sumérias

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1
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO RIO GRANDE DO NORTE
UNIDADE SEDE
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
CURSO SUPERIOR DE LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA
ANTÔNIO CARLOS DA ROCHA RAMALHO
ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA: UMA ANÁLISE NA ESCOLA ESTADUAL
ENÉAS CAVALCANTE EM CEARÁ-MIRIM/RN
NATAL-RN
2008
2
ANTÔNIO CARLOS DA ROCHA RAMALHO
ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA: UMA ANÁLISE NA ESCOLA ESTADUAL
ENÉAS CAVALCANTE EM CEARÁ-MIRIM/RN
Monografia apresentada ao Curso Superior
de Licenciatura Plena em Geografia, em
cumprimento às exigências legais como
requisito parcial à obtenção do título de
graduação em Licenciatura Plena em
Geografia.
Orientador:
Constatntino.
NATAL-RN
2008
Prof
Ms.
Noel
Alves
3
Divisão de Serviços Técnicos.
Catalogação da publicação na fonte.
CEFET-RN / Biblioteca Sebastião Fernandes
R165a Ramalho, Antônio Carlos da Rocha.
Alfabetização cartográfica : uma análise na escola estadual
Enéas Cavalcante em Ceará-Mirim/RN / Antônio Carlos da Rocha
Ramalho. – Natal, 2008.
61 f.
Orientador (a): Prof. Ms. Noel Alves Constantino.
Monografia (Graduação em Licenciatura Plena em Geografia).
Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte.
Departamento Acadêmico de Formação de Professores.
1. Cartografia – Monografia. 2. Ensino Fundamental –
Monografia. 3. Espaço geográfico – Monografia I. Constantino, Noel
Alves II. Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande
do Norte. III. Título.
CEFET-RN/BSF
CDU 528.9
4
ANTÔNIO CARLOS DA ROCHA RAMALHO
ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA: UMA ANÁLISE NA ESCOLA ESTADUAL
ENÉAS CAVALCANTE EM CEARÁ-MIRIM/RN
Monografia apresentada ao Curso Superior
de Licenciatura Plena em Geografia, em
cumprimento às exigências legais como
requisito parcial à obtenção do título de
graduação em Licenciatura Plena em
Geografia.
Aprovada em ____ de _________ de 2008.
Apresenta à comissão examinadora integrada pelos seguintes professores:
______________________________________________________
Profº Msc. Noel Alves Constantino
Orientador – CEFET-RN
______________________________________________________
Profº Msc. Malco Jeiel de Oliveira Alexandre
Membro Examinador – CEFET-RN
_______________________________________________________
Profº Msc. Luzimar Barbalho da Silva
Membro Examinador – CEFET-RN
5
“Se o senhor pensa que educação é cara,
tente ignorância.”
(Derek Bok)
6
Dedico
essa
monografia
a
todas
as
pessoas que estiveram ao meu lado nos
momentos mais marcantes, em especial, a
minha família que contribuíram para a
realização desse meu grande sonho, pois
sem dúvidas irão me apoiar em outros
momentos da minha vida.
7
AGRADECIMENTOS
Serei em toda minha vida grato, a Deus por estar sempre ao meu lado, aos
meus exemplos de vida, que tenho como transparência de luta e persistência:
Antônio Cruz Ramalho (meu pai), Maria das Graças da Rocha Ramalho (minha mãe)
e meus avós: Pedro Carlos da Rocha e Raimunda Isaura da Rocha que sempre que
viam os momentos de dificuldades de meus pais ajudaram com muito amor.
Agradeço em particular ao meu orientador Noel Alves Constantino pela sua
decisiva participação neste projeto o qual foi fundamental para sua realização. Além
de toda a minha família que de alguma forma me ajudaram a chegar aonde cheguei!
Também agradeço a todo o corpo docente do CEFET-RN que durante esses
anos de convivência na instituição deixaram boas marcas em minha vida. E ainda
aos professores da Escola Estadual Enéas Cavalcante que me auxiliaram nos
encaminhamentos da elaboração do questionário desse trabalho.
A todos o meu muito obrigado e que Deus vos abençoem!
8
RESUMO
A cartografia é uma área do conhecimento de extrema importância, visto que está
presente não só nas matrizes curriculares, mas também em vôos orbitais de
satélites, naves tripuladas, grandes navios dentre outros. Ainda mesmo antes de
Cristo já se desenvolvia esta área do conhecimento pelas antigas civilizações, na
qual os povos como os gregos, os sumérios, os mesopotâmios e outros mais, já
sentiam a necessidade de desenvolvê-la. Vemos assim a necessidade de se
trabalhar a cartografia nas escolas, inclusive nas séries iniciais para o
desenvolvimento das noções de espaço. Desta maneira, este trabalho tem como
objetivo analisar a compreensão cartográfica dos alunos no ensino fundamental,
escolhendo assim a Escola Estadual Enéas Cavalcante da cidade de Ceará Mirim/RN, para colher os resultados da pesquisa. A cartografia trabalhada pelos
professores do Ensino Fundamental muitas vezes fica fora do planejamento de aula,
às vezes pela sua complexidade, até mesmo pelo grande número de assuntos a
serem repassados pelo educador. Consideramos de extrema relevância o estudo
desse assunto, visto que se fez um questionário para avaliar o desenvolvimento dos
estudantes com relação aos assuntos cartográficos nesta escola. Dessa maneira, foi
feita uma entrevista com os professores da instituição nas quatro turmas das séries
respectivamente do 20, 30, 40 e 50 ano para a pesquisa. Desenvolveu-se, a partir daí
uma grande pesquisa bibliográfica, identificando problemas, e criando sugestões que
possibilitem um ensino de qualidade em meio as grandes dificuldades de aplicar esta
área do conhecimento. A partir do resultado da pesquisa, analisamos como se
encontra o trabalho dos professores, além de avaliar a noção cartográfica dos
aprendizes.
Palavras-chave: Cartografia. Ensino Fundamental. Noções de espaço.
9
ABSTRACT
The cartography is a knowledge area of extreme importance, since this is not only
the masters’ curriculum, but also in orbital flights of satellites, manned ships, large
vessels among others. Yet even before Christ, has been developed this matter by
ancient civilizations, in which the people as the Greeks, the Sumerian, the
Mesopotamian and more, already felt the need to develop this science. We see the
need to work the cartography in schools, including the original series for the
development of concepts of space. Thus, this work has the objective to analyze the
cartographic understanding of the students respectively of the initial series of 20, 30,
40 and 50 years, so choosing Enéas Cavalcante state school of Ceará Mirim City/
RN, to reap the results of search. The cartography worked by teachers of social
studies is often over the planning classroom, sometimes by their complexity, even by
the large number of issues to be shared by educator. We consider of utmost
importance the study of this matter, since it was made a questionnaire to evaluate
the development of boys with regard to the matters cartographic at school. Thus,
there was an interview with the teachers of the institution in the four classes of series
for the search. There has since then a large literature search, identifying problems,
suggestions and creating an enabling environment in quality of teaching the great
difficulties of applying this matter. From the result of the search, we can examine how
the work goes for teachers, in addition to evaluating the concept cartographic of
apprentices.
Key words: Cartography. Elementary School. Space Notion.
10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Andreas Cellarius, Harmonia Macrocosmica, Amsterdam, 1660. O
modelo geocêntrico de Ptolomeu............................................................................. 18
Figura 2 – Mapa da língua escrita por sumérios em papiro………………………..
18
Figura 3 – Mapa mais antigo conhecido. Gravado em uma placa de barro,
representa a cidade de Ga-Sur (2400 A.C.).............................................................. 19
Figura 4 – Mapa dos descobrimentos......................................................................
20
Figura 5 – Mapa com as cidades paulistas servidas pelas principais rodovias
da década de 1970...................................................................................................... 21
Figura 6 – Frente da Escola Estadual Enéas Cavalcante.......................................
32
Figura 7 – Pátio interno da Escola Estadual Enéas Cavalcante............................
33
Figura 8 – Sala de vídeo da Escola Estadual Enéas Cavalcante...........................
34
Figura 9 – Imagem do município de Ceará Mirim/RN pelo método sintético.......
35
Figura 10 – Imagem dos desmembramentos da capitania de São Paulo e
Minas de ouro pelo método analítico....................................................................... 38
11
LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT
1
– Associação Brasileira de Normas Técnicas............................................
ACI
2
– Associação Cartográfica Internacional....................................................
BID
– Banco Interamericano de Desenvolvimento....................................... 3
BIRD
– Banco Mundial...................................................................................... 4
CEFET-RN – Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte 5
FMI
– Fundo Monetário Internacional............................................................ 6
IBGE
– Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.................................... 7
MEC
– Ministério da Educação e Cultura........................................................ 8
PCN’s
– Parâmetros Curriculares Nacionais..................................................... 9
RN
– Rio Grande do Norte.............................................................................. 10
SIG
– Sistemas de Informação Geográfica.................................................... 11
12
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO..................................................................................................... 12
2
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA-METODOLÓGICA ……………………………... 15
3
BREVE HISTÓRICO SOBRE A EVOLUÇÃO DA CARTOGRAFIA E
CONFECÇÕES DE MAPAS................................................................................ 18
4
A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA............................
4.1
ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA NOS 2O E 3O ANOS................................. 28
4.2
ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA NOS 4O E 5O ANOS................................. 30
5
ANÁLISE DA CARTOGRAFIA NA ESCOLA ESTADUAL ENÉAS
CAVALCANTE EM CEARÁ MIRIM.................................................................... 32
5.1
INFRA-ESTRUTURA DA ESCOLA.....................................................................
5.2
ANÁLISE DO PROFESSOR................................................................................ 35
5.3
O QUE PENSAM OS ALUNOS SOBRE A CARTOGRAFIA...............................
38
5.3.1 Análise dos dados do questionário.................................................................
45
24
32
5.4
PROBLEMAS ENCONTRADOS.......................................................................... 48
5.5
ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO.........................................................................
50
6
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................
56
REFERÊNCIAS..............................................................................................................
59
APÊNDICE...................................................................................................................... 61
13
1 INTRODUÇÃO
A necessidade de representar o espaço em que vive, bem como sua
orientação em um âmbito maior, sempre foi e ainda é uma busca de muitos que
procuram meios que simbolizem o ambiente em que vivem. É neste paralelo que vão
surgir as confecções de mapas como um instrumento importante na representação
dos lugares sendo assim, um modelo de comunicação visual.
A confecção de mapas é fundamental no campo escolar para o ensino da
geografia, uma vez que serve como instrumento de representação do espaço
geográfico, ajudando em seu objeto de estudo. Desta forma é importante ressaltar
as mudanças ocorridas, principalmente nos últimos anos que vêm seguindo as
tendências atuais.
Atualmente, os mapas antigos e tradicionais presenciam uma verdadeira
revolução, a partir do aparecimento dos computadores e do sensoriamento remoto.
Softwares são produzidos periodicamente, como os Sistemas de Informação
Geográfica (SIG’s) uma geotecnologia com a capacidade de processar informações
digitais georeferenciadas associada ou não a um banco de dados. A tendência atual
neste campo é um afastamento dos métodos analógicos de produção e um
progressivo uso de mapas interativo de formato digital.
Desta forma, se faz necessário que haja mudanças metodológicas no campo
escolar para utilização deste instrumento de ensino, que passa por inúmeras
transformações devido à onda de mudanças tecnológicas que, inclusive, alcança as
escolas de maneira, muitas vezes inusitadas, e que quase sempre atinge o corpo
discente sem preparação.
No entanto, a área de conhecimento que trata a utilização de mapas no
ensino da geografia é a cartografia. Segundo a Associação Cartográfica
Internacional (ACI) a cartografia é o “conjunto dos estudos e operações científicas,
técnicas e artísticas que intervêm na elaboração dos mapas a partir de resultados
das observações diretas ou da exploração da documentação, bem como da sua
utilização”. Para Castrogiovanni (1992, p.38),
Cartografia é o conjunto de estudos e operações lógico-matemáticas,
técnicas e artísticas que, a partir de observações diretas e da investigação
14
de documentos e dados, intervém na construção de mapas, cartas, plantas
e outras formas de representação, bem como no seu emprego pelo
homem. Assim, a cartografia é uma ciência, uma arte e uma técnica.
Hoje a utilização de mapas é uma realidade praticada em sala de aula, pois
está incluída como recurso didático desde as séries iniciais através da alfabetização
cartográfica que é um sistema semiótico complexo de comunicação, signos, redução
e projeção. Com a análise de elementos cartográficos e elaboração de mapas, os
educadores podem lecionar suas aulas de forma mais dinâmica e fazer associação
destes produtos a diversos temas da geografia.
O trabalho de mapas elaborados em sala de aula pelos professores é um
importante recurso didático. Na era da memorização e da “decoreba” do ensino
tradicional onde os mapas eram utilizados apenas para decorar nomes de rios ou
para colorir os países já não é válido para os alunos serem indivíduos críticos, onde
os mapas podem trazer tantas informações quanto um texto ou artigo sobre
determinado assunto.
É importante que o profissional da educação tenha em mente as situações
diversas advindas de lugares que trazem alunos com características variadas.
Alunos podem vir de famílias com baixo poder aquisitivo, outros esforçados, muitos
heterogêneos e também de baixo nível socioeconômico.
Neste caso o trabalho é diferenciado para cada situação, o professor tem que
produzir métodos que levem os educandos a adquirir o conhecimento através
desses, principalmente que levem à realidade de cada um.
O ensino da geografia apresenta diferentes metodologias para que se alcance
a aprendizagem dos educandos em sala de aula, um dos métodos que é muito
utilizado por estes profissionais da educação é justamente a utilização de mapas
para propiciar uma melhor assimilação do vasto espaço que a geografia estuda. A
busca pela compreensão por parte dos alunos, e meios que viabilizem uma maior
interação destes instrumentos da geografia é, para muitos educadores, um desafio
para atingir as metas almejadas.
Segundo Yoly (1982, p.40),
O espaço geográfico se apresenta sob dois aspectos: um empírico e
subjetivo que é primeiramente construído mediante operações sensoriais e
outro, objetivo e científico, que é medido e explicável racionalmente. O
espaço que a cartografia se propõe representar pode ser elaborado de
diversos pontos de vistas, porém todos levam a uma noção relativa das
15
relações entro o tempo que se concretiza no problema da projeção de
escala.
Apesar de sua importância, muitas vezes, por falta de domínio e
complexidade, a cartografia é minorada no âmbito escolar utilizada dessa maneira
como recurso e não como instrumento auxiliar do ensino de geografia. Daí, o que se
pretende é ir de encontro às propostas que atendam aos anseios dos parâmetros
recomendados pelo MEC e pelos órgãos competentes na área da educação. Mas
para isto, é importante entender o processo da evolução dos mapas e da ciência
cartográfica, recorrendo a estudos pretéritos, analisando também sua importância
como matéria estudada por grandes nomes e que até hoje é utilizada em sala de
aula.
Partindo
das
considerações
elaboradas
para
se
garantir
uma
boa
aprendizagem na cartografia, foi desenvolvido neste trabalho abordagens acerca
deste assunto além de pesquisa em salas de aula. De início se fez uma breve
explanação sobre o histórico da cartografia, desde os primeiros mapas que foram
confeccionados até as ultimas novidades tecnológicas disponíveis no mercado.
Em seguida foi feito abordagens acerca da importância da cartografia na
educação infantil. Neste tópico mostra-se a fundamental necessidade de se trabalhar
esta matéria no ensino fundamental, partindo de métodos específicos que sejam
viáveis aos alunos em questão.
Logo após o trabalho encaminha análises sobre alfabetização cartográfica
nas séries que correspondem os 10 e 20 ciclos que os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN’s) adotavam. Ou seja, fez-se uma análise sobre os 20 e 30 anos (10
ciclo), e os 40 e 50 anos (20 ciclo) respectivamente. Desta maneira se obtém métodos
de trabalho nestas turmas de maneiras diferentes, tendo em vista os trabalhos
iniciais do espaço geográfico para os alunos, que nesta fase é comum ser restrita.
Para finalizar aplicou-se um questionário na Escola Estadual Enéas
Cavalcante Ceará Mirim/RN abordando assuntos cartográficos aos alunos com
questionamentos diferenciados. Sendo também questionados os professores da
escola, o seu fazer pedagógico para entender desta maneira o crescimento dos
aprendizes sobre este assunto. Além também da análise dos alunos que foram
questionados, para enfim concluir o que se pretende, buscando assim meios de
solução.
16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA-METODOLÓGICA
Para a fundamentação teórica-metodológica no ensino da cartografia,
recomenda-se o grande psicólogo David Paul Ausubel, pois em suas obras ele vai
sempre buscar condenar o ensino tradicional, que ainda é muito praticado nos dias
de hoje. Para ele, “A escola é um cárcere para os meninos. O crime de todos é a
pouca idade e por isso os carcereiros lhe dão castigos” (AUSUBEL, 1968, p.31).
Esta citação fez parte de sua experiência de vida, pois quando era menino em sua
escola, passou por inúmeros constrangimentos e torturas em sala.
O referido autor dedica-se à educação no intuito de buscar as melhorias
necessárias ao verdadeiro aprendizado. Totalmente contra a aprendizagem
puramente mecânica, torna-se um representante do cognitivismo, e propõe uma
aprendizagem que tenha uma estrutura cognitivista, de modo a intensificar a
aprendizagem como um processo de armazenamento de informações que, ao
agrupar-se
no
âmbito
mental
do
indivíduo,
seja
manipulada
e
utilizada
adequadamente no futuro, através da organização e integração dos conteúdos
apreendidos significativamente.
Muitos professores passam aos alunos os assuntos de maneira sistemática,
como a leitura de mapas de maneira decoreba, como decorar nomes de capitais,
Estados, rios, estradas etc. Segundo Ausubel, a aprendizagem significativa no
processo de ensino necessita fazer algum sentido para o aluno e, nesse processo, a
informação deverá interagir e ancorar-se nos conceitos relevantes já existentes na
estrutura do aluno. O autor entende que a aprendizagem significativa se verifica
quando o banco de informações no plano mental do aluno se revela, através da
aprendizagem por descoberta e por recepção. O processo utilizado para as crianças
menores é o de formação de conceito, envolvendo generalizações de interesses
específicos para que, na idade escolar já tenham desenvolvido um conjunto de
conceitos, de modo a favorecer o desenvolvimento da aprendizagem significativa.
Esses conceitos deverão ser adquiridos através de assimilação, diferenciação
progressiva e reconciliação integrativos de conceitos. Para tanto, Ausubel sugere
para esse processo, a utilização de organizadores prévios para, de fato, ancorar a
nova aprendizagem, levando o aluno ao desenvolvimento de conceitos subsunçores,
de modo a facilitar a aprendizagem subseqüente.
17
Mas o que são organizadores prévios? Segundo o autor, são informações e
recursos introdutórios, que devem ser apresentados antes dos conteúdos da matriz
curricular, uma vez que tem a função de servir de ponte entre o que o aluno já sabe
e o que ele deve saber para que o conteúdo possa ser realmente aprendido de
forma significativa. Os organizadores se tornarão mais eficazes se forem
apresentados no início das tarefas de aprendizagem para que suas propriedades
possam integrar-se como elemento atrativo para o aluno, visando provocar o
interesse e desejo de aprender. Sua formulação deve contar com um vocabulário
bastante familiar ao aluno, de modo que, sua organização, bem como a
aprendizagem sejam consideradas como material de valor pedagógico. Foi neste
requisito que buscamos elaborar o questionário de maneira que estivesse ao
alcançe do entendimento dos alunos.
Para que a aprendizagem significativa ocorra, o autor assinala duas
condições essenciais : 1) disposição do aluno para aprender; 2) O material didático
desenvolvido, que deve ser, sobretudo, significativo para o aluno. Somente dessa
forma é que se dará a verdadeira compreensão de conceitos e proposições, o que
implica na posse de significados claros e intransferíveis para a avaliação consistente
da aprendizagem significativa. O método válido e prático, segundo Ausubel, consiste
em buscar soluções de problemas diversos através de testes de compreensão,
utilizando-se de recursos diferentes daqueles, utilizados anteriormente no material
instrucional para que se possa constatar, de fato, se o aluno desenvolveu ou não, às
habilidades necessárias à aquisição da aprendizagem significativa.
Com relação a isto é importante que o professor escolha segundo seu
entendimento o melhor material para os alunos, inclusive o livro didético, e não o
estado, como ocorre nas escolas estaduais, como no Rio Grande do Norte, pois
cada turma é uma realidade diferente. Sendo assim, as turmas podem utilizar de
materiais didáticos diferentes de acordo com as necessidades de cada uma.
A Teoria da aprendizagem de Ausubel objetiva, portanto, facilitar a
aprendizagem do aluno, através da psicologia da aprendizagem significativa. Afirma
o autor que:
Se eu tivesse que reduzir toda a psicologia educacional a um único
princípio, diria isto: o fato isolado mais importante que informação na
aprendizagem é aquilo que o aprendiz já conhece. Descubra o que ele
sabe e baseie isso nos seus ensinamentos (AUSUBEL, 1968, p.75).
18
A aprendizagem significativa é elemento essencial ao processo de aquisição
do conhecimento do aluno, fundamental para o novo papel do professor e função
social da escola.
19
3 BREVE HISTÓRICO SOBRE
CONFECÇÕES DE MAPAS
A
EVOLUÇÃO
DA
CARTOGRAFIA
E
A confecção de mapas é praticada desde tempos pré-históricos, antes mesmo
da escrita tendo como função prover a visualização de dados espaciais. Neste
período dispomos de mapas feitos em placas de argila sumérias e papiros egípcios.
Na antiga Grécia, Hiparco e Aristóteles produziam mapas com latitudes e longitudes.
Em Roma, Ptolomeu representou a Terra dentro de um círculo.
Figura 1 - Andreas Cellarius, Harmonia Macrocosmica, Amsterdam, 1660. O modelo
geocêntrico de Ptolomeu.
Fonte: http://www.portaldoastronomo.org/t.php
Figura 2 - Mapa da língua escrita por sumérios em papiro
Fonte: http://www.bussolaescolar.com.br/historia_geral/sumeria.htm
20
Porém, Oliveira (1988) afirma ser de origem babilônica o mais antigo mapa
que o mundo conhece. É um tablete de argila cozida com a representação de duas
cadeias de montanhas, e no centro delas um rio que deve ser a representação do
Eufrates. Sua idade é calculada como podendo ser de até 3.800 antes da era
cristã.
Figura 3 - Mapa mais antigo conhecido. Gravado em uma placa de barro, representa a cidade
de Ga-Sur (2400 A.C.).
Fonte: http://www.algosobre.com.br/geografia/cartografia.html
No período medieval, mesmo com uma relativa estagnação na Europa
ocidental, foram produzidos os mapas Orbis Terraum (OT). Um T composto pelas
águas separando as terras dentro de um O (o mundo). No mundo árabe, desde 827
o califa Al Mamum havia determinado traduzir do grego a obra de Ptolomeu. Os
árabes resgataram os conhecimentos greco-romanos, aperfeiçoando-os.
Na idade moderna, com a abertura comercial, os mapas ganharam
importância renovada entre os árabes que prosseguiram nestes estudos. Em
poucos séculos, os mapas passaram a ser grandemente valorizados na região
mediterrânea, também por outros países como Portugal e Espanha, representados
pela bússola, pelo astrolábio e pela caravela o qual permitiram o processo das
grandes navegações, marcando a passagem para a idade moderna.
21
Figura 4 - Mapa dos descobrimentos
Fonte: http://www.ancruzeiros.pt/anchistoria-mar001.html
Ao longo da história, a cartografia tem apresentado uma série de
transformações como, por exemplo, no século XVI, a criação da famosa
representação de Mercator, pelo belga Gerhard Kremer. Ele encontra uma projeção
em que uma linha reta na carta correspondesse a uma reta de igual rumo no
oceano, ajudando os navegadores. No entanto, quanto mais afastado do Equador,
maiores são as distorções leste-oeste que a carta representará. A Terra é retratada
na forma de um cilindro.
O século XVII apresenta grandes contribuições para a cartografia, como por
exemplo, a invenção do teodolito pelo inglês Jessé Romsden.em 1851, o francês
Aimé Laussedat cria a fotogrametria, visto que, já em 1838, Charles Weheatstone,
físico inglês, havia inventado o estetoscópio. Como o surgimento do avião no século
XX, a fotogrametria teve um extraordinário desenvolvimento. As rotas aéreas
proporcionaram o mapeamento com maior precisão de áreas, as quais eram
impossíveis de serem vistas na sua totalidade.
Porém, no século XVIII surge uma sistematização da ciência nos estudos
geográficos, no qual posteriormente iriam influenciar no estudo dos mapas em sala
de aula. Tudo isso seguindo as tendências que estavam vigentes no momento.
22
No Brasil as primeiras tendências da Geografia nasceram com a fundação da
Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo e do Departamento de
Geografia, quando, a partir da década de 40, a disciplina Geografia passa a ser
ensinada por professores licenciados, com forte influência da escola francesa de
Vidal de La Blanche.
Essa tendência da Geografia e as correntes que dela se desdobraram foram
chamadas de Geografia Tradicional. No ensino, essa Geografia se traduziu, e muitas
vezes ainda se traduz, pelo estudo descritivo das paisagens naturais e
humanizadas, de forma dissociada do espaço vivido pela sociedade e das relações
contraditórias de produção e organização do espaço.
Essa perspectiva marcou também a produção dos livros didáticos até meados
da década de 70, e, mesmo hoje em dia muitos ainda apresentam em seu corpo
idéias, interpretações ou até mesmo expectativas de aprendizagem defendidas pela
Geografia Tradicional.
Figura 5 - Mapa com as cidades paulistas servidas pelas principais rodovias eram divulgados
em livros escolares de Geografia, no início da década de 1970
Fonte: http://www.novomilenio.inf.br/santos/mapa93.htm
No pós-guerra, a realidade tornou-se mais complexa, os métodos e as teorias
da
Geografia
Tradicional
tornaram-se
insuficientes
para
apreender
essa
23
complexidade. Era preciso realizar estudos voltados para a análise das relações
mundiais, análises essas também de ordem econômica, social, política e ideológica.
Por outro lado, o meio técnico e científico passou a exercer forte influência
nas pesquisas realizadas no campo da Geografia. Para estudar o espaço geográfico
globalizado, se começou a recorrer as geotecnologias, entre eles o sensoriamento
remoto, as imagens de satélite e o computador como articulador de massa de dados:
surgem os SIG’s (Sistemas Geográficos de Informações).
A partir dos anos 60, sob influência das teorias marxistas, surge uma
tendência crítica à Geografia Tradicional, cujo centro de preocupações passa a ser
as relações entre a sociedade, o trabalho e a natureza na produção do espaço
geográfico. Essa nova perspectiva considera que não basta explicar o mundo, é
preciso transformá-lo. Assim a Geografia ganha conteúdos políticos que são
significativos na formação do cidadão influenciadas pela Geografia Marxista.
Essas propostas, no entanto, foram centradas em questões referentes a
explicações econômicas e a relações de trabalho que se mostraram, no geral,
inadequadas para os alunos dessa etapa da escolaridade, devido a sua
complexidade. Tanto a Geografia Tradicional quanto a Geografia Marxista ortodoxa
negligenciaram a relação do homem e da sociedade com a natureza em sua
dimensão sensível de percepção do mundo.
Atualmente, a cartografia tem a seu favor os vôos orbitais de satélites e naves
tripuladas, assim como computadores para a leitura de imagens e correções de
desvios de dados. Para alguns autores, a cartografia, com suas técnicas próprias e
inconfundíveis, não pode ser vista como uma ciência, como é concebida, por
exemplo, a geografia, tampouco pode ser considerada uma arte de elaboração
criativa individual, capaz de produzir diferentes emoções conforme a sensibilidade
de cada um.
São nestas considerações que vemos a importância do dia-a-dia da
cartografia para o funcionamento de vários instrumentos espalhados pelo mundo.
Conforme isto se faz necessário o ensino desta matéria nas escolas de maneira que
venha a contribuir na evolução de seu ensino.
Uma das características fundamentais da produção acadêmica da Geografia
desta última década é justamente a definição de abordagens que considerem as
dimensões subjetivas e, portanto, singulares que os homens em sociedade
estabelecem com a natureza. Uma Geografia que não seja apenas centrada na
24
descrição
empírica
das
paisagens,
tampouco
pautada
exclusivamente
na
interpretação política e econômica do mundo; que trabalhe tanto as relações
socioculturais da paisagem como os elementos físicos e biológicos que dela fazem
parte, investigando as múltiplas interações entre eles estabelecidas na constituição
de um espaço: o espaço geográfico.
25
4 A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA
Abordagens atuais da geografia têm buscado praticas pedagógicas que
permitam apresentar aos alunos, os diferentes aspectos de um mesmo fenômeno
em diferentes momentos da escolaridade, de modo que os alunos possam construir
compreensões novas e mais complexas a seu respeito. Espera-se que, desta forma,
eles desenvolvam a capacidade de identificar e refletir sobre diferentes aspectos da
realidade, compreendendo a relação sociedade-natureza. Essas práticas envolvem
procedimentos de problematização, observação, registro, descrição, documentação,
representação e pesquisa dos fenômenos sociais, culturais ou naturais que
compõem a paisagem e o espaço geográfico, na busca e formulação de hipóteses e
explicações das relações, permanências e transformações que aí se encontram em
interação.
É fundamental, assim, que o professor crie e planeje situações nas quais os
alunos possam conhecer e utilizar esses procedimentos. A observação, descrição,
experimentação, analogia e síntese devem ser ensinadas para que os alunos
possam aprender a explicar, compreender e até mesmo representar os processos de
construção do espaço e dos diferentes tipos de paisagens e territórios.
A paisagem local, o espaço vivido pelos alunos deve ser o objeto de estudo
ao longo dos primeiros anos. Entretanto, não se deve trabalhar do nível local ao
mundial hierarquicamente: o espaço vivido pode não ser o real imediato, pois são
muitos e variados os lugares com os quais os alunos têm contato e, sobretudo, que
são capazes de pensar sobre. Para Cavalcanti (1998, p.24), o ensino de Geografia
deve levar o aluno a compreender a sua realidade sob o ponto de vista de sua
espacialidade. “Isso porque se tem convicção de quer a prática da cidadania,
sobretudo nesta virada de século, requer uma consciência espacial”. Em outro
trabalho, a autora afirma que “A geografia na escola tem a finalidade de formação de
modos de pensar geográficos por parte dos alunos” (CAVALCANTI, 2002, p.12).
A compreensão de como a realidade local relaciona-se com o contexto
global é um trabalho que deve ser desenvolvido durante toda a escolaridade, de
modo cada vez mais abrangente, desde as primeiras séries. Estudar a paisagem
local ao longo dos primeiros anos de escolaridade é aprender a observar e a
reconhecer os fenômenos que definem e suas características; descrever,
26
representar, comparar e construir explicações, mesmo que aproximadas e
subjetivas, das relações que aí se encontram impressas e expressas.
A geografia utiliza-se da cartografia que procura compreender o espaço
utilizado, trabalha com imagens, recorre a diferentes linguagens na busca de
informações e como forma de expressar suas interpretações, hipóteses e conceitos.
Pede uma cartografia conceitual, apoiada numa fusão de múltiplos tempos e numa
linguagem específica, que faça da localização e da espacialização uma referência da
leitura das paisagens e seus movimentos. É preciso quer o professor analise as
imagens na sua totalidade e procure contextualizá-las em seu processo de
produção: por quem foram feitas, quando, com que finalidade, etc.
O estudo da linguagem cartográfica, por sua vez, tem cada vez mais
reafirmado sua importância, desde o início da escolaridade. Contribui não apenas
para que os alunos venham a compreender e utilizar uma ferramenta básica da
geografia, os mapas, como também para desenvolver capacidades relativas à
concepção do espaço.
Para isso é importante que consideremos o ponto de vista dos alunos
iniciantes, mesmo que não exista de fato. O conhecimento pode advir das
experiências reais, mas todo o aluno tem um conhecimento que vem de casa, e a
função da escola e da geografia, podendo também enquadrar a cartografia, é fazer
com que ele supere o senso comum, ao fazer confrontação da sua realidade
concreta com o conhecimento cientificamente produzido.
Segundo Gramsci (1990), apud Mochcovitch (1990), as representações do
mundo que o senso comum permite são sempre ocasionais e desagregadas, são
formas de um conformismo imposto pelo ambiente exterior (ideologia dominante) e
por outros grupos sociais.
Por outro lado uma concepção de mundo unitário, coerente e homogêneo é
formada de uma maneira crítica e consciente, num processo teóricoprático. E para passar da consciência ocasional e desagregada para a
consciência coerente e homogênea é preciso criticar a concepção de
mundo que se tem, partindo da consciência daquilo que somos – “conhecete a ti mesmo” e chegando “ao ponto atingido pelo pensamento mundial
mais desenvolvido”. (GRAMSCI, 1990 apud MOCHCOVITCH, 1990, p. 12).
A cartografia é um conhecimento que vem se desenvolvendo desde a pré-história
até os dias de hoje. Por intermédio dessa linguagem é possível sintetizar informações,
27
expressar conhecimentos, estudar situações, entre outras coisas, sempre envolvendo a
idéia da produção do espaço: sua organização e distribuição.
As formas mais usuais de se trabalhar com a linguagem cartográfica na escola é
por meio de situações nas quais os alunos têm de colorir mapas, copiá-los, escrever os
nomes de rios ou cidades, memorizar as informações neles representadas. Mas esse
tratamento não garante que eles construam os conhecimentos necessários, tanto para
ler mapas como para representar o espaço geográfico.
Para isso, é preciso partir da idéia de que a linguagem cartográfica é um sistema
de símbolos que envolve proporcionalidade, uso de signos ordenados e técnicas de
projeção. Também é uma forma de atender a diversas necessidades, das mais
cotidianas as mais específicas. A escola deve criar oportunidades para que os alunos
construam conhecimentos sobre essa linguagem nos dois sentidos: como pessoas que
representam e codificam o espaço e como leitores das informações expressas por ela.
Ao agir sobre os objetos e situações, o aluno vai construindo esquemas
cognitivos, reconstruindo o mundo, ao mesmo tempo em que constrói sua inteligência,
inclusive construindo o seu espaço. Segundo a teoria de Piaget,
O sujeito reestrutura o que recebe via transmissões sociais e educativas,
acrescentando coordenações e estabelecendo relações que enriquecem o
que é abstraído dessas transmissões. Sem essa participação ativa, tornase difícil para o sujeito apropriar-se dos conhecimentos coletivos, visto o
entendimento decorrido das possibilidades das reestruturações
salientadas. (SEBER, 1997,p. 154)
A compreensão do espaço geográfico será trabalhada sempre que se estudar a
paisagem, o território e o lugar; por outro, a questão da representação espacial, no
contexto dos estudos, é um caminho importante para compreender a espacialidade dos
fenômenos, para entender a função social da linguagem cartográfica, bem como os
processos histórico-sociais de sua construção.
Sendo assim, o professor deve abordar, simultaneamente, dois eixos: a leitura e
a produção da linguagem cartográfica. A compreensão desse sistema de representação
ocorre quando há sucessivas aproximações dos dois eixos, não sendo a primeira
condição para o segundo, isto é, para se fazer mapas não são necessários que se
aprenda a lê-los antes. Sem dúvida, essa é uma linguagem complexa que envolve
diferentes aspectos e não é possível aos alunos dar conta de todos, principalmente nos
28
primeiros anos, quando ainda têm muita dificuldade em definir outros referenciais
espaciais que não sejam vinculados a si mesmos.
Com isto, os alunos muitas vezes farão mapas que não respeitarão um sistema
único de projeções, não mantendo a proporcionalidade, não sistematizando os
símbolos, etc. Sendo assim, cabe ao professor criar diferentes situações nas quais os
alunos tenham de priorizar um ou outro aspecto, tanto na produção quanto na leitura,
para que, gradualmente, consigam coordená-los, apropriando-se tanto das convenções
como do funcionamento dessa linguagem.
O professor deve também considerar as idéias que seus alunos têm sobre a
representação do espaço. As crianças sabem fazer coisas como descrever os trajetos
que percorrem, organizar um cômodo com seus móveis, desenhar um “mapa do
tesouro”, entre outras. É importante elaborar o trabalho cartográfico por etapas, como:
primeiro o desenvolvimento do percurso, segundo o croqui básico, terceiro o pré-mapa e
quarto o mapa básico. A partir desse tipo de conhecimento, o professor pode pensar em
problematizações que explicitem a necessidade de se representar o espaço e, ao fazêlo, novas exigências poderão se evidenciar: criar legendas, manter algum tipo de
proporcionalidade, respeitar um sistema de projeção, esclarecer orientação, direção e
distância entre os fatos representados.
Também, ao fazer a leitura de mapas, o professor deve considerar que os alunos
são capazes de deduzir muitas informações, principalmente se a leitura estiver
contextualizada e eles estiverem em busca de alguma informação. Por exemplo, ler um
mapa físico da região em que vivem e tentar descobrir quais são os lugares mais altos,
mais baixos, planos ou não planos a partir do conhecimento que têm sobre o lugar e da
interpretação das legendas.
Não se pode perder de vista que a função social da linguagem cartográfica é de
comunicação de informações sobre o espaço, ou seja, deve haver situação
comunicativa, para que a atividade seja significativa e ocorra aprendizagem. A situação
caracteriza-se dessa forma quando há alguma informação espacial, sendo representada
e comunicada para algum interlocutor dentro de um contexto social. Nesse caso, as
crianças podem tanto ser os usuários, leitores, quanto os produtores, que comunicam
algo de sentido. Desta forma é importante a existência de uma linguagem coerente, pois
“Trazer fatos sem uma teoria que cole os pedaços da realidade, sem uma análise crítica
é como o saci querer dançar tango. Não dá!” (SEFFNER, 1995, p. 54).
29
Com base no que se é exigido, inúmeros são os questionamentos que procuram
uma explicação de como se pode lecionar uma aula de geografia, tendo retornos
relevantes por parte dos alunos utilizando mapas como instrumentos. Simultaneamente,
como este ensino pode interagir, de maneira eficaz com os anseios didáticos da área
geográfica, para alcançar um nível contundente no processo ensino-aprendizagem
atendendo aos objetivos dos parâmetros da educação.
As sucessivas mudanças e debates em torno do objeto e método da Geografia
como ciências, presentes no meio acadêmico, têm repercussões diversas no ensino
fundamental. Desta forma, torna-se necessário que o professor procure meios que traga
uma visão diferente ao usar ferramentas importantes como é o caso dos mapas
geográficos.
Mas, para se trabalhar este assunto considerável complexo para alunos
iniciantes, é importante uma organização, ou seja, um planejamento para enviar os
assuntos por etapas, de acordo com as séries (anos). Isto foi o que o antigo PCN da
geografia havia proposto, mas que já houve reformulações, este era dividida em antigos
ciclos, que correspondiam da seguinte maneira: 10 ciclo (10 e 20) séries e o 20 ciclo (30 e
40) séries.
Desta maneira, o trabalho procura mostrar a metodologia segundo o que era
proposto, mas com algumas modificações, pois temos que seguir a tendências e
exigências da educação nacional, sendo que nunca abrindo mão daquilo que
vivenciamos. Na verdade pouco se modificou, muitos professores ainda usam a antiga
metodologia e o que de fato mudou, foram as palavras séries em anos.
4.1 ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA NOS 20 E 30 ANOS
O estudo da geografia aborda dentre outros assuntos a construção do espaço
geográfico. Para tanto, a paisagem local e o espaço vivido são as referências para o
professor organizar seu trabalho. É importante ressaltar que as relações entre a
sociedade e a natureza podem modificar a paisagem e assim interferir na construção
dos mapas.
Nesta etapa é importante que os alunos conheçam alguns procedimentos que
fazem parte dos métodos de operar para o desenvolvimento cognitivo da geografia.
30
Capacidade de generalizar, discordar, formar conceitos, raciocinar, observar, descrever,
representar e construir explicações são procedimentos que podem aprender a utilizar,
mesmo que ainda o façam com pouca autonomia, necessitando da presença e
orientação do professor, incluindo o ensino de imagens que auxiliem futuramente o
ensino cartográfico.
Vale lembrar que esse ciclo é, na maioria das vezes, o momento de ingresso da
criança na escola. Ensinar os alunos a ler imagem e a observar uma paisagem irá ser
fundamental na construção cartográfica. Há uma grande incapacidade da escola em
propiciar situações que levem os alunos a constantes movimentos entre o codificar e o
decodificar, o criar e o ler, o interpretar e o imaginar situações, fatos, dados, enfim, a
vida. A escola e, portanto a geografia continuam distante da vida.
É importante lembrar o que diz George (1978, p.54):
Por uma dialética bastante simples, correspondendo a um tipo de
progressão do conhecimento, a representação cartográfica significa as
formas várias, o ponto de partida e o ponto terminal do conhecimento
geográfico.
A imagem como representação também pode estar presente. Desenhar é uma
maneira de se expressar características desse segmento da escolaridade e um
procedimento de registro utilizado pela própria geografia. Além disso, é uma forma
interessante de propor que os alunos comecem a utilizar mais objetivamente as noções
de proporção, distância e direção, fundamentais para a compreensão e uso da
linguagem cartográfica.
O trabalho com a construção da linguagem cartográfica, por sua vez, deve ser
realizado considerando os referenciais que os alunos já utilizam para se localizar e
orientar no espaço. A partir de situações nas quais compartilhem e explicitem seus
conhecimentos, o professor pode criar outras nas quais possam esquematizar e ampliar
suas idéias de distância, direção e orientação.
O início do processo de construção cartográfica acontece mediante o trabalho
com a produção e a leitura de mapas simples, em situações significativas de
aprendizagem nas quais os alunos tenham questões a resolver, seja para comunicar,
seja para obter e interpretar informações. E como na construção de outras linguagens
mesmo inicialmente, não se deve caracterizá-la nem na produção, nem na leitura.
31
É importante assim, que o professor nos 20 e 30 anos trabalhe com diferentes
tipos de mapas, Atlas, globo terrestre, plantas e maquetes de boa qualidade e
atualizados, mediante situações nas quais os alunos possam interagir com eles fazendo
uso cada vez mais preciso e adequado deles.
O estudo do meio, o trabalho com imagens e a representação dos lugares são
recursos didáticos interessantes pelos quais os alunos podem construir, de maneira
cada vez mais ampla e estruturada, as imagens e as percepções que têm da paisagem
local, conscientizando-se de seus vínculos afetivos e de identidade com o lugar no qual
se encontram inseridos.
4.2 ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA NOS 40 E 50 ANOS
Nesta etapa, o estudo da geografia aborda principalmente as diferentes relações
entre as cidades e o campo. O objetivo central é que os alunos construam
conhecimentos a respeito das categorias da paisagem urbana e paisagem rural, como
foram constituídas ao longo do tempo e ainda o são, e como sintetizam múltiplos
espaços geográficos.
Quanto às representações cartográficas, o estudo sobre a representação do
espaço segue de modo semelhante aos anos anteriores, embora seja possível abordar
de forma mais aprofundada as noções de distância, direção e orientação e iniciar um
trabalho mais aprofundado com as noções de proporção e escala. Já se pode esperar
que os alunos compreendam que para representar o espaço, é preciso obedecer a
certas regras e convenções postuladas pela linguagem cartográfica e comecem a
dominá-las na produção de mapas simples, relacionados com o espaço vivido e outros
mais distantes.
Atividades nas quais os alunos tenham de refletir, questionar, comunicar e
compreender informações expressas por meio dessas regras e convenções, e não
apenas descrevê-las e memorizá-las, podem ser planejadas pelo professor para que as
conheçam e aprendam a utilizá-las. Os referenciais de localização, os pontos cardeais,
as divisões e contornos políticos dos mapas, o sistema de cores e legendas podem e
devem ser trabalhados.
32
Cabe ao alfabetizador provocar no aluno a sensibilidade, a curiosidade, o
desejo, o pensamento divergente, a sistematização dos signos, a atribuição
e a construção de significados para que ocorra a constante textualização
do mundo (CASTROGIOVANNI, 1998, p.40).
Também no que se refere à leitura, a prática do professor deve favorecer uma
autonomia crescente na consulta e obtenção das informações por meio de mapas,
Atlas, globo terrestre e até mesmo de maquetes, plantas e fotos aéreas. Nesse
sentido, os diferentes tipos de mapas, os múltiplos temas que são representados por
meio dessa linguagem, e as razões que determinam à relevância do seu
mapeamento, podem ser temas de discussão e estudo.
Nesta fase estudar conceitos fundamentais, tradicionalmente representados
pela linguagem cartográfica, como relevo, vegetação, clima, população, tamanho,
distribuição, não só passa a ser pertinente como também fundamental para que os
alunos ampliem seus conhecimentos sobre essa linguagem.
Nesse momento da escolaridade passa a ser interessante também discutir
com os alunos a linguagem cartográfica como uma produção humana, marcada
pelos alcances e limites dos recursos técnicos e das intenções dos sujeitos e das
épocas que dela se valem para representar o espaço geográfico.
Sendo assim, estudar a história da cartografia é uma forma adequada de
aproximar a História e a Geografia num estudo sobre, como diferentes sociedades
em tempos e espaços distintos percebem e representam seu entorno e o mundo: as
técnicas e os conhecimentos, o imaginário, as intenções políticas e econômicas, os
medos e desejos.
33
5 ANÁLISE DA CARTOGRAFIA NA ESCOLA ESTADUAL ENÉAS CAVALCANTE
EM CEARÁ MIRIM/RN
A Escola Estadual Enéas Cavalcante situa-se na travessa Manoel Marques
no centro da cidade de Ceará Mirim ao lado da Escola Estadual General João
Varela. A escola oferece aulas para alunos do 10 ao 50 ano, do 60 ao 90 ano e para
alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Sua autorização para exercício foi na data de 09/12/77, mas seu
reconhecimento foi em 20/05/80. A forma de ocupação do prédio é a de
estabelecimento privado do Governo do Estado e sua capacidade de matrícula é de
500(quinhentos) alunos nos turnos matutino, vespertino e noturno.
Figura 6 - Frente da Escola Estadual Enéas Cavalcante
Fonte: Elaborado pelo autor.
5.1 INFRA-ESTRUTURA DA ESCOLA
A Escola Estadual Enéas Cavalcante dispõe de nove salas de aula em que
estudam alunos do 60 ao 90 ano no turno da manhã com a faixa etária de dez à
quinze anos, do 10 ao 50 ano no turno da tarde com faixa etária de cinco anos e seis
34
meses à treze anos, e alunos do EJA no turno da noite divididos em anos iniciais(10
a 40) e anos finais(50 a 80).
Quanto à parte administrativa além das salas de aula, a escola também
dispõe de uma secretaria agregada ao banheiro dos funcionários, uma sala de
vídeo, uma sala de arquivo, sala dos professores e diretoria. No centro da escola há
um pátio onde os alunos têm seus momentos de lazer e atividades extra-classe, o
qual os professores podem utilizar a área para atividades cartográficas quanto às
noções de espaço.
Figura 7 - Foto do pátio interno da escola
Fonte: Elaborado pelo autor.
A escola também é composta de uma cozinha junta com o almoxarife e
também de uma sala onde se guarda livros, existe também um auditório
relativamente espaçoso onde os alunos têm aulas extra-classe e palestras, além de
festas e eventos do quadro da escola. Uma sala foi construída do lado de fora onde
ficam as primeiras salas de aula.
Quanto aos funcionários: nove compõe o quadro de professores a tarde, nove
pela manhã, nove a noite, além de três professores para acompanhar os três turnos.
Há também uma diretora e uma vice-diretora. Nos três expedientes a secretaria
dispõe de onze pessoas, e na escola de cinco cozinheiras, dois porteiros nos turnos
da manhã e da tarde e o vigia a noite. Quanto à coordenação, nos três turnos há
seis supervisores, uma coordenadora pedagógica e uma coordenadora financeira.
35
Em relação aos alunos, no turno da manhã há 292 alunos, no turno da tarde são 248
e no turno da noite 387 num total de 927 alunos.
As condições da escola são estáveis, uma vez que nunca houve reformas na
escola desde sua construção em 09/12/1978, isto mostra de forma visível a ruim
conservação do ambiente como mostrado na imagem do pátio interno.
Quanto aos materiais cartográficos a escola oferece para os alunos três
Globos Mundi. Na sala de vídeo a escola disponibiliza de um aparelho de tv de 20”
sendo esta agregada a uma antena parabólica, um vídeo-cassete, um DVD, além de
um retro-projetor, todos estes essenciais para elaboração de aulas envolvendo a
cartografia. Na sala tem inúmeras fitas de vídeo-cassete a respeito do universo e de
diversas cidades brasileiras, mas nenhuma que aborde especificamente assuntos
sobre cartografia.
Figura 8 - Foto da sala de vídeo
Fonte: Elaborado pelo autor.
Mais associado ao assunto, a escola oferece diversos Atlas do Rio Grande do
Norte (RN) e do Brasil. Quanto aos mapas, há diversos distribuídos assim:
a)
1 mapa físico do Brasil;
b)
1 mapa da vegetação do Brasil;
c)
1 mapa econômico do Brasil;
d)
1 mapa político;
36
e)
1 mapa político rodoviário do Brasil;
f)
2 mapas climáticos do Brasil;
g)
1 mapa político do Nordeste;
h)
1 mapa político do RN;
i)
1 mapa físico do RN.
5.2 QUANTO A ANÁLISE E METODOLOGIA DO PROFESSOR
Quanto a análise e metodologia do professor, se analisou quatro professores
do polivalente, que trabalham todas as matérias nos respectivos anos 20, 30, 40 e 50.
Todos com total liberdade para falar sobre seus métodos de ensino, sem
interferência na entrevista em momento algum. O principal objetivo do trabalho é
obter, além de suas explanações pessoais, como que eles trabalham os assuntos
cartográficos, neste caso, na geografia do ensino fundamental.
Segundo o professor A do 20 ano, ele trabalha a questão do espaço do geral
para o particular. Mas o educador se referiu do pequeno(sua casa, sua rua, a
escola...) ao grande(sua cidade, seu Estado, seu País) sendo assim o método
sintético. Desta forma o professor citou o método de forma errônea, pois se trata do
método analítico. Mas, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais
(BRASIL, 1998, p.116), fica cada vez mais claro aos educadores que
Não se deve mais trabalhar do nível local ao mundial hierarquicamente. [...]
a compreensão de como a realidade local relaciona-se com o contexto
global é um trabalho que deve ser desenvolvido durante toda a
escolaridade de modo cada vez mais abrangente, desde os ciclos iniciais.
Figura 9 - Imagem do município de Ceará-Mirim/RN pelo método sintético
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cear%C3%A1-Mirim.
37
O educador trabalha também a questão da “lateralidade” e distância como
perto, longe, acima, embaixo, frente, traz. Segundo a análise cartográfica, ele inicia
seu trabalho tendo como referência o espaço da escola bem como seu percurso
para a casa de cada aluno, neste trabalho os alunos sabem falar, mas não sabem
representar ao modo deles. Ele leva em conta também em sala, as referências dos
alunos em suas carteiras como quem esta do lado esquerdo, na frente etc. Outro
método que o professor acha interessante e utiliza é a representação do corpo
humano, como por exemplo, desenhar os traços da própria mão dos alunos.
O professor A afirma que utiliza o globo, mas não com freqüência, pois acha
complexo para os alunos, porém sugere ser interessante um trabalho desenvolvido
em uma feira de ciências. Pois na escola há uma maquete em que a cidade de
Ceará Mirim fica no pico do trabalho, o Estado do RN no meio, e o Brasil na base
como referência, um em cima do outro. Sendo assim, a maquete serve de base para
explorar a projeção dos elementos do espaço vivido para o espaço representado.
Para o professor este trabalho é importante, pois os alunos confundem
quando é mostrado o mapa de Ceará Mirim, eles já conhecem pelos distritos, mas
quando mostra o mapa do RN já não compreendem o porquê que a cidade está ali
dentro, ao lado de cidades desconhecidas.
A avaliação do educador é contínua e instantânea. Em sua elaboração ela
tenta entrar em outras matérias (interdisciplinaridade), mas não chega avaliar a
aprendizagem por meio de provas escritas.
No 30 ano o educador entrevistado B passa, quando se referi sobre o assunto
do trabalho, uma conduta de insegurança, sendo curto nas afirmações e simplista.
Segundo ele a escola é precária de materiais e isso prejudica sua metodologia, e
que também os alunos só dispõem do livro de matemática para o ano todo.
Quanto à geografia e ao uso da cartografia nos estudos sociais ele afirma
usar pouco os mapas disponíveis, mas quando usa procura sempre mostrar o
município de Ceará Mirim e sua localização no Estado. Afirma que os alunos são
ainda presos somente ao município, e que muitos moram no interior.
O educador busca falar sempre do meio ambiente de uma forma geral. Desta
maneira diz trabalhar do referencial maior para o menor(do geral para o particular),
achando interessante utilizar o espaço geográfico que estivesse na realidade deles,
e a partir daí, chegar a um referencial maior.
38
Quanto à avaliação ele sugere aos alunos que tragam livros que eles tenham
em casa, pois os livros atuais não estão na realidade dos aprendizes. O professor
procura trabalhar individualmente, sendo sua avaliação contínua e procurando
sempre trabalhar com relatórios.
O educador C da turma do 40 ano parecia um pouco espantado e inseguro ao
ser feita as interrogações. Ele afirma não ter passado nada ainda sobre cartografia.
Mas disse que havia passado assuntos que podem ser relacionados com a
cartografia, afirmou trabalhar conceitos de cidades, abordando as diferenças entre a
zona rural e urbana, sendo exposta de forma oral.
Segundo ele os educandos não sentem muitas dificuldades com os conceitos.
Os alunos têm o livro didático, diferentemente das outras turmas, e estão satisfeitos
com o material. Ele afirma que pretende utilizar mapas, mas prefere exemplificar
diante do quadro, pois fica mais simples de se trabalhar.
A avaliação elaborada pelo professor é a prova escrita, abordando tudo que
foi passado. O livro trabalhado é da coleção “0 mundo em movimento” de Márcia
Cruz, Roberto Filizola e Valéria Edith Gardai Collodel (Geografia- 10 a 40 série – 136
páginas) sendo trabalhada nesta turma o volume 3 com o título “A paisagem da
cidade e do campo”.Na parte 4 do livro tem o assunto “Construindo e entendendo os
mapas” que ainda não foi trabalhado, mas que o professor pretende passar. O
capítulo aborda tudo bem superficial, mostrando os mapas com símbolos simplistas,
sendo assim importantes para o entendimento inicial, o que é interessante para os
alunos em questão.
Para o professor D do 50 ano, o ano letivo começou com muita dificuldade,
pois só há livros suficientes de matemática, ciências e português, sendo poucos os
exemplares de geografia fazendo com que os alunos revezem o material didático.
Mesmo assim, ele trabalha os assuntos cartográficos com os alunos.
Ele afirma trabalhar a questão do espaço, pedindo que os alunos façam o
trajeto de casa para a escola e que observem as modificações do espaço,
observando o que se desfez e o que foi construído pelo homem. Afirma ter utilizado
um texto com o título dizendo “o que é espaço”, também trabalhou localização do
Brasil e do RN, usou o planisfério, trabalhou os continentes e os oceanos. O
educador fala também da importância de se trabalhar partindo do todo para as
partes (método analítico).
39
Figura 10 - Desmembramento da Capitania de São Paulo e Minas de ouro pelo método
analítico.
Fonte:http://br.monografias.com/trabalhos/atlasmunicipaisformacaoprofessores/atlasmunicipaisformacao-professores.shtm
Em sala o professor diz usar sempre o mapa como recurso essencial da
cartografia, sendo trabalhado superficialmente, pois, segundo ele, os alunos têm
dificuldade de compreensão assimilando algumas coisas. Como nas outras turmas,
o professor sente muita falta de materiais, principalmente do livro didático. Sua
avaliação é na maioria das vezes escrita e com pequenos trabalhos em grupo e
individual, utilizando a cartografia, como por exemplo, os gráficos em avaliações.
5.3 O QUE PENSAM OS ALUNOS SOBRE A CARTOGRAFIA
Para falar sobre o item 5.3 quanto aos alunos o que pensam sobre a
cartografia, foi elaborado um questionário com perguntas simples a respeito do
assunto sendo coerentes ao entendimento dos aprendizes. O questionário foi
aprovado previamente pelos professores, antes de ser aplicado aos alunos.
Para adquirir este questionário de maneira acessível ao entendimento dos
aprendizes, fez-se uma pesquisa bibliográfica sobre as teorias de David Paul
Ausubel. Para Ausubel, a aprendizagem significativa é adquirida quando a
informação interage aos conceitos relevantes já existentes na estrutura mental do
aluno. Ele sugere para esse processo, a utilização de organizadores prévios para, de
fato, ancorar a nova aprendizagem, levando o aluno ao desenvolvimento de
conceitos subsunçores, de modo a facilitar a aprendizagem subseqüente.
Para desenvolver os “organizadores prévios”, o autor entende que sua
formulação deve contar com um vocabulário bastante familiar ao aluno, de modo
40
que, sua organização, bem como a aprendizagem sejam consideradas como
material de valor pedagógico.
No questionário, as perguntas levam em consideração os assuntos que
tendem para questões quanto à noção de espaço, tempo, da afetividade (grupo),
além do interesse com a cartografia. Para isso, os educadores e o pesquisador em
sala, explicou as perguntas aos alunos para melhor entendimento, como sugere
Ausubel.
O questionário é composto de dez perguntas. Em cada sala das quatro
séries(10, 20 ,30 e 40) a serem pesquisadas, foram entregues dez questionários para
os alunos de forma aleatória. O mesmo trabalho é entregue para todas as quatro
salas a serem analisadas, obtendo assim comparações quanto à noção cartográfica
dos alunos de cada classe.
É importante ressaltar que cada sala tem em média trinta alunos. Mas, devido
à desistência e a falta no momento da realização da pesquisa de alguns educandos,
as salas tinham em média vinte e cinco estudantes.
Quanto à formulação do questionário, a primeira pergunta do trabalho
questiona aos alunos sobre a distância do percurso de casa para a escola. Dessa
maneira é analisada a concepção de espaço do educando, visto que eles irão dizer
se eles acham perto ou longe o caminho, pois o trajeto do percurso geralmente é
trabalhado pelos professores. A partir daí, avalia-se a noção de espaço que os
alunos têm.
A segunda pergunta faz menção da concepção dos alunos quanto ao que
eles observam na transformação do espaço, uma vez que afirma haver nos últimos
anos modificações ao redor de sua escola. Dessa forma será observado nos
aprendizes se eles acompanham o crescimento acelerado, que é algo normal nos
dias de hoje, ao redor da escola, analisando aí as transformações do homem. Este
item deve ser acompanhado pelas análises dos professores, para o entendimento
das modificações ocorridas na atualidade pelos aprendizes.
A terceira pergunta interroga se há interesse dos alunos quanto às aulas que
envolvem a cartografia, questionando se eles gostam de aulas que usam mapas,
instrumento fundamental desta área do conhecimento. A partir daí, se observa os
interesses deles sobre o assunto, e se o professor está servindo como incentivador
desta matéria, com métodos que estimulem os alunos em sala.
41
A quarta pergunta dá ênfase a questão das modificações do espaço, bem
como da afetividade, pois menciona se ultimamente muitas pessoas veio morar
próximos de sua casa e de sua escola. Desta forma, se vê a concepção dos alunos
se eles observam as mudanças de moradores e de estabelecimentos que surgiram
por ali. Sendo assim, a afetividade pode ser observada por meio da convivência,
seguido das transformações do espaço.
Em seguida, na quinta pergunta, o questionário faz menção de como que os
alunos vêem o lugar em que moram, quanto à noção de espaço. Ou seja, como eles
entendem o tamanho do bairro que convivem. Nesta pergunta, deve-se levar em
consideração a convivência dos alunos em seus bairros, dando ênfase também a
família quanto ao grau de liberdade bem como a convivência com a comunidade,
pois esta convivência influencia fortemente em sua noção espacial. Sendo assim, o
aluno irá entender na sua concepção de mundo, se o lugar em que mora é
realmente grande ou pequeno.
A sexta pergunta vai mais ao encontro da noção de espaço, além de instigar a
cartografia quanto ao lugar em que os alunos vivem, pois a questão indaga ao
educando o que ele acha, com relação ao tamanho da cidade em que mora, em
área. Esta pergunta pende para várias vertentes, pois aí podem ser levados em
consideração, em qual área da cidade ou do município eles se situam. Também a
distância para a escola pode influenciar inclusive nos deslocamentos desse aluno
em seu município. O professor é fundamental nestes requisitos, pois tem que
explanar as diferenças entre cidade e município, além de mostrar sua localização no
Estado, e assim por diante. Isto se torna importante, pois vários alunos moram ou já
moraram em distritos do município, bem como em outras cidades.
A sétima questão trata também da noção de espaço, pois pergunta quanto à
distância do trabalho de seus pais em relação à sua residência. Desta maneira, os
alunos expõem, de maneira mais clara, a noção de espaço deles. Isto porque muitos
nem conhecem o local de trabalho dos pais, não imaginando a distância real que
eles percorrem. Com isso, se analisa como o educando avalia a distância do
emprego de seu pai, pois muitos trabalham na própria residência ou próximo, e
outros tem que se deslocar para exercer a profissão.
A oitava questão irá evidenciar a noção da afetividade, algo primordial para o
entendimento da espacialidade, pois tudo que existe ao seu redor (espaço) reflete no
seu comportamento (afeto). Pergunta-se aos alunos se onde eles moram conhecem
42
muitas pessoas. Neste questionamento pode-se avaliar o quanto os alunos se
relacionam com suas comunidades, tendo que dá relevância a função da família que
propicia esta aproximação ou não. Inclusive o assunto a ser trabalhado mostra o
comportamento dos educandos em sala de aula, pois a maneira de relacionamento
em seus ambientes extra-classe, influencia também nos seus comportamentos e
rendimentos em salas de aula.
A nona pergunta por sua vez retoma um pouco a questão da primeira. Nela
sugere se os alunos sabem desenhar o caminho de casa para a escola. Esta
maneira de trabalhar é muito utilizada por professores do ensino infantil, como
metodologia de se iniciar as noções de espaço dos educandos. Este tipo de
mapeamento é uma forma eficaz de começar os trabalhos cartográficos, visto que, a
partir daí, os alunos iniciam o crescimento espacial do pequeno para o grande,
dando oportunidade para atividades mais complexas, aumentando as escalas por
etapas.
Por fim, a décima pergunta leva a um questionamento aparentemente
simples, mais que tende a respostas bastante ricas para o assunto trabalhado. Nela
pergunta-se aos alunos sobre o tamanho da escola, ou seja, se eles acham pequena
ou grande. Desta maneira podemos abstrair questões acerca da noção de espaço,
afetividade e tempo simultaneamente, a partir da conveniência deles durante o ano
letivo.
A convivência do aluno durante este período pode influenciar a mente do
aprendiz quanto à espacialidade, pois muitas modificações ou não podem ocorrer. A
afetividade por sua vez, pode tanto encurtar quanto aumentar os espaços da escola.
Há alunos fechados que não fazem questão de sair de sala, e também os que são
ativos e participativos nos ambientes escolares. Além disso, existe também o tempo
de convivência na escola, que pode durante um ano ou até mesmo em um curto
bimestre, mudar a concepção do aluno em vários aspectos.
Desta maneira, para melhor entendimento da análise do questionário fez-se
uma análise de cada sala (10, 20 ,30 e 40) respectivamente. Com isto podemos parti
para um dado maior que é um dos objetivos para a realização deste trabalho,
trabalhando do específico para coletar os dados agrupados.
A pesquisa feita na sala do 20ano constatou que entre os dez alunos da sala
oito deles acham perto o caminho de casa para a escola. Nenhum destes alunos
acham que houve modificações ao redor da escola, mostrando que eles não têm
43
ainda um olhar crítico de mudanças que muitas vezes são pouco perceptível mais
que acontecem.
A grande maioria dos alunos, ou seja, nove deles declaram gostar de
trabalhos que utilizam mapas, material cartográfico influenciado em grande parte
pelo professor. Quanto à questão quatro, que interroga se nos últimos anos muita
gente veio morar próximo a casa deles e da escola, os aprendizes ficaram divididos.
Eles também ficaram divididos em relação à pergunta feita sobre o que
acham do meio em que vivem em relação ao tamanho, cinco afirmam ser pequeno e
os outros cinco acham grande. Quanto à cidade de Ceará-Mirim, seis acham a
cidade grande, mostrando aí que, mesmo a cidade sendo considerada de porte
pequeno a nível nacional, ainda assim, a maioria dos educandos acham grande em
tamanho.
Com relação à questão sete, oito educandos afirmam que seus pais
trabalham perto de casa, demonstrando uma maior aproximidade, de certa forma,
dos pais com a família. A respeito da afetividade dos alunos com a comunidade em
que moram, seis deles dizem no questionário conhecerem muitas pessoas.
Ainda no trabalho desenvolvido nesta sala, na questão nove, sete dos
aprendizes afirmam saber desenhar o trajeto de casa para a escola, demonstrando
que o trabalho da professora tem dado resultado. E por fim, na questão dez, apenas
três dos que fazem parte da pesquisa acham a escola em que estudam pequena,
retratando que os alunos usufruem dos espaços oferecidos pela escola, ou acham
de fato o espaço reduzido. Mas vale de fato levar em consideração que, há um longo
caminho a ser percorrido para a construção da noção de espaço por estes alunos
pois,
A construção da noção de espaço pela criança requer uma longa
preparação [...] Se faz por etapas, mas sempre associada à descentração e
apoiada na coordenação de ações [...] Há um longo caminho a ser
percorrido para a construção da noção de espaço, que se inicia pela ação
da criança e culmina com a operação mental. (PAGANELLI, 1985, p.21 22).
Na sala do 30 ano, segundo o educador, o grande desafio é a falta do livro
didático para o melhoramento das aulas. Mas, mesmo desta forma, existe maneiras
de sobressair-se e desenvolver aulas que dêem frutos, o mesmo podemos descobrir,
em partes, nos resultados obtidos do questionário.
44
Quatro dos dez alunos entrevistados na pesquisa afirmam achar o percurso
de casa para a escola perto, mostrando desta forma, a noção de espaço dos
aprendizes. Quanto a segunda pergunta, nenhum dos alunos em análise afirmam
presenciar modificações ao redor da escola. Já, a respeito da questão três, todos os
educandos respondem gostar de aulas em que se utiliza de mapas, demonstrando
que as aulas cartográficas ainda são, e pode tornar ainda mais interessante se
houver colaboração e desempenho do professor.
Sete alunos respondem na quarta pergunta que muitas pessoas vêm surgindo
para morarem próximos de sua escola e de suas casas, mostrando aí, que eles vêm
observando as mudanças ocorridas nos últimos anos. A respeito da quinta pergunta,
quatro dos dez aprendizes em análise acham o lugar em que moram pequeno, mas
nove deles, por sua vez, vêem a cidade de Ceará-Mirim de grande porte, vemos aí a
noção restrita dos alunos quanto a noção de espaço, se levar-mos em consideração
o tamanho da cidade, considerada de fato a nível nacional. A cidade de Ceará-Mirim
tem 65.450 hab. segundo o IBGE(2007) a rede urbana caracterizada por :
Cidade Pequena: 500 a 100 000 habitantes;
Cidade Média: 100 001 a 500 000 habitantes;
Cidade Grande: acima de 500 000 habitantes;
Metrópole: acima de 1 000 000 habitantes;
Megacidade: acima de 10 000 000 habitantes.
Para quatro dos alunos, seus pais trabalham perto de onde moram,
reforçando aí o vínculo afetivo da família destes alunos. Este número aumenta
quando se trata dos laços afetivos deles com a comunidade em que moram, pois
sete afirmam conhecer muita gente perto de onde vivem.
A nona pergunta diz respeito ao mapeamento de suas casas para a escola,
método importante no uso da cartografia, pois seis dos dez alunos afirmam saber
desenhar o trajeto. E por fim, por unanimidade todos os alunos respondem achar a
escola deles grande, demonstrando aí a noção espacial da maioria.
O questionário realizado no quarto ano se passou com a ajuda do professor.
Ao contrário do 30 ano em que o professor não disponibiliza do livro didático, no
quarto ano os alunos tem este instrumento, no qual, em relação aos assuntos
cartográficos o livro dá ênfase às diferenças e relações da cidade e do campo,
assunto que muitos alunos têm dificuldade em grande parte com a espacialidade, e
as definições.
45
Quanto à primeira pergunta, seis alunos afirmam achar o caminho de casa
para a escola perto, possivelmente a maioria mora na parte urbana próximos da
escola. Em relação à segunda pergunta, apenas dois alunos acham que poucas
modificações foram realizadas nos últimos anos, identificando aí a possível pouca
visão crítica, e o não acompanhamento das modificações normais de uma área
urbana. Pois sabemos que a reprodução do capital modifica o ambiente, segundo
Corrêa (1992, p.54), “O poder político e econômico de que as corporações dispõem
garante-lhes importante papel como agentes da gestão do território a partir de
práticas espaciais por elas engendradas”.
Sobre esta mesma temática o autor também afirma que:
A concentração da função de gestão do território, com base na
concentração de sedes sociais de poderosas corporações, e muitas vezes
do Estado, origina importantes centros de gestão do território, os focos
principais de complexos ciclos de reprodução do capital (CORRÊA, 1996,
p.23).
Todos os alunos afirmam gostar de aulas que envolvem o uso de mapas,
reforçando as tendências das demais turmas. Na quarta pergunta seis alunos
identificaram a mobilidade de novos moradores em seus meios. Sete dos dez alunos
nesta turma acham, por sua vez, o meio em que vive grande, reforçando desta
forma, que a maioria tem um convívio mais aberto com a comunidade em que vivem.
Para todos eles Ceará Mirim é grande, o que já reforça as respostas da pergunta
anterior.
Quanto à questão sete, oito respondem que seus pais trabalham longe de
casa, e em relação à questão oito, apenas dois alunos dizem não conhecer muita
gente onde moram, ou não constroem um meio afetivo.
Na nona questão, sete alunos afirmam saber desenhar o percurso de casa
para a escola, mostrando, desta maneira a visão espacial dos educandos em sua
área urbana. Por fim, todos os alunos concluem achar a escola deles grande,
reforçando ainda mais as respostas dos alunos nas demais salas em análise. A
pesquisa desenvolvida no quinto ano da foi realizada com alunos mais preparados
na teoria, e também com o professor que mais trabalhou o assunto em questão.
Segunda a análise, se constata na primeira pergunta que oito dos dez alunos
acham perto o caminho de casa para a escola, mostrando aí a visão mais ampla de
espaço dos alunos. Quanto à segunda questão oito destes alunos afirmam não
46
presenciar modificações ao redor da escola, um desafio para os professores, quanto
à visão crítica dos alunos.
Com relação à terceira questão, apenas um aluno não gostou de aulas que
envolvem mapas, seguindo a tendência das outras turmas. Já quanto à quarta
pergunta a respeito da afetividade, apenas dois alunos respondem que muita gente
veio morar nos seus bairros, o que demonstra em parte a falta de relacionamento.
A sala ficou dividida com relação à quinta pergunta. Quanto à sexta questão,
seis alunos acham Ceará Mirim pequeno, mostrando aí que a visão espacial desses
alunos é mais ampla. Na sétima pergunta, seis alunos acham que os pais trabalham
longe de casa, o qual diminui o tempo da família com os aprendizes. Isso é normal,
pois em cidades que fazem parte de regiões metropolitanas, as migrações
pendulares são comuns. Neste sentido o deslocamento pendular:
Além de registrar a movimentação cotidiana no espaço metropolitano, é a
evidência mais clara de como se constitui o mercado de trabalho na Região
Metropolitana e a segmentação dos locais de moradia e de trabalho, que
se estabelecem por lógicas distintas neste aglomerado urbano (MONTALI,
1991, p.8).
O clima afetivo torna-se mais intenso na resposta da oitava questão, pois oito
alunos afirmam conhecer muita gente na comunidade em que vivem. Sete alunos
respondem, na nona pergunta saber fazer a trajeto em forma de desenho de casa
para a escola. Por fim, reforçando ainda mais as respostas das outras turmas, todos
os alunos vêem a escola deles de grande porte, o que já era uma tendência.
5.3.1 Análise dos dados do questionário
Após ter passado o questionário nas quatro salas que compreendem o 20, 30,
40 e 50ano, e analisado cada uma destas turmas trabalhadas, se fez uma análise
final com a junção de todos os questionários passados em sala. Este método tem a
finalidade de mostrar de uma forma geral, a concepção dos alunos que participam
do questionário. Desta forma, pode-se vê se há semelhanças ou diferenças de
pensamentos, além de avaliar as tendências de cada turma.
47
Desta maneira as conclusões expõem de uma melhor maneira o resultado de
todo o trabalho desenvolvido. Pois, para avaliar alunos com intenção de obter
resultados de uma pesquisa, é fundamental escolher os educandos das diversas
turmas e salas para conseguir resultados mais satisfatórios.
Dando inicio a análise geral do questionário, a primeira pergunta que
menciona se para os alunos o caminho de casa é perto ou longe, prevaleceu a
primeira opção. Das quarenta questões, vinte e seis alunos afirmam achar o
caminho perto, vemos ai a concepção de espaço dos educandos, o qual a maioria
vêem o percurso perto de maneira geral.
Quanto a segunda pergunta, na qual interroga aos alunos se nos últimos anos
houve modificações próximo da escola deles. Apenas quatro dos quarenta alunos
em análise respondem que poucas transformações aconteceram, visto que nos dias
de hoje o crescimento acelerado é enxergado inclusive nos lugares mais remotos.
Por sua vez, a terceira pergunta questiona aos alunos quanto ao interesse de
aulas que envolve mapas. A grande maioria dos educandos responde no
questionário gostar de aulas em que se utiliza o mapa como instrumento de trabalho,
vê aí, de cetra forma, o grande interesse dos alunos com os estudos cartográficos.
Esta conclusão tendenciosa durante as entrevistas nas quatro turmas pode ser
resultado do incentivo por parte do professor que utiliza este instrumento como já
declarado, ou até mesmo partindo do interesse e curiosidade do próprio aluno para
utilizar este material de certa forma interessante, o mapa.
Com relação a quarta pergunta, o questionário interroga os quarenta alunos
se muita gente veio morar perto de suas casas e da escola nos últimos anos. Esta
questão foi inconstante durante a passagem nas salas trabalhadas, porém o
resultado final mostra empate na pesquisa. Ou seja, vinte alunos afirmam que muitas
pessoas vieram morar próximo as suas casas e da escola, e vinte afirmam o
contrário. Esta pergunta vai avaliar quanto à questão da afetividade dos aprendizes
em seus meios de convivência, no qual por meio do convívio eles analisam a
chegada e a saída de pessoas em seu meio, além de vê as transformações por meio
desta mobilidade.
Quanto a quinta pergunta o questionário menciona como que os alunos vêem
o lugar que moram com relação à noção de espaço. Ou seja, como eles entendem o
tamanho do bairro em que moram. Esta questão, em seu total, fica quase que
dividida, sendo que dezessete dos quarenta afirmam achar grande o meio em que
48
vivem. Vemos ai, que no total das turmas, o resultado final da noção de espaço, o
qual é influenciado de certa forma pelo grau de convivência, ficou dividido na
pesquisa.
A sexta pergunta indaga aos educandos o que eles acham, com relação ao
tamanho da cidade em que moram. Esta questão vai ao encontro da noção de
espaço, além de instigar a cartografia quanto ao lugar em que os alunos vivem. O
resultado mostra que a maioria dos alunos em análise acha a cidade de Ceará-Mirim
de grande porte, sendo vinte e nove dos quarenta na pesquisa. O educador é
fundamental neste requisito quanto ao espaço, pois é ele que mostra as diferenças
de cidade e município, visto que muitos alunos confundem esta diferença, isto pode,
ou pôde influenciar nas respostas. Um exemplo é que muitos alunos que vêm do
interior da cidade confundem seus distritos com a cidade, o qual acham desta forma
pequena. Mas, como a escola se localiza na cidade, e a maioria dos alunos mora
próximos à escola, o resultado ficou coerente com o que se esperava.
Na sétima pergunta a noção de espaço mais uma vez será imprescindível nas
conclusões, pois pergunta quanto a distância do trabalho em que os pais dos alunos
exercem. Nesta questão tanto o espaço quanto a afetividade são decisivos na
conclusão, pois o espaço (distância de casa para o trabalho dos pais) irá interferir ou
aproximar o meio afetivo da família. Na pesquisa se verificou que os alunos ficam
divididos, sendo dezoito dos alunos afirmando achar perto o exercício dos pais, e
vinte e dois alunos, por sua vez, longe. Conclui-se que, além dos pais trabalharem
na própria cidade, muitos também se deslocam para outras localidades e até mesmo
outras cidades para sustentar a família.
A oitava questão trata de perguntar quanto à afetividade, indagando aos
alunos se onde eles moram conhecem ou convivem com muitas pessoas. Concluiuse nesta questão que a maioria dos pesquisados confirmam conhecer muitas
pessoas, ou seja, vinte e nove dos quarenta em análise. Desta maneira, se pode
indagar sobre a importância da família no crescimento afetivo, pois a conduta dos
alunos em ambientes não escolares, influenciam em atitudes dentro de sala,
inclusive nas respostas do questionário.
Por sua vez, a nona pergunta se trata principalmente em relação à noção de
espaço. Pergunta-se aos alunos se eles sabem desenhar o percurso de casa para a
escola. Este tipo de método é bastante utilizado no ensino fundamental por alguns
professores. Desta maneira, vemos a eficiência, de certa forma no trabalho dos
49
professores, ao que eles já têm dito trabalhar este método. Pois dos quarenta alunos
da pesquisa, vinte e sete, sendo a maioria afirmam saber desenhar o trajeto. São
estes tipos de trabalho que os alunos começam a expandir a noção espacial em
longo prazo, pois vários outros métodos propiciam o aprendizado desejado quanto
ao assunto.
A última questão trata ainda da questão espacial, inclusive de assunto
relacionado ao tempo e a afetividade. Pergunta-se aos alunos quanto ao tamanho
da escola, ou seja, se eles acham pequena ou grande o ambiente. Conclui-se que,
com quase unanimidade os alunos acham grande a escola em que estudam, sendo
trinta e sete dos quarenta analisados. A convivência (afeto) durante certo período
(tempo) do ano, mostra de certa maneira influenciar na noção de espaço dos
educandos, visto que a maioria demonstra ser mais abertos, ativos e participativos
nos ambientes escolares. Por sua vez, a conduta dos alunos é decisiva nas
conclusões do relatório, por ser um percentual bastante expressivo.
5.4 PROBLEMAS ENCONTRADOS
Vários são os problemas encontrados na escola Estadual Enéas Cavalcante,
sendo estes problemas comuns em milhares de outras escolas espalhadas pelo
Brasil. Pois, sabemos das inúmeras precariedades que o sistema de ensino
brasileiro enfrenta, principalmente quando se trata de uma escola vinda da região
Nordeste.
Podemos até julgar o componente histórico brasileiro que parece ser de
comum aceitação, mas aparece também o modelo pedagógico adotado (tradicional).
Neste aspecto ocorre uma polarização e até uma divisão tripla se quisermos
englobar a escola técnica (anos 70). Ou seja, as posturas mais adotadas em nosso
país são justamente a escolas tradicionais (método fonético), os quais encontram
ainda bastante enraizados na escola analisada e a escola nova (construtivismo), em
que vemos professores, geralmente os mais novos e os que se atualizam, seguindo
esta tendência, segundo Xavier:
50
De um lado está a Escola Tradicional, aquela que dirige que modela, que é
comprometida, de outro está a Escola Nova, a verdadeira escola, a que
não dirige, mas abre ao ser humano todas as suas possibilidades se ser. É,
portanto, descomprometida. É o produzir contra o deixar de ser; é a escola
escravizadora contra a escola libertadora; é o compromisso dos
tradicionais que deve ceder lugar à neutralidade dos jovens educadores
esclarecidos (XAVIER,1992, p.13).
Um grande problema em questão são as condições físicas da escola Enéas
Cavalcante. Pois, desde sua construção nunca houve reforma em lugar algum da
escola, mostrando aí as más condições de seu estado, na qual podemos constatar
nas fotos da escola.
A falta de material didático na maioria das salas torna as condições de ensino
ainda mais comprometidas, forçando ao professor encontrar meios de suprir a
demanda com outros livros e até mesmo revezar.
Quanto aos materiais cartográficos, há uma falta grande de vídeos
específicos da cartografia, mapas do município, além também de maquetes, pois,
sua construção é importante para a compreensão dos alunos no ensino
fundamental. Para Almeida e Passini,
A maquete servirá de base para se explorar a projeção dos elementos do
espaço vivido (a sala de aula) para o espaço representado (planta); as
relações espaciais topológicas desses objetos em função de um ponto de
referencia; desses objetos entre si; e dos mesmos em relação aos sujeitos
(alunos). Inicialmente em pontos fixos e depois com deslocamentos
(ALMEIDA; PASSINI, 2004, p.52)
A falta de uma sala de informática também é um grande problema na escola.
Pois sem este instrumento nos dias de hoje em que as transformações acontecem
em processo acelerado, somente este aparelho pode acompanhar estas mudanças
além de favorecer o estudo de mapas nos diversos níveis de sua complexidade.
Afinal todos os recursos devem estar disponíveis para atender as
necessidades dos alunos, inclusive o computador com todas as suas possibilidades.
Pois é um recurso que desperta a curiosidade e o interesse dos alunos, o que vem
facilitar o envolvimento deles no processo de construção de seus conhecimentos.
Segundo Popert (1994, p.6),
As tecnologias de informação, desde a televisão até os computadores e
todas as suas combinações, abrem oportunidades sem precedentes para a
ação afim de melhorar a qualidade do ambiente de aprendizagem[...].
51
Nesse contexto, mesmo se houvesse computadores disponíveis aos alunos, a
falta de preparo dos professores no manuseio desse equipamento seria o maior
problema. Pois, para se trabalhar este aparelho tem que haver instrução capacitada
e atualizada para que haja ensino de qualidade, os quais são poucos profissionais
da educação que estão preparados para este fim, principalmente para trabalhar
assuntos cartográficos utilizando o computador.
Outro problema na escola trabalhada, que é também uma deficiência a nível
nacional, é o despreparo de alguns professores. Muitos fatores enraízam este
despreparo, como o má pagamento, vindo neste caso por parte do governo, gerando
desta forma desmotivação nos professores, e conseqüentemente, refletindo no
desempenho dos alunos. Agregado a isto, os professores não buscam se
especializar e trabalham de forma isolada e monótona, gerando um descontrole
estrutural na educação completa dos alunos, pois segundo Mello (2003, p. 13):
O professor polivalente de primeira a quarta séries e o professor
especialista em uma disciplina de quinta a oitava e do ensino médio
dividem a vida escolar dos alunos de forma artificial.
Além disto, também há problemas quanto ao nível sócio-econômico dos
alunos, pois se trata de uma escola do Estado. Muitos afirmam vir à escola pelo fato
de ali servir a merenda, inclusive quando há falta, os diretores afirmam liberar os
alunos após o 30 horário. Problema este comum no país, mas que a escola em
parceria com a família tem que buscar meios de incentivo à educação.
Alguns professores sentem também dificuldade quanto à interdisciplinaridade.
Isto sugere a falta das relações que as matérias oferecem, inclusive quanto à
cartografia, pois esta pode se relacionar com todas as outras matérias escolares.
Desta maneira vemos as dificuldades que a escola, os professores e principalmente
o corpo docente irá enfrentar.
5.5 ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO
Diante de vários problemas existentes partindo desde a ação de nossos
governantes, refletindo desta forma, na má qualidade de ensino brasileiro, cabe aqui
52
explanar meios que viabilizem um ensino de qualidade eficaz, e que dê resultado.
Existem várias maneiras que o educador, mesmo diante de grandes dificuldades e
desafios pode amenizar e, até mesmo garantir um ensino de qualidade para o fraco
sistema educacional brasileiro.
É bem verdade que fica difícil que haja uma boa educação se nossos
governantes não estimulam o crescimento nesta área. Pois, sabemos que há poucos
recursos distribuídos para a educação brasileira, partindo desde a carência de
material escolar e estrutural até ao péssimo pagamento dos professores.
Na verdade as grandes empresas e entidades submetem os governos ao
racionamento dos custos das necessidades fundamentais da população. Esses são,
de longe, aqueles que usam a tecnologia, sobretudo a da informação no seu limite
máximo e, conseqüentemente, passam a ditar as ordens na economia mundial,
chegando suas influências a atingir a educação nos países, principalmente
subdesenvolvidos. Não é de outra forma que as grandes entidades símbolos da
globalização são agências financeiras ou bancos, como o Fundo Monetário
Internacional (FMI), Banco Mundial (BM), Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BIRD), entre outros.
Desta maneira, os profissionais da educação tornam estrategistas para
reverter o quadro precário já existente de ensino. Vemos assim, o educador
brasileiro como um herói que luta em meio há grandes desafios por uma educação
contundente e de resultados.
Um grande problema nacional e que reflete nas escolas como um desafio
considerável são as condições sócio-econômicas das famílias. Pois os problemas
vindos da casa, muitas vezes sobrecaem para o professor solucionar, fazendo com
que o educador exerça um duplo papel, de professor e de pai.
Desta maneira, tem que haver uma interação dos pais com a escola, ou seja,
uma ligação permanente destes, pois estas são na realidade as duas casas em que
os educandos convivem e aprendem a ser cidadãos. Para isso, não só os
professores, mas também todo o corpo da escola, desde o porteiro até a diretoria
geral têm que se mobilizar, para fazer da escola uma casa em que se aprende a ser
cidadão.
É neste âmbito que entra a questão da afetividade. A Escola Estadual Enéas
Cavalcante, promove todas as quintas reuniões de pais e mestres, como sendo
parte do quadro escolar. Mas, não só as reuniões podem melhorar o ensino de
53
qualidade, e sim uma interação permanente dos dois lados, como se os pais se
sentissem em casa ao entrarem na escola.
Havendo esta interação, conseqüentemente, as condições de aprendizagem,
inclusive de assuntos cartográficos serão mais proveitosos. Pois as noções de
espaço e tempo acontecem quando damos oportunidades, através do afeto, para os
alunos desenvolverem seus conceitos.
O mau pagamento dos professores ainda é um grande desafio, pois sem o
reconhecimento financeiro do seu trabalho, fica difícil que haja motivação dos
educadores. Simultaneamente este fato interfere no processo ensino-aprendizagem,
pois compromete o estímulo do professor no seu trabalho, que por sua vez recai no
desenvolvimento dos alunos.
Com isso, o profissional da educação tem que buscar motivação, como dever
de propiciar, acima de tudo uma educação de qualidade e não abrir mão de seus
direitos como o valioso profissional, que é o professor. Para isso, o educador tem
que arregaçar as mangas e batalhar para que no seu trabalho os frutos venham
surgir em longo prazo.
É importante que o professor se atualize constantemente para acompanhar as
mudanças e exigências do ensino nacional, um trabalho nada simples. Por isso que,
ao escolher qualquer curso de licenciatura têm que haver entrega por completo do
profissional, pois nos momentos mais difíceis, o orgulho de ser educador sobressai
às inúmeras dificuldades que nossa educação enfrenta.
É neste contexto que o surge o diferencial do verdadeiro professor. Pois além
de buscar a aprendizagem para si e remeter a seus alunos, este profissional procura
meios que estimula os jovens aprendizes ao estímulo de aprender, entendendo o
assunto e passando seus comportamentos à sociedade. Ou seja, não basta apenas
explicar, mais ao passar o conteúdo é importante que o aluno entenda e guarde para
si como forma de vivência, sendo o assunto trabalhado tendo significado na vida do
aluno.
Dando continuação quanto à importância de se haver aprendizagem, um
método importante e fundamental no processo ensino-aprendizagem que o professor
deve trabalhar, é a interdisciplinaridade. Pois, para se obter êxito com ensino de
qualidade numa matéria tão complexa, dinâmica e que abrange os mais diversos
assuntos, têm que haver conhecimento do professor especialista nas mais diversas
disciplinas.
54
Desta maneira, se faz necessário que o professor tenha conhecimento dos
assuntos trabalhados pelos demais professores. Com isso, a geografia no ensino
fundamental irá contribuir nas mais diversas matérias, incentivando, de maneira
geral os estudos por completo.
A exemplo da cartografia, que é um assunto trabalhado na geografia ainda no
ensino fundamental, várias matérias podem está envolvidas nela. A interpretação
trabalhada no português é fundamental no entendimento de suas questões; a
Matemática, por sua vez é importante no trabalho das escalas; na História, cabe
ressaltar a criação das mais diversas projeções como as de Mercator, Peters e
Lambert.
Um método importante de se trabalhar é o explicativo das dimensões
escalares totalidade-mundo. Para Santos (1997, p.93), “As partes que formam a
totalidade não bastam para explicá-lo. Ao contrário, é a totalidade que explica as
partes”. O mesmo afirma que a totalidade-mundo:
Não é a soma dos espaços correspondentes a cada sociedade particular
existente, tampouco esse espaço social é exclusivamente o habitat dos
homens, graças à nova natureza das relações intra-sociais e entre
sociedades [...] O espaço social é muito mais que o conjunto de habitats
(SANTOS, 1978, p.169).
Com isto, vemos a importância da interdisciplinaridade, pois ela oferece uma
intercomunicação com outras disciplinas. Trata-se efetivamente de um tema/objeto
comum (transversal); busca-se a interação de conteúdos; passa de uma concepção
fragmentada para uma concepção unitário do conhecimento.
As diretrizes curriculares constantes e as normas que a regulamentam dão
maior ênfase as competências do que as disciplinas, fato que abre amplas
possibilidades de organização interdisciplinar, de definição dos conteúdos
transversalizados que não correspondem a disciplinas tradicionais, de realização de
projetos de ensino. Esse paradigma novo rompe com o modelo disciplinarista que
repousa sobre a divisão das licenciaturas no ensino superior.
Além disto, é importante também que haja coerência nos assuntos
elaborados, entre os professores polivalentes, e os professores especialistas. Neste
caso é fundamental que os cursos de formação destes professores busquem meios
de interagir assuntos pedagógicos (licenciaturas) e específicos de maneira eficaz e
de mesmo peso, sem negligenciar um ou valorizar o outro.
55
Também se faz necessário um planejamento da escola que levem os
professores a esta interação. Como sugestão, pode–se inclusive fazer ênfase aos
alunos sobre os assuntos trabalhados por outros professores nos anos anteriores,
para retomar os conceitos trabalhados, reforçando assim a ponte desta
interatividade.
Quanto a cartografia, vimos no questionário trabalhado a importância de se
trabalhar os termos de grupo, espaço e tempo. Pois, através da geografia, na
observação da realidade local e da dinâmica que se estabelece nos diversos grupos
em que os alunos se inserem, é que vão ser exercitados esses conceitos.
Trabalhar conceito de grupo é fundamental na nossa vida, visto que
pertencemos a diversos ao mesmo tempo; a família, os amigos, a turma do futebol, a
de brincar todo dia, a turma da escola, da igreja, da vizinhança. É no período(no
tempo) e no lugar(no espaço) da aula que se pode criar as condições de
instrumentalização do aluno para viver essa troca, essas relações sociais
fundamentais para a vida.
É no grupo que aprendemos esse difícil processo de conviver com as
divergências, os conflitos, as diferenças. Tudo isso envolve e significa
processo de conhecimento, significa processo de apropriação do saber de
cada um para deflagrar o que ainda não se conhece. (FREIRE, 1993,
p.162).
Outro conceito importante e que facilita ao entendimento de noções
cartográficas é o espaço, este espaço real, concreto, que vemos, onde vivemos e no
qual ocupamos um lugar para morar e locomover existe em si mesmo. É uma
dimensão da realidade, e como tal precisamos nos apropriar intelectualmente dele. É
um conceito que precisamos compreender. Esse conceito precisa ser construído no
interior do processo de aprendizagem.
No trabalho com mapas, o aluno vai aprendendo a noção de espaço – o seu
significado – e a sua possibilidade de representação. E da representação do espaço
que ele poderá extrair informações da realidade (ao ler e interpretar um mapa), ou
colocar nele as informações (no caso de construí-lo). Isto tudo exige um alto grau de
abstração e, portanto, é necessária uma série de atividades que precedam o uso do
mapa para que o aluno esteja capacitado. Em outras palavras, é necessário que o
professor oportunize situações de aprendizagem para o aluno ter instrumentos, para
56
o aluno construir este conceito de espaço, e junto com ele outros conceitos
fundamentais para a sua compreensão.
Um trabalho com mapa, na sala de aula, deve ser precedido por um
período em que a representação se forma – dissociação dos significados e
significantes – e em que se constroem lenta e gradativamente as relações
espaciais e a própria consciência do mundo físico e social. (PAGANELLI,
1985, p.31).
O último conceito para se trabalhar de maneira eficaz a cartografia nas séries
iniciais e fechar o conjunto de conceitos referentes à geografia no ensino
fundamental, é o tempo. O conceito de tempo que mais interessa em questão é o
social, na medida em que a história é precisamente o estudo das mudanças ou
permanências. A criança precisa compreender que a sociedade, todo nós, fazemos
a história, isto é, ao viver a fazemos dinamicamente. Ninguém, nenhuma sociedade
permanece parada, estática.
Finalizando, é recomendável especial esforço e cuidado no que diz respeito
ao conceito de tempo para que a criança compreenda que o tempo (social) se
constitui das mudanças e continuidades de processos que são a própria vida, seja
do indivíduo, seja da sociedade. A geografia tem como conteúdo o nosso dia-a-dia e
compreendê-los é fundamental, pois:
[...] tem como núcleo central de sua programação as relações de
identidade e de pertinência, isto é, a fonte de constituição dos grupos e dos
cidadãos, no espaço e no tempo. É por isso que eles são formados de
geografia e história, mas também de sociologia e antropologia. Porém, não
faz o menos sentido estudar abstratamente, temas clássicos dos manuais
destas disciplinas, quando fervilham entre os alunos terríveis dificuldades
de identidade e pertencimento. (GROSSI; BORDIM, 1993, p.224).
É, portanto, da vivencia concreta do dia-a-dia que devem sair os temas da
geografia nas séries iniciais, e as atividades realizadas não devem se esgotar em si
mesmas, mas estar situadas no contexto do processo de aprendizagem, que se
envolve neste período do currículo.
57
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após ter elaborado todo o trabalho com o auxilio do questionário, no qual
viabilizou o entendimento da noção cartográfica dos alunos e de como que os
educadores
trabalham
em
sala.
Concluímos
mediante
as
considerações
apresentadas, como que os jovens aprendizes vêem a cartografia segundo critérios
que influenciam de maneira considerável, como o meio afetivo (grupo), o tempo e o
próprio espaço.
Deve-se levar em consideração a fundamentação teórica para o ensino como
um todo do psicólogo David Paul Ausubel, na qual busca condenar o ensino
tradicional buscando melhorias necessárias ao verdadeiro aprendizado. Pois, o
psicólogo leva como ponto de partida interessante os conceitos pré-estabelecidos
pelos educandos, sendo importante no aprendizado principalmente em uma ciência
tão complexa como a cartografia.
Desta maneira analisamos a postura dos professores da Escola Estadual
Enéas Cavalcante quanto à forma de ensino. Constatamos que há alguns
professores ainda estagnados ao ensino tradicional, muitos destes nunca sequer
buscam alguma forma de atualização. Porém a maioria, principalmente os últimos
educadores ingressados no quadro da escola, conduz o ensino pelo método de
Ausubel e de outros nomes da pedagogia como também outras ciências.
O fato de o professor ter como conduta uma aprendizagem tradicional e
ultrapassada pode significar um grande problema para os educandos, visto que eles
convivem um ano letivo inteiro, pois se trata de professores polivalentes. Isto mostra
o fato dos alunos se adaptarem aos modos dos seus educadores, inclusive com
comportamentos semelhantes a eles.
A Escola Estadual Enéas Cavalcante como tantas outras espalhadas pelo
Brasil, apresentam tantos problemas comuns como em outras escolas a exemplo de
uma instituição que busca o aprendizado como objetivo. Porém, nota-se durante as
visitas de familiares e também as reuniões de pais e mestres, que o convívio da
escola com a família não é tão intensa o suficiente para obter qualidade na
aprendizagem dos alunos, visto que a produção intelectual deles depende também
de um bom relacionamento em casa.
58
O aspecto afetivo (grupo) é um requisito fundamental para que haja este
aprendizado, principalmente quanto aos estudos cartográficos em questão. Percebese que os educandos de uma determinada turma não se interagem com as demais,
o qual seria importante a troca entre os grupos para a familiarização. Inclusive a
família também deve ter mais aproximação com a escola para que neste aspecto os
dois ambientes mais importantes dos aprendizes estejam associados.
Concluímos neste requisito que as atividades saudáveis traz bons resultados
tanto no aprendizado como na saúde, como acontecem nos trabalhos extra-classe e
nas brincadeiras do pátio da escola. É neste momento que os aprendizes
demonstram na escola trabalhada maior interação entre eles, através da troca dos
grupos como relações sociais fundamentais para a vida.
Porém vemos que as atividades em sua maioria são feitas pelos próprios
alunos, sentindo assim a necessidade instrucional dos educadores, na qual podem
utilizar este ambiente como arma de ensino importante no quadro escolar. São
nestes exemplos que temos como referência as propostas obtidas no questionário
quanto a afetividade. De um lado, o não aproveitamento de situações em que os
professores devem utilizar como métodos de ensino, do outro, o próprio empenho
dos alunos na busca de aumentar seus grupos com atividades e brincadeiras,
ajudando indiretamente nos seus aprendizados.
Quanto às aulas dos professores referentes ao tempo, conclui-se que os
professores não trabalham de maneira necessária conteúdos como a operação do
calendário, a sucessão dos fatos e os exemplos dos acontecimentos que os alunos
vivenciam. São importantes estes conteúdos, pois na cartografia o tempo influencia
nas modificações do espaço geográfico, visto que um aluno atento percebe e analisa
as transformações do ambiente.
Este tipo de conceito é trabalhado de forma eficiente quando o professor
associa à algum assunto. Mas devido a maioria dos educadores, inclusive na escola
trabalhada deixarem a geografia em segundo plano, esta associação não acontece.
Os professores alegam o pouco tempo no ano letivo para se trabalhar muitos
capítulos, além das obrigações extra-classe envolvendo inúmeros outros trabalhos,
dificultando assim o lecionamento de vários conteúdos.
Os educadores afirmam sempre colocar no quadro a data, porém, em
momento algum nenhum deles dizem trabalhar métodos importantes, como é o caso
da arvore genealógica e a elaboração da linha tempo/linha de vida da criança.
59
Concluímos neste fato a falta de trabalhos mais específicos que podem garantir um
melhor entendimento em assuntos agregados à cartografia de uma maneira
interdisciplinar.
Por outro lado, com relação à questão do espaço, que é o termo mais
utilizado nos trabalhos cartográficos, os educadores demonstraram mais interesse
em explicar seus trabalhos com este termo. Todos eles citam exemplos e maneiras
para os métodos na utilização do espaço.
Concluímos neste item que os alunos, nas respostas ao questionário ficaram
vulneráveis em algumas questões. Vale ressaltar a insegurança de alguns
educadores ao afirmar as maneiras de se trabalhar as questões do espaço na
cartografia.
Porém concluiu-se na escola como um todo que, mesmo diante das
dificuldades dos professores para o trabalho deste item complexo, os alunos
sobressaem pelas noções de seus próprios conceitos pré-estabelecidos. O
envolvimento dos grupos durante todo o ano letivo, fez com que as noções espaciais
dos educandos fossem aceitas pelos seus meios de convívio.
60
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62
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Guaporé: 1995. (Comunicação no Encontro Regional de Educação).
APÊNDICE: Questionário
1) PRA VOCÊ O CAMINHO DE CASA PARA ESCOLA É:
(
) PERTO
(
) LONGE
2) FIZERAM MUITAS COISAS NOS ÚLTIMOS ANOS PERTO DA SUA
ESCOLA?
_________________________________________________________________
3) VOCÊ GOSTA DE AULAS QUE USAM MAPAS?
_________________________________________________________________
4) MUITA GENTE VEIO MORAR PERTO DA SUA CASA E DA ESCOLA NOS
ÚLTIMOS ANOS?
_________________________________________________________________
5) VOCÊ ACHA O LUGAR EM QUE MORA:
(
) PEQUENO
(
) GRANDE
6) CEARÁ-MIRIM VOCÊ ACHA QUE É:
63
(
) PEQUENO
(
) GRANDE
7) SEUS PAIS TRABALHAM: (NOÇÃO DE ESPAÇO)
(
) AQUI PERTO
8) ONDE
(
VOCÊ MORA
) FORA (LONGE)
CONHECE MUITA
GENTE? (QUESTÃO
DA
AFETIVIDADE)
_________________________________________________________________
9) VOCÊ SABE VIR SOZINHO PRA ESCOLA E DESENHAR O CAMINHO?
_________________________________________________________________
10) A ESCOLA DE VOCÊ É:
(
) PEQUENA
(
) GRANDE
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