Gabarito - Unifesp

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
RESIDÊNCIA MÉDICA 2014
Psicoterapia
Gabarito da Prova realizada em 2/nov/2013
QUESTÃO 1
O aluno deve colocar que o evento traumático será caracterizado por colocar em risco a
integridade física e a vida do indivíduo ou de uma pessoa próxima do mesmo. Ainda que
são 3 agrupamentos: revivência, evitação e anestesiamento afetivo e hipervigilância. O
primeiro caracterizado por pensamentos intrusivos ou sonhos recorrentes relacionados
ao evento traumático e flashbacks, que levam a sofrimento intenso. A evitação por
sintomas caracterizados pela evitação de situações, pessoas, ou quaisquer disparador
das lembranças traumáticas, ainda pela presença de sintomas de anestesiamento
afetivo e emocional. O último é caracterizado por sintomas de vigilância contínua e
manifestações somáticas decorrentes do mesmo.
QUESTÃO 2
1Grande parte da vida mental é INCONSCIENTE
2As experiências INFANTIS aliadas a fatores genéticos formam o adulto
3A TRANSFERENCIA do paciente ao terapeuta é uma fonte básica de
compreensão
4A CONTRATRANSFERENCIA do terapeuta oferece compreensão valiosa sobre
o que o paciente provoca nos outros
5A RESISTENCIA do paciente ao processo terapêutico é um dos principais focos
do tratamento
6SINTOMAS e comportamentos cumprem múltiplas funções e são determinados
por forças complexas e muitas vezes inconscientes
7O terapeuta psicodinâmico auxilia o paciente a adquirir um sentimento de
autenticidade e singularidade.
QUESTÃO 3
Manifestações clínicas:
Transtorno depressivo maior
Episodio único
Recorrente
Transtorno afetivo bipolar tipo I
Episódio maníaco único
Episodio maníaco recorrente
Episódio hipomaníaco
Episódio mIsto
Transtorno afetivo bipolar tipo II
Transtorno distímico
Transtorno ciclotimico
Orientações terapêuticas
Orientações Gerais
Tratamento dos episódios agudo e prevenção da recorrência
Terapia psicossocial
Terapia cognitiva
Terapia interpessoal
Terapia de orientação analítica
Terapia familiar
Farmacoterapia
Farmacoterapia
Transtorno depressivo maior
Antidepressivos
Tricíclicos
IMAO
ISRS
ISRNS
Bupropiona
Mirtazapina
ECT
Transtorno afetivo bipolar tipo I
Sal de Lítio
Divalproato de sódio
Carbamazepina
Antipiscóticos Atípicos
ECT
Transtorno afetivo bipolar tipo II
Antidepressivos
Sal de lítio
Anticonvulsivantes
Episódio mIsto
Antidepressivos
Antipsicóticos atípicos
Anticonvulsivantes
Transtorno distímico
Antidepressivos
Transtorno ciclotimico
Estabilizadores do humor
QUESTÃO 4
1) anorexia nervosa – Trata-se do tipo compulsão/purgativo de anorexia nervosa.
Principais sintomas: perda de peso significativa e manutenção do baixo peso corporal –
abaixo do adequado para idade, sexo e estatura (no caso IMC abaixo do quinto percentil
e prejuízo no crescimento), medo de engordar mesmo estando abaixo do peso,
distúrbios na percepção da imagem corporal e negação de riscos do baixo peso,
amenorréia (este último não é mais critério essencial). Outros sintomas frequentes e
característicos, mas não usados para diagnóstico: restrição alimentar importante,
episódios de compulsão e principalmente de purgação, preocupação extrema com
alimentação e seu preparo.
2) principal: Mulheres adolescentes ou jovens. Cerca de 90-95% dos casos são em
mulheres, numa relação 9:1 ou 10:1 (mulher:homem). Pico de incidencia entre 14 e 18
anos, menos frequente inicio em crianças ou adultos com mais de 25 anos, sendo que
em crianças e pré-adolescentes a diferença entre os generos pode ser menor. Outros
fatores: jovens de sociedades ocidentais ou ocidentalizadas onde a preocupação com o
peso é preconizada assim como se enfatiza a beleza "magra". Grupos de risco
ocupacionais envolvem profissionais de dança (bailarinas), modelagem, esportistas
(ginastica olímpica, patinadoras, jockeys) - profissões que exigem a magreza para
melhor performance.
3) principal: Bulimia Nervosa - diferenciado principalmente pelo peso, que costuma se
manter dentro da normalidade ou até acima desta faixa. Na bulimia a presença de
episódios de compulsão e purgação se tornam o centro do problema, apesar de o
individuo tambem se julgar prioritariamente com base na aparencia fisica e peso, com o
qual se mostra insatisfeito. É comum a pessoa com AN evoluir para BN com o tempo,
após recuperar o peso.
Outros diagnósticos diferenciais importantes e que tambem podem estar associados:
A)Transtorno de humor depressivo - aqui a razão para perda de peso é a verdadeira
falta de apetite, e não o desejo de emagrecer e distorções de imagem corporal. A
pessoa com depressão se percebe emagrecida e pode inclusive se preocupar com a
perda de peso e inapetencia, enquanto na anorexia nervosa há o "controle" da fome,
perda de apetite só ocorre em estágios mais avaçados de desnutrição. Alterações de
humor ou disforia em geral são secundárias à restrição alimentar e perda de peso na
AN, ou relacionadas diretamente à insatisfação com o corpo e podem não se
expressarem em relação a outros aspectos da vida, diferentemente da depressão onde
a insatisfação e idéias de desvalia são mais globais ou ligadas a outros aspectos de
valor pessoal que não preferencialmente o corpo. B)
Obsessivo-compulsivo (TOC) traços obsessivos de personalidade podem estar
presentes em quem desenvolve AN como o perfeccionismo, a rigidez, mas os
pensamentos recorrentes ligados a comida, corpo ou mesmo atividade fisica excessiva
na AN são vistas como ego-sintonicas, ligadas ao desejo de perder peso, idéia
sobrevalente. TOC só deve ser considerado presente se relacionado a outros sintomas
Não Alimentares ( obsessão com limpeza, contagem, outros)
4) Riscos clinicos: desequilíbrio hidro-eletrolítico pelas purgações (em especial
hipopotassemia), levando a arritmias cardíacas, principalmente face à desnutrição
grave. Longo prazo (Cronicidade): Osteoporose e fraturas patológicas, infertilidade.
Risco psiquiátrico: suicídio - AN pode se associar a sintomas ansiosos, depressivos e
maior impulsividade, em especial em pacientes com sintomas bulímicos e purgativos.
5) As evidências de intervenções em AN são de modo geral fracas, sendo as
intervenções psicoterapêuticas familiares as de melhor grau, em especial para casos em
adolescentes como esta (auxiliando a família a compreender a patologia e ajudar a
paciente a enfrentar os medos de comer e ganhar peso, assim como a identificação de
aspectos da dinâmica que levam à manutenção do quadro). A recomendação geral para
tratar a AN é de intervenções multidisciplinares, e os principais focos são: a) a
reabilitação do peso e do estado nutricional (recuperar o peso e um padrão alimentar
saudável, controlando as compulsões e purgações e aumentando o espectro de
alimentos ingeridos); b) redução da sintomatologia alimentar - o que pode ser proposto
através de abordagens psicoterápicas com foco nos sintomas (abordagens cognitivocomportamentais - que auxiliem no controle dos comportamentos inadequados que
mantém o baixo peso, sintomas bulímicos e purgativos e interpretações errôneas sobre
forma corporal e seu impacto no funcionamento global) ou outras abordagens
psicossociais que promovam a motivação para o tratamento, reduzam o estresse
psicológico promovido pelos sintomas e favoreçam a exploração de aspectos do
desenvolvimento da autonomia em adolescentes, auto-confiança independente do
controle da alimentação e melhora de relações interpessoais (não há evidências claras
de superioridade de uma intervenção psicossocial sobre outras na AN) e, c)
acompanhamento psiquiátrico para avaliar riscos clínicos e tratar comorbidades (utilizar
intervenções medicamentosas apenas como adjuvantes ao tratamento, se sintomas
alimentares graves – ex. compulsões e purgações não respondentes às outras
intervenções, ou outros sintomas psiquiátricos como agitação, ideação suicida,
depressão importante - utilização de antidepressivos ou antipsicóticos atípicos se
necessário). Outras intervenções envolvem acompanhamento médico clínico visando o
controle de complicações médicas e internação para casos não respondentes ao
tratamento ambulatorial, perda de peso rápida ou peso muito baixo (IMC inferior a 1314kg/m2) e necessidade de alimentação enteral ou parenteral, descompensação clínica
(distúrbios eletrolíticos, bradicardia importante) ou risco de suicídio, ou ainda, falta de
suporte social ou familiar.
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