nformativo do GOA #21 - Novembro-Dezembro 2014 - Departamento de Física - CCE - UFES O Homem foi à lua? www.astro.ufes.br Apesar dos indícios de que isso realmente aconteu, muitos não acreditam que a Apollo 11 tenha chegado ao astro Foto: Reprodução NASA Buzz Aldrin , um dos tripulantes da missão Apollo 11 Em 2014 a missão Apollo 11 completou 45 anos. Segundo a Nasa, em 20 de julho de 1969, os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin, após aproximadamente quatro dias de viagem, foram os primeiros humanos a pisar na superfície lunar. Sobre esse episódio pairam duas hipóteses: na primeira, depois de coletar material e passear pelo satélite natural, os astronautas entraram na Apolo 11, retornaram em segurança e viraram heróis na Terra; já na segunda, em vez da Lua, os astronautas estariam em um estúdio hollywoodiano, fazendo parte de uma grande encenação. Essa tese também é defendida pelo escritor Bill Kaysing em seu livro "We Never Went to the Moon" (“Nunca Fomos à Lua”). Segundo Kaysing, a Agência Espacial Estadunidense não tinha tecnologia para colocar o homem na Lua em 1969. Mas com a Guerra Fria no auge, o país precisava fazer isso de qualquer maneira, já que, em abril de 1961, o cosmonauta soviético Yuri Gagarin conseguira entrar para a história como o primeiro homem a viajar pelo espaço. Para não ficar para trás, o então presidente dos Estados Unidos, John Kennedy, prometeu que até o final da década, o país mandaria astronautas para a Lua. Confira alguns argumentos usados pelos conspiracionistas e as defesas que a Nasa apresenta. Pág 6 Efemérides Astronômicas Pág.2 Carta Celeste Pág.3 Saturno Devora suas Luas Pág.4 Plutão é um planeta? Pág.4 Mito: O Caçador e o Escorpião Pág.7 Informativo do GOA #21 Opinião Durante toda minha graduação e pós eu era convictamente cético de que o homem havia ido à Lua. Isso era muito contaminado, naturalmente, por opiniões de meus mestres. Quando me libertei da educação formal, pude pesquisar minhas próprias fontes e mudei de opinião. Continuei observando, contudo, que a maioria dos questionamentos eram refutáveis, como mostramos neste Observativo. A dúvida principal estava nos fatos históricos: A Rússia estava décadas à frente dos EUA no domínio dos foquetes; colocou o primeiro satélite e o primeiro homem no espaço. Contudo, de repente os EUA anunciam o primeiro pouso do homem na Lua. Somado a isso a corrida espacial provocada pela guerra fria, o sumiço de fitas de dados históricos da missão Apollo, os argumentos falsos para invasão do Iraque pelos EUA, as revelações do ex-agente da CIA, Edward Snowden, fazem crescer ainda mais a crença na falsidade do pouso do módulo lunar tripulado. Novembro- Dezembro 2014 Efemérides Astronômicas FONTE: Almanaque Astronômico 2014 - CEAMIG e Stellarium. Marcio Malacarne Expediente Equipe GOA: Bolsistas: José Miranda, Luana Kiefer e Dayana Seschini. Colaboradoras/es: Estevão Prezentino Sant'anna, Isabela Crespo, Larissa Marques, Amanda Ribeiro, Luigi Carvalho e Jonathan Janjacomo. Coordenação: Márcio Malacarne. Textos, projeto gráfico e diagramação: Equipe GOA. Revisão: Equipe GOA. Direito de Compartilhar e Adaptar sob a mesma licença Contatos: (27) 4009 7664 www.astro.ufes.br - [email protected] @goa.observatorio (CC BY-NC-SA 2.5 BR) Av. F. Ferrari, 514, Cep 29075910, Vitória-ES. Este impresso foi criado usando programas livres: Debian Linux, Gimp, Stellarium, Scribus, Inkscape, OpenOffice. Tiragem: 2000 cópias. 2 Informativo do GOA #21 Novembro-Dezembro 2014 Para boa parte do Brasil, esta carta representa a posição aproximada dos astros no céu nas seguintes datas: Meio de novembro Início de dezembro Final de dezembro ~22h ~21h ~19h Para entender a carta, posicione-a sobre a cabeça e observe de baixo para cima, lendo as instruções no contorno. A linha azul (o Equador Celeste) representa o limite entre o Hemisferio Celeste Sul e o Hemisfério Celeste Norte, é a projeção da Linha do Equador terrestre no céu. Os nomes dos Astros estão com inicial maiúscula e os das CONSTELAÇÕES em caixa alta. As principais estrelas das contelações ocidentais visíveis nesta carta estão unidas por linhas. A "grande mancha azul" é a Via Láctea, a nossa galáxia, que infelizmente não conseguimos visualizar das cidades devido à poluição luminosa. 3 Informativo do GOA #21 Novembro-Dezembro 2014 Saturno cria e destrói suas próprias Luas Foto: NASA/JPL/Space Science Institute Prometeu alterando órbita no anel F. Assim como na mitologia grega, em que o deus Saturno devora seus filhos recém nascidos, o Planeta dos Anéis cria e também devora seus satélites naturais. Examinando e comparando as imagens das missões Cassini (atual) e das sondas Voyager 1 e 2, que passaram pelo planeta Saturno há mais de 30 anos, cientistas descobriram algumas diferen-ças em um de seus anéis. Os responsáveis pela pesquisa foram Robert French e Mark Showalter, do SETI (Projeto de Busca de Vida Extraterrestre), que fazem a reanálise de mais de 300 mil imagens da sonda Cassini. "O anel F é uma estrutura muito estreita, irregular e completamente composta de gelo de água localizado na periferia dos grandes anéis de luz A, B e C ", diz French "Eles têm áreas claras, mas essas protuberâncias brilhantes diminuíram desde a passagem das missões Voyager 1 e 2, em 1980 e 1981, respectivamente. Acreditamos que as protuberâncias mais luminosas ocorrem quando pequenas luas, não maior que uma montanha, atingem a parte mais densa do anel", diz French, "Estas luas são pequenas o suficiente para unir-se e, em um curto espaço de tempo, romper-se" O anel F está em um lugar especial no sistema de anéis de Saturno, a uma distância conhecida como Limite de Roche, em homenagem ao astrônomo francês Edouard Roche. Este foi o primeiro a apontar que, se uma lua orbita muito próximo de um planeta, a força gravitacional pode ser maior que a força de coesão das partículas, rompendo-a. Essa distância varia de acordo com a massa do planeta. No caso de Saturno, essa distância está no local do anel F. As luas de cerca de 5 km de tamanho podem, portanto, rapidamente unir-se. Esta região caótica sofre uma inRobert French fluência adicional por Prometeu, uma lua de 100 km de comprimento, orbitando apenas dentro do anel F. A cada 17 anos, Prometeu está alinhando-se com o anel F de tal forma que enfatiza a sua influência gravitacional sobre as partículas do anel, precipitando a formação de miniluas. "Estas luas são pequenas o suficiente para unir-se e, em um curto espaço de tempo, romper-se" 4 Marcio Malacarne, Mestre em Astrofísica e Coordenador do GOA Fontes: seti.org, astrofisicayfisica.com e Wikipedia Informativo do GOA #21 Novembro-Dezembro 2014 PLUTÃO: Ser ou não ser? Foto: NASA/ Equipe Goa Plutão pode retomar condição de planeta depois de "rebaixado" de categoria. Montagem comparando o tamanho da nossa Lua a Plutão O "rebaixamento" de Plutão é uma prova de que o conhecimento científico não é absoluto e que de tempos em tempos é preciso revê-lo. Desde seu descobrimento, em 1930, pelo americano Clyde Tombaugh, Plutão foi objeto de discussão, sobretudo devido a seu tamanho, muito menor que o da Terra, e inclusive que a nossa Lua. Há oito anos, em 2006, mais de 2.500 especialistas de 75 países se reuniram em Praga, na União As- tronômica Internacional (UAI, na sigla em português), e estabeleceram uma nova definição universal do que seria considerado um planeta. Esta definição distinguiu oito planetas "clássicos" que giravam em órbitas ao redor do Sol e deixava de fora corpos "anões", como Plutão, que ficou no mesmo nível que os mais de 50 corpos que giram em torno do Sol no cinturão de Kuiper. Oito anos depois, dia 1 de outubro de 2014, e a menos de um ano Segundo a UAI, PLANETA é o corpo celeste que para que aconteça, em Honolulu (Havaí, EUA), a Assembleia Geral da UAI, o Centro Harvard-Smithsonian voltou a abrir o debate. Para isso, convidou três especialistas com opiniões diferentes. O historiador cientista Owen Gingerich, defendeu o status de Plutão como planeta de um ponto de vista histórico e argumentou que "um planeta é uma palavra culturalmente definida que muda com o tempo" e que considera que a UAI fez um "abuso da linguagem" ao tentar definir a palavra planeta e que, por isso, não devia ter expulsado Plutão. Gareth Williams, apoiou a exclusão de Plutão e definiu os planetas como "corpos esféricos que orbitam ao redor do sol e que limparam seu caminho". Considerando que os Estados Unidos nunca aceitou o fato de que Plutão não é mais um planeta, essa reunião foi uma forma de pressionar a UAI a criar exceções para um conceito já discutido há décadas. José Miranda, Estudante de Engenharia e Bolsista do GOA Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Plutao Charge •Está em órbita ao redor do Sol; •Temformadeterminadapeloequilíbrio hidrostático (arredondada); •É um objeto de dimensão predominante entre os objetos que se encontram em órbitas vizinhas. Fonte: iau.org 5 Google.com Informativo do GOA #21 Novembro-Dezembro 2014 CONSPIRAÇÃO SOBRE A IDA DO HOMEM À LUA Confira alguns argumentos usados pelos constestadores, e as respostas divulgadas pela Nasa. Bandeira Um dos argumentos mais conhecidos e difundidos sobre a suposta farsa do homem na Lua é o fato da bandeira estar tremulando na foto que os astronautas tiraram. A Nasa afirma que ela não estava tremulando, na verdade movimento que vemos é resultado da força aplicada pelo astronauta que fincou a bandeira, e por não haver atrito, o objeto absorve a energia do movimento e a dissipa por mais tempo, dando a impressão de que é um vento que a balança. Sombras Na Lua, a única fonte de luz que existe é a própria luz solar. Entretanto, em algumas fotos registradas durante as missões à Lua, é possível ver que existem sombras em diferentes direções. Caso a luz viesse apenas do Sol, todas as sombras estariam apontando para o mesmo lado. A Nasa defende que isso ocorre devido à superfície irregular da Lua, que alteraria a formação das sombras. 6 Falta de Impacto Muitos dizem que a falta de indícios de impactos na superfície lunar durante a alunissagem é uma das maiores provas de que a cena é, na verdade, cinematográfica e foi registrada em um estúdio de cinema. Sobre isso, a Nasa não se manifestou Falta de Estrelas Várias fotos da paisagem foram registradas durante a visita do homem à Lua. Entretanto, para muitas pessoas, a falta de estrelas no céu é um forte indício de que aquilo era, na verdade, o fundo de um estúdio cinematográfico, já que a falta de atmosfera supostamente deixaria as estrelas completamente visíveis. Não sabemos a resposta oficial da Nasa para esse tópico, mas há a possibilidade de que a falta de qualidade dos equipamentos de fotografia da época seja a causa da ausência de estrelas nos registros. Volta dos que não foram? A última missão tripulada com direito a pouso lunar foi a Apolo 17, realizada em dezembro de 1972. Depois disso, mesmo com os avanços tecnológicos na área, o ser humano não voltou a pisar no astro. Nem uma viagem ou iniciativa. O argumento oficial da NASA é que todos os objetivos no satélite foram concluídos –depois da missão de Armstrong, outras seis tiveram o mesmo destino para coletar material lunar e estudar a região– e não haveria sentido ou motivos urgentes para outra viagem. Além disso, cada programa espacial custaria uma fortuna, um rombo nos cofres hoje escassos de Estados Unidos e Europa. Por fim, o interesse atual está mais no turismo e até no uso de robôs, além de viagens para Marte. Com tantas icógnitas sobre o assunto é difícil dizer com certeza o que é verdade e o que é duvidoso. Seja através do envio de homens ou robôs, o importante é que nossos conhecimentos, tanto sobre a Lua quanto sobre outros astros galáxias a fora, estão em constante evolução graças a uma condição inerente ao ser humano: a curiosidade e a vontade de explorar o desconhecido. Dayana Seschini, Estudante de Design Gráfico e Bolsista do GOA Referências: tecmundo.com / nasa.gov / noticias.r7.com Fotos: Reprodução NASA Informativo do GOA #21 Novembro-Dezembro 2014 Fotos: 100hyaku.blogspot.com.br O CAÇADOR E O ESCORPIÃO Arte feita pela ilustradora e designer japonesa Aya Hyaku 7 A mitologia grega é repleta de lendas e contos sobre deuses, deusas, batalhas heróicas e jornadas no mundo subterrâneo. Atemporais e eternos, os mitos estão presentes na vida de cada ser humano, não importa em que tempo ou local. Somos todos, deuses e heróis de nossa própria história. Conheça agora o mito de duas constelações muito conhecidas. Órion, era um caçador hábil e gigante. Devido à sua habilidade, ficou muito famoso. Um certo dia encontrou a deusa Artemis, uma exímia caçadora. Desse encontro surgiu uma bela amizade. Passaram a se encontrar com frequência e a realizar caçadas juntos. Com o passar do tempo Órion se apaixonou por Artemis. Essa paixão gerou um grande ciúme em Apollo. Buscando um modo de ferir o caçador gigante, ele enviou um enorme escorpião para atacá-lo. O escorpião chegou sorrateiramente próximo ao caçador. Quando já estava bem próximo, Órion notou a sua presença. Teve início uma feroz b talha. Órion, já cansado pelo longo enfrentamento, acabou gravemente ferido. O gigantesco escorpião percebendo que conseguira vencer o combate, se afastou e deixou o caçador caído no solo agonizando. Nesse momento surge Artemis, num grande esforço para tentar salvar o seu companheiro. Porém, não conseguiu salvá-lo. Órion morre. Ela permanece durante um longo tempo chorando desesperada. Zeus, vendo o desespero de sua filha, se aproxima. Artemis pede desesperadamente que ele reviva Órion. Ele se recusa a fazê-lo. Para que ela possa continuar a ver o seu amado, Zeus o coloca no céu como uma bela constelação. O Grande Caçador, Órion, com seu reluzente cinturão (popularmente conhecido como as Três Marias ou Três Reis Magos), é facilmente identificado no céu. Apollo ainda enciumado, solicita que ele também seja colocado no firmamento como uma constelação, pelo feito de ter matado o Grande Caçador. Zeus atende a seu pedido, porém coloca o Escorpião no céu ao invés de Apollo, já que o mérito pela morte de Órion era do animal, que batalhara corpo a corpo com o caçador. Órion é a constelação característica de nosso Verão. Enquanto Escorpião é a constelação característica de nosso Inverno. No Verão podemos ver Órion brilhando cintilante no alto do céu no início da noite. Na madrugada, quando Órion já está quase se pondo, próximo a Oeste, vemos nascer o gigantesco Escorpião, a Leste, iniciando a sua jornada atrás do caçador gigante. No Inverno a situação se inverte. Sempre que uma constelação surge, a outra já está saindo, e no dia em que os dois se encontrarem novamente, será o fim dos tempos, mitologicamente. As constelações são representações visuais que imaginamos os agrupamentos de estrelas formarem no céu. Diversas civilizações representaram, cada um de uma forma as constelações sonhadas, cantadas, dese-nhadas e pintadas. Quando contemplamos a magia do Universo podemos imaginar os mistérios em cada um daqueles pontos luminosos. "No mistério do sem-fim, nosso planeta se equilibrando", como na poesia de Cecília Meirelles. Arte feita pela ilustradora e designer japonesa Aya Hyaku José Miranda, Estudante de Engenharia e Bolsista do GOA Fontes: Adaptado Livro "Um Passeio pelo Céu", autor Marcelo de Oliveira Souza, editora Muiraquitã (2007) Descoberto o pulsar mais luminoso 8 Um artigo pulbicado pela Nature no dia 8 de outubro deste ano mostra a descoberta feita por Bachetti e colaboradores (2014) que ao usarem o satélite NuSTAR (Nuclear Sprectroscopic Telescope Array) encontraram o pulsar (estrela de nêutrons) mais luminoso já descoberto. O grupo encontrou, analisando a imagem de uma supernova na galáxia Messier 82 (M82), sinais brilhantes de Raio X. Uma de suas fontes era um buraco negro de tamanho médio, no entanto, o outro sinal era pulsante, o que indicava a existência de um pulsar. O pulsar está localizado a uma distância de 12 milhões de anos-luz de nós, na galáxia M82. Uma característica impressionante é que ele produz um pulso a cada 1,37s e com um brilho 10 milhões de vezes maior que o Sol, ultrapassando a expectativa dos pesquisadores. Pulsares são os restos de uma supernova (muito provavelmente) que giram de forma rápida e são magnetizados, assim quando gás e poeira são forçados para o interior da estrela, eles são aquecidos e tornam-se irradiantes. Desta forma geram radiações eletromagnéticas de várias frequências, desde rádio a gama, que parecem explodir a medida que o pulsar rotaciona. E assim, pelo efeito pulsante desta explosão de luz é que este tipo de estrela pode ser identificada. Por ter sido, até então, o pulsar mais luminoso detectado, está sendo classificado como uma fonte UltraLuminosa de Raio X (ULX, em inglês), mais brilhante do que uma atividade estelar típica. Geralmente os ULX`s são buracos negros, pois são os objetos mais prováveis de emitir tamanha radiação, em contrapartida, pulsares são considerados mais comuns. Apesar de tamanha descoberta, continua uma incógnita como um pulsar pode emitir essa quantidade de radiação tão grande. Larissa Marques Freguete, Mestranda em Engenharia Ambiental - Ufes Fontes: iflscience.com/space; CARDOSO, Adauto Lucio. Visões da natureza no processo de constituição do urbanismo moderno. Ilustração : NASA/CXC/M.Weiss.ASA/JTE Prometeo alterando órbita no anel F. crédito: NASA/JPL/Space Science Institute