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A estimativa é de estudo que defende modelos de conservação para mudar o quadro. Área desmatada para agricultura no Mato Grosso: só no estado, as atividades agropecuárias associadas ao desmatamento podem lançar até 15 bilhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera até 2050 (foto: Leonardo F. Freitas – CC BY-NC-SA 2.0). Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Brown e do Centro de Ecossistemas, nos Estados Unidos, analisaram diferentes modelos de uso de solo na agricultura e pecuária e garantem que as práticas atuais podem gerar profundos impactos ambientais. O artigo, publicado nesta semana no periódico PNAS, mostra que, até 2050, o equivalente a 15,9 bilhões de toneladas de gás carbônico pode ser lançado na atmosfera por causa das queimadas e pecuária extensiva praticadas em partes do Norte e do Centro-oeste do país. A Amazônia é conhecida por sua importância nos ciclos do carbono e das águas. Mas vem sendo cada vez mais ameaçada pelo avanço agrícola na região. “O estudo procurou mapear principalmente os estados de Rondônia e Mato Grosso, que respondem por 50% do desmatamento amazônico”, explica o agrônomo Carlos Eduardo Cerri, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, um dos autores do estudo. 75% do gás carbônico que o país emite são derivados do desmatamento e de práticas agrícolas Segundo a pesquisa, atividades agropecuárias baseadas no desmatamento são as principais fontes de emissão dos gases de efeito estufa. Aproximadamente 75% do gás carbônico que o país emite são derivados do desmatamento e de práticas agrícolas: além das emissões causadas pela derrubada de florestas, a forma como a terra vai ser usada depois contribui para parcela substancial de lançamento de gases. Apenas 25% são derivados da queima de combustíveis fosseis. A conta do carbono Por ser o gás de efeito-estufa mais abundante na atmosfera, o CO2 se tornou referência no cálculo de emissão de gases e do potencial de aquecimento global, que mede o quão potente um gás é para aquecer a terra, expressas em unidades de CO2 equivalente. O metano tem potencial de aquecimento global 25, ou seja, é 25 vezes mais potente para aquecer a terra que o CO2. E o óxido nitroso, 298 vezes mais potente. "Alternativas agropecuárias podem ajudar a reduzir a emissão dos gases" Na pecuária, o metano é emitido pela fermentação intestinal de ruminantes. Já o óxido nitroso é lançado quando se adiciona adubo nitrogenado ao solo. “Embora os dados sejam alarmantes, é importante ter em mente que determinadas alternativas agropecuárias podem ajudar a reduzir a emissão desses gases”, esclarece Cerri. Desmatamento florestal para pastagem gado em área da Amazônia no Pará (foto: Leonardo F. Freitas – CC BY-NC-SA 2.0). Cenário atual versus ideal Os pesquisadores analisaram as consequências de dois cenários possíveis: o de manejo da terra convencional e o de manejo controlado e conservacionista. Para chegar aos resultados, foram usados aparelhos de sensoriamento remoto (via satélite) e programas de simulação, e coletados dados em trabalhos de campo – feitos em diferentes regiões do Mato Grosso, Pará, Tocantins e Rondônia, no chamado ‘arco do desmatamento’. O artigo propõe técnicas de plantiodireto, onde o solo é pouco perturbado e há rotação de culturas O modelo agrícola atual é baseado no manejo convencional da terra, cujas técnicas incluem o uso intenso do arado e da grade em máquinas, que causam maior perturbação ao solo. Para Cerri, o modelo é inadequado para o Brasil, tendo sido herdado da Europa e não pensado para um clima tropical. “Há um excesso de preparo do solo”, afirma ele, explicando que isso leva matéria orgânica fresca à superfície, e sua decomposição por microrganismos do solo causa mais emissões. O método ideal visaria à menor perturbação possível. Como solução para a agricultura, o artigo propõe técnicas de plantio direto, onde pequenos sulcos são abertos para depositar as sementes. A palha e restos vegetais não aproveitados na colheita são mantidos na superfície do solo, que permanece pouco perturbado. No caso da plantação de milho, por exemplo, a palha que fica após o cultivo se transforma em húmus. Outro passo do plantio direto é a rotação de culturas, já que o monocultivo restringe a vida do solo. Para a pecuária, a alternativa é reduzir a prática de pecuária extensiva, em que os gados pastam por mais tempo e emitem mais metano. A saída seria melhorar a qualidade das pastagens, permitindo que o gado engorde em um tempo menor, o que traz benefícios tanto para o produtor quanto para o consumidor. “A grande dificuldade é que faltam incentivos para a implantação de novos modelos para a agricultura e pecuária no nosso país” Com as pastagens recuperadas, a gramínea que cresce extrai mais CO2 da atmosfera. “Uma pastagem bem manejada pode mudar de uma área emissora para uma sequestradora de gás carbônico”, garante o agrônomo. O estudo mostra como os impactos ambientais gerados pelas atuais práticas agrícolas podem afetar o próprio setor agropecuário. As mudanças nos padrões de chuva e nas temperaturas se refletirão no crescimento dos sistemas biológicos, alterando o ciclo produtivo. “A grande dificuldade é que faltam incentivos para a implantação de novos modelos para a agricultura e pecuária no nosso país”, lamenta Cerri. Larissa Rangel Ciência Hoje On-line Tags: #Agricultura #Sustentabilidade #Pecuária #Meio ambiente #Mudança climática COMPARTILHAR Leia também 03 jul 2013 Fábrica de órgãos Fígado humano funcional é criado em laboratório a partir de células-tronco, anunciam pesquisadores. Técnica pode futuramente salvar pacientes que... #Medicina e Saúde #Células-tronco #Biologia 02 jul 2013 Carona de cometa Experimento mostra que é possível a formação de moléculas orgânicas complexas no gelo espacial. Essas estruturas podem ter vindo parar na Terra... #Astrofísica #Química #Sistema Solar #Astrobiologia << Primeiro hide < 173 174 175 176 177 178 179 180 181 182 carregar mais Último >> O QUE HÁ DE NOVO 15 fev 2017 Um mapa dos solos do país Programa pretende estudar todo o território brasileiro em até três décadas. 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