________________ 9) VOCÊ SABE VIR SOZINHO PRA ESCOLA E DESENHAR O CAMINHO? _________________________________________________________________ 10) A ESCOLA DE VOCÊ É: ( ) PEQUENA ( ) GRANDE