CONCEITOS DE GEOGRAFIA CONTEÚDOS O que a Geografia estuda? Espaço geográfico Paisagem Escalas geográficas AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS O significado e a tradição da ciência geográfica podem ser compreendidos na etimologia da palavra “Geografia”, que tem origem grega (GEO = Terra, GRAPHIA = descrever). Desde o início da configuração da Geografia como ciência moderna, no século 19, a motivação dos geógrafos era descrever a superfície terrestre. Vários povos da Antiguidade como os babilônios, os egípcios e os fenícios já “faziam geografia”, deixando um enorme legado, antes mesmo, dela surgir oficialmente. Vários são os relatos de viajantes, comerciantes, exploradores e curiosos que se propuseram a descrever terras conhecidas e desconhecidas ampliando o horizonte geográfico de uma civilização. O que a Geografia estuda? O “Imago Mundi” ou “Mapa do Mundo Babilônico” – exposto no Museu Britânico, em Londres – é considerada uma das primeiras formas de representação do mundo, elaborada em uma tábua de argila há mais de 2500 anos. Figura 1 – Imago Mundi, produzido pelos babilônios Fonte: Wikimedia Commons Na parte central da representação, está a região da Babilônia que hoje conhecemos como Iraque. Nela, encontramos também o rio Eufrates e outras regiões do Oriente Médio, que já eram conhecidas pelos babilônios. É comum, no entanto, atribuirmos aos gregos as primeiras investidas em “escrever sobre a Terra” e representar os lugares. Anaximandro, Tales de Mileto, Aristóteles, Pitágoras, Heródoto são pensadores gregos importantes que contribuíram na descrição do mundo habitado da época. É de Pitágoras o termo “ecúmeno”, criado para designar a parte da Terra habitada pela humanidade. Vale destacar que os romanos e os árabes também contribuíram imensamente para esse propósito de descrever o mundo. Todos esses estudiosos contribuíram para a ampliação do conhecimento do mundo ao se preocuparem com as descrições dos lugares e suas representações. Por esse motivo, não é coincidência que, neste período, também a Cartografia (KARTHES = mapa, folha de papel GRAPHEIN = escrita) tenha se desenvolvido, fazendo com que a representação do planeta Terra, aos poucos, fosse ampliada e desvendada nos mapas. Conhecidos pelas peregrinações religiosas, os árabes relatavam minuciosamente as partes conhecidas da superfície terrestre. No mapa a seguir, Al-Idrisi, importante cartógrafo e geógrafo árabe, registrou, no início do século 12, todo o contorno do mundo e dos rios conhecidos para facilitar as rotas dos viajantes. Figura 2 – Mapa elaborado por Al-Idrisi, cartógrafo e geógrafo árabe Fonte: Wikimedia Commons Aproximadamente 2500 anos se passaram desde que a primeira representação do mundo foi elaborada. De lá pra cá, as tradições de descrever e representar a superfície terrestre ganharam força, especialmente com as expedições marítimas realizadas pelos europeus na Idade Moderna, durante as Grandes Navegações, nos séculos 15 e 16. Da mesma forma, um longo caminho foi percorrido desde a elaboração dos primeiros mapas até o desenvolvimento da Cartografia Digital e das técnicas de Sensoriamento Remoto, que nos permitem, por exemplo, visitar diversos cantos do mundo, sem sair de casa. Será então que podemos afirmar, ainda hoje, que a Geografia é a ciência responsável por descrever os lugares? Certamente, não! Apesar de ter nascido com essa tradição e dessa produção ter sido – e ainda continuar sendo – bastante relevante, a Geografia faz muito mais. Mas, então, o que a Geografia estuda? Influenciada por estudos antigos, por muito tempo, coube à Geografia localizar, representar e explicar com exatidão os fenômenos que ocorriam na superfície terrestre, ainda que fosse necessário recortar essa superfície em “pedaços menores”, como as regiões. Assim, “pensar geograficamente” significava pensar o espaço, em suas diferentes escalas, enquanto morada da sociedade, superfície e palco das relações humanas. Nesse sentido, desde o início, o papel fundamental da Geografia era explicar “onde” os fenômenos ocorriam. Sem dúvida, você já deve ter se perguntado: o Onde fica determinado país? o Onde está localizado o deserto do Saara? o Onde temos clima tropical? o Onde se produz mais soja no mundo? o Onde o meu carro e o meu celular foram produzidos? o De onde vem o alimento que eu consumo? Os estudos geográficos nos davam essas repostas, considerando também a descrição, a representação, a interpretação, a comparação e a explicação desses mesmos fenômenos. Olhar para o mundo com as lentes da ciência geográfica era, basicamente, dar conta de estudar minuciosamente os diferentes lugares. Compreender as diferenças e semelhanças existentes entre as mais longínquas, exóticas ou importantes partes do planeta, sobressaía a necessidade de estudar o papel do ser humano enquanto elemento essencial e responsável pelas transformações ocorridas no mundo, reduzindo-o a um mero espectador dos fenômenos que aconteciam. Não se tratava, contudo, de considerar o espaço sem os seres humanos. Porém, só mais tarde, o homem foi colocado no centro da discussão e a Geografia passou a se preocupar em compreender as relações entre a sociedade e a natureza. Atualmente, essa, talvez, seja a expressão mais comum para se explicar o papel dessa ciência. O que a Geografia estuda? A Geografia é ciência que estuda as relações entre a sociedade e a natureza Ao estudar tais relações, o homem – vivendo em sociedade – passou a ser visto como o principal responsável pela transformação do espaço, modificando a si mesmo nesse processo. Ao espaço que sofre transformações constantes resultantes das ações humanas, os geógrafos dão o nome de espaço geográfico. Espaço geográfico A maior parte dos geógrafos entende o espaço como a categoria fundamental para se entender a realidade sob a óptica dessa ciência. Sabe-se que a dinâmica da natureza transforma o espaço geográfico, no entanto, também podemos entender esse mesmo espaço como o resultado da ação dos diferentes grupos humanos, ao longo do tempo histórico. Desta forma, a ação humana seria a responsável por transformar a natureza, por meio de seu trabalho, criando, organizando e reorganizando, constantemente, os lugares onde vivemos. Para Milton Santos (1978), um dos maiores nomes da Geografia brasileira, a sociedade faz o espaço, ao passo que o espaço faz a sociedade, interagindo de forma recíproca, em um movimento contínuo que garante a existência dos homens. Estudar Geografia é, portanto, entender essa via dupla de transformação, que leva em consideração os processos e os fenômenos da natureza, e também o papel do homem e da sociedade, bem como as inter-relações que se sucedem, a fim de que possamos ler e compreender o mundo em que vivemos. Ao longo da história, os homens desenvolveram diferentes técnicas capazes de transformar a natureza e modificar os lugares, suprir suas necessidades de sobrevivência e superar as adversidades. Por meio de seu trabalho e de sua consciência, o homem desenvolveu, e ainda desenvolve, ferramentas, instrumentos, máquinas, mercadorias, grandes obras e outros objetos que são a materialização no espaço de todo esforço físico e intelectual que as sociedades produziram ao longo de sua existência. O espaço geográfico, portanto, não é estático e, segundo, Milton Santos (2007), pode ser entendido como o “acúmulo desigual de tempos”. O que será que o geógrafo quis dizer com essa expressão? Vamos observar as duas imagens a seguir: Figura 3 – Avenida Paulista, 1902 Fonte: Wikimedia Commons Figura 4 – Avenida Paulista, 2007 Fonte: Wikimedia Commons A primeira imagem mostra a Avenida Paulista, em São Paulo, no início do século 20, quando a cidade se firmava enquanto centro comercial e financeiro, em consequência da atividade cafeeira que ocorria no interior do estado. Nessa época, os casarões revelavam toda a imponência econômica da cidade que prosperava. A segunda imagem, tirada em 2007, mostra parte das transformações pelas quais São Paulo passou, tornando-se a maior metrópole do país e uma das principais cidades do mundo. No entanto, em meio aos prédios imponentes e espelhados, permanece uma construção que representa a época em que o ciclo do café ainda gerava um imenso capital para o país. Isto é, apesar das relações sociais e das atividades econômicas que dão dinâmica à cidade terem mudado, algumas construções – que são marcas de uma época – mudam suas funções, mas persistem materializadas. Em outras palavras, acumulam a produção humana, ao longo da história, e testemunham o passado. Dica: Para entender melhor o processo de produção do espaço geográfico, ouça no Portal EJ@, na seção Biblioteca Digital do Ensino Médio, ao podcast: Fases do Espaço Geográfico O homem produz e, ao mesmo tempo, utiliza e transforma o espaço geográfico por meio de seu trabalho. Por esse motivo, diz-se que o espaço geográfico não é apenas a “morada do homem” ou o “palco das relações humanas”, mas sim o produto, a condição e o meio de todas as atividades e, consequentemente, da existência humana. O espaço geográfico é, desta forma, o espaço da realização da vida do homem. É, portanto, resultado das ações humanas e da dinâmica da natureza. As transformações decorrentes delas podem ser vistas a partir da observação da paisagem. Paisagem O entendimento da paisagem é fundamental para a compreensão do espaço geográfico, pois é, a partir dela, que observamos como o nosso modo de vida e qualquer ação humana provocam distintas transformações nos lugares. Frequentemente nos deparamos com inúmeras e distintas paisagens. Mas você sabe dizer o que é uma paisagem? Observe as imagens a seguir e reflita sobre as diferenças e semelhanças entre elas: Figura 5 – Grand Canyon, nos Estados Unidos Fonte: Wikimedia Commons Figura 6 – Santorini, na Grécia Fonte: Wikimedia Commons Figura 7 – Centro Financeiro de Singapura Fonte: Wikimedia Commons Costuma-se definir paisagem como tudo aquilo que nossos olhos enxergam, isto é, o conjunto de elementos que nossa visão é capaz de observar no horizonte. Nesse sentido, a paisagem seria a parte visível do espaço geográfico e revelaria aquilo que é evidente da dinâmica da natureza e da ação humana. Entretanto, outros elementos sensoriais como olfato e audição também fazem parte de uma determinada paisagem. Por esse motivo, dizse que a paisagem é tudo aquilo que os sentidos humanos podem captar. Os elementos ou objetos que compõem a paisagem podem ser os rios, as florestas, as montanhas, as edificações, os meios de transporte, as rodovias, as fábricas etc. e podem ser classificados como elementos naturais ou culturais. Os elementos naturais são aqueles que existem independentes da ação humana, isto é, são resultantes de processos naturais, como os rios e as montanhas. Já os elementos culturais, são as criações humanas, como as edificações e os automóveis. Nessa perspectiva, as paisagens podem ser naturais ou culturais, também chamadas de paisagens humanizadas ou artificiais. A paisagem que retrata o Grand Canyon, nos Estados Unidos, é claramente uma paisagem natural, uma vez que nela, só evidenciamos objetos construídos pela dinâmica da natureza. As estruturas do relevo foram formadas por forças que ocorrem no interior da Terra. Da mesma forma, a modelagem do planalto é resultado da ação erosiva dos ventos, da precipitação e das águas do rio Colorado. Por outro lado, as imagens que retratam Santorini e Singapura são exemplos de paisagens humanizadas, porém diferentes, pois são resultado do trabalho realizado por sociedades distintas. Por esse motivo, vemos construções diversificadas, fruto da cultura de cada povo. Quanto maior o número de objetos culturais e mais interferência humana, mais modificada será uma paisagem. Quando fechamos os olhos e imaginamos uma paisagem, quase sempre pensamos em lugares “bonitos”, com elementos da natureza; todavia, trata-se de uma associação equivocada do senso comum. Observe a foto de um aterro sanitário: Figura 8 – Aterro sanitário Fonte: Wikimedia Commons Dificilmente pensaríamos nela quando pensássemos em uma paisagem, não é? Entretanto, trata-se de uma paisagem humanizada, fruto da interferência de uma sociedade que deposita seus resíduos sólidos indevidamente. Assim, é importante lembrarmos que, nem sempre, as criações humanas são benéficas. Ao contrário, atualmente as sociedades provocam impactos, muitas vezes irreparáveis, nos lugares onde habitam. As paisagens também evidenciam as desigualdades existentes entre as sociedades. Em cidades grandes como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, é comum, ao observarmos as paisagens, percebermos diferentes formas de ocupação do espaço urbano, que retratam a distribuição desigual de tudo aquilo que é produzido, ou seja, as disparidades consequentes das relações capitalistas. Figura 9 – Vista panorâmica do bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro Fonte: Wikimedia Commons A paisagem evidenciada na fotografia mostra diferentes elementos naturais e culturais que compõem esse espaço. Nela, também apreendemos diferentes formas de ocupação, diferentes objetos produzidos em tempos históricos, bem como diferentes formas de uso do espaço. Toda essa complexidade ajuda-nos a compreender os contrastes entre ricos e pobres e as desigualdades que marcam a sociedade brasileira. Assim como o espaço, as paisagens são dinâmicas e revelam aos nossos olhos a acumulação dos tempos, como se fossem fotografias da produção do espaço geográfico. Escalas geográficas O processo de produção do espaço geográfico perpassa diferentes escalas. Entretanto, não estamos falando aqui da escala cartográfica (gráfica e numérica) – um recurso matemático que nos auxilia na representação do mapa, ao reduzir a realidade em proporções menores. Trata-se da escala geográfica, que exprime a complexidade dos fenômenos e das relações que ocorrem no espaço, ou ainda, a extensão dos fenômenos. Em outras palavras, as escalas geográficas representam os níveis de apreensão do espaço geográfico. Considere as duas frases a seguir: “Praga ameaça tradição agrícola local”. “Aquecimento global é o grande desafio da agricultura”. Qual dos dois fenômenos citados têm maior abrangência? A tradição agrícola local ou o aquecimento global? A resposta, apesar de parecer bastante óbvia, revela exatamente a ideia de extensão e complexidade. As palavras local e global, que adjetivam os fenômenos citados, sinalizam, então, os níveis de abrangência e análise de determinados fenômenos. Diversas são as escalas geográficas: local, regional, nacional, continental, global etc. No entanto, nenhuma delas possui uma dimensão numérica exata, ou seja, não é possível metrificá-las; da mesma forma, não devemos assumir que os fenômenos locais são mais simples e, por esse motivo, devem ser colocados em segundo plano. O mais adequado, nesse caso, é pensar que as escalas geográficas e os fenômenos que elas suscitam são interdependentes. Você já deve ter ouvido falar na frase “Pense globalmente e atue localmente”. Ela foi dita em um contexto de reflexão sobre a responsabilidade social e ambiental que as pessoas devem assumir; e, por essa razão, mostra justamente a força dos níveis hierárquicos mais próximos ao nosso cotidiano e ao nosso alcance. Conhecê-los e entendêlos sãos fundamentais, afim de que atuemos, de forma consciente, na realidade que nos cerca. ATIVIDADES 1. Sobre os conceitos de espaço geográfico e paisagem, avalie se as afirmativas a seguir são falsas “F” ou verdadeiras “V”: [__] O resultado do trabalho humano se manifesta nos diversos tipos de paisagens. [__] Os campos agrícolas e os oceanos são exemplos de elementos naturais. [__] A produção do espaço geográfico pelo homem depende da apropriação que ele faz da natureza, da extração e exploração dos recursos naturais. [__] A dinâmica da natureza não modifica a paisagem, uma vez que os processos que dela sucedem são produzidos em uma escala de tempo mais longa. [__] As paisagens revelam as intenções e as técnicas desenvolvidas por sociedades no passado e no presente. [__] As cidades são a maior expressão do trabalho humano, uma vez que os elementos naturais foram substituídos pelos culturais. [__] Os elementos culturais das paisagens podem revelar os contrastes socioeconômicos de uma sociedade. [__] O espaço geográfico se constitui das forças exercidas pelas dinâmicas da natureza, antes mesmo do surgimento do homem. 2. Nas discussões e conferências sobre o meio ambiente, desenvolvimento sustentável e preservação dos recursos naturais, é muito comum ouvir a seguir frase: “pense global e aja local”, isto é, as pequenas ações individuais são fundamentais para o desenvolvimento de projetos e políticas públicas em planejamento ambiental, nos diferentes níveis de abrangência. No exemplo citado, menciona-se duas escalas de complexidade e dimensões distintas (global e local), mas que, no entanto, se inter-relacionam. A partir dessa reflexão, comente sobre a importância das escalas geográficas para a compreensão e análise dos fenômenos que ocorrem no espaço geográfico. 3. (ENEM – 2013) No dia 1º de julho de 2012, a cidade do Rio de Janeiro tornou-se a primeira do mundo a receber o título da Unesco de Patrimônio Mundial como Paisagem Cultural. A candidatura, apresentada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi aprovada durante a 36ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial. O presidente do Iphan explicou que “a paisagem carioca é a imagem mais explícita do que podemos chamar de civilização brasileira, com sua originalidade, desafios, contradições e possibilidades”. A partir de agora, os locais da cidade valorizados com o título da Unesco serão alvo de ações integradas visando a preservação da sua paisagem cultural. Disponível em: www.cultura.gov.br. Acesso em: 7 mar. 2013 (adaptado) O reconhecimento da paisagem em questão como patrimônio mundial deriva da a) presença do corpo artístico local. b) imagem internacional da metrópole. c) herança de prédios da ex-capital do país. d) diversidade de culturas presente na cidade. e) relação sociedade-natureza de caráter singular. LEITURA COMPLEMENTAR Categorias da Geografia A Geografia, assim como várias outras ciências, utiliza-se de categorias para basear os seus estudos. Trata-se da elaboração e utilização de conceitos básicos que orientem o recorte e a análise de um determinado fenômeno a ser estudado. Por exemplo, um estudo geográfico sobre determinadas disputas geopolíticas pode ser realizado tendo como base o conceito de território, que seria uma categoria a ser utilizada como uma forma de se enxergar o estudo. Atualmente, além do espaço geográfico – principal objeto de análise da Geografia, existem quatro principais conceitos que se consolidaram como categorias geográficas: território, região, paisagem e lugar. A seguir, uma breve conceituação: Paisagem: refere-se às configurações externas do espaço. Por muitas vezes, ela foi definida como “aquilo que a visão alcança”. Porém, essa definição desconsidera as chamadas “paisagens ocultas”, ou seja, aqueles processos e dinâmicas que são visíveis, mas que de alguma forma foram ocultados pela sociedade. Além disso, tal definição também peca por apenas considerar o sentido da visão como preceptora do espaço, cabendo a importância dos demais sentidos, com destaque para a audição e o olfato. Dessa forma, podemos afirmar, de maneira simples e direta, que o conceito de paisagem refere-se às manifestações e fenômenos espaciais que podem ser apreendidos pelo ser humano através de seus sentidos. Território: é classicamente definido como sendo um espaço delimitado. Tal delimitação se dá através de fronteiras, sejam elas definidas pelo homem ou pela natureza. Mas nem sempre essas fronteiras são visíveis ou muito bem definidas, pois a conformação de um território obedece a uma relação de poder, podendo ocorrer tanto em elevada abrangência (o território de um país, por exemplo) quanto em espaços menores (o território dos traficantes em uma favela, por exemplo). Região: é uma área ou espaço que foi dividido obedecendo a um critério específico. Tratase de uma elaboração racional humana para melhor compreender uma determinada área ou um aspecto dela. Assim, as regiões podem ser criadas para realizar estudos sobre as características gerais de um território (as regiões brasileiras, por exemplo) ou para entender determinados aspectos do espaço (as regiões geoeconômicas do Brasil para entender a economia brasileira). Eu posso criar minha própria região para a divisão de uma área a partir de suas práticas culturais ou por suas diferentes paisagens naturais, entre outros critérios. Lugar: é uma categoria muito utilizada por aqueles pensadores que preferem construir uma concepção compreensiva da Geografia. Grosso modo, o lugar pode ser definido como o espaço percebido, ou seja, uma determinada área ou ponto do espaço da forma como são entendidos pela razão humana. Seu conceito também se liga ao espaço afetivo, aquele local em que uma determinada pessoa possui certa familiaridade ou intimidade, como uma rua, uma praça ou a própria casa. É preciso lembrar, no entanto, que essas categorias e conceitos não são exclusivos da Geografia, podendo ter outros significados quando utilizados em outras ciências ou pelo senso comum. Além disso, essas não são necessariamente as únicas categorias dessa ciência, mas apenas as mais comumente adotadas pelos geógrafos em seus estudos. Ao longo da história do pensamento geográfico, outras categorias predominaram, como a noção de “posição”, um importante conceito nos estudos de Friedrich Ratzel, e “gêneros de Vida”, termo utilizado por Vidal de La Blache. PENA, Rodolfo F. Alves. Categorias da Geografia. Brasil Escola. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/categorias-geografia.htm>. Acesso em: 14 jan. 2016. 16h45min. INDICAÇÃO FUNDAÇÃO BRADESCO. Podcast: Fases do Espaço Geográfico. Disponível em: <http://www.eja.educacao.org.br/bibliotecadigital/cienciashumanas/podcasts/Lists/Podcast /DispForm.aspx?ID=21&Source=http%3A%2F%2Fwww%2Eeja%2Eeducacao%2Eorg%2 Ebr%2Fbibliotecadigital%2Fcienciashumanas%2Fpodcasts%2FPaginas%2FPodcastEM% 2Easpx>. Acesso em: 14 jan. 2016. 16h20min. REFERÊNCIAS CARLOS, Ana Fani Alessandri. (Re) Produção do espaço urbano. São Paulo: Edusp, 1994. INEP. Prova azul do ENEM de 2013. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2013/caderno_enem2013_sa b_azul.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2016. 11h. LEAL, Fabiana Machado. Coordenadas geográficas: ser no mundo. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2010. PENA, Rodolfo F. Alves. Categorias da Geografia. Brasil Escola. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/categorias-geografia.htm>. Acesso em: 14 jan. 2016. 16h45min. SANTOS, Milton. Pensando o espaço do homem. São Paulo: Edusp, 2007. __________. Por uma Geografia Nova. São Paulo: Hucitec, 1978. WIKIMEDIA COMMONS. Aterro sanitário. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Aterro_Sanitario.jpg>. Acesso em: 14 jan. 2016. 12h30min. WIKIMEDIA COMMONS. Avenida Paulista, 1902. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Avenida_Paulista_1902.jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 13 jan. 2016. 16h30min. WIKIMEDIA COMMONS. Avenida Paulista, 2007. 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A erosão (vento, chuva, gelo etc.) podem não ser perceptíveis aos nossos olhos, mas continuamente promovem alterações na paisagem. No mais, devemos lembrar que existem fenômenos naturais que provocam grandes mudanças em um curto período de tempo, como os terremotos, as erupções vulcânicas e os furacões. [V] [F] As cidades são a maior expressão do trabalho humano, no entanto, não se pode afirmar que os elementos naturais foram suprimidos. Apesar dos elementos culturais prevalecerem e revelarem as profundas mudanças que homem é capaz de promover ao longo de sua história, em certos momentos, é possível verificar uma interação entre os elementos naturais e culturais. [V] [F] O espaço geográfico é o espaço da realização da vida do homem; produto das relações entre os homens e dos homens com a natureza. É, portanto, resultado das ações humanas e da dinâmica da natureza e das relações que ambas sucedem. 2. As escalas geográficas refletem os níveis de análise em que os fenômenos ocorrem no espaço geográfico. As escalas geográficas, portanto, dizem respeito à dimensão espacial dos processos. Para alguns estudiosos, é a escala geográfica que confere visibilidade ao fenômeno analisado. O espaço geográfico, enquanto produção e condição para a vida humana, pode ser analisado sob múltiplas perspectivas. A análise do espaço pressupõe recortes, e cada uma dessas dimensões é (ou pode ser) transformada em objeto de estudo. Por isso, cada escala é única e revela fenômenos próprios. Contudo, apesar de únicos, todos os níveis (e os fenômenos que neles ocorrem), do local ao global, são articulados de alguma forma. Ao entender as inter-relações existentes entre os fenômenos locais, globais e regionais, conseguimos, por exemplo, articular a compreensão do mundo à realidade que nos cerca, ao nosso cotidiano. 3. Alternativa E. Comentário: A paisagem cultural (humanizada ou artificial) é aquela dotada de elementos artificiais que revelam o alcance das realizações do trabalho, isto é, ela é expressão das atividades executadas pelas diferentes sociedades. A paisagem cultural é modificada, ao longo do tempo, a partir das transformações que o homem produz ao se apropriar da natureza. Ao apontar que a paisagem carioca é a imagem mais explícita do que podemos chamar de civilização brasileira, com sua originalidade, desafios, contradições e possibilidades, pretende-se mostrar que ela deriva de uma relação singular entre a sociedade e a natureza, fruto de uma ocupação urbana integrada ao relevo e ao mar, da miscigenação de diferentes povos e de uma extensa produção cultural.